⟢.ᐟ 𝟬𝟯 𝗦𝗢̈𝗢̈𝗧 𝗔̂𝗟𝗚𝗚𝗔̂𝗦𝗧

𝘊𝘈𝘗𝘐́𝘛𝘜𝘓𝘖 𝘛𝘙𝘌̂𝘚: 𝘋𝘖𝘊𝘌 𝘖𝘙𝘐𝘎𝘌𝘔

𝖠𝖲 𝖯𝖱𝖨𝖬𝖤𝖨𝖱𝖠𝖲 luzes da manhã mal tocavam as altas torres da Fortaleza Vermelha, onde Astrid se encontrava perdida após ter se desviado de seu caminho habitual.

Ela havia estado ocupada ajudando sua mãe com as tarefas diárias, mas agora, seus passos a guiavam por um labirinto de corredores silenciosos e salões vazios.

Enquanto ela caminhava, uma presença familiar a observava de longe. Lucerys, conhecido carinhosamente como Luke, tinha seus olhos fixos em Astrid há algum tempo.

Ele conhecia cada passo seu, cada pausa contemplativa, mesmo que ela se movesse como uma sombra entre os demais.
Quando seus caminhos finalmente se cruzaram, Luke não pôde evitar o rubor que tomou conta de seu rosto. A surpresa de estar tão perto daquela que parecia uma aparição em sua solidão o deixou sem palavras, e uma timidez inesperada o fez baixar o olhar.

— Não me curvarei diante de você, caso seja essa a sua expectativa — declarou a menina ruiva, alguns centímetros mais alta, enquanto cruzava os braços com firmeza.

— O quê? Eu não desejo isso — respondeu o menino, com um tom suave, erguendo finalmente o olhar para encará-la. — O que a traz aqui?

— Estou perdida — ela admitiu, com uma ponta de desafio na voz. — E quanto a você? Ou devo dizer, e o senhor? — não perdeu a chance de ironizar a formalidade.

— Eu também estou perdido, senhorita — ele replicou, alheio à ironia em sua voz. — Estava acompanhando meu irmão e meu primo Aegon, mas nos separamos. — confessou.

— Eu não perguntei — retrucou a menina, revirando os olhos com impaciência.

Astrid, uma criança atormentada pelas regras do privilégio, não conseguia deixar de culpar o trono — e a linha de sucessão que incluía Lucerys — por suas frustrações. Ela sempre desejou estabelecer amizade com um dos meninos ou com Helaena, mas a grosseria de Aemond durante a infância lhe causou uma antipatia duradoura pela realeza.

— O que eu lhe fiz? — indagou Luke, inclinando a cabeça para o lado, quase ofendido.

— Você não me fez nada, mas seu primo me mostrou que não se pode confiar na realeza — ela murmurou, caminhando apressadamente numa tentativa desesperada de encontrar o caminho de volta para sua mãe.

— Então, sua raiva deveria ser direcionada a ele, não a mim — ele ponderou, fazendo com que a menina suspirasse de exasperação.

— Meu nome é Astrid — apresentou-se, parando abruptamente, o que fez com que o menino esbarrasse em suas costas antes de ela se virar.

— Eu sei — ele murmurou, com simplicidade.

— Você sabe? — ela questionou, incrédula e franzindo a testa.

— Sim, eu sei — ele respondeu, dando de ombros antes de segurar a mão dela. — Venha comigo, podemos tentar nos localizar pela praia — sugeriu, puxando-a gentilmente para descer as escadas que levavam diretamente à areia.

Descendo as escadas em direção à praia, Astrid sentiu a areia fria sob seus pés rotineiramente descalços. O som das ondas quebrando na costa era um sussurro constante ao fundo. Ela olhou para Luke, que agora parecia menos um príncipe e mais um garoto comum, com a preocupação clara em seu rosto.

— Acha mesmo que vamos encontrar alguém por aqui? — perguntou ela, com um traço de dúvida na voz.

— Tenho esperança — disse Luke, olhando para o horizonte. — Além disso, meu avô diz que a praia sempre nos leva a algum lugar.

Eles caminharam em silêncio por um tempo, apenas o som das ondas e o chamado distante de gaivotas preenchendo o ar.

Então, de repente, Astrid parou, apontando para uma figura solitária na distância.
— Alguém está lá! — exclamou, com um misto de alívio e ansiedade.

Luke espremeu os olhos contra o brilho do sol poente.
— É meu irmão! — ele reconheceu, começando a correr em direção à figura.

Astrid hesitou por um momento antes de seguir Luke, correndo pela areia. Quando eles se aproximaram, a figura se tornou mais clara e se mostrou ser realmente Jace, acenando para eles.

— Onde você estava? — perguntou ele, claramente aliviado por encontrar Lucerys.

— Nos perdemos, mas encontramos o caminho de volta.  — explicou Luke, ofegante. — Graças a Astrid. — acrescentou, lançando um olhar grato em sua direção.

Astrid sentiu um calor inesperado em suas bochechas e desviou o olhar para o mar. Talvez, ela pensou, nem todos da realeza fossem iguais. E talvez, apenas talvez, ela pudesse aprender a confiar novamente.


𝖠𝖲𝖳𝖱𝖨𝖣 𝖥𝖱𝖠𝖭𝖹𝖨𝖴 𝖠 testa quando ouviu batidas persistentes em sua porta, ecoando pelo silêncio que se instalara após o anoitecer. A surpresa foi inevitável em seu olhar ao deparar-se com o príncipe Lucerys, uma figura inesperada na ala dos criados, parado em seu umbral.

— Posso ser útil de alguma forma? — indagou ela, com os braços cruzados sobre o peito, uma expressão de cautela desenhada em seu rosto.

— Sua presença é requerida, por favor acompanhe-me. — solicitou ele, segurando a mão da jovem com uma firmeza gentil, conduzindo-a pelos corredores com passos apressados, sem conseguir ocultar o rubor que lhe tingia as faces.

— Mas hoje é o dia de seu aniversário. — lembrou ela, confusão marcando sua voz.

— Estou ciente. — respondeu ele, com um encolher de ombros casual enquanto mantinha o ritmo acelerado.

— Há uma celebração em sua honra. — afirmou ela, ainda perplexa.

— Também estou a par disso, Astrid. — confirmou ele, permitindo-se um sorriso breve.

— E você não está presente. — constatou ela. — Por que se ausentar de sua própria festividade?

— Para lhe desejar um feliz aniversário. — murmurou ele, voz baixa e tingida de timidez, enquanto sua caminhada os levava até a entrada do seu aposento.

— Hoje também é o dia do meu nascimento. — ela declarou, uma ponta de questionamento em suas palavras. — Você tinha conhecimento disso?

— Sim, eu sabia. — ele sorriu, um sorriso genuíno que precedeu o gesto de abrir a porta, soltando a mão da moça para se dirigir ao móvel de madeira ao lado de sua cama.

Astrid observou da entrada como o príncipe vasculhava cada gaveta com uma ansiedade palpável, até que suas mãos encontraram uma caixa de veludo de um tom púrpura profundo. Com um sorriso que iluminava seu semblante, ele se aproximou da jovem, estendendo-lhe a caixa com deferência.

— Feliz aniversário, Astrid. — sussurrou ele, enquanto ela aceitava o presente com uma hesitação visível.

Ao levantar a tampa da caixa, um sorriso espontâneo e genuíno floresceu nos lábios de Astrid ao contemplar a corrente de prata discreta, adornada com um símbolo de dragão cujo olho era marcado por uma pedra azul cintilante. Ela tocou o colar com dedos trêmulos, admirando sua beleza e solidez.

— É magnífico... — comentou ela, voz embargada pela emoção. — E surpreendentemente pesado.

— É forjado em aço. — ele explicou.

— Aço? — ela ecoou, um vislumbre de perplexidade em sua voz.

— Sim, aço valiriano. — ele revelou, cruzando as mãos diante de si em um gesto de modéstia. — Fui eu quem escolheu, mas caso não seja de seu agrado, estou disposto a encontrar algo que lhe contente mais e...

Sua divagação foi interrompida por um abraço inesperado. Astrid, que raramente expressava seus sentimentos através do contato físico, não resistiu ao impulso de envolver Lucerys em seus braços.
Ele, inicialmente desajeitado, retribuiu o gesto com tapinhas amigáveis nas costas dela, mas logo se entregou ao calor do abraço, correspondendo com igual intensidade.

Quando finalmente se afastaram, ambos ostentavam bochechas coradas e sorrisos que refletiam uma felicidade compartilhada.

Astrid acabara de receber o mais valioso dos presentes, mas o que ela ainda não sabia era que a verdadeira preciosidade daquele colar não residia em seu valor material, mas sim em sua origem. E essa origem vinha de Lucerys, o garoto que lhe ensinara que ser príncipe transcende os títulos e as convenções.




CAPÍTULO TRÊS POSTADO!
Gostaram? Escrevi com base nas fontes da minha cabeçaKKKKK
Enfim, espero que gostem, comentem e votem! 💕

*cap não revisado

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