Emily balançava o pé para cima e para baixo enquanto se sentava à mesa no restaurante mal iluminado. Seus saltos estavam acabando com seus pés, seu vestido era curto demais e não servia para aquele cara. Ela até passou mais tempo fazendo o cabelo e a maquiagem antes de sair, certificando-se de que estava perfeita para o encontro daquela noite.

Portanto, quando a realidade não correspondeu às suas expectativas ao chegar, dizer que ela ficou decepcionada com seria um eufemismo. Ele não era nada do que ela imaginava. Parecia que tudo o que poderia dar errado, deu errado e isso realmente a desanimou com aquele cara.

Não que Emily estivesse procurando algo sério com ele, porque definitivamente não estava. Mas em qualquer tipo de relacionamento, era necessário que houvesse algo. Alguma faísca, uma forma de química que faça ela saber que poderia vibrar com a outra pessoa. E, embora ela não estivesse buscando um relacionamento de longo prazo com aquele rapaz, tudo parecia errado. Inegavelmente errado.

Obviamente, eles não compartilhavam nada em comum, isso era óbvio. Foi além do interesse comum quando ele começou a falar sobre opiniões políticas tão opostas às dela que Emily começou a se sentir desconfortável. Ele mal a elogiou quando ela entrou, o que não teria sido nada demais, mas as primeiras impressões eram importantes para ela e não foi o caso.

Sem mencionar que ele foi um completo idiota com a garçonete e agiu como se fosse melhor do que ela, quando claramente estava muito longe disso.

— Acho que não vou deixar gorjeta. — Ele lhe disse enquanto olhava para a conta. — Não acho que ela tenha feito muita coisa. — Afirmou isso de forma tão simples que Emily ficou com nojo dele.

Os pensamentos dela voltaram para Tom e, apesar de terem sido apenas casuais, ela sabia que havia vibração e química entre ambos. Funcionou com os dois, mesmo que fosse apenas um acordo de amigos com benefícios. Tom a respeitava e apreciava. Os dois tinham pensamentos e ideias semelhantes sobre as coisas, o que tornava muito mais fácil conversar com ele.

Claro, eles tinham seus desentendimentos, mas, na maioria das vezes, era fácil com ele. E estar perto do Tom fazia Emily se sentir diferente, o que provavelmente jamais se sentiria com aquele perdedor com quem ela escolheu jantar naquela noite.

Tom e Emily compartilhavam um ponto em comum que fazia com que a sua situação atual parecesse ainda melhor. Tudo foi colocado em jogo para os dois naquele exato momento e ficou gravado em pedra. Sem aquela bobagem de namoro pela qual ela teve de passar, como estava naquele jantar desagradável.

Mas ela e Tom puderam ignorar tudo aquilo, passar por cima de suas inseguranças e se concentrar apenas em fazer com que o outro se sentisse bem. Deveria ser sempre tão simples como era com ela e o Tom.

— Quer ir para a minha casa? — Ele teve a audácia de perguntar enquanto colocava a carteira de volta no bolso.

— Na verdade, não. — Ela respondeu enquanto se levantava da cadeira, ajeitando o vestido, ela tentou não tropeçar em seus saltos. De repente, ela se sentiu como uma das garotas dos clubes que Tom levava para casa. — Vou para casa de táxi. Obrigada por... na verdade, obrigada por nada. — Corrigiu-se enquanto pegava sua bolsa antes de sair.

Emily pagou o táxi e voltou para o seu prédio, ela se sentiu um fracasso ao abrir a porta do edifício vestida com esmero, tão cedo, para provavelmente ir se sentar no sofá e assistir a um filme. Foi um desperdício de uma noite e por absolutamente nada. Ela se sentia desanimada e irritada.

Os saltos dela bateram nos degraus enquanto ela se dirigia ao seu piso. Chegando ao último andar, ela tirou os saltos e os pegou com uma das mãos, finalmente permitindo que seus pés respirassem pela primeira vez em horas.

Procurando as chaves no fundo da bolsa, lembrou-se de que tinha um pacote esperando por você na sala de correspondência. Provavelmente, poderia ter esperado, mas saber ela pensou que talvez se tivesse recebido um pacote de alguma de suas encomendas regulares pela internet, ela se sentiria melhor.

Ela foi até à sala de correspondência do prédio, que estava vazia. Emily olhou à volta, e reparou em uma silhueta, que ela notou ser Tom. Ele estava de costas para a caixa de correio enquanto separava várias cartas.

Ela limpou a garganta para chamar a atenção dele, fazendo-o saltar e as cartas que ele estava segurando voarem pela sala.

— Por que diabos você está lendo suas cartas aqui como um idiota? — Emily perguntou enquanto abria sua caixa de correio com sua pequena chave de prata.

— Bem... Droga. Você se arrumou bem. — Tom ignorou o comentário sarcástico, colocando o lixo eletrônico na lixeira enquanto a olhava de cima a baixo. — O que ele fez para você chegar em casa tão cedo vestida assim?

Tom passou as pontas dos dedos no vestido dela, tentando ao máximo manter a compostura na sua frente. Mas a verdade era que ele achava que Emily estava incrível naquele vestido. Egoisticamente, ele estava feliz por seu encontro ter terminado mal para que ele pudesse ser o único a tirá-lo dela.

Pegando sua encomenda, Emily balançou a cabeça enquanto tentava rir do evento horrível que foi seu encontro, contando a Tom tudo sobre ele e tudo o que deu errado. Ele ouviu atentamente, concentrado nela, enquanto os dois voltavam para o apartamento de Tom sem perceber.

Ela estava tão perdida em contar a sua história e responder às perguntas que ele fazia sobre o assunto que se esqueceu completamente de que estava triste com aquilo. Foi muito bom poder reclamar com alguém que estava disposto a ouvi-la.

Tom realmente se sentiu mal. Ele não gostava de vê-la passar por momentos tão difíceis. Ele realmente estava gostando de conhecê-la melhor e de ver a pessoa incrível que estava por trás daquela porta no fim do corredor. Ele queria que Emily tivesse o melhor da vida, e ouvi-la duvidar de si mesma e ficar desanimada despedaçou o coração dele.

A verdade era que ela estava sendo uma pessoa incrível na vida do Tom e ela viu mais nele do que ele viu em si mesmo. E, com certeza, se ele estivesse disposto a procurar algo sério quando não estivesse tão mal, ele esperava ter a sorte de encontrar uma garota como Emily. Mas, no momento, ele estava apenas agradecido por ela tê-lo encontrado na sala de correspondência para que ele pudesse ajudá-la a se sentir melhor em relação ao seu péssimo encontro.