05. Tarde Vazia

                  13 de março, 2023.

 


   Aquela aula de geografia estava um saco.

Então eu estava aproveitando o belo momento e decidi dormir. Sim, eu me esforçava, tinha meus truques, mas eu estava quase fechando os olhos e encostei o rosto na apostila.

— Neves! Responda a questão quatro.—
o professor Marcos falava, ou "Marcão", como gostávamos de chamar.

— Oi? Ahn? — disse com o cabelo no meu rosto.

Todos deram risadas, menos Elisa e Talita que estavam perto de mim.

— Muito bonito dona moça, se dormir mais uma vez, eu tiro você da sala. — disse o professor sério e perguntando a questão para outro.

— Desculpa professor, não vai mais se repetir. — falei dando uma risada sem graça.

— Eu acho que você 'tá um pouco cansada, a aula do Marcão é ótima, porque você ficou tão cansada? — perguntou Talita.

— Na verdade é você que é muito certinha, eu já dormi umas dez vezes nas aulas dele. — falou Elisa enquanto eu dei um sorriso sincero.

— Só vocês duas mesmo! — ela revirou os olhos e deu uma risada.

Logo a aula acabou, e o sinal tocou.

Eu sempre gostei das duas matérias que de certa forma se completavam, História e Geografia. Só que por causa de ontem, eu fui dormir meia-noite e alguma coisa, fiquei acabada no outro dia. Mas o professor era incrível, só não gostava de conversas paralelas, celular, essas coisas que eles não toleravam.

— O que passa nessa cabecinha, hein? — perguntou minha melhor amiga.

— Elisa, eu só queria que vocês duas acreditassem em mim, é real. Vocês acham que eu mentiria um assunto sério desses? — disse.

— Olha, eu pensei muito e cheguei a conclusão de que não vou duvidar de você e nem vou fazer isso mais para frente. Somos melhores amigas e acho que devemos ter confiança uma nas outras. — falou explicando.

— Eu sabia que você era a garota certa! — sorri e abracei ela.

— Gente, eu 'tô aqui viu? — Talita reclamou.

— Desculpa Talita! Mas você também acredita em mim, né? — questionei.

— É óbvio, você acha que iríamos te abandonar nessa? — então ela me agarrou e me apertou com força.

— Eu sabia que vocês duas eram as garotas certas! — apertei nossos rostos juntos.

— Mas agora 'tá na hora de você ir na casa de alguma de nós. — falou a mais alta.

— Pode deixar! A gente tem que terminar o "para casa" de Química. — falei cansada.

— Minha mãe 'tá em casa, acho que hoje ela fez almoço, vamos lá? — questionou a garota de cabelos ondulados.

— Vamos! — eu e Talita falamos em uníssono.



— Nossa mãe, você arrasou no estrogonofe. — falou.

— Verdade Luíza, 'tá ótimo. — eu disse.

— Concordo, apesar de eu não poder ficar comendo muitas coisas assim, meus pais mandam eu seguir dieta. — falou a de cabelo castanho claro.

— Obrigada meninas! É o único prato que eu sei fazer, o resto quem cozinha é o Renato ou a minha filha — sorriu.

Os pais da minha amiga eram incríveis, super simpáticos e sempre iam em jantas que meus pais faziam em casa. Quando Luíza soube de tudo que estava ocorrendo entre meus pais, ela me abraçou e me aconselhou muito, me lembro até hoje das palavras, mesmo sendo difícil de digerir isso, até hoje.

" Você é uma garota incrível Catarina. Seus pais se amavam muito, lembro dos dois na época da escola, mesmo a gente sendo de ciclo de amizades diferentes, era um amor lindo. Ver seu pai se apaixonando por ela era algo que eu admirava muito, mas relacionamentos não são eternos querida, mesmo você não tendo muita idade, acho que sabe disso.
Sei que eles vão continuar conversando, isso eu posso garantir para ti. É uma situação delicada, não entendo o porque disso tudo também, mas eu acho que esse sentimento é inexplicável, o "amor".
Eles tiveram você, uma menina inteligente, linda, que corre música pelas suas veias, e não podia ser diferente, ? Pode contar quando estiver com um nó na garganta, você e a Elisa são amigas desde crianças, pode desabafar comigo sempre que quiser.
Amo cada um de vocês, e sei que seus pais vão se entender, e continuar grandes amigos. "

Então eu retribui a alegria dela. Credo gente, esses dias eu estou mais depressiva que o normal, mas estava tudo meio que errado, de certa forma.

— Bem, vamos terminar as coisas da escola? — Talita disse.

— Isso que é amar estudar, nunca vi. — falei e todas deram risada.

Então fomos para o quarto da Elisa, e logo fomos abrindo os materiais. A casa dele não tinha escadas, então era mais rápido de encontrar os locais.

— Gente, eu não 'tô entendendo nada, sou uma porta em exatas. — falei confusa.

— Olha, não é complicado, essa parte da tabela periódica é detalhada, mas eu te ensino. — a de cabelos lisos respondeu.

  Talita era na minha concepção, um gênio. Ela se destacava em todas as matérias sem exceção, parecia uma máquina humana, e ela realmente amava. O sonho dela é cursar Direito e ser juíza, os concursos são meio que impossíveis, é mais fácil ganhar na loteria, mas ela tem chance demais. Claro que os pais tinham um pouco de influência, mas nunca forçaram ela, pelo menos eu penso isso.

Logo que ela explicou eu entendi um pouco e conseguimos nos entender nos exercícios, tudo que envolva conta me estressa.

— Olha meninas, agora eu realmente preciso ir, já está anoitecendo e eu passei o dia aqui.

— Você sabe que não precisa se preocupar, vocês duas na verdade, são sempre bem-vindas, meus pais adoram vocês. — falou minha amiga.

— Claro amiga, mas eu não fiquei em casa ainda, não sei se está organizada, ou como estão os garotos da ban-

— O que foi? — Talita falou me estranhando, eu congelei.

— Gente, eu esqueci deles! Dos membros da banda! Eu esqueci, como eu pude? — falei desesperada.

— Amiga, você é doida? Eles podem ter feito algo na casa ou sei lá, mesmo não sendo do perfil dos Mamonas. — pensou Elisa.

— Não! Eles não fizeram, mas eu não avisei e só saí para pegar a van, eles ainda estavam dormindo! — disse guardando meus cadernos e estojo na mochila.

— Corre amiga, vai! — disse Talita.

— Você ainda tem que apresentar eles para a gente! Tchau, amo tu! — gritou a garota que gostava de rock.

— Tchau amiga, vê tudo certinho, se cuida. Eu te amo! — acenou Talita.

— Adeus meninas! — saí correndo do quarto.

Eu até esqueci de me despedir da Luíza, mas amanhã eu vou voltar, tenho certeza. De alguma forma ou outra.

Logo que eu abri a porta, tudo estava organizado, eles não mexeram em nada. Eu só escutei um som, e eu sabia qual música era "Uma Arlinda Mulher".

Isso é algo que eu nunca imaginei, os Mamonas Assassinas tocando no meu quintal, com flores atrás deles, seis horas e quarenta da tarde, e um detalhe, o Dinho estava com o meu violão.

— " 𝘌𝘶 𝘧𝘶𝘯𝘥𝘦𝘪 𝘢 𝘈𝘴𝘴𝘰𝘤𝘪𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘐𝘯𝘵𝘦𝘳𝘯𝘢𝘤𝘪𝘰𝘯𝘢𝘭
𝘥𝘦 𝘗𝘳𝘰𝘵𝘦𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘢̀𝘴 𝘉𝘰𝘳𝘣𝘰𝘭𝘦𝘵𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘈𝘧𝘦𝘨𝘢𝘯𝘪𝘴𝘵𝘢̃𝘰..."

— Meu Deus! — eu sorri e fui derrubando a mochila das minhas costas.

Pude ver eles sorrindo por eu estar gostando, eles sabiam que eu estava.

— "𝘛𝘦 𝘱𝘳𝘰𝘷𝘦𝘪 𝘱𝘰𝘳 𝘉 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘊 𝘲𝘶𝘦 𝘢 𝘮𝘦𝘯𝘪𝘯𝘢
𝘥𝘰𝘴 𝘵𝘦𝘶𝘴 '𝘻𝘰́𝘪𝘰' 𝘯𝘢̃𝘰 𝘵𝘦𝘮 𝘮𝘦𝘯𝘴𝘵𝘳𝘶𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰."

Então eu peguei um microfone e fui cantando junto com o vocalista.

— "𝘋𝘢𝘳 𝘶𝘮 𝘱𝘳𝘢𝘵𝘰 𝘥𝘦 𝘵𝘳𝘪𝘨𝘰 𝘱𝘳𝘢 𝘥𝘰𝘪𝘴 𝘵𝘪𝘨𝘳𝘦𝘴 𝘦 𝘷𝘦𝘳 𝘰𝘴 𝘣𝘪𝘤𝘩𝘰𝘴 𝘣𝘳𝘪𝘨𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘦́ 𝘭𝘦𝘨𝘢𝘭 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘰́!" — eu entrei completando a música que eu sabia de cor desde dos 7 anos.

— "𝘗𝘰𝘪𝘴 𝘯𝘰𝘴 '𝘵𝘪𝘳𝘢 𝘦 𝘱𝘰̃𝘦', 𝘥𝘦𝘪𝘹𝘢 𝘧𝘪𝘤𝘢𝘳 𝘥𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢
𝘴𝘦𝘳𝘦𝘪 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘴𝘦𝘶 𝘦𝘴𝘤𝘳𝘢𝘷𝘰-𝘥𝘦-𝘑𝘰́." — cantamos o final juntos. Eles não fizeram aquela parte do estúdio, que eu tanto amava, mas não faria muito sentido até.

— Dinho, achamos uma vocalista bem melhor, pode sair. — falou Sérgio.

— Fica quieto aí, filho do Falcão! — zoou Sérgio e todos rimos, mas ele ficou irritado, vi na Internet que ele odiava o apelido.

— Mas você canta muito mesmo, deveria ser cantora. — falou Dinho.

— Que nada! Eu só canto as vezes, e toco meu violão.

— É seu? Achei no sofá.

— Eu tinha deixado ele do meu lado, meio que me acalma quando estou mal. — sorri.

— Música é um refúgio bom mesmo, concordo. — falou Júlio.

Eu dei um sorriso sem mostrar os dentes para ele.

— Você passou o dia todo fora, ficamos ensaiando. — disse Samuel.

— E eu amei! As músicas de vocês nunca vão me cansar, é Mamonas Assassinas, é tipo, incrível! — gesticulei.

— Catarina mostrando o bom gosto musical! — falou Bento.

— Sempre adorei esse estilo de música, principalmente rock/pop nacional, escuto Ira! e bandas assim, demais.

— Eu e o Sérgio vivíamos escutando também, adorava "Tarde Vazia".

— Sério? Nossa, essa é minha música favorita.

— Que incrível, é uma das minhas também. — sorriu Samuel, e acho que fiquei olhando para ele por muito tempo, e senti algo estranho pelo meu corpo.

— Bom, eu acho que você deve estar cansada e quer dormir, ontem já atrapalhamos você. — falou Bento.

— Eu realmente preciso dormir, acabei levando bronca do professor na aula hoje por conta disso. Mas vocês nunca vão incomodar, só precisamos entrar em contato com a família de vocês, aliás, estou enrolando muito para fazer isso. — disse.

— A Valéria 'tá bem? — Dinho questiona.

— Pelas redes sociais sim, ela é uma pessoa incrível, você vai se encontrar com ela. Pode ter certeza. — fiz um carinho em seu ombro em sinal de conforto.

— Obrigado Catarina. — sorriu.

    E mais um dia terminava, e meus pais não faziam ideia no que eu tinha me metido.

                                 °•♡•° 

𝐈. Demorou mas chegou! Desculpem pela demora, essa semana voltou às minhas aulas e coisa ruins/boas aconteceram e acabei deixando a história de lado. Mas eu estou feliz que consegui criar mais um capítulo, e bem longo por sinal, então aproveitem!

𝐈𝐈. O " Marcão" existe, é meu professor de História/ Geografia, ele explica muito bem!, todo mundo ama ele na escola.

𝐈𝐈𝐈. Agora as amigas da Cat acreditaram nela, amém! O mínimo que duas melhores amigas de anos, fazem.

𝐈𝐕. Muito obrigada pelos votos, comentários, e visualizações. Nunca achei que a história chegaria nesss ponto, meu sonho é ter mil visualizações, amo cada um de vocês! 💗

𝐕. Desculpem os erros ortográficos, faço o máximo para não errar.

𝐕𝐈. Continuem interagindo, amo ver que vocês estão gostando e adoro responder os comentários. Beijos e aproveitem o capítulo! 💫💕

- helena ✰.




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