Eu ouvia o som da tv baixinho enquanto eu abria lentamente os meus olhos. Por um momento eu pensei que ele havia ido embora, mas sentir sua pele quente abaixo de mim e suas mãos acariciando minha costa. Eu sentia sua respiração um pouco acima de minha cabeça.
Assim que abri meus olhos completamente minhas entranhas roncaram, e imediatamente eu escutei sua risada baixinha.

—— Agora pretende comer? — sua voz sai como um sussurro.

—— Sim. Agora estou com fome — apoio minhas mãos em seu peito e pego impulso para me levantar. Eu sento de pernas cruzadas ao seu lado mantendo meus olhos fixos nele. — Por um momento pensei que você fosse embora quando eu pegasse no sono.

Ele sentou na cama também, e puxou meu corpo para perto do dele, me envolvendo em um abraço.

—— Ainda está quente. Só vou embora quando você melhorar. — afirmou.

—— Mas você não tem seus próprios assuntos para tratar? N-não que eu esteja te expulsando, só não quero que você perca seu tempo comigo — murmurei. Ele tem literalmente uma gangue para comandar, mas pretende ficar aqui... Cuidando de mim.

—— Não se preocupe com isso, Alerquina. Agora vamos lá, você precisa comer. — aceno com a cabeça me levantando.

Meu pai havia saído enquanto eu dormia, mas por "precaução" deixou Kakucho na casa, pois ele precisava do Haruchyo em uma missão. Quando eu desci as escadas com o Minami, o Hitto estava sentado na cozinha, conversando com as serviçais, enquanto as mesmas preparavam um lanche.

Agora, estou sentada comendo ao lado de Kakucho e Minami em minha frente.

—— Seu pai me mostrou uma foto da sua fantasia para o baile. Está incrível, Harleen. — Kakucho expressou, com um sorriso gentil no rosto.

—— S-sério? De nada. Porém, eu não vou ao baile. — terminei de comer, empurrando o prato para frente, vendo a serviçal retirar o mesmo.

—— E por quê, princesa? Você se dedicou tanto na fantasia. — ele parecia um pouco pensativo, e mais que ele, só o Minami.

—— Eu vou sair com o Minami, e seria deselegante desmarcar, certo? — ele acena em concordância sem fazer mais perguntas, e eu agradeço mentalmente.

Aqui estava um tédio, um clima sombrio... Então, para não deixar Kakucho e Minami entediados como eu, procurei uma forma de nos divertirmos. Os dois estavam deitados na cama, e eu sentada sobre minhas pernas no espaço entre eles.

Coloquei a faixa de cabelo rosa em Minami, afastando seus fios loiros, e então peguei a máscara de cor verde e me inclinei sobre ele,  levando minha mão para seu rosto, espalhando todo o conteúdo até preencher sua face por completo.

Seus olhos fixaram nos meus por segundos, causando arrepios por todo o meu corpo. Ele percebeu isso, pois sorriu. Não fiquei irritada, só envergonhada... O sorriso dele... Me afastei, fazendo o mesmo com Kakucho, colocando uma faixa vermelha com bolinhas pretas — da Minnie —, que tinha seus olhos fechados aproveitando.

—— Tão geladinho! — Kakucho compartilhou, abrindo seus olhos. Ele sorriu encarando o próprio reflexo que era transmitido pelo espelho em minhas mãos. — Espero que seu pai não me veja assim!

—— Ele não vai! — levanto-me da cama e caminho em direção à minha penteadeira, sentando no meu banquinho, pronta para fazer o mesmo processo em mim.

—— Vou tomar uma água, não demoro! — Kakucho informou, levantando-se da cama e indo em direção à porta, que fechou assim que passou por ela.

Comecei a espalhar o produto no meu rosto, percebendo que estava realmente geladinho. Olhei pelo espelho e vi Minami se aproximando, não pude deixar de soltar uma risada com a cena. Um homem grande e líder de uma gangue estava no meu quarto fazendo skin care enquanto usava uma faixa de cabelo rosa com laços.

—— Está se divertindo muito, não é? — ele pegou o produto da minha mão e começou a espalhar no meu rosto. Fechei os olhos, aproveitando seu toque na minha pele.

Eu estava apaixonada por esse grandalhão, um cara alto, com olhos penetrantes e um sorriso contagiante. Eu não sei expressar meus sentimentos, pois nunca havia "sentido" isso antes. Mas a forma como me sinto ao estar perto dele é a mesma que a tia Emma compartilhava sobre como se sentia com o tio Ken para mim e a Mirai. Cada vez que ele sorri, meu coração dispara e sinto borboletas no estômago, é uma sensação incrível e assustadora ao mesmo tempo.

Sua mão afastou-se do meu rosto, e senti seu calor corporal se aproximando de mim. E assim que abri meus olhos, fui pega de surpresa, sentindo seus lábios contra os meus, deixando um selar.

Meu coração acelerou, e pude sentir meu rosto esquentar. Ele afastou nossos lábios, com um sorriso no rosto. Em um movimento rápido, subi no meu banquinho, ficando nas pontas dos pés — e mesmo assim faltaram poucos centímetros para eu estar do seu tamanho —, puxei seu rosto um pouco para baixo e juntei nossas bocas.

Era o meu primeiro beijo, e era com ele. Seu braço direito rodeou minha cintura, enquanto o outro ficou em minha nuca. O gosto... É tão bom. Parecia que eu estava necessitada daquilo. Era bom, e a forma como estávamos sincronizados era perfeita.
Seus dedos se afundaram em meus cabelos, entrelaçando-se entre as mechas, enquanto nossas bocas se encontravam em um beijo intenso. Sua outra mão, pousada em minha cintura, tremia levemente, quase imperceptível. Um formigamento, a mesma sensação de antes, agora percorria minha perna, intensificando-se a cada segundo. Resmunguei contra o beijo, sentindo o calor de seu corpo contra o meu, e ouvi sua risada rouca ecoar em meus ouvidos.
Ele retirou as mãos da minha cintura, levando-as agora para a minha coxa, apertando levemente, me deixando... De pernas fraca.
Ele finalizou o beijo com alguns selinhos e parou, prestando atenção em mim. Pude notar suas bochechas levemente rosadas.

—— Você já está bem melhor, né? — um sorriso malicioso se formou em seus lábios, e ele subiu suas mãos para a minha cintura. — Você é tão perfeita, Harleen. Mesmo toda vermelha. —  ele se aproximou novamente, deixando outro selinho. — Uma princesa...

—— Você está me deixando nervosa! — desci do banquinho, sentando-me com os braços cruzados.

Pelo espelho, vi ele se inclinando um pouco e me abraçando por trás, apertando-me com força. Ele gargalhou, deixando vários beijinhos em minha bochecha.
A porta do meu quarto se abriu e Kakucho passou por ela com o tio Hajime e meu pai. No mesmo instante, me senti nervosa, porém Minami não se importou e continuou me abraçando do mesmo jeito.

—— Filha, saio um pouquinho e quando volto você já transformou um dos meus homens em um afeminado? — Kakucho coçou a nuca envergonhado, mas não retirou a máscara ou a faixa em momento algum.

—— Quer também, senhor Manjiro? — perguntei com um sorriso travesso.

—— Não, não! — ele ergueu suas mãos em rendição.

Meu tio, Kokonoi, e Minami se encaravam com expressões sérias, o que me deixou nervosa. Será que ainda não se entendem?
Eu achei que o pior naquele momento fosse acontecer.

—— Olá, Hajime. — Minami proferiu. Meu tio apenas se virou de costas, e eu estava pronta para dar um sermão nele, caso ele ignorasse o South.

—— Olá, Terano. — olhou por cima dos ombros, deixando um sorriso transparecer. — Cuide da minha sobrinha, ou eu te mato.

—— Você tem medo até de barata e acha que me amedronta. — ele gargalhou e beijou o topo da minha cabeça, me deixando mais calma. — Pode deixar que com essa aqui nada de mau acontecerá.

Que alívio...

E SAIU A NOTÍCIA QUE O MUNDO NAO ACREDITOU!!! 🙏🏻🎉🎉
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