𝖽𝖾𝖼𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋 𝟤𝟢𝗍𝗁
Bridget despertou com raios de sol batendo em seu rosto através dos cortinados de ceda finos. Ao abrir os olhos, ela se apercebeu de que estava deitada ao lado de Tom na cama dele. Os últimos momentos de que se lembrava pareciam distorcidos e a confusão tomou conta de seus pensamentos.
Ela se virou na cama, se deparando com Tom, que estava à beira da cama, virado para ela, claramente a encarando. Bridget sentiu sua pele queimar quando se apercebeu de que ele estava observando ela a domir.
— O que...? Como eu cheguei aqui? — A morena questionou com alguma pressa, mas também sono em sua voz, fazendo Tom suspirar alto quando percebeu que ela não se lembrava do ocorrido.
— Bridget, nós... bem, você estava um pouco fora de si ontem à noite na festa. — Tom começou por dizer, o que fez a garota arregalar os olhos com o pensamento. Ela observou Tom sem camiseta e ela apenas de lingerie, se afligindo. — Calma, não é nada do que você está pensando. Você ficou um pouco embriagada e... bom, você implorou para dormir aqui. Não queria ir para seu quarto por nada.
Um silêncio desconfortável pairou sobre o quarto, enquanto Bridget, ainda processando a situação, tentava reunir as lembranças da noite anterior e relembrar aqueles cenários em que ela estava, claramente, fora de sua mente.
— Implorar? Eu... — A morena ainda estava completamente corada, gaguejava na tentativa de se justificar, mas Tom a interrompeu suavemente.
— Tudo bem, eu entendo. Você só queria alguém por perto, Bridget. Foi uma noite estranha, de qualquer forma. — Ela se apercebeu naquele momento que Tom havia a chamado por seu nome completo, e não pelo apelido que ele lhe havia dado.
Podia parecer que não, mas Bridget tinha um grande carinho por todos os pequenos mometos em que Tom a chamou de Bree. No momento em que ele não o fez, ela teve um flash em sua mente do olhar desiludido dele na noite anterior.
As memórias pareciam preencher a mente de Bridget à medida em que Tom se levantava da cama, caminhando até ao canto do quarto onde estava a camiseta branca dele. Se não estivesse perdida em devaneios, talvez se perguntasse por que a camiseta de Tom estaria atirada no chão.
— Eu peço tanta desculpa por ontem, Tom. Eu realmente não tinha a intenção de beijar aquele garoto. — Ela afirmou, quase juntando as mãos em forma de implorar por perdão.
Ela nem sequer sabia por que estava se justificando daquela forma. Tom não era namorado dela nem nada parecido, então não haveria necessidade de dizer todas aquelas coisas para ele.
— É, imagino que tenha caído nos lábios dele e que, por pura coincidência, seu corpo tenha ganhado vontade própria e beijado o garoto. É completamente compreensível. — Tom retrucou ironicamente, escutando um suspiro da parte de Bridget.
— Não foi isso, Tom. Eu... achei que era você...
— Oh, por favor! Poupe-me, Bridget! — O moreno, visivelmente frustrado, a interrompeu com um olhar frustrado.
— Você não entenderia... Eu estava sentindo muita coisa ao mesmo tempo, vi um cara que parecia você, as coisas ficaram fora de controle e eu... — Mais uma vez, Bridget foi interrompida por Tom.
— Não, pare de mentir para si mesma e para mim. Você sabia perfeitamente o que estava fazendo.
— Tom, eu entendo que esteja chateado, mas eu não queria... — A morena tentou se explicar, mas quando se apercebeu Tom estava fora daquele quarto, a deixando completamente sozinha.
Bridget saiu do quarto apressadamente, indo em direção a Tom, que estava na cozinha sentado ao balcão com os cotovelos sobre a mesa. Ele encarava o chão, claramente perdido em pensamentos.
— Tom? — Ela perguntou, vendo-o levantar o olhar para ela. — O que realmente aconteceu ontem à noite? Eu disse alguma coisa que te tenha incomodado quando você me trouxe?
Tom suspirou perante a pergunta dela, sentindo seu corpo inteiro reagir às relembranças da noite anterior. Ele sabia que tinha adorado a forma como Bridget parecia carinhosa quando estava embriagada.
Bridget agarrava o braço de Tom como se fosse sua salvação, enquanto os dois caminhavam para dentro do apartamento que partilhavam. O garoto sabia que ela estava completamente descompensada, e por isso havia aceitado carregá-la até casa, apesar de ainda estar com remorsos de mais cedo.
Os dois caminharam pelo corredor da casa, indo até ao quarto de Bridget, que estava surpreendentemente silenciosa. Tom teve que praticamente a arrastar até à cama dela, para onde a morena se atirou sem hesitar. Ele a cobriu com um cobertor que encontrou sobre a poltrona no canto do quarto.
Saiu do quarto em passos lentos, para não acordá-la. Ele não sabia o que faria no dia seguinte, se seguiria com seu plano de conquistá-la ou se deveria se mostrar machucado com o acontecido. Das duas formas mostraria seus verdadeiros sentimentos, então talvez esquecer a garota e seguir em frente fosse a melhor opção.
Tom se sentou em sua cama após encostar a porta, retirando seu casaco de Papai Noel e ficando apenas com a camiseta que antes usava por baixo. Ele respirou fundo ao finalmente se sentir livre daquele fato sufocante.
Após alguns segundos encarando o chão, perdido em devaneios, o moreno escutou a porta de seu quarto sendo aberta abruptamente, e Bridget entrando por ela apenas com uma lingerie em seu corpo.
Foi como se o ar nos pulmões de Tom tivesse sido completamente retirado. Seus lábios ficaram secos e, em poucos instantes, a morena estava em seu colo, de frente para ele.
— O-o que você está fazendo, Bree...? — Perguntou, porém não obteve resposta.
Tom sentiu-a se mover agilmente contra ele, fazendo o garoto perder os sentidos por completo. Ela caminhou as mãos pelo peito dele, chegando ao fim de sua camiseta, a retirando e atirando para um canto qualquer do quarto.
— Bree...? — Tom chamou quando sentiu a garota começar a beijar seu pescoço ferozmente, ele segurava a cintura dela sem se aperceber. — Bree, por favor... Não faça isso...
— Eu gosto tanto de você, Thomas... — Bridget sussurrou no pescoço dele, alto o suficiente para que o moreno escutasse.
Quando Tom se apercebeu, já estava completamente entusiasmado para sentir a pele de Bridget na sua. Todo o seu corpo queimava e o batimento cardíaco dele chamava por ela, mas era tarde demais. A morena havia adormecido com a cabeça no ombro dele, o fazendo suspirar alto com o misto de emoções que sentia.
Só ela para fazer algo assim.
— Quando eu te deixei na pista de dança, você claramente começou a se sentir solitária e acabou se entregando à bebida. Então, você veio me pedir para virmos para casa, e eu acabei te trazendo. Só isso. — Ele respondeu seco, tentando evitar olhar diretamente para a melhor amiga.
Ela, ao ouvir as explicações de Tom, sentiu um misto de alívio e desconforto. Enquanto a morena tentava absorver todos os acontecimentos da noite anterior, os dois perceberam a necessidade que tinham se serem honestos em relação aos sentimentos.
— Como eu posso te compensar? — Ela perguntou, se sentindo perdida na expressão ilegível dele. — Por favor, diga alguma coisa. Eu não quero ficar assim com você.
Bridget falava mas ele estava demasiado distraído pensando em tudo, menos no que ela dizia. Ela realmente gostava dele? Não, não era possível. Afinal, ele tinha flertado com ela sutilmente tantas vezes e ela nunca tinha reagido.
Ela começou a gostar dele de um dia para o outro? De fato, ela parecia diferente desde alguns dias atrás, mas isso não podia ser justificativa para tudo o que tinha acontecido. Ela teria beijado o cara por pensar que era ele? Ou melhor, ela queria beijá-lo a ele?
— Tom...? Duende chamando Papai Noel? — O garoto levantou o olhar e soltou uma risada leve perante a piada dela. Era incrível a forma como ela conseguia ser tão espontânea até nos momentos mais difíceis. Mas, afinal, era isso que ele mais amava ela. Porque ele amava ela. — Por favor, venha comigo. Tive uma ideia que vai te animar com certeza!
Tom suspirou, se deixando levar pelos braços fracos dela, que o puxavam sem muita força para a sala de estar. Quando chegaram à divisão, Bridget se dirigiu até ao sistema de som da casa que os dois compraram juntos, mas nunca tinham utilizado a não ser para pequenas festas que haviam tido em casa.
Ela aumentou o volume, indo pegar o celular e o ligando ao sistema de som. Enquanto isso, Tom permanecia sentado de forma descontraída no sofá enquanto observava os movimentos angelicais daquela garota tão surpreendentemente rebelde.
Ela era um autêntico enigma e, por muito que Tom não gostasse de complicar muito as coisas, ele o resolveria, por muito que custasse.
Bridget, por fim, terminou de ligar tudo e uma música que o moreno não reconheceu imediatamente começou a tocar pela sala de estar. O som suave começou a preencher o espaço, criando um ambiente mais... romântico?
Tom ficou inicialmente surpreso pela escolha musical, logo percebendo a mudança no ambiente quando "I'll Be Home For Christmas" do Micheal Bublé começou a tocar. Ele sabia que Bridget adorava essa canção, porém não esperava que ele escolhesse logo aquela música para um momento daqueles.
A garota estendeu a mão, convidando-o para dançar, e ele aceitou sem sequer uma hesitação naquele simples movimento e decidindo deixar que a doce melodia da música os envolvesse. Os dois começaram a dançar lentamente, mantendo um espaço entre eles inicialmente, ainda sem se sentirem à vontade para sentir contacto físico de forma tão íntima, sobretudo depois da discussão de nantes.
No entanto, à medida que a música fluía, a distância diminuía. O coração de Bridget parecia poder ser ouvido através de seus lábios entreabertos, que soltavam a sua respiração cada vez mais rápida.
— Precisamos superar isso, Tom. Não podemos deixar que uma noite estrague todos esses anos de amizade, você sabe disso. — A morena não conseguia tirar os olhos do rosto de Tom, que parecia cada vez mais ansioso com a situação.
A proximidade entre ambos revelava um desejo compartilhado de cura. Seus olhares, por momentos, transmitiam mais do que qualquer conversa poderia expressar.
— Eu sei... — Ele ficou em silêncio por alguns segundos, fazendo mais uma vez, Bridget se perguntar o que ele estaria pensando. — Eu sei que fiz uma confusão dispensável, mas eu realmente fiquei perturbado com aquilo.
— Porquê? Por que você ficaria perturbado com aquilo? Eu trouxe outros garotos aqui para casa e você nunca reclamou. Você sabe que eu estou procurando meu par de Ano Novo, o que mudou?
Bridget sabia perfeitamente o que havia mudado entre eles, porém queria que Tom tivesse uma oportunidade de se expressar, dizendo o que realmente sentia. Mas o garoto apenas deixou cair os ombros, afrouxando o aperto na cintura dela e dando um passo atrás.
A esperança que antes brilhava nos olhos de Bridget se transformou em medo. Mas as expressões no rosto de Tom mostravam que ele havia ficado verdadeiramente machucado com as palavras dela. Então, realmente não havia significado nada para ela?
— Eu estava errado, você tem todo o direito de se sentir incomodada. Afinal, eu fui bastante inconveniente. Eu não sou nada mais do que seu melhor amigo e não tenho nada que ver com quem você fica ou não.
Thomas simplesmente se virou e caminhou na direção da porta principal da casa, por onde saiu sem olhar para trás, deixando Bridget no meio da sala, escutando as últimas notas de uma canção que permaneceria para sempre na sua memória como a canção que ditou o fim da melhor amizade que tinha tido na sua vida.
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