𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 2
❝ 𝗕𝗟𝗨𝗘 𝗧𝗘𝗔𝗥𝗦 ❞
▬▬ 02: Fogueira azul
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— Aí, Caçarola! - Gritei, chamando a atenção dele enquanto adentrava a cozinha com um ar de urgência - Estou pronta para distribuir mais uma fornada dos seus bolinhos de arroz. Os garotos estão com um apetite voraz hoje!
Caçarola, com um sorriso caloroso e mãos habilidosas, retirou os bolinhos dourados da panela que acabara de sair do fogo. Ele os colocou cuidadosamente em uma cuia artesanal feita de palha e me entregou, o aroma delicioso se espalhando pelo ar.
Eu estava prestes a sair da cozinha, ansiosa para retornar à animação da fogueira, quando notei Gally. Ele estava um pouco afastado, escondido pelo balcão, empenhado em preparar sua bebida alcoólica
— Não acredito! - Exclamei, fazendo uma careta de desgosto ao me aproximar e observar os ingredientes dispostos no balcão.
Gally, pego de surpresa, revirou os olhos com uma expressão de resignação ao me ver.
— Ah não, Jenna! Você está estragando o lance da receita secreta. Desapareça daqui e vá brincar, vai.
Eu olhei para o líquido turvo com uma expressão de nojo.
— Meu Deus, não posso acreditar que por três anos eu bebi uma bebida que leva água de picles na composição - Disse, saindo da cozinha indignada - Que nojo!
Enquanto me afastava, os sons dos tambores e da música começaram a preencher o ar. De relance, vi um dos meninos no centro da roda de dança, executando piruetas e movimentos engraçados, enquanto os outros ao redor vibravam com alegria contagiante. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios ao testemunhar a cena.
Eles são mais do que amigos; eles são minha família. Por eles, eu daria minha vida, enfrentaria qualquer perigo e lutaria com unhas e dentes. Foram eles que me introduziram ao mundo, que me apoiaram em cada queda e me ajudaram a levantar. Cada um, à sua maneira, já fez algo significativo por mim, e por isso, sou eternamente grata.
Há algo mágico e ao mesmo tempo melancólico em pensar que éramos apenas crianças, rindo e nos divertindo juntos, enquanto criaturas ameaçadoras rondavam do outro lado do muro. Fomos criados para sobreviver, mas, acima de tudo, queríamos apenas nos divertir. Encontrávamos humor, competição e uma certa imaturidade em tudo o que fazíamos, porque, no fundo, é isso que as crianças fazem. E, embora às vezes nos esqueçamos, é isso que ainda somos.
As risadas e gargalhadas que ecoavam enquanto brindávamos com nossos potes improvisados eram como música para meus ouvidos. A comida e a bebida poderiam ser questionáveis (sem ofensas a Caçarola e Gally), mas naquele momento, nada mais importava.
Naquele instante, eu estava ao lado de Newt, aproveitando uma rara pausa na conversa. Ele finalmente estava desfrutando de um momento de descanso do Trolho novo, que, por sua vez, estava tirando um cochilo. O garoto parecia fascinado e ao mesmo tempo perplexo com tudo relacionado à clareira e ao Labirinto.
— Sabe o que eu descobri? - Perguntei a Newt, olhando para a bebida em sua mão.
— O quê? - Ele se virou, antecipando uma fofoca escandalosa, e eu não pude deixar de rir ao perceber sua expectativa.
— Eu descobri os ingredientes da bebida do Gally - Revelei, apontando para a bebida que ele segurava.
Newt arqueou as sobrancelhas, surpreso.
— Sério? O segredo industrial? - Ele riu, e eu me juntei a ele. Mas rapidamente, sua expressão mudou para uma de suspeita - Posso te fazer uma pergunta?
Com um leve receio do que poderia vir, respondi:
— Depende - Newt ignorou minha hesitação e perguntou diretamente.
— Você e Minho estão juntos? - Meu coração acelerou ao lembrar das visões que tive mais cedo, mas mantive a calma e respondi com tranquilidade.
— Não, por quê?
— Porque eu tinha um palpite. Você e Gally - Rapidamente fiz uma careta - Mas quando perguntei perto deles, Gally ficou tipo: ‘Eca, não!’ E Minho… bem, ele pareceu ficar bastante enciumado - Ele terminou a frase se virando e apontando discretamente para o garoto.
Quando segui seu olhar, vi Minho sentado entre os corredores, não interagindo com os outros, mas sim, observando a mim e a Newt. Nossos olhares se encontraram, atraídos como ímãs. As chamas da fogueira criavam um ambiente diferente entre nós.
Senti novamente a estranha sensação que tive nas minhas visões, e foi só então que percebi… Minho estava diferente.
Pisquei várias vezes, tentando afastar esses pensamentos insanos, e me virei para Newt com uma expressão séria.
— Isso é coisa da sua cabeça. Eu e ele… é estranho. É como se eu gostasse de qualquer um aqui; vocês são como irmãos para mim - Levantei-me, falando rapidamente, tentando me justificar, talvez mais para mim do que para ele.
Rapidamente, olhei ao redor e vi o Trolho novo caminhando atordoado em direção à fogueira.
— Bem, é hora de ativar o modo babá novamente - Apontei para o garoto que agora se aproximava de Newt - O Trolho novo está chegando.
Com isso, me afastei deles e comecei a observar o que acontecia na roda. Gally estava no comando de um jogo que consistia em lutar até ser empurrado para fora do círculo. Digo “comando” porque era sempre ele contra um perdedor; o resultado nunca mudava. Mas eu me orgulhava dessa brincadeira, pois já o havia derrotado inúmeras vezes.
— Esperem aí, pessoal! Não sei se vocês notaram, mas parece que a Jennão está na roda! - Alby anunciou, e imediatamente gritos, assobios e aplausos foram direcionados a mim. Eu detestava esse apelido - E aí, Jenna? Pronta para derrotar o Gally mais uma vez?
Vi Gally mudar sua expressão para uma preocupação diferente, algo que não era comum nele.
— Espera aí, cara. Ela levou uma pancada forte hoje, talvez seja melhor não - Gally disse, hesitante.
— Com medo de perder, Gallynha? - Jennão e Gallynha, esses eram os apelidos que nos deram após nossa última luta, ridículos e humilhantes, mas de alguma forma incríveis - Sou uma socorrista, conheço meus próprios limites.
E assim, entrei na roda, encarando Gally. Mais pessoas se aproximaram, e entre elas estava Minho, com uma expressão nada amigável no rosto e o maxilar tenso.
Droga.
— Gally foi desafiado, e não adianta arregar! - Caçarola gritou, animando a multidão.
O desafio foi aceito, e nos posicionamos no círculo, nossos olhares fixos um no outro.
Vi Gally avançar em minha direção e rapidamente desviei, fazendo-o tropeçar em algumas pessoas. Em seguida, ele tentou agarrar meus ombros, mas com um movimento ágil, puxei seus braços para baixo, aproveitando a articulação para fazê-lo cair de joelhos. Com um chute rápido nas costas, ele caiu no chão. Tudo aconteceu em um piscar de olhos.
Os gritos de comemoração ecoaram, mas foi então que percebi que minha audição estava abafada. Como se estivesse submersa, e minha visão começou a embaçar. Sacudi a cabeça, tentando clarear meus sentidos, mas foi em vão.
— Primeiro round ganho pela Jennão! - Alby proclamou, erguendo meus braços triunfantes, mas uma tontura avassaladora me atingiu, e minha respiração tornou-se pesada e irregular.
Uma onda de confusão me inundou. O que estava acontecendo comigo?
O segundo round estava prestes a começar, e eu notei que Gally também tinha percebido minha condição alterada. Não era só ele; Minho estava visivelmente tenso, com um pé dentro do círculo, como se estivesse pronto para intervir a qualquer momento.
Quando Gally avançou para me atacar, por um instante, pensei que seria o meu fim.
Mas antes que seu punho pudesse encontrar meu rosto, uma fraqueza súbita me dominou, e eu desabei no chão, as pernas falhando sob meu peso.
— Para! - Gritei, erguendo as mãos em sinal de rendição.
Com a cabeça baixa, notei algo inusitado no chão: gotas azuis salpicadas sobre a terra.
— O que é isso? - Murmurei, tocando uma das gotas com o dedo.
— Jenna… seu nariz - Alguém apontou, e então levei as mãos ao meu rosto, descobrindo que meu nariz sangrava. Mas não era um sangue comum; era azul.
— Que diabos você fez com ela?! Ela está sangrando, seu Mértila idiota! - Minho avançou furioso em direção a Gally, empurrando-o com força.
— Eu não fiz nada! Você viu, meu soco nem a tocou! - Gally se defendeu, enquanto os dois começavam a discutir acaloradamente.
Alby tentou me ajudar a levantar, mas as vozes estridentes dos dois me causavam uma dor insuportável, os gritos penetrando em minha mente e intensificando a agonia.
— Jura? Na próxima vez, serei eu a quebrar esse seu pescoço de mértila! - Minho ameaçou, rosto a rosto com Gally, e quando este estava prestes a responder, senti como se minha cabeça fosse explodir e gritei.
— MERDA, PAREM DE GRITAR! - Levantei-me abruptamente, afastando-me de Alby.
Foi então que todos recuaram. Os olhos deles se arregalaram, tomados pelo medo do que tinham presenciado, murmurando entre si enquanto tremiam. Todos reagiram da mesma forma, exceto Minho… Ele permaneceu imóvel, me observando com uma expressão de curiosidade, como se eu fosse um enigma a ser decifrado.
— Jenna, seus olhos… - Alguém começou a dizer, mas não conseguiu terminar a frase.
— Porra, estão azuis! - Gally exclamou, chocado.
Franzi a testa, desejando que tudo aquilo fosse uma brincadeira, mas ninguém negou ou riu. Eles estavam com medo… de mim.
Minhas pernas falharam novamente, e desta vez minha visão escureceu completamente. Meu corpo caiu no chão, e o mundo ao meu redor se silenciou.
Duas quedas no mesmo dia, Jenna, parabéns, você bateu um recorde.
***
( notas da autora💙 )
Gente...eu gostei desse capitulo😝
Esperem o próximo pq é BOMBASTICO
Oq estão achando??
Amo vcss<3
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