Capítulo 4




Eu comia um taiyaki que Sanzu me ofereceu. Enquanto eu me deliciava com aquilo, percebo que ele não desgrudava do celular. Talvez ele esteja conversando com uma namorada... E eu esteja atrapalhando.

—— Sanzu, tudo bem? — ele desliga o celular e dá uma mordida em seu crepe.

—— Sim, apenas seu pai me informando sobre algumas questões — sorrio timidamente.

—— Tudo bem. — Maria se aproxima com seus lanches, e seu primo enorme logo atrás. Nunca tinha visto um homem tão alto, chega a ser imponente. Pelos meus cálculos, ele tem cerca de 1,90m. — Maria, há algum lugar que ainda queira visitar?

—— A casa do terror! — ela diz animada.

—— Ah... casa do terror? — meu corpo se arrepia só de pensar que possa ter palhaços por lá.

—— Casa do terror, medo e sei lá mais o quê. — seu primo chama nossa atenção. — Nós já fomos lá.

—— Vamos de novo... Não tem problema! — Digo, mesmo que por dentro esteja com medo.

—— Tem certeza? — Sanzu deu um passo à frente.

—— Sim, tenho certeza, Haru. — respondi com um meio sorriso.

Caminhamos em direção à grande casa, que tinha um palhaço enorme na frente, o que já era motivo para meu corpo se arrepiar. Ao nos aproximarmos da entrada, a gritaria já podia ser ouvida. Dei uma última mordida no meu taiyaki e me dirigi à lata de lixo que estava atrás de Minami e Maria para jogar o guardanapo que havia usado.

Ao colocar na lata, virei-me para voltar, mas acabei tropeçando em uma pedrinha. Levei a mão ao rosto, mas a queda não aconteceu. Minami tinha seus braços em volta da minha cintura, segurando-me como se fosse algo natural.

—— O-obrigada — agradeci nervosa, levantando-me novamente.

—— Olha por onde anda — ele disse, ignorando a situação e colocando as mãos nos bolsos. — Vamos logo, Maria.

—— Vamos!

Passamos pela entrada onde tudo estava extremamente escuro; não conseguia enxergar nada. Tentei alcançar Sanzu com meus braços e assim que senti sua pele, passei meu braço sobre o seu.

Um grito de um homem foi ouvido passando ao meu lado, desesperado, causando calafrios em meu corpo.

—— Haru... Estou com medo — respiro fundo, me aproximando mais — Onde estão Maria e Minami?

Andávamos nos esquivando das pessoas que corriam, algumas fantasiadas, e agradeço por parecermos invisíveis agora. Um sorriso involuntário escapa de minha boca ao lembrar que Minami e Maria devem estar correndo, claramente, pelo tamanho dele, já o notaram.

—— Haruchyo, Minami e Maria devem estar correndo agora — solto um risinho baixo, tampando minha boca com a mão vaga. — ele é tão grande que já devem terem notado ele, com todo respeito. Ele é tão alto, mas é bonito, e não conta para o papai. Acho que sua altura é de 1,90, bom eu não sou muito boa em medir os outros apenas olhando.

Sinto-o soltar minha mão e parar de caminhar poucos centímetros à minha frente, mas estava tão estranho, ele ainda não havia dito uma palavra.

—— Errado. Tenho 2,15 metros de altura, Harley Queen. Obrigada pelo elogio, e não irei contar para seu pai. — Arregalo os olhos ao ouvir a voz de Minami. 2,15 metros? Como eu fui me perder de Sanzu? Sinto-o se aproximar ainda mais de mim — Vamos?

—— É Harleen! — cruzo os braços, notando que ele errou meu nome.

—— Ok, vambora, Arlequina. — Ele se move um pouco para o lado — Pode ir na frente, não quero que a "anã" Arlequina se perca.

—— Olha, tenho 1,66 metros! — Ele solta uma gargalhada que me irrita. — É a genética.

—— Qual é, seu pai é baixinho? — Ele zomba, vindo logo atrás com seu tom de deboche.

—— Não é da sua conta! — Ignoro-o, caminhando sempre perto dele, tenho medo, poxa.

Estava tudo tão escuro ali, a cada passo que eu dava acabava tropeçando em algo e me assustava. Minami caminhava sem se preocupar, pouco se importando se chamava atenção. Vez ou outra passava alguém correndo assustado em meio aos gritos perto de nós, e cada vez mais eu me arrependia de ter aceitado vir para esta casa. Tenho fobias de palhaços desde um filme perturbador que assisti, onde ele cometia atos terríveis em uma cidade chamada Derry, e também porque no aniversário de 8 anos da Mirai, a tia Emma contratou palhaços de circo para animarem a festa, e um deles — não intencionalmente, eu acredito—, me causou um tremendo susto.

—— Você tem medo de palhaços, não é? — ouço ele perguntar próximo a mim, por estar tão escuro, não sei se ele estava ou não olhando para mim.

—— Sim, muito. Tenho coulrofobia. — respondo, sentindo calafrios por todo o meu corpo.

—— Então, aconselho-o a não olhar para frente, pois logo ali tem um palhaço. — meu corpo paralisa com tais palavras. Sinto uma presença se aproximar de mim, e eu não conseguia abrir a minha boca para chamar por Minami.

—— Você está em apuros, não está? — ouço ele gargalhar.

—— Me ajude... — supliquei em um sussurro.

Meu peito subia e descia, enquanto minha respiração agora insistia em falhar. Senti algo sendo posto a poucos centímetros do meu ouvido, e soube que era assim que o miserável palhaço agia: era uma buzina, de onde saía um barulho baixo, porém irritante.

—— E então? Vai correr ou não? — ouvi o palhaço perguntar e senti forças surgirem do nada, me impulsionando a correr.

Eu detestava palhaços com toda a minha força, e naquele momento só desejava que Sanzu estivesse ali para me proteger. Correndo sem parar e sem olhar para trás, pude avistar uma luz, que presumi ser a saída.







Ignorem erros ortográficos.

Votem e comentem.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top