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Tom estava, no mínimo, cauteloso, mas ele não queria que Emily fosse embora ainda, muito menos depois do que os dois fizeram juntos. Ele permaneceu deitado na cama enquanto a observava entrar no banheiro principal.

A energia que ele normalmente usaria para dizer não às garotas que quisessem usar o chuveiro dele pareceu desnecessária com ela, embora ele ainda estivesse hesitante quanto a isso. Mas ele deixou que Emily o usasse mesmo assim.

O som da água escorrendo contra os azulejos ecoou no silêncio do quarto de Tom, que sentia um aperto no peito ao pensar em Emily lá dentro. Ele fez o melhor que pôde para ignorar e deixar isso de lado, mas não era uma garota qualquer no seu banheiro. Era diferente. E esse pensamento estava lentamente permitindo que a dor em seu peito desaparecesse.

A noite que os dois estavam compartilhando era quase igual a qualquer outra noite que já haviam tido. Quase. Ele não pôde deixar de notar a diferença que ambos haviam experimentado na cama momentos antes. Foi incrível. O fato de estarem mais sintonizados com as necessidades um do outro tornava tudo muito melhor.

Tom estava descobrindo o desejo de fazê-la se sentir bem de uma forma que ele nunca havia desejado antes. E, por causa disso, ele não queria que ela fosse embora ainda. Então, ali estava ele, deitado na sua cama, na escuridão, enquanto Emily usava o chuveiro dele.

Principalmente, ele não queria ficar sozinho com seus pensamentos naquele momento. Mas ele também gostava que ela o mantivesse longe desses pensamentos para que ele não ficasse totalmente sozinho. Ele ficou na cama, descansando no escuro, enquanto ouvia a água do chuveiro, que escorria lentamente até que parou quando ele se sentou enquanto Emily vestia uma das camisetas que ele relutantemente disse que poderia emprestar.

Observando pela porta iluminada, ela secou os cabelos úmidos e removeu a maquiagem dos olhos, deixando-a com o rosto fresco e ainda mais bonita do que Tom imaginava. Ele ficou em silêncio, tentando ao máximo não parecer constrangedor enquanto a observava à distância. Nunca tinha visto outra pessoa usar as coisas dele antes, como ela fez tão casualmente. Era estranho para ele e ele não sabia como se sentir a respeito daquilo.

Os fios molhados do seu cabelo nos ombros dela e a camiseta dele descansava ao longo das suas coxas enquanto Emily caminhava de volta para a cama dele. Puxou o cabelo para o lado enquanto agradecia a ele por tê-la deixado se refrescar, sentando-se de pernas cruzadas na frente dele.

Olhando para Tom no quarto mal iluminado, Emily sentiu os olhos dele nela enquanto permanecia imóvel.

Os cabelos dela caíram para o lado enquanto ela se inclinava para mais perto de Tom depois de perceber o olhar dele. O olhar que ele lhe dirigia fazia o estômago dela revirar de uma forma estranha, mas nada ruim.

— O que há de errado? — Ela finalmente quebrou o silêncio enquanto olhava de volta para ele.

Observando enquanto estava claramente procurando o que dizer, Tom passou a palma da mão no rosto antes de encontrar os olhos dela novamente. Encostado na cabeceira da cama, Thomas soltou um suspiro quando olhou para ela novamente e limpou a garganta.

— Posso perguntar uma coisa? — Perguntou enquanto se aproximava dela. Emily assentiu silenciosamente com a cabeça enquanto mantinha o foco em Tom, e sentiu a respiração dele ficar mais pesada na escuridão, mas ele ria nervosamente quando inclinava a cabeça para trás. — Você poderia me perguntar algo sobre mim? — Ele finalmente pediu quando os dedos dele encontraram as pontas do cabelo dela e passou-os pelas madeixas suaves.

Era um pedido estranho, mas ela sabia que Tom nunca falava sobre si. Isso a pegou desprevenida enquanto olhava para os grandes olhos castanhos dele. Mesmo na escuridão, Emily podia ver o indício de vulnerabilidade que ele estava tentando esconder com ela, apesar da recente proximidade.

Era um pedido estranho, mas ela sabia que era uma pergunta que ele provavelmente nunca havia feito a ninguém antes.

— Se eu fizer, vamos acasalar de novo? — Ela tentou aliviar o clima.

Mesmo que fosse noite, Emily podia sentir Tom balançando a cabeça.

— Só se você parar de chamar assim. — Ele zombou dela com uma risada leve.

Ela riu com ele mais do que imaginava e acabou caindo no peito dele. Os dois ficaram deitados um com o outro, ela com a cabeça encostada no peito dele, sem perceber que estavam enrolados um no outro na cama dele. Os dedos dele foram para as costas dela, tocando a pele suavemente enquanto ele esperava que ela respondesse.

Levantando a cabeça, Emily olhou para Tom, que se sentia relaxado contra o corpo dela, enquanto apenas uma pergunta parecia vir à mente.

— O que aconteceu com você e sua mãe? — Ela finalmente perguntou, mantendo o olhar nele enquanto ele hesitava um pouco com a pergunta.

Tom sentiu uma pontada no peito ao ouvi-la claramente. Era exatamente por aquilo que ele não queria que as pessoas se aproximassem muito dele. Ele sabia que aquele tipo de coisa viria e as respostas fariam com que as pessoas fugissem. Ele não podia culpá-las por isso, mas isso ainda o fazia erguer o muro com o qual ele passou a ter uma relação de amor e ódio.

Embora ele tenha pedido que Emily perguntasse algo sobre ele, ele ainda estava completamente apavorado em lhe contar.

Tom fechou os olhos lentamente enquanto os dedos continuavam a passear ansiosamente pelas costas dela, algo que ambos acharam estranhamente reconfortante.

— É meio complicado, eu acho. Meu pai morreu quando eu era muito jovem, então não me lembro muito bem dele... — Tom se afastou, percebendo que nunca havia dito aquilo em voz alta antes. Pelo menos não em algum tempo. Sentindo ela se encolher, Thomas continuou a passar os dedos pelas laterais dela enquanto respirava fundo antes de continuar. — ...O que me levou a ficar sempre curioso sobre ele e a perguntar à minha mãe constantemente e acho que ela não gostava desse tipo de lembrança, então ficou meio ressentida comigo por um bom tempo por causa disso. — Admitiu ele.

— Isso não parece justo com você. Você era apenas uma criança. — Afirmou enquanto suas mãos puxavam os cachos dele para trás, na intenção de poder ver os seus olhos mais claramente, mas os olhos dele ainda estavam fechados enquanto Emily sentia o peito dele subir e descer lentamente contra a mão dela, enquanto ela continuava a passar a mão no cabelo dele. — Ela tinha que saber que você iria querer saber sobre o seu pai. — Confortou-o em voz baixa.

— Sim, bem... — Tom ficou com o pé atrás, lambendo os lábios enquanto respirava fundo. Percebendo que falar sobre aquilo era muito mais difícil do que ele havia pensado. — Mais tarde, ela me mandou para um internato e conheceu Clint enquanto eu estava lá. Ele não gostava muito de crianças, então foi a desculpa perfeita para ela manter distância de mim.

Emily sentiu o lábio tremer enquanto Tom desabafava com ela. De repente, ela começou a entender por que ele levava a vida que levava atualmente. Sendo tão fechado e se recusando a deixar alguém entrar em sua vida. Fazia sentido e isso partiu o coração dela, porque sabia que ele não merecia nada daquilo.

Ela percebeu o tipo de pessoa que Tom realmente era e estava começando a ver realmente que ele não era nada do que ela havia pensado inicialmente. Ele era incompreendido e Emily lhe dava importância quando outros claramente não davam.

Tom ficou em silêncio por um momento, enquanto organizava seus pensamentos. Abriu os olhos ao perceber que ela o olhava atentamente.

— Ela deixaria qualquer chance que tivesse de me ver. Ela ficava na casa de Clint no Natal enquanto eu ficava com meus avós, os fins de semana dos pais na escola não foram acompanhados, e mesmo agora ela não pode nem apanhar um voo para ficar cá alguns dias porque está sempre cancelando no último minuto por ter alguma coisa mais importante. — Ele respirou fundo novamente, tentando se livrar do aperto que sentia no peito enquanto a sensação dos dedos dela passando pelo cabelo dele lhe causava arrepios. — Ela não pode nem olhar para mim porque ela vê ele, então nem sequer isso faz.

Emily ficou sentada encostando o queixo no peito dele, em silêncio, enquanto via Tom desabafando com ela como nunca havia feito antes. Era uma parte dele que ela ficou surpresa ao ver, mas ficou feliz em saber que existia.

Mesmo com vontade de falar e fazer mais perguntas, ela decidiu ficar em silêncio enquanto se aconchegava contra o corpo de Tom. Ele finalmente estava deixando transparecer seus sentimentos depois de sabe-se lá quanto tempo. Mas Emily estava orgulhosa dele por fazer isso e grata por ele ter escolhido ela para desabafar.

Ela pressionou os lábios contra o peito dele, dando-lhe alguns beijos gentis, sentindo-o relaxar sob ela devido ao toque suave enquanto ela voltava a se deitar contra ele, deixando que as ações dela falassem em vez de suas palavras.

— Acho que sinto falta dela, sabe? — Os olhos de Tom caíram em Emily enquanto os dedos dele roçavam levemente a pele dela. Ele estava deixando tudo acontecer e parecia que não conseguia parar. — Ela era tudo o que me resta e partiu totalmente meu coração. É minha mãe! — Ele balançou a cabeça ao pensar naquilo enquanto a encostava na cabeceira da cama, perdido em seus pensamento.

Emily franziu a testa enquanto seus dedos passavam pelos cachos dele. Ele tinha certeza de que a assustara ao falar sobre aquilo, e certamente ficou aliviado ao descobrir que era exatamente o contrário.

— Sinto muito, Tom. — Foi a única coisa que conseguiu dizer. Ouvir Tom falar sobre aquilo estava começando a partir o coração dela também.

— Acho que agora você entende por que eu tenho problemas com compromissos. — Tom tentou rir, mas era verdade, quer ele gostasse ou não. — Esse não é exatamente o tipo de assunto que alguém quer ouvir.

Emily sentiu um vazio no peito enquanto observava a expressão dele se esvaziar.

— Acho que prefiro muito mais ouvir você falar sobre o que se passa na sua cabeça do que admitir que tenho mais problemas do que sei como lidar. — Admitiu, em uma pequena tentativa de diminuir o nervosismo que ele estava claramente sentindo.

— Você parece ser mais estável do que eu, darling.

— Sério? Alguém que está transando casualmente com o vizinho do fundo do corredor parece estável para você? — Emily perguntou e os dois riram da forma como aquilo soou.

A sala estava silenciosa, mas, de repente, ficou tão cheia com as risadas de ambos, que parecia que o quarto estava cheia de gente, embora eles fossem os únicos ali.

A luz da mesinha de cabeceira iluminava metade de seus rostos enquanto os dedos de Tom deslizavam pelas costas de Emily, fazendo com que ela se arrepiasse com o toque leve dele.

— Bem, então acho que isso faz de nós dois amigos muito instáveis que gostam de foder um com o outro. — Ele riu enquanto ouvia a doce risada de Emily encher o quarto com a dele.

Tom passou o dedo gentilmente pelo nariz dela, que fechou os olhos enquanto ele beliscava a ponta do nariz, parando o momento quando arfava no ouvido dela. Rapidamente, Emily deu um pulo quando ele soltou outro riso, assustando-a.

— Você é um idiota. — Ela balançou a cabeça, batendo no peito de Tom de brincadeira até que seus olhos pousaram em uma moldura na mesa de cabeceira dele. Emily se inclinou para frente e a pegou, olhando para a foto e vendo dois garotos vestidos como dois membros das Golden Girls. — Oh! O que temos aqui? — Perguntou ao reconhecer os rostos mais jovens. Tom e Harrison, provavelmente no Halloween.

— Do que você... não! Coloque isso de volta no lugar! — Ele gritou enquanto se deitava sob Emily e ela tentava lutar contra ele.

— Não, acho que não vou colocar. Isso é incrível! — Emily riu descontroladamente enquanto ele revirava os olhos e tentava não corar.

A noite continuou até que quase não havia mais noite. Os dois permaneceram na cama de Tom, alternando entre a intimidade um com o outro e voltar a conversar sobre o que quer que viesse à mente.

Era um padrão do qual nenhum deles planejava desistir, porque ambos estavam completamente enfeitiçados um pelo outro. Completamente perdidos um no outro, pois nenhum dos dois queria que a noite terminasse pelo sono que seguravam.

O tempo passou enquanto ficavam deitados, trocando de posição na cama, mas sempre, de alguma forma, enrolados um no outro. Riam alucinadamente dos filmes que ambos adoravam e falavam mal de alguns de seus vizinhos, como sempre faziam.

Tom sentiu que não ria daquele jeito há muito tempo. Talvez estivesse cansado e delirando, mas sabia que essa não era a razão pela qual estava rindo tanto naquele momento. Ninguém o fazia se sentir assim desde... ele não conseguia sequer se lembrar quando. Ele certamente estava com sono, mas ainda não estava com vontade de dormir. Ele não queria parar de rir. Ele não queria perder aquela sensação.

Os dois tentaram ignorar o sono que carregava seus olhos para continuar a noite. Emily tentou aproveitar o tempo para conhecer Tom de uma forma que nunca tinham conhecido antes.

As últimas semanas foram de aproximação de uma forma tão única que Emily não pôde deixar de se sentir ainda mais próxima de Tom. No início, parecia assustador, mas não era, ela estava começando a se sentir menos assustada à medida que permanecia na cama de Tom, ouvindo-o contar histórias sobre a infância dele que você ela que ele quase não compartilhava com ninguém.

Em algum momento, entre Tom passando a língua entre as pernas dela para fazê-la se sentir incrível uma última vez e citarem filmes antigos da Disney juntos, Emily encontrou Tom adormecido contra o travesseiro, as pernas dela enroscadas nas dele.

Removendo os óculos do rosto dele, Emily os colocou cuidadosamente na mesinha de cabeceira ao lado dele e estendeu a mão para apagar a última luz que iluminava o quarto.

Ela teve o cuidado de não acordá-lo quando puxou as cobertas sobre ele e se encostou em suas costas. Os olhos dela ficaram pesados e Emily começou a adormecer lentamente ao lado dele.

O ar da noite foi se dissipando à medida que Emily sentia Tom se virar sonolento e puxá-la para junto dele inconscientemente.

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