𝖽𝖾𝖼𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋 𝟣𝟫𝗍𝗁
— Não se esqueça por favor que minha mãe nos convidou para irmos lá a casa no fim de semana! — Tom pediu alto desde a sala de estar para Bridget, que se vestia alusivamente em seu quarto.
— Desde quando eu me esqueço de compromissos importantes? — A morena gritou a pergunta indignada.
— Desde sempre. — Ele responde mais baixo para si próprio, não se apercebendo de que ela já estava na sala de estar, de sobrancelhas levantadas perante a resposta dele, com as mãos repousando em seu quadril.
— Não quando se trata do meu melhor amigo! — Bridget retruca seriamente, fazendo Tom levantar as mãos em rendição, honestamente acreditando nela dessa vez.
O moreno se levantou lentamente, se aproximando dela em passos calmos. A respiração de Bridger voltou a acelerar, como tinha acontecido no dia anterior na pista de gelo. Por alguma razão, os nervos que ela sentia perto dele só aumentavam a cada minuto que passava. A pior parte era que, nenhum dos dois tinha compreendido o porquê.
— Você é uma duendinha muito linda. — Tom murmurou com o rosto quase tocando no dela, que corou perante as palavras dele.
Harrison tinha convidado os dois semanas antes para uma festa fantasia, só que apenas natalícia. As possibilidades de fantasias eram poucas, então os dois melhores amigos jogaram pelo seguro e mais simples.
O moreno tinha um fato sutil de Papai Noel, enquanto Bridget vestia um fato de duende, com uma peruca loira em seu cabelo. Ele sorriu maliciosamente ao olhá-la de cima a baixo, e a garota pôde sentir que tinha lido a mente dele naquele momento.
— Então... isso quer dizer que eu sou seu chefe? — Soltou um sorriso atrevido, vendo Bridget revirar os olhos. — Bom, minha primeira ordem como seu chefe é que você tire essa peruca ridícula.
— Pensei que você tinha dito que eu estava linda! — Ela cruzou os braços com um beicinho que fez Tom quase se ajoelhar em pedidos de desculpas.
— Pois, pensou errado. — A expressão fofa de Bridget aumentou ainda mais, fazendo Tom deixar cair a cabeça em relutância. — Você é linda, essa peruca não te favorece nada. Além do mais, adoro o seu cabelo natural.
Bridget não retirou os olhos dos de Tom enquanto retirava o chapéu de duende de sua cabeça e deixava cair a peruca no chão, sem se preocupar em pegar nela. Aquele simples movimento foi suficiente para preencher a mente de Tom de pensamentos não tão próprios em relação à sua melhor amiga, porém tentou deixá-los de lado.
— Melhor assim? — Ela perguntou e Tom assentiu imediatamente, quase como se estivesse hipnotizado. — Então já que o senhor tem a sua vontade feita, receio que seja hora de abandonarmos nossos apusentos.
O garoto riu com a voz que ela fez ao dizer aquelas palavras, a seguindo até à saída da casa. Depois de caminharem pelos corredores indo em direção ao elevador, saíram do prédio, andando rapidamente até ao carro que estava bastante longe no estacionamento.
Bridget correu até à porta, a abrindo e entrando em uma velocidade impressionante. O frio era muito e as fantasias eram, infelizmente, feitas de tecidos finos que estavam se tornando desconfortáveis para ela.
No interior do carro estava em um silêncio denso, que parecia preencher o espaço entre os dois com uma tensão palpável enquanto Tom começava a dirigir para a festa natalícia.
O rádio, discretamente ajustado por Bridget para amenizar o desconforto, mal conseguia quebrar o silêncio. As palavras pareciam presas na garganta de ambos, pareciam esquivar-se do seu alcance.
Tom estava focado na estrada, os olhos fixos na estrada em busca de respostas às milhares de perguntas que circundavam sua mente. Bridget mantinha o olhar fixo na janela, tentando disfarçar os sentimentos que rodopiavam em seu corpo.
A lembrança do simples selinho momentâneo que haviam compartilhado ainda pairava no ar, um momento que deixou confusão e constrangimento nos corações de ambos. O silêncio, que normalmemte estaria recheado de conversas animadas e risos, parecia um vazio que implorava por ser preenchido.
Tom estacionou o carro no primeiro lugar do estacionamento que havia encontrado perto da entrada do pub. O silêncio persistia entre eles enquanto desligavam o motor. Ao saírem do carro, a noite fria os envolveu, contrastando com a atmosfera tensa que persistia.
Caminharam em direção à festa, mais uma vez em silêncio completo. Os dois entraram nas altas portas do clube no centro da cidade de Londres, que estava completamente transformado em um cenário mágico, com luzes cintilantes, decorações natalícias e uma atmosfera de celebração no ar.
O espaço parecia mais amplo, cheio de enfeites brilhantes e uma árvore de Natal grande em um canto. Música animada ressoava, levando várias pessoas a entrar no espírito festivo, dançando na pista de dança ao som das altas colunas.
— Bree, eu sei que esse não é o momento mais indicado... — Tom começou, fazendo a garota se virar em sua direção. — Mas eu preciso mesmo de falar com você sobre o que aconteceu ontem...
— Gente, já estava pensando que vocês nunca chegariam! — Harrison se aproximou dos dois, abraçando Tom amigavelmente, de seguida levando a morena para seus braços de forma mais carinhosa.
Ele os convidou a se sentarem em sua mesa junto de seu grupo, em que Bridget espreitou por trás dele, vendo que todos vestiam fantasias criativas. Era de fato um convite tentador, mas mais tentador ainda era ir até à pista de dança e saborear um bom martíni.
— Na verdade, acho que vou pegar algo para beber. — Ela sorriu na direção do loiro, recusando o convite e se virando para Tom. — Você se junta a mim depois?
— Umh... — Tom observou enquanto ela se afastava antes mesmo que ele acabasse de falar, deixando-o imerso em devaneios. — Claro, te vejo depois então... — O garoto respondeu para si mesmo, suspirando em seguida e encarando o chão por alguns momentos, antes de se aperceber de que Harrison ainda estava na sua frente.
— O que acabou de acontecer? — O loiro perguntou com suas feições um
pouco espantadas, o que fez Tom voltar a colocar a sua máscara da indiferença.
— O que foi? Pensei que já estivesse acostumado com a obsessão da Bridget por beber e dançar. — Tom respondeu simplesmente, começando a caminhar em direção à mesa do grupo.
— Não, não. Eu vi você suspirando por ela, ela tocando em seu braço... Isso não é propriamente normal. — Harrison afirmou, observando enquanto o moreno abaixava a cabeça e abrandava a velocidade de seus passos.
Bridget dançava na pista de dança,
com seu martíni finalmente em mãos, sentindo a música pulsante que enchia o ar. A pista de dança era um espetáculo por si só, iluminada por luzes coloridas que refletiam o espírito natalício. A morena não conseguiu resistir à música cativante e acabou se perdendo em uma dança envolvente.
Enquanto conversava com o grupo, Tom observava a garota à distância. Ela estava no meio da multidão de pessoas que dançava na pista de dança, mas ela conseguia ainda assim se destacar de todos os outros. Seus olhares ocasionalmente se cruzavam, trocando sorrisos cúmplices.
Bridget, imersa na pista de dança movimentada, perdeu de vista Tom entre todas as pessoas que a rodeavam. Enquanto tentava localizá-lo, seus olhos capturaram a visão do garoto moreno de costas, cuja figura parecia familiar à distância.
Bridget decidiu se aproximar com um sorriso travesso no rosto, sentindo o calor subir por seu corpo ao relembrar o momento que haviam compartilhado no dia anterior. A batida da música pulsava em seus ouvidos enquanto ela começava a dançar ao redor do garoto.
Ele, sem perceber imediatamente que era o foco da atenção de Bridget, começou a se movimentar em sintonia com ela. A morena parecia completamente perdida em pensamentos, e no escuro da festa pensou que seria o momento indicado para se aproximar mais do moreno.
— Estou doida para sentir seus lábios nesse momento. — Ela afirmou, escutando a risada analsada dele entre o alto barulho da música e o escuro da sala fracamente iluminada.
Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e, sem pensar muito, beijou-o intensamente, sentindo-o retribuir de forma leve. O beijo não parecia o que ela havia sonhado, como se a sensação dos lábios de Tom contra os dela não parecia o sonho que ela havia imaginado.
Os dois continuavam a dançar ao ritmo da música quando quebraram o beijo, o que revelou um rosto completamente desconhecido a Bridget. Surpresa, se afastou subitamente e piscou rapidamente seus olhos, querendo acreditar que se piscasse mais um pouco talvez Tom surgisse em sua frente.
Mas não era ele. Era um garoto moreno e muito bonito, mas não era ele.
Tom observava a cena de longe, sentindo seu rosto queimar de raiva. Ele estava apenas caminhando na direção dela quando viu que ela se atirou para cima de um garoto qualquer.
Ele estava frustrado, afinal, pensou que o beijo do dia anterior havia significado alguma coisa para ela. Além do mais, ele havia ficado aqueles últimos minutos pensando em beijar ela naquela pista de dança, quando foi abruptamente parado pela visão que mais havia temido ter naquela noite.
— Meu Deus, me desculpe! Eu pensei que você fosse outra pessoa. — Bridget disse para o garoto moreno, vendo-o dar de ombros e começar a caminhar em outra direção.
O cara estava claramente embriagado, mas mesmo assim havia sido querido e não um bruto qualquer, porém havia um pequeno promenor. Ela não procurava um garoto querido qualquer, ela procurava Tom, que parecia estar desaparecido.
No entanto, quando ela se virou para continuar sua busca por Tom, seu coração afundou ao ver o olhar magoado e chateado no rosto dele, que estava a poucos passos de distância dela. Bridget, imediatamente correu em direção a Tom, na tentativa de explicar o mal-entendido.
— Eu pensei que ontem tinha significado algo para você, Bridget.
— Tom, eu... eu pensei mesmo que era você, e... — Ela foi interrompida pela risada sarcástica dele, que achava que ela estava inventando mentiras para o despistar da dura realidade. — Foi um erro, uma confusão total.
Tom parou sua risada, olhando-a com uma mistura de emoções, não respondendo imediatamente. O silêncio entre eles era pesado, enquanto Bridget se apercebia do quão grave havia sido o seu erro.
A festa ao redor continuava, mas para os dois, a celebração natalícia não importava naquele momento. A música de fundo era quase imperceptível, Tom não conseguia tirar seus olhos dos de Bridget.
Ele respirou fundo, antes de virar costas e caminhar até à mesa onde estava antes, colocando um sorriso falso em seu rosto e começando a conversar e rir com os outros, o que fez o coração de Bridget se partisse em mil pedaços.
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