Capítulo 6
No dia seguinte, não me senti motivada a ir à faculdade, então meu pai insistiu que eu o ajudasse em algumas questões relacionadas ao seu trabalho. Eu estava sentada em frente a ele, com uma mesa entre nós contendo todas as informações sobre pessoas e estabelecimentos dele.
Ele pediu que eu analisasse algumas informações referentes à sua boate em Okinawa, enquanto ele examinava outros dados em seu computador.
—— Pai, há um desvio de recursos ocorrendo na boate de Okinawa. Veja, aqui nas informações consta um valor que deveria ser transferido para lá todo mês, porém não é enviado nem a metade para a conta bancária do estabelecimento. Além disso, aqui também indica para onde o valor está sendo direcionado — ele me encara, pedindo o documento.
Ele permaneceu em silêncio, mas conforme ele lia, sua expressão mudava para irritação. Por fim, ele me entregou o documento, soltando um longo suspiro.
—— Às sete da noite iremos sair — ele disse simplesmente, voltando a fitar seu computador.
—— Preciso ir muito arrumada? — peguei o documento e coloquei sobre os que eu já li, pegando o outro.
—— Iremos para uma boate, isso responde à sua pergunta?
—— Sim. — disse, assentindo com a cabeça. — Aqui diz...
Atravessei a rua com algumas sacolas em meu braço, sentindo o cansaço me consumir. Estou arrependida de ter recusado a ajuda do Sanzu. Mas eu precisava sair um pouquinho apenas. Entrei em uma sorveteria que sempre frequento com meu pai e me sentei na primeira mesa, chamando a atendente.
—— Por favor, traga o de sempre — ela se afasta após anotar meu pedido em uma comanda.
Pego meu celular para responder algumas mensagens do meu pai, uma delas é ele perguntando onde está o patinho que costuma tomar banho junto com ele.
Fiquei olhando pela janela enquanto aguardava meu pedido. Ouço alguns murmúrios e, em seguida, uma pessoa passa pela entrada da sorveteria, alguém que eu conhecia muito bem.
—— Olá, Harleen — Shin senta-se à minha frente, com um sorriso cínico no rosto. — Precisa de ajuda com tudo isso?
—— Não, meu motorista vai vir me buscar! — desvio meu olhar novamente para a janela, acho que se eu cortar o assunto ele vai embora.
—— Posso fazer-lhe companhia? — ele pergunta novamente.
—— Sabe, eu gostaria de ficar sozinha.
—— Por que? — ele põe sua mão por cima da minha, que estava esticada sobre a mesa, e desliza o polegar por cima, me causando arrepios.
Puxo minha mão, colocando-a sobre meu colo. Esse rapaz não se enxerga?
—— Porque eu quero. — digo sem rodeios.
—— Não seja desagradável, querida. — ele ergue sua mão, e fecho meus olhos achando que eu iria levar um tapa. Mas apenas sinto sua mão deslizando pelas minhas bochechas. Me deu uma vontade de vomitar, eu sentia nojo. Por que ele insiste em me tocar depois de me machucar? — Não tenha medo, eu não quero te machucar.
—— E nem se quisesse, tocaria um dedo nela, ô seu arrombado — viro meu rosto para o lado, Minami estava parado com os braços cruzados ao lado da atendente que antes havia vindo me atender.
De onde esse povo está saindo?
—— Ele tocou nela sem a permissão dela, sentou ao lado dela sem permissão, e ela parecia muito assustada! — a atendente diz, se encolhendo atrás de Minami — Ajuda ela, meu sobrinho.
—— Certo. Garotinho — ele se aproximou um pouco de Shini, e sussurrou algo em seu ouvido, e o olho do garoto só faltou sair de suas órbitas — Já sabe né, vem comigo.
—— C-claro. — ele se levantou desajeitado.
Ele passou na frente de Minami, sendo empurrado para frente. Observei os dois sumindo pela porta e rapidamente a atendente vem em minha direção.
—— Você está bem? — ela perguntou um pouco apreensiva, com um semblante preocupado.
—— Estou bem sim, só um pouco assustada. — Olho em direção à saída, imaginando o que aconteceria com aquele garoto. Só espero que ele aprenda a não mexer comigo.
—— Oh, entendo. Bom, toma seu sorvete, é por conta da casa. Vou pedir para meu sobrinho te acompanhar até sua casa, estou um pouco preocupada. — Concordo, vendo ela se afastando aos poucos. Comecei a tomar meu sorvete, sentindo meu corpo aliviar com o tempo.
Eu não quero ser machucada de novo, eu não quero que meu corpo seja tocado por um homem de novo.
O sininho da entrada tocou e Minami passou por ela, ele apenas me olhou de lado e seguiu para perto de sua tia. Confesso que me surpreendi ao saber que eles são sobrinho e tia, frequento essa sorveteria há um bom tempo apenas por causa dela. Ele olhou para mim e depois para sua tia, então caminhou até mim.
Juntei minhas sacolas sobre meu braço, levantando-me.
—— Eu vou te acompanhar — Minami diz, retirando as sacolas do meu braço — estarei logo atrás.
Chegamos em frente ao condomínio, o caminho todo ficamos em silêncio, talvez por não termos tantos assuntos em comum. Peguei minhas sacolas de sua mão, curvando-me em sua frente.
—— Obrigada, Minami. — ergo meu corpo novamente, vendo sua expressão de tédio no rosto.
Ele sempre parece estar tão calmo, analisando o ambiente, mas eu sei que caras como ele são perversos e perigosos; sua tatuagem e os caras que estão nos seguindo há um bom tempo de longe, usando o mesmo uniforme que ele, provam isso. Ele deve ser de uma gangue, e pela sua postura, deve ser o líder.
—— De nada, Harleen Queen — ele vira as costas para mim, afastando-se aos poucos. — Nos vemos por aí.
—— Eu já disse que é Harleen!
Entro no condomínio às pressas, passando pela casa da minha tia e seguindo para minha casa. Já são cinco horas, eu deveria estar me arrumando há duas horas atrás; eu demoro muito para me arrumar e o papai detesta quando nos atrasamos.
O próximo capítulo será um pouquinho longo.
Votem e comentem.
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