Capítulo 10

Cheguei em frente ao local da festa de Maria, admirando as cores vibrantes e as músicas altas que percorriam o ambiente. Havia diversas pessoas na fila para entrar, e só de pensar que eu seria uma delas, minha perna tremeu.
Sanzu passou por mim indo em direção aos seguranças da entrada com uma expressão séria no rosto. Ajustei a alça da minha bolsa sobre o ombro e segui em sua direção.

—— Compreende? Está vendo esta mulher aqui? Ela não vai aguardar na fila, ela vai entrar agora comigo. São ordens superiores. — Sanzu deslizou a mão lentamente pela cintura, erguendo um pouco a camisa para mostrar a arma.

—— Está bem, podem passar. — ele cedeu espaço, e Sanzu sorriu, conduzindo-me para dentro.

—— Não era necessário ameaçar! — murmurei.

—— Precisava sim, senhorita Harleen. Tenha em mente que são eles que precisam esperar você passar, pois enquanto você estiver do lado de fora, eles precisam estar lá para se curvarem. — Ele pegou a bolsa do meu ombro, segurando-a. — Divirta-se, estarei por aqui te observando o tempo todo.

—— Obrigada, Sanzu. — Viro-me de costas, procurando Maria entre as pessoas.

No começo, achei que estaria muito bem-vestida, mesmo considerando o tema máfia, mas agora tenho certeza. Metade das pessoas está vestindo apenas roupas pretas, como se fosse o único requisito. No entanto, entre eles, há pessoas cuja é realmente mafioso.

Eu estava usando um elegante vestido azul marinho longo, com alças finas e uma abertura nas costas, um pouco acima das minhas nádegas. E um sobretudo preto sobre os ombros. Havia também uma fenda na minha perna esquerda, e um coldre fino com uma arma, desta vez falsa, que pedi para Sanzu providenciar para mim, ficava um pouco acima. Coloquei uma luva preta um pouco tranparente que subia até o meu cotovelo, e meu cabelo solto em ondas. O charme mesmo estava em meus pés, um escarpim, bem delicado e ao mesmo tempo chamativo.

Ouvi a voz de Maria e virei meu rosto para o lado direito, avistando a morena se aproximar animada. Ela usava um vestido vermelho chamativo, com um decote generoso no busto. Seu cabelo cacheado estava solto, simplesmente deslumbrante, e nos pés ela calçava um par de sapatos da marca Louboutin.

Finalmente encontrei uma mulher com gostos refinados semelhantes aos meus.

—— Desculpe por não estar na frente para recebê-la, eu precisava resolver alguns assuntos com o garçom ali! — ela aponta para o homem no bar, com dificuldades para atender os clientes. — Espere só um pouquinho!

—— Certamente. — respondo envergonhada.

—— Ei, segurança! Você aí, venha cá! — o segurança se aproxima com sua postura rígida, com uma mão sobre a arma em sua cintura. Fica a poucos centímetros de Maria e se curva diante dela. — Em português.

Estranho ela mudar de idioma, será tão importante?
Enquanto observava minha amiga conversar com seu segurança, eu me sentia um tanto perdida em meio às palavras que ecoavam em um idioma desconhecido para mim. Ela parecia tão à vontade, com um sorriso gentil nos lábios e gestos delicados que acompanhavam suas palavras. Seus olhos transmitiam confiança e cumplicidade enquanto trocava algumas palavras com o segurança, que mantinha uma postura séria e atenta.

—— E outra, esta é a minha amiga de quem falei que viria, o Terano já está a caminho? — ele balança a cabeça ao parecer concordar com algo.— Não permita que ninguém se aproxime dela com más intenções, está bem?

—— Sim, senhora. — ele se curva novamente, afastando-se aos poucos.

—— Bom, que tal tomarmos algo? — ela vira para mim com um sorriso no rosto — Estou aguardando a chegada de alguns amigos, espero que você os conheça em breve!

—— Claro, vamos lá pegar uma bebida! — passo os braços em volta dos seus, enganchados, e caminhamos em direção ao bar.

Eu estava sentada em um sofá com Maria e seus amigos, que me pegaram de surpresa, obviamente por serem meus tios, Nahoya Kawata e Souya Kawata.

Estávamos desfrutando de alguns momentos juntos, a conversa fluía animadamente, e tudo parecia perfeito. Talvez eu esteja apenas me sentindo assim por ser a minha primeira vez em um aniversário de uma AMIGA.

—— Então, eu não esperava encontrar minha sobrinha aqui! — Nahoya diz com o sorriso habitual no rosto, como se suas intenções estivessem ocultas para mim. Mas o que realmente me surpreendeu foi o fato de o tio Souya ter aceitado esse trio. — Pelo menos há alguém conhecido por aqui.

—— Ele está certo! — Souya confirmou.

—— Daqui a alguns minutos, vou precisar ir embora, tenho meus limites. — Levo a taça com champanhe rosé até minha boca, sentindo o líquido descer pela minha garganta — A festa está ótima.

—— Eu concordo. — Meu tio mais velho diz.

Uma pessoa no bar chama a minha atenção, e imediatamente me levanto, colocando a taça sobre a mesa. Aproveitando que os três estavam conversando entre si, decido me aproximar. Conforme me aproximo, ele parece crescer de tamanho. Isso sempre me surpreende.

Dou um pequeno salto para subir na banqueta ao seu lado, vendo-o me olhar de lado, com um sorriso no rosto.

—— Arlequina? Então você veio. — ele abaixa sua bebida, olhando para mim. — Está acompanhada?

—— Sim, claro. Vim agradecer pelo outro dia, achei muito gentil de sua parte. — Agradecendo mesmo envergonhada por ter ficado tão vulnerável na sua frente aquele dia. Ele nega com a cabeça lentamente, tomando outro gole de sua bebida. — É sério.

—— Eu não disse nada! — ele responde. Seu olhar se fixa em mim, e me sinto confusa. — Você e seu pai são bem peculiares.


—— Por quê? — Arqueio uma sobrancelha diante dessa sua fala inesperada.

—— Não se parecem muito. Mas têm atitudes bem semelhantes. — ele deve ser excêntrico. Ele continua a me encarar, e me sinto extremamente desconfortável. Levanto-me imediatamente, ajeitando meu vestido. Ele desvia o olhar para baixo, agora tendo uma visão completa de mim. Confesso que me senti completamente exposta, como se ele pudesse enxergar além.— Já está indo?

—— Sim. Mais uma vez, muito obrigada. — Faço uma reverência, ajustando meu sobretudo para que não caia. Esta conversa está tomando um rumo um tanto inesperado.

—— Nos encontramos por aí.

Passo pela multidão, esbarrando em algumas pessoas que dançam, tendo dificuldade em chegar até a mesa. A cada passo que dou, corro o risco de ter meus pezinhos pisoteados e esmagados pelas pessoas. Só queria encontrar o Haru.

E assim que vi a sua cabeleira cor-de-rosa à frente, chamei por ele, que me olhou preocupado, e imediatamente se acalmou. Passei os meus braços em volta da sua cintura, abraçando-o para confortá-lo.

—— Onde estava, mocinha? Fiquei preocupado.

—— Agradeci ao Minami pelo outro dia, estou bem. Vamos? Preciso entregar o presente à Maria antes de partirmos. — ele assentiu, guiando-me em direção à mesa onde a brasileira se encontrava.

Ao me aproximar de casa, um pensamento angustiante invadiu minha mente: e se eu chegasse e não encontrasse meu pai lá? E se ele estivesse evitando o confronto por achar que eu estava brava com ele? A simples ideia de não tê-lo por perto, de sentir sua ausência naquele ambiente que sempre foi nosso refúgio, me causava um aperto no peito. Imaginar que ele poderia estar se sentindo envergonhado, sem coragem de encarar a situação, era doloroso. Eu desejava poder dizer a ele que não importava o que aconteceu, que nossa ligação era mais forte do que qualquer desentendimento. A incerteza de como seria aquela noite sem sua presença carinhosa me deixava apreensiva e vulnerável.

—— Pensativa? — Haruchyo perguntou enquanto andávamos em direção a entrada de casa. Ele deixou um beijo em minha testa. — vai ficar tudo bem. Você vai ver.

Assim que Haru abriu a porta eu entrei em casa, com um nó na garganta achando que meu pai ainda não havia chegado. Mas ele estava ali, esperando por mim. Sem dizer uma palavra, ele me abraçou. Naquele momento, senti um misto de conforto e paz se espalhando pelo meu corpo. Seu abraço era o refúgio que eu precisava, o sinal de que tudo ficaria bem entre nós. Era como se suas palavras de carinho fossem transmitidas através daquele gesto simples, porém tão significativo.

Ainda abraçada a meu pai, dirigi meu olhar a Haru, que observava a cena atentamente. Sussurrei um obrigada, ao que ele apenas sorriu gentilmente.












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