⟢.ᐟ 𝟬𝟱 𝗦𝗜𝗟𝗠𝗔̈ 𝗦𝗜𝗟𝗠𝗔̈𝗦𝗧𝗔̈, 𝗟𝗢𝗛𝗜𝗞𝗔̈𝗔̈𝗥𝗠𝗘 𝗟𝗢𝗛𝗜𝗞𝗔̈𝗔̈𝗥𝗠𝗘𝗦𝗧𝗔̈
𝘊𝘈𝘗𝘐́𝘛𝘜𝘓𝘖 𝘊𝘐𝘕𝘊𝘖;
𝘖𝘓𝘏𝘖 𝘗𝘖𝘙 𝘖𝘓𝘏𝘖,
𝘋𝘙𝘈𝘎𝘈̃𝘖 𝘗𝘖𝘙 𝘋𝘙𝘈𝘎𝘈̃𝘖
HOUVE UM TEMPO em que a Casa Targaryen era um símbolo de união e poder. Os banquetes eram ocasiões de alegria, sem olhares desconfiados ou murmúrios maliciosos que manchavam a reputação de príncipes. Os dragões voavam juntos, sem medo de que suas chamas fossem alimentadas pelo ódio.
Astrid, embora jovem, percebia que esses dias gloriosos haviam se dissipado como névoa ao amanhecer. Os Targaryens, conhecidos por sua fortaleza inabalável contra inimigos externos, haviam esquecido que a verdadeira ameaça poderia surgir de dentro. A Casa do Dragão estava se desintegrando, e Astrid observava, quase como uma personagem secundária das histórias que tanto amava ler.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de passos na areia, aproximando-se da beira do mar onde ela estava sentada. Na calada da noite, uma inquietação a havia arrancado de seu leito, guiando-a até o mar. O som dos passos trouxe seu olhar para cima, encontrando sua mãe. A mulher mais velha, descalça, sentou-se ao lado de Astrid, indiferente à água que molhava suas vestes. Ela envolveu a filha com os braços, trazendo-a para perto.
— O que faz aqui, minha estrelinha? — perguntou a mãe, sua voz rouca e o nariz vermelho revelando lágrimas recentes.
— Uma angústia me acordou. Um sonho perturbador. — Astrid resumiu. — Havia fogo... fogo de dragão. E uma lagarta, mas ela estava sem um olho.
— Uma lagarta caolha? Isso soa como uma visão curiosa. — A mãe sorriu, acariciando os cabelos ruivos da filha. — O que você sabe sobre Dragonstone?
— Nunca estive lá. — Astrid respondeu, confusa. — Por quê?
— A princesa Rhaenyra deixará a Fortaleza Vermelha, e talvez nós a sigamos. — explicou a mãe.
— É por isso que estava chorando? Não quer deixar a fortaleza? — Astrid perguntou, incrédula. — Pelos Sete, mãe! Quem choraria ao saber que vai se afastar da Vaca Verde e de seu fiel cão?
— Astrid! Não fale assim de Alicent! — a mãe repreendeu, e Astrid franziu a testa, confusa, pois fora sua mãe quem a ensinara a se referir à rainha dessa maneira.
— Por uma coroa consorte? — Astrid desafiou.
— Pela maternidade. — a mãe respondeu, seus lábios tremendo. — Alicent é sua mãe, Astrid.
— O que está dizendo? — Astrid riu, incrédula, afastando-se da mãe. — Você é minha mãe! Foi você quem me deu à luz, não foi?
O silêncio da mãe foi interrompido pela chegada apressada do príncipe Lucerys, com lágrimas nos olhos. Ele ignorou a roupa molhada e a presença da mãe de Astrid, ajoelhando-se diante dela e abraçando-a. Astrid instintivamente envolveu o menino com os braços.
— Ele morreu! — Lucerys soluçou — Sir Harwin Strong está morto assim como Lady Laena!
DIZER QUE ASTRID A confusão era uma calúnia infundada. A jovem não estava confusa; estava irada. Anos de crença de que Daenara NightShade era sua mãe desmoronaram, revelando-a como nada mais do que a filha rejeitada da rainha. Seria esse o motivo da ira que consumia sua cuidadora? O abandono pela rainha? Essas questões turbilhonavam em sua mente enquanto ela absorvia as palavras proferidas por Vaemond Velaryon.
— O sal flui nas veias dos Velaryon, nas veias espessas, nas veias da verdade inalterável, — ele declarou em valiriano, seu olhar penetrante fixo nos jovens abraçados protetoramente por sua mãe. — O sangue que permanece puro. — concluiu, provocando um revirar de olhos em Astrid. Ela possuía um conhecimento rudimentar de valiriano, adquirido enquanto auxiliava Jace com a pronúncia, mas jamais antecipou que compreenderia tal blasfêmia.
— Por que ele simplesmente não corta os pulsos e se atira ao mar para testar se o sangue realmente não se dilui? Seria uma boa oportunidade para confirmar sua estupidez. — sussurrou a menina a uma outra serva, sem notar o sorriso discreto que brotou no rosto de Lucerys ao ouvir suas palavras, pois estava posicionada atrás dele.
Após a cerimônia fúnebre, Astrid permaneceu imóvel, apoiada na balaustrada fria de pedra que delimitava o espaço cerimonial. Seus olhos estavam fixos no horizonte marítimo, onde a figura solitária de Sir Laenor se destacava contra o azul infinito do oceano.
— Será que ele encontrará seu fim nas ondas? — ela murmurou para si mesma, uma pergunta que pairava no ar como o salgado aroma do mar. Uma risada suave e inesperada soou atrás dela, e ao se virar, seus olhos encontraram os do Príncipe Daemon, cuja presença imponente agora lhe fazia companhia.
— Não, jovem Astrid. — ele começou, sua voz tão calma quanto as águas distantes fazendo com que a menina o olhasse de canto, com a dúvida sobre como o mesmo havia conhecimento de seu nome. — O que você vê é a dor transformada em ritual. — Seus olhos desviaram-se brevemente para a Princesa Rhaenyra, que permanecia imersa em sua própria tristeza.
— Mas não deveria ser você a vestir o manto do luto? Afinal, ela era sua esposa... e uma esposa encantadora, se me permite a observação. — Astrid ousou dizer, a inocência de sua idade misturada com uma curiosidade madura.
Daemon a encarou, um brilho de surpresa e talvez admiração em seus olhos. — Você tem respostas astutas para uma criança. — ele comentou, antes de se afastar com passos que pareciam medir a própria terra.
Astrid observou o ambiente, sua atenção capturada por Lucerys, que conversava com Lord Corlys. O vento brincava com os cachos do jovem, que por vezes lhe cobriam os olhos, como se tentassem esconder seus pensamentos do mundo. Quando Lucerys finalmente se desvencilhou da conversa, Astrid ponderou se deveria se aproximar, mas foi interrompida por Aemond, que segurou seu braço com uma urgência sutil.
— Preciso de sua ajuda. — ele murmurou, sua voz quase perdida entre os murmúrios do vento.
— Não. Não estendo minha mão a dragões, coroas ou aos tediosos, e você, infelizmente, se enquadra na última categoria. — Astrid respondeu prontamente, sua língua tão afiada quanto as espadas dos cavaleiros ao redor.
— Cuidado com suas palavras, criada. — Aemond advertiu, mas havia um traço de diversão em sua voz.
— E ainda assim, busca minha ajuda? — ela riu, incrédula, enquanto passava a língua pelos lábios secos pelo sal do mar. — E o que eu ganharia com isso?
— Minha proteção, — ele prometeu, e Astrid ergueu as sobrancelhas em um gesto de desafio e ceticismo. — Vamos ser francos. Sua língua é perigosamente afiada para uma dama, e até mesmo para uma criada. Mais cedo ou mais tarde, isso pode trazer-lhe problemas, e quando isso acontecer, estarei lá para protegê-la.
— Que generosidade, — ela bufou sarcasticamente, mas uma ponta de curiosidade a fez ceder. — O que você quer? — ela perguntou, sua curiosidade agora tão palpável quanto a brisa do mar.
Astrid estava paralisada, seus olhos arregalados de espanto ao testemunhar a colossal criatura repousando entre as montanhas. Sua boca se abriu para soltar um grito de incredulidade — UM DRAGÃO? — mas foi rapidamente silenciada pela mão de Aemond pressionando contra seus lábios.
— Silêncio. — ele sussurrou com uma severidade que contrastava com a suavidade de seu toque.
Ela o encarou, desafiadora, e sibilou de volta, — Você que deveria falar baixo. — Com um suspiro exasperado, ela acrescentou, — Esqueça, não vou ajudar você.
Aemond, ignorando sua recusa, insinuou uma oferta tentadora. — Você poderia voar comigo. — ele disse, avançando em direção ao dragão.
— E quem disse que eu quero voar nessa coisa? — ela questionou, mas mesmo assim o seguiu, aproximando-se cautelosamente da besta.
— O fato de você ainda estar me seguindo. — ele respondeu com um sorriso astuto, enquanto ela revirava os olhos, mas continuava a segui-lo até ficarem a poucos passos do dragão.
Vhagar, o dragão, jazia tranquilamente, sua respiração profunda como o som de trovões distantes. Quando Astrid tropeçou, Aemond instintivamente segurou sua mão, ganhando um olhar de cumplicidade. Ele estava fascinado pela majestosa criatura à sua frente, que ele considerava bela. Aproximando-se da corda presa ao dragão para subir na sela, ele acidentalmente despertou Vhagar. Aemond recuou, alarmado, quando a fera o encarou, mas relaxou quando ela se acomodou novamente.
— Isso é um sinal de que devemos ir embora e... — Astrid começou, mas foi interrompida por Aemond.
— Cale a boca, — ele repreendeu, e se aproximou para pegar na corda novamente, fazendo Vhagar se irritar, e querer cuspir fogo nele, fazendo com que Astrid apertasse mais a mão do mesmo.
— Dohaeras! Dohaeras, Vhagar! Lykiri! — Aemond não recuou, ao invés disso, o menino permaneceu no mesmo lugar. — Lykiri! — Vhagar, ao ouvir o menino falando em valiriano, fechou a boca instantaneamente. Aemond abaixou a mão, olhando nos olhos do dragão, que agora o encarava.
— Ela deve te achar parecido com Visenya, — a menina brincou sarcasticamente, provocando um revirar de olhos de Aemond.
Com determinação, Aemond pegou na corda novamente, largando a mão da ruiva e subindo na cela que ficava no dorso do dragão. Acomodando-se na cela, ele olhou para baixo, para a menina que se encontrava lá embaixo.
— Você não vem? — ele questionou.
— Vai mesmo me deixar subir nisso? — ela perguntou, incrédula.
— Eu tenho palavra. — ele respondeu, fazendo a menina suspirar antes de subir no dragão, com um pouco mais de dificuldade do que o menino.
— Um fato surpreendente. — Astrid rebateu com precisão após se acomodar atrás de Aemond. O menino revirou os olhos e deu o comando para Vhagar voar.
— Soves! Dohaeras, Vhagar! Soves! — Vhagar se levantou, fazendo o chão abaixo deles estremecer. Com um rugido poderoso, o dragão alçou voo, elevando-se aos céus. Astrid segurava fortemente a cintura do menino, mas pela velocidade do dragão, Aemond escorregou da cela, ficando pendurado na corda junto da ruiva. O menino gritava desesperado, com medo de cair e acabar morrendo.
— Se nós morrermos, eu te mato novamente, Aemond! Seu bastardo filho de uma puta. —
Astrid gritou aos quatro ventos, mas foi ignorada. Com um impulso rápido, Aemond conseguiu voltar para a cela e puxar Astrid, conseguindo assim controlar Vhagar.
— Eu te disse para confiar em mim. — ele gritou quando o dragão finalmente se estabilizou, aceitando-o como montador.
— Nunca mais me faça esse pedido! — a menina retrucou, mas riu ao passar sobre os oceanos. — Aemond, você acabou de me fazer criar simpatia por você.
— Vou levar isso como um elogio, — o menino retrucou antes de dar uma risada. — Eu tenho um dragão!
— Eu sei. — a menina respondeu, rindo enquanto voltavam ao castelo.
𝖠𝖮 𝖢𝖧𝖤𝖦𝖠𝖱𝖤𝖬 𝖭𝖮 Fosso dos Dragões, Astrid e Aemond ainda exibiam sorrisos de contentamento, compartilhando a alegria pelo sucesso de Aemond em domar o dragão.
Baela, ao avistar Aemond e Astrid, exclamou com surpresa, chamando a atenção das jovens Targaryen e dos rapazes Velaryon ali presentes. Astrid, percebendo o olhar magoado de Lucerys em sua direção, franziu a testa, questionando-se sobre qual teria sido seu erro.
— Somos nós. — respondeu Aemond, removendo sua capa e segurando firmemente o pulso de Astrid, impedindo-a de se aproximar de Lucerys.
— Vhagar pertence à minha mãe. — protestou Baela, indignada.
— Sua mãe faleceu. — replicou Aemond com uma obviedade fria. — Agora, Vhagar tem um novo cavaleiro.
— Ela era minha por direito. — insistiu Rhaena.
— Então deveria ter reivindicado. — retrucou Astrid, visivelmente exausta daquela discussão.
— Não interfira, serviçal! — repreendeu Baela.
— Não fale assim com ela. — defendeu Aemond. — Talvez seus primos encontrem um porco para você montar.
— Combina com você. — provocou Astrid, antes de ser atacada por Baela, que a empurrou ao chão.
A irmã de Baela interveio em sua defesa, mas foi rapidamente neutralizada por um soco de Aemond.
— Se nos atacarem novamente, serão alimento para meu dragão. — ameaçou Aemond, provocando Jace a avançar contra ele, apenas para ser derrubado por um chute.
Luke gritou em fúria e tentou atacar Aemond, mas acabou com o nariz quebrado. Astrid, ao ver o sangue escorrendo do nariz de Luke, tentou se aproximar, mas foi repelida por Baela.
Aemond foi derrubado e as crianças se aglomeraram para agredi-lo, mas foram afastadas por Astrid, que ajudou Aemond a se levantar. Lucerys tentou empurrar Astrid por trás, mas Aemond reagiu rapidamente, enforcando-o e brandindo uma pedra.
— Vocês vão perecer nas chamas, assim como seu pai. — ameaçou Aemond, recebendo um olhar alarmado de Astrid.
— Aemond, chega. Eles entenderam. — tentou acalmar Astrid, mas Aemond a ignorou.
— Meu pai está vivo, seu imbecil! — tossiu Luke, fazendo Aemond baixar a pedra e afrouxar o aperto.
— Ele não sabe, não é? — debochou Aemond, dirigindo-se a Jace, que estava ao lado de Astrid. — Lorde Strong. — chamou, incitando Jace a se revoltar e sacar um canivete.
Aemond soltou Luke enquanto Jace avançava contra ele. Astrid tentou intervir, mas ambos acabaram no chão. Aemond ergueu a pedra, pronto para atacar Jace.
Luke rastejou até o canivete, que havia sido chutado da mão de seu irmão. Jace distraiu Aemond, jogando areia em seus olhos, e um pouco atingiu Astrid, que estava ao seu lado. No momento em que se viraram, Luke brandiu o canivete, ferindo o olho de Aemond e o ombro de Astrid com um grito.
— Aemond! — Astrid correu até o rapaz, que segurava o local ferido, com sangue escorrendo por sua mão. Ela pressionava o próprio ombro enquanto se ajoelhava diante dele, tentando avaliar a extensão do dano. — Vai ficar tudo bem. — murmurou, apesar dos olhares magoados de Lucerys.
— Parem com isso! — ordenou uma voz, enquanto Aemond usava sua mão livre para segurar a de Astrid, apertando-a com força para aliviar sua própria dor. — Afastem-se! —
Mais guardas chegaram, testemunhando o estado lastimável de Aemond e Astrid, ambos feridos.
Todos foram conduzidos ao salão principal, onde um meistre tratou dos cortes de Aemond e Astrid.
— Ele vai se recuperar, não é, meistre? — perguntou a rainha, ansiosa.
— A carne cicatrizará, mas o olho está perdido, Majestade. — informou o meistre, fazendo com que Astrid apertasse ainda mais a mão de Aemond, que, para desgosto de Alicent, recusou-se a deixar o lado da jovem ruiva.
Enquanto Aegon recebia uma reprimenda de sua mãe, Astrid observou mais pessoas chegando.
Logo, Rhaenyra entrou, acompanhada de sua mãe e do Príncipe Daemon, que lançou um olhar preocupado antes de verificar o estado de suas filhas e depois se encostar em uma porta atrás delas.
— Jace! Luke! — Rhaenyra chamou, correndo até seus filhos. — Astrid, o que aconteceu? — ela perguntou, chocada ao ver a menina sendo suturada. — Deixe-me ver. Mostre-me. — ordenou ao seu filho mais novo, que exibiu o nariz quebrado. — Quem fez isso?
⎯ Eles nos atacaram! ⎯ exclamou Aemond com veemência.
⎯ Ele atacou a Baela! ⎯ Jace interveio em defesa, enquanto as crianças ao redor começavam a elevar suas vozes em um coro de protestos.
⎯ Príncipe mentiroso! ⎯ Astrid acusou Jace, sua voz cortando o tumulto.
O rei, percebendo a crescente tensão entre os membros da família, intercedeu antes que Jace pudesse revelar as palavras injuriosas proferidas por Aemond.
⎯ Ele nos chamou de bastardos ⎯ Jace murmurou para sua mãe, que prontamente se ergueu, colocando-se protetora à frente das três crianças.
⎯ Aemond! ⎯ o rei convocou com autoridade. ⎯ Exijo a verdade dos fatos. Agora!
⎯ O que mais deseja ouvir? Seu filho foi mutilado e o filho dela foi o causador ⎯ protestou Alicent, sua voz carregada de acusação.
⎯ Foi um trágico acidente ⎯ defendeu-se Rhaenyra, tentando acalmar os ânimos.
⎯ Acidente? ⎯ Alicent replicou, indignada. ⎯ O príncipe Lucerys trouxe uma adaga para a emboscada. Ele pretendia assassinar meu filho.
⎯ Foram minhas crianças que sofreram o ataque e foram forçadas a se defender contra Aemond e Astrid ⎯ a princesa argumentou, recebendo um olhar inquisitivo de Daenara. ⎯ Insultos abomináveis foram lançados contra eles.
⎯ Que insultos? ⎯ indagou o rei, e um silêncio pesado se abateu sobre o recinto.
⎯ A legitimidade dos meus filhos foi posta em dúvida ⎯ declarou Rhaenyra com firmeza.
⎯ O quê? ⎯ o rei questionou, buscando esclarecimentos.
⎯ Ele nos chamou de bastardos! ⎯ Jace reiterou, a indignação evidente em sua voz.
⎯ Meus filhos são herdeiros legítimos do Trono de Ferro, Vossa Majestade ⎯ Rhaenyra tomou a palavra, sua voz ressoando com autoridade. ⎯ Isso constitui a mais grave das traições. O príncipe Aemond deve ser rigorosamente interrogado para que possamos descobrir onde ele ouviu tais calúnias ⎯ ela concluiu, sua postura inabalável.
⎯ Por um insulto? ⎯ Alicent questionou, cética. ⎯ Meu filho perdeu um olho! Se seguirmos sua lógica, a filha da serviçal deve ser punida, assim como sua mãe, pela falta de respeito à coroa.
⎯ Não! Astrid está sob minha proteção ⎯ Aemond assegurou a sua mãe, sua declaração carregada de determinação.
⎯ Solte-a! ⎯ Alicent sussurrou, expressando o desejo de Lucerys, mas foi prontamente ignorada.
⎯ Diga-me, garoto ⎯ o rei se voltou para Aemond, sua voz exigindo a verdade. ⎯ De onde veio essa mentira?
⎯ Foi apenas uma brincadeira durante o treino. Coisa de meninos, não foi nada sério... ⎯ Alicent interveio, tentando minimizar a situação.
⎯ Aemond! ⎯ o rei elevou a voz, ignorando a rainha. ⎯ Eu lhe fiz uma pergunta.
⎯ Onde está Sir Laenor? Onde está o pai dos meninos? ⎯ Alicent tentou desviar a atenção. ⎯ Talvez ele tenha algo a dizer sobre isso.
⎯ Sim, onde está Sir Laenor? ⎯ o mais velho presente inquiriu.
⎯ Eu não sei, Vossa Majestade ⎯ Rhaenyra respondeu. ⎯ Eu... não consegui dormir, então saí para caminhar.
⎯ Entretendo seus escudeiros e serviçais, arrisco-me a dizer ⎯ Alicent murmurou, ganhando um olhar questionador de Astrid.
⎯ Aemond, olhe para mim ⎯ o rei ordenou, e Astrid disfarçou uma risada com uma tosse. ⎯ Seu rei exige uma resposta. Quem lhe contou essas mentiras?
Aemond desviou o olhar para Alicent, ponderando antes de dar sua resposta final.
⎯ Foi Aegon ⎯ ele admitiu finalmente.
⎯ Eu? ⎯ Aegon expressou sua confusão. Era a primeira vez que ele estava inocente e, ainda assim, recebia a culpa. Isso era uma novidade, pois normalmente seus erros eram ignorados, mesmo que este não fosse dele.
⎯ E você, rapaz? ⎯ o rei se aproximou do outro filho. ⎯ De onde vieram essas calúnias?
O menino permaneceu em silêncio, sem sequer encarar o pai.
⎯ AEGON! ⎯ o rei gritou em seu rosto. ⎯ Diga-me a verdade.
⎯ Nós sabemos, pai ⎯ ele disse, trêmulo. ⎯ Todos sabem. Basta olhar para eles.
A sala permaneceu em silêncio enquanto todos observavam os meninos. Astrid suspirou, questionando-se sobre quando havia decidido ficar do outro lado do salão.
⎯ Esta rivalidade interminável deve acabar ⎯ o rei proclamou. ⎯ Entre todos nós! Somos uma família. Agora, peçam desculpas e demonstrem boa vontade uns para com os outros. Seu pai, seu avô, seu tio, seu rei ordena!
Ele elevou a voz antes de passar por Alicent.
⎯ Isso não é suficiente ⎯ a ruiva protestou, lágrimas nos olhos. ⎯ Aemond foi ferido permanentemente, meu rei. Boa vontade não o curará.
⎯ Eu sei, Alicent. Não posso restaurar o olho dele ⎯ o rei respondeu, sua voz carregada de cansaço.
⎯ Não, porque foi tirado dele ⎯ afirmou a rainha.
⎯ O que deseja que eu faça? ⎯ o rei perguntou, exausto.
⎯ Esta dívida deve ser paga ⎯ ela declarou. ⎯ Eu quero um olho do filho dela em troca.
Ela apontou para Luke, que foi prontamente protegido por Rhaenyra, que se colocou à frente de suas crianças.
⎯ Minha querida esposa...
⎯ Ele e seu filho, Viserys! ⎯ ela gritou. ⎯ Seu próprio sangue.
⎯ Não permita que seu temperamento guie seu julgamento ⎯ o rei aconselhou.
⎯ Se o rei não busca justiça, a rainha o fará ⎯ Alicent anunciou. ⎯ Sir Criston ⎯ ela chamou. ⎯ Traga-me o olho de Lucerys Velaryon.
⎯ Mamãe! Astrid! ⎯ o menino gritou, assustado, sendo puxado por Lorde Corlys, enquanto Astrid se levantava abruptamente, recebendo um olhar inquisitivo de Aemond.
⎯ Alicent! ⎯ o rei repreendeu.
⎯ Ele pode escolher qual deseja manter, um privilégio que não foi concedido ao meu filho ⎯ a ruiva continuou.
⎯ Você não fará isso ⎯ Rhaenyra protestou, sua voz poderosa como a de um dragão.
⎯ Fique onde está ⎯ o rei ordenou a Sir Criston.
⎯ Não, você jurou lealdade a mim! ⎯ Alicent gritou, apontando para si mesma.
⎯ Como seu protetor, minha rainha ⎯ o cavaleiro recusou a ordem.
Um silêncio tomou conta do salão por um momento antes que o rei proclamasse:
⎯ E para aqueles que questionarem a paternidade dos filhos da princesa Rhaenyra, a língua será arrancada ⎯ afirmou o sábio rei.
⎯ Obrigada, pai ⎯ Rhaenyra agradeceu, encarando Alicent em desafio, parecendo ser a gota d'água para a paciência de Alicent.
Um tumulto de gritos e emoções se espalhou pelo salão enquanto Alicent avançava furiosa em direção à mulher, a adaga do rei em mãos. A princesa conseguiu interceptar a lâmina, e agora todos os olhares estavam fixos nas duas mulheres, enquanto ouviam o desespero de Luke.
As mulheres sussurravam entre si, mas Astrid soltou a mão do príncipe enquanto se dirigia rapidamente até elas. A garota pegou a adaga que estava na cintura de Aegon ao passar por ele e se aproximou de Alicent, empurrando a adaga da rainha com a que havia pegado de seu filho. ⎯ O derramamento de sangue era desnecessário ⎯ Aemond declarou, voltando-se para sua mãe com uma expressão de resignação misturada com uma estranha satisfação. ⎯ Pode ser que eu tenha perdido um olho, mas em troca, ganhei um dragão ⎯ ele continuou, aproximando-se da mulher e a abraçando, sussurrando palavras inaudíveis em seu ouvido.
Enquanto isso, uma divisão palpável começava a se formar no salão. Os lados verde e preto, símbolos de lealdades opostas, começavam a se separar claramente. Cada lorde presente estava agora diante de uma escolha decisiva, definindo sua posição e lealdade. Astrid, com a adaga ainda manchada pelo conflito recente, encontrava-se no epicentro dessa divisão, enquanto Aemond lembrava sua mãe da promessa feita: proteção à menina, não a Daenara.
𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗖𝗜𝗡𝗖𝗢 𝗣𝗢𝗦𝗧𝗔𝗗𝗢!
Não foi revisado, como de costume, então
me avisem caso tenha algum erro de escrita.
A partir de agora vou tentar postar um capítulo por semana, mas não garanto nada hein!
Alicent: Solta a mão da Astrid, Aemond!
Aemond: Vô nada 😝🤙
Enfim, espero que tenham gostado!
Penúltimo capítulo deles piticos.
"Ah, mas você falou isso no último capítulo" errei as contas, aconteceKKKKK
Tchau! 💕
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