ㅤㅤㅤ𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝟬𝟮: 𝘧𝘪𝘯𝘥𝘪𝘯𝘨 𝘵𝘩𝘦 𝘸𝘢𝘺 𝘰𝘶𝘵 𝘰𝘧 𝘤𝘩𝘢𝘰𝘴

NÃO SABIA PARA ONDE ESTAVA CORRENDO, para ser sincera, não me importava com aquilo no momento. Eu só queria me instabilizar de toda aquela dor, só queria fugir daquilo tudo, mesmo sabendo que era impossível.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto minha mente luta para processar a realidade sombria que se dobrava diante de mim.

Eu não conseguia acreditar que tinha deixado Jenny para trás. Ela sempre foi como uma mãe para mim, cuidando e me protegendo desde que eu era pequena. Agora, tudo o que eu podia  fazer era continuar correndo e torcer para que eu não tivesse o mesmo fim que ela.

Me sinto tão culpada agora. Me sinto tão fraca, incapaz e sem nenhuma ultilidade agora. Minha amada madrinha está morta agora. Nada e nem ninguém poderá trazê-la de volta para mim.

"ISSO TUDO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO!!" Prometi a Jenny que não olharia para trás, prometi a Jenny que eu sobreviveria. "Mas qual é o sentido de continuar vivendo sem ter ela ao meu lado?"

Por um breve momento, sinto uma imensa vontade de voltar até onde a deixei, e me permitir abraçar a morte. Entretanto, algo maior do que essa minha vontade, me impede de retornar até lá.

Essa "vontade" é nada mais nada menos do que o meu instinto de sobrevivência.

"Não posso desistir, não vou desistir. Jenny se sacrificou corajosamente por mim, agora mais que tudo preciso seguir em frente."

Continuo a correr, com coração pesado e cheio de aflição, mas determinada a não morrer aqui.

"Preciso sobreviver. Tenho que sobreviver. EU VOU SOBREVIVER."

Enquanto corria, via a destruição ao meu redor. Os titãs haviam invadido a cidade e estavam causando caos e destruição por onde passavam. Pessoas gritavam e corriam, tentando se salvar daqueles monstros gigantes.

── SOCORRO!! SOCORRO!!

──  RÁPIDO! FUJAM PARA O NAVIO QUE ESTÁ PARA ZARPAR!

── ARREPENDAM-SE DOS SEUS PECADOS!! O JUÍZO FINAL COMEÇOU!!

── FUJAM PARA O NAVIO QUE ESTÁ PARA ZARPAR! RÁPIDO! OU SERÃO DEVORADOS!

── SOCORRO!!! ALGUÉM NOS AJUDE!!!

Havia tanto sangue espalhado pelo chão, haviam tantas pilhas de corpos sem vida. Isso já não era mais um 'caos', mas sim o próprio inferno.

Eu apenas corria o mais rápido possível, tentando encontrar um lugar seguro para me abrigar. Mas quando finalmente consegui chegar a um lugar seguro, o tal navio, vi que não estava sozinha.

Outras pessoas estavam lá também, todas assustadas e tentando se proteger dos Titãs. Nenhum rosto conhecido. Então tive que me juntar a eles, tentando encontrar conforto na presença daqueles desconhecidos.

Mas mesmo assim, não conseguia parar de pensar em Jenny. E naquele momento, comecei a chorar novamente, até que me permiti desabar, exausta e assombrada por tudo o que testemunhei.

Abra os olhos lentamente, tentando me ajustar a luz difusa que atravessa as frestas da janela. Minha mente está embaçada, e demora alguns segundos para eu perceber que algo está errado. O som de sinos ecoa ao longe, misturado com o sons de pássaros cantando e gritos de uma suposta multidão.

Olhando ao redor vejo que estou deitada no chão de um beco sem saída, escorada em latas de lixos e tendo como companhia três ratos.

A sensação de medo começa a crescer dentro de mim, enquanto tento juntar fragmentos da minha memória.

Lembro-me de ter ido à clínica do Senhor Yeager, lembro-me de ter avistado a tropa de exploração retornando de uma missão, lembro-me do momento exato da queda da muralha, lembro-me do jeito que minha madrinha me protegeu, lembro-me da forma que ela se foi e lembro-me de todo o caos que se instalou na cidade por conta daqueles malditos titãs.

Tantas vidas foram ceifadas, tantos lares destruídos.

"Por que isso teve que acontecer?"

Meu coração bate descompassado no peito enquanto relembro daqueles acontecimentos. Respiro fundo, e com bastante esforço, me levanto do chão e caminho para fora daquele beco.

Lá fora, vejo muitas pessoas assustadas pegando uma fila e quando menos espero alguém vem até o meu encontro.

── Você acordou!! Desculpas por não ter ficado contigo, estava acompanhando o Vovó naquela fila. Eles estão distribuindo comida.

── A-Armin? ── Digo sentindo um enorme nó na minha garganta.

── Pegue, é para você!! ── Armin retira do bolso um pão e me entrega cuidadosamente, e naquele momento, não consigo evitar as lágrimas.

── Eleonor, preciso que você coma.

── N-não consigo, eu não c-consigo. ── falei dominada pela angústia.

── Consegue sim!! ── Afirmou o Senhor Arlet, o avô de Armin, enquanto caminhava na nossa direção após sair da fila de distribuição de alimentos ── Não importa o tamanho da sua tristeza, a vida tem que continuar. Então enxugue as lágrimas e coma até a última migalha desse pão.

Logo vejo Armin recuar dois passos para trás, com uma expressão de espanto após ouvir a fala do próprio avô.

── Eleonor, desculpe pela insensibilidade do meu avô, ele não teve a intenção de dizer iss-

── Calado você faz bem. Armin, entregue esses outros dois pães para Mikasa e Eren. Eu cuido dessa moça aqui. ── Armin baixa a cabeça e pega os dois pães que o seu avô tinha em mãos e parte as pressas para entregá-lo a Eren e Mikasa.

Então, o senhor Arlet, olhando para mim diz:

── Minhas mais sinceras condolências por sua perda. Jenny não merecia ter o fim que teve pelas mãos daqueles monstros. Agora vou ser sincero contigo, enxugue suas lágrimas e faça o possível para se manter bem. Caso contrário, você será cuspida e pisoteada por essas pessoas se demonstrar algum tipo de fraqueza.

Sinto meu coração se partir ao meio enquanto as palavras duras do senhor Arlet ecoam em minha mente. As lágrimas ameaçam escapar, mas eu luto para mantê-las contidas.

Com cuidado, baixo a cabeça, buscando refúgio naquele pão que Armin gentilmente me ofereceu. Minhas mãos tremem ao segurá-lo, e com hesitação, dou a primeira mordida.

Alguns dias depois, muitos dos refugiados, foram mandados ao campo para conseguir comida. Mas mesmo assim, não foi possível evitar a falta de alimentos.

Em 846, o governo anuncia o plano de retomada da muralha Maria, e envia muitos dos refugiados para a missão.  Milhares foram enviados para fora, mas os sobreviventes foram poucas centenas. Com esse sacrifício, a falta de alimento das pessoas restantes diminuiu, mesmo que ainda tinham pouco.

E na mesma noite desse ocorrido, após tanta dor e humilhação, me vejo diante de um espelho, segurando uma tesoura com firmeza em mãos.

Com toda minha coragem, começo a cortar o meu cabelo - que antes chegava ao quadril, até na altura do meu pescoço, e mesmo não sendo uma atitude que a minha falecida madrinha aprovaria, tomo uma decisão: Amanhã pela manhã me inscreverei para fazer os treinamentos de admissão, e futuramente me listarei a um dos esquadrões reais.

──  Vou fazer isso por você, madrinha. Prometo que a sua morte vingarei.── Digo isso olhando para o meu reflexo no espelho.

Imediatamente, um flashback do momento exato da queda da muralha Maria vem em minha mente, e em um ataque de raiva repentino, seguro a tesoura com força e a arremesso contra o espelho à minha frente, que acaba se estilhaçando em mil pedaços.

As memórias felizes parecem estarem tão distantes, e ter que conviver com a dor da perda é insuportável.

Realmente peço desculpas pela demora na atualização desse capítulo, não ficou do jeito que imaginei mas não ficou algo tão ruim para ler :(

No próximo capítulo vai ter um salto temporal de quatro ou cinco anos no máximo. Só que obviamente vou fazer algumas cenas de como foi a entrada da Eleonor nos treinamentos para recruta, e também de como foi todo o desenvolver dela nos treinos físicos.

Lembrando que, Eleonor tá passando por um momento complicado assim como todos os personagens.... Enfim, o bem-estar mental é algo desconhecido por aqui.

E outra coisa, reforçando um outro aviso aqui: Se vocês estão gostando dessa história, e prezam pela sua continuação, não se esqueçam de votar nos capítulos e de adicioná-la a uma lista de leituras. E é isso, até o próximo capítulo! 🤎

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