𝖽𝖾𝖼𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋 𝟣𝟪𝗍𝗁

O crepúsculo pintava o céu com tons de rosa e laranja enquanto a pista de gelo estava iluminada com luzes festivas. Tom acompanhava Bridget, que tentava se equilibrar nos patins. Os dois decidiram passar a tarde fria de dezembro da forma mais nostálgica possível que, no caso, era patinando no gelo.

Apesar de ter aceitado a ideia, Bridget sabia que estava mais acostumada com passar tardes no sofá ou em festas, e não tinha tempo para praticar desporto. Ela tinha seu corpo praticamente fora de forma, mas não havia reunido coragem suficiente para contar a Tom que não sabia patinar. Já ele, estava acostumado a fazer aquilo em Londres com a família como atividade natalícia.

Bridget começou a deslizar ao lado de Tom, mas seus movimentos pareciam um pouco descoordenados aos olhos dele, que a observava como sempre. Ela sorria disfarçadamente, tentando esconder a falta de habilidade.

— Bree? — Ele parou, chamando a atenção dela que fez o mesmo, quase se desiquilibrando, mas Tom foi mais rápido, a ajudando a se levantar. — Você parece um pouco... desajeitada.

— Você acabou de me chamar desajeitada, Thomas Stanley Holland? — A morena apontou um dedo na direção dele, que quase se encolheu com o tom de voz dela.

Ele tinha que confessar que tinha um certo medo de quando ela se chateava com ele. As suas palavras eram tão autoritárias que ele sabia que faria qualquer coisa que ela mandasse. Mas obviamente, ele não mostrava essa reação. Em vez disso, ele se afirmava perante os protestos dela.

O garoto arqueou uma sobrancelha, percebendo o jogo dela. Estava tentando desviar o assunto, tentando fazer com que ele esquecesse o fato de ela quase ter caído momentos antes. Decidido a entender o que se passava, ele a desafiou sutilmente.

— Então, mostre-me um giro impressionante. — Ele pediu e Bridget, ainda fingindo destemor, tentou realizar um giro, mas suas pernas quase se embaralharam. Tom, ao perceber a farsa, segurou-a novamente.

— Ok, acho que tem algo que você não está me contando. — O moreno soltou um sorriso sugestivo, observando enquanto ela ria da própria situação.

— Talvez eu não seja tão boa nisso quanto pensei.

Tom sorriu compreensivamente, estendendo as mãos para que ela as pegasse. Bridget hesitou por um momento, e após alguns protestos, finalmente as agarrou com as suas.

Com movimentos cautelosos, começaram a deslizar pela pista. O moreno sorriu levemente para ela, vendo o seu rosto se iluminar perante o encorajamento dele.

— Mantenha o equilíbrio e deslize suavemente. É como dançar, só que sobre o gelo. — Bridget escutou atentamente cada instrução que Tom dava a ela, começando a se equilibrar com mais facilidade.

— Parece mais fácil quando você diz assim. — Ela sorri brincalhona na direção dele, fazendo-o revirar os olhos. — Nem me lembrava que você é uma bailarina profissional.

— Ei! Eu sou um dançarino profissional! — Tom exclamou alto, vendo as feições da garota mostrarem divertimento.

— Ah, claro. Aquela foto que sua mãe me mostrou de você com um tutu é tão masculina! — Bridget abriu um sorriso malicioso que fez o moreno sentir sua pele aquecer.

Se tornou um hábito para ele ficar daquele jeito perto dela,




— Adiante... Você vai pegar o jeito. Primeiro, concentre-se em manter sempre um pé na frente. — Tom deslizava graciosamente, guiando-a enquanto ela tentava seguir seus movimentos.

— Assim? — Bridget tentava imitar os movimentos dele à medida em que ambos começavam a se mover mais rapidamente.

— Exatamente! Você está pegando o jeito. Agora, tente dar um pequeno impulso com o pé direito. — Tom sorriu ao ver a garota conseguir seguir suas instruções passo a passo.

Bridget se esforçava, às vezes vacilando, mas ele a apoiava em cada movimento, ainda segurando as suas duas mãos. À medida que ganhava confiança, a morena começava a patinar mais fluidamente.

— Tenho que confessar que você é um ótimo professor. — Ela admitiu, fazendo Tom abrir um sorriso convencido. — O que não quer dizer que eu não ache que posso cair a qualquer momento.

Tom apertou mais as mãos dela contra as suas, garantindo que a garota não caísse e ela riu ao ver a preocupação dele. A certa altura, ele sentiu que Bridget havia ganhado confiança suficiente. Assim, soltou gentilmente as mãos dela, permitindo-a patinar sozinho.

No começo, Bridget sentiu um arrepio de nervosismo ao se movimentar sozinha. Enquanto tentava se equilibrar e movimentar ao mesmo tempo, os nervos deram lugar a uma sensação de liberdade. Seus movimentos tornaram-se mais suaves, e ela começou a deslizar pela pista com mais confiança.

Os olhos dela seguiram Tom, que patinava sozinho à sua frente. Ela admirava a facilidade com que ele se movia, como se verdadeiramente dançasse sobre o gelo. A luz das lâmpadas festivas refletia na pele dele fê-la sentir uma mistura de admiração e, surpreendentemente, um frio na barriga.

Ele já não parecia dançar ao som da música que tocava baixinho pela pista de gelo, mas na velocidade das batidas do coração de Bridget. A garota parou por um momento, se segurando em um canto, como se estivesse sentindo uma nova camada de emoções.

Sua mente parecia um turbilhão de pensamentos e sentimentos. Bridget agora sentia não apenas aquela sensação de liberdade, mas também um calor interior, uma chama que começava a queimar dentro dela.

Ela tentou acalmar a sua respiração acelerada, sentindo a presença de Tom a seu lado. Para tentar pensar em outra coisa, a morena dirigiu os seus olhos para o resto de sol que ainda iluminava o céu.

— É incrível como a magia do Natal parece envolver tudo ao redor. — Ela disse, tentando disfarçar os nervos que sentia por tê-lo tão perto.

O moreno sorriu ao observar a feira natalícia que os rodeava. Já não estava quase ninguém na pista de gelo, aparentemente a multidão que estava ao redor havia deixado o lugar. A música suave que tocava nas colunas enchia o ar.

Sem que ela se apercebesse, ele a puxou e a guiou pela pista de gelo, fazendo risadas ecoarem pelo lugar enquanto tentavam ultrapassar um ao outro com movimentos ousados. Ele parecia aproveitar cada pequeno movimento, contornando a pista com graciosidade.

Bridget estava começando a se habituar ao equilíbrio no gelo sob os patins. Ela tentava ultrapassar o moreno, que secretamente patinava mais devagar que o normal, para não fazê-la se sentir mal por ainda não conseguir alcançar uma maior velocidade.

Em um momento de empolgação, Bridget tentou patinar mais depressa que ele, fazendo com que ela caísse. No nervosismo do momento, acabou por pegar a mão de Tom que caiu junto com ela.

— Me desculpe! Queria te ultrapassar e parece que só te atrasei... — Tom riu alto perante a inocência dela. Bridget era mais durona, e não costumava mostrar aquela parte mais vulnerável dela. Isso fazia com que aqueles pequenos momentos fossem bastante raros e valiosos para Tom.

Ele olhou profundamente nos olhos dela, observando o quanto ela ficava lentamente mais nervosa com a posição em que os dois estavam. Ela debaixo dele, sentindo os rostos se aproximando de forma quase imperceptível.

— Bridget... Eu meio que tenho uma coisa para te falar... — Tom estava prestes a dizer o que tanto esperava dizer por fim, porém Bridger foi mais rápida em encostar seus lábios nos dele.

Não durou mais do que poucos segundos, mas seus lábios haviam se tocado em um selinho bastante carinhoso. Tom não soube bem como reagir, mas relaxou ao sentir a mão dela, coberta por uma luva, fazendo carinho no interior do gorro dele, mais precisamente em sua nuca.

O momento foi curto e bastante prazeroso para o garoto, que engoliu audivelmente quanto Bridget se afastou dele e começou a se afastar.

— Acho melhor irmos. — Tom por fim abriu os olhos, observando-a se levantar à medida em que ele fazia o mesmo de forma desnorteada. — A pista vai fechar daqui a alguns minutos, e já estamos aqui há horas.

Mais uma vez, o moreno não disse uma palavra. Estava demasiado focado no
momento que parecia não ter acontecido de tão irreal que havia sido. Não era possível. Bridget, sua melhor amiga de anos atrás, não podia ter beijado ele de vontade própria.

Bom, ela podia tê-lo feito, porém não faria sentido. Bridget não era do tipo de garota romântica que beijava garotos, ela queria-os na cama com ela. Sem compromissos e sem sentimentos. Ela era do género mais rebelde e não do tipo que dava selinhos daquela forma tão envergonhada.

Tudo naquela situação era estranho para ele, mas Tom acabou por engolir todas as palavras que tinha pensadas e seguir a melhor amiga até à saída da pista de gelo. A atmosfera festiva, a música suave, o beijo e a risada contagiante de Bridget à medida em que a conversa entre os dois evoluía como se nada tivesse acontecido, tornaram aquela tarde inesquecível para Tom.

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