vi. 𝗌𝗈𝖻 𝖺 𝖼𝗋𝖺𝗍𝖾𝗋𝖺 𝖺𝖼𝗂𝗇𝗓𝖾𝗇𝗍𝖺𝖽𝖺

✿ིྀ 𝇈𝅄⊹

﹙ ✶⠀  𝒰.⠀▇⠀ ━━━━ Uma mísera fenda submersa estraçalha uma cratera encardida, por nuvens nevoentas acinzentadas sem resquícios
de claridade, apenas a melancolia
enjaulada ao peito. ━━━━ 🥀﹚

* . 🥀   °  . ●


As mechas amarronzadas planavam ao imaginário da atmosfera graças as rajadas de vento, o calor quebrando contra o rosto de Agnes, que borbulhava por orbes marejadas. Cada partícula rolando por suas bochechas avermelhadas, a queimação vibrando contra sua pele macia, estremecida não apenas lá, todavia também nos poros dilatados. Havia aquele breu com pigmentos mais clareados no centro dos cascos do cavalo, eles rugiam, ribombando ritmicamente contra o corpo da jovem, ela sentia os músculos do animal tensionando e impelindo ambos para a frente. O peito dela afundando ainda, submerso no precipício sem fim das narinas laterais que se contraíram rapidamente, com tais trepidações palpitantes. Logo, elas eram erguidas ━━ movimentada sob efeito das fatigas respirações, dobrando o ponta do nariz; criando algumas linhas enroladas. Ao contrário de outros dias, Agnes nem sequer reparou na majestosa área ao redor dela. A folhagem verde, marrom ou mais escura caindo no chão, impactando o campo ao lado da estrada do rei. Ou os sons dos pássaros, assobiando em seus ouvidos, não importa o quão longe eles estivessem. Roedores farfalhando atrás dos arbustos, movendo os galhos; alguns frágeis com a juventude, outros fortes por causa do envelhecimento, tornando-se inquebráveis.

Agnes estava dentro de seu próprio casulo interior, tentando se proteger do martírio que esboçava linhas brancas retas e cintilantes em seus pensamentos bizarros. Pesadelos traumatizando-a febrilmente de novo e de novo, recusando a ser cessado; mesmo quando ela tentou empurrá-los para fora ━━ eles persistiram, prevalecendo na mesma cena da morte do jovem.

Ela nunca sentiu que a incapacidade desgatasse tanto como experienciava agora, melancólica e sobrecarregada com preocupações por alguém que ela mal conhecia ou imaginava quem poderia ser, concebida a partir de seu sonho incomum. Na verdade; Agnes sempre foi assim, preocupando-se com terceiros que nunca trocaram um mero comentário. Queria ela saber quem a cuidou para agradecer pelos belos ensinamentos de um bom ser humano ━ uma alma caridosa e sentimental com os próximos e além deles. Porquê a madame, aquela mulher imprudente em certos momentos, não era. Por mais que os cuidados da velha foram essenciais para o crescimento da jovem; Rowena lhe ensinou lições que sua mente carrega para sempre.

"És uma mulher; livre das maldições daqueles que querem se opor sobre si, nunca os deixe, sejam eles quem forem. Nunca rasgue sua felicidade para aqueles que querem sua infelicidade, e não se preocupe com comentários invejosos ou com aqueles que semeiam a insegurança."

Pressionando as rédeas, embora não restringindo o movimento do pescoço de Cinzento. Os dígitos, desbotado com veias arroxeadas e azuis expostas, agora tingiam a cor de sua pele por agarrar o freio com tanta força. Agnes prensou as duas pernas nos flancos do cavalo, não tão forte para não machuca-lo. As bochechas inchadas de ar, os lábios torcidos em uma careta ━ exprimindo um bico, o apito afiado escapou de sua expiração controlada; fazendo o bicho galopar ainda mais rápido do que antes. Com o coração aos pulos, ansiando por ser libertado de seu propósito, ele correu em turbulência enquanto os corpúsculos de suor derramados da sobrancelha da jovem, misturando-se com suas lágrimas salgadas. Era um dilúvio embalado na face dela; o sal de todos os mares estavam lá. Ela não estava relaxada, seu corpo quase endurecido, exceto pela movimentação de Cinzento que a sacudia. Os ombros expostos, cavados pela pressão das alças do vestido, deixando uma rede de linhas vermelhas na pele. Ainda estava vestida com aquele mesmo vestido da noite anterior, agora imundo e putrefato da urina.

Mesmo quando Agnes não prestava atenção na panorama ao seu redor, ela notou e sentiu quando a primeira gota de orvalho colidiu com sua pele, junto com o aroma terroso que desabou em solo e infundiu contra os buracos nasais. Ela tinha que parar, mesmo que quisesse continuar. Quando estava montada em Cinzento, sentia um certo conforto. Havia também um refúgio indecifrável que não conseguiria expressar em palavras. A jovem sempre mencionou que ele era seu único amigo masculino desde que o encontrou ferido em uma floresta.

"Naquele dia estático, justo há um ano atrás em 128 Depois da Conquista, sob o tom alaranjado do céu variegado e o seu pôr do sol tardio. Retinha um trinca ferro, um pássaro canoro melodiando pelos ares Agnes o encontrou, quando o som do relincho atraiu para os ouvidos dela que salpicou tal curiosidade. Foi mais do que um período divino para ela, ficar sozinha na solidão; sozinha com seus pensamentos buliçosos que deixaram as emoções navegar pelas ruínas catastróficas, não alinhadas como deveriam estar. Aquele cavalo encantador, completamente sarapintado de cinza, exceto pela frente; uma parte de sua cabeça, uma mancha de branco, além dos cascos. Ela se aproximou lentamente, tentando não assustá-lo, embora sem sucesso, falhando com movimentos abruptos e uma das solas de seu calçado esmagando um galho, rompido ao meio ━ dando um sobressalto ao animal selvagem. Ela era uma estranha para ele; obviamente, ele tentou fugir, porém não tinha a oportunidade. Com uma corda e um nó espremido em volta do pescoço, prendendo o "pequeno" ela havia nomeado de princípio, quando sussurrou, tentando acalmá-lo. Algum monstro de ser humano, havia o aprisionado e o deixado lá para corvos, há algum tempo que a morena havia presumido. Não muito tempo atrás, pois seria apenas uma carcaça apodrecendo. Por razões óbvias, ele havia sido rejeitado; tornando-se um amigo da natureza ao lado do tronco onde ela o deparou. A perna esquerda inchada com bactérias que se alimentavam de sua carne corroída; que os olhos castanhos da jovem notaram quando viu que o cavalo não conseguia se mover.

Demorou algumas semanas, e depois mais algumas, para que tal vínculo realmente se estabelecesse, nada de imediato. Mesmo que ela o tivesse salvado, ele estava com a perna dolorida, não conseguia andar ━ permanecendo no mesmo local. E se o animal pudesse falar, sem dúvida ele mencionaria que não precisava de ajuda. Agnes pode enxergar pelos enormes olhos escuros dele que cintilavam a cada espelhar dela, o brilho de uma jovem desgrenhada. Ela saía do bordel todas as manhãs para visitá-lo, trazendo consigo ervas curativas e alimentos que ela conseguia com as moedas dada por Rowena. Por mais que demorasse a caminhada, as pernas bambeando com tal dor latejante e a exaustão a cercava, ela nunca saiu do lado dele até que ele estivesse totalmente curado. Quando aquele dia finalmente chegou, robusto ele estava; saudável, com a perna curada daqueles germes que havia o drenado.

Agnes tinha despedido dele, girando o corpo, e deixando as costas visíveis ao animal. Com as bordas dos olhos lacrimejando, entretanto não de entristecimento e sim, uma combustão de alegria ter observado ativo.

Mas mesmo que muitos clamem sustentando que são apenas animais inúteis e sem um pingo de sentimentos ou inteligência, eles estão errados em suas palavras. Durante o cuidado que ela lhe deu, tanto falho quanto glorioso, aquela criatura havia começado um vínculo único e sentimental com aquela jovem. O cavalo acizentado a seguiu a cada passo até que ele pudesse acariciar contra ela; fazendo as costas dela sentir a crina macia. Agnes o nomeou de Cinzento quando soube que ele a queria, que ansiava por tê-la por perto, não apenas por sua própria proteção, porém pela segurança e bem-estar da morena. Para evitar que ele fosse roubado ou com que alguma pessoa desaparecesse, machucasse, ele ficou longe de King's Landing, em um lugar onde apenas sua cavaleira poderia encontrá-lo. Além disto, a jovem acreditava na liberdade, permitindo que ele vagasse como quisesse - se ele quisesse deixá-la, ela não se importaria; ele era um animal, não seu escravo. Mas ele nunca a deixou; provavelmente ele nunca o faria."




Um estrondo rasgou o céu, os relâmpagos dissipando com tons magníficos sobre os quais os poetas escreveriam em seus versos mais profundos. Endireitando o corpo, Agnes se alinhou em uma postura ereta; relaxando seus movimentos pélvicos e difundindo seu peso para trás, pressionando seus calcanhares nos estribos mais uma vez.

─── Precisamos nos abrigar da chuva até que ela diminua. ─── ela assobiou; sacudindo a gota que rolou pelo braço, deixando uma trilha molhada ofuscante em seu rastro

A cabeça da jovem seguiu, inclinando-se para cima e voltando enquanto contemplava para o céu; o trovão rugindo. Acizentado, contudo não tão escuro quanto o cavalo; sem os rastros da luminosidade de outrora. As pálpebras dela se fecharam quando outra gota colidiu com a ponta do nariz, um formigamento disseminando por aquela região. Um sorriso puxou a curvatura de seus lábios, não muito amplificado para que não doasse o resto de seu rosto. Absorver o início da chuva foi tão reconfortante para Agnes; era como estar aninhada entre os cobertores que aquecem o corpo, ouvindo durante o anoitecer. No entanto, a chuva que estava prestes a ser debulhada em Kings Landing, era distinta daquelas que davam para banhar-se. Ainda mais forte entre seus ventos e com inúmeras gotículas gélidas, cujo certamente adoeceriam qualquer imprudente o suficiente para pegá-las.

Agnes abaixou a cabeça, os lábios dela fechados, aquele sorriso de antes sendo evaporado na medida que seus dentes perolados desaparecevam da vista.

─── Vamos lá, eu conheço um lugar. ─── um suspiro decaiu de si, ao pensar na madame. ─── Silvy não dará significado ao meu sumiço.

As palavras tangendo nos ouvidos de Cinzento, que contraiu uma orelha, a direita, em reconhecimento ao ouvir o comando dela e sentir o puxão nas rédeas, o incitando-o para seguir em frente. Não demoraria muito para que eles chegassem à Mata de Rei ━━ um recinto que ela conhecia bem de inúmeras ida e volta. Era aonde a tranquilidade a inundava; ensopando pelas energias do corpo da jovem, que optava pelo isolamento. Irônico, na verdade, considerando a quem ela nomeou de Encosto, ainda não trombou com ela. Aemond muitas vezes se retirava lá para cavalgar, quando seus deveres permitiam, preferindo a solidão mesmo tendo à companhia de Vhagar. Contudo a guerra sendo emergida e a vingança sobressaltando aos pensamentos do príncipe, o tempo era escasso. E verdade seja dita, Agnes ficaria mais do que grata por nunca mais vê-lo novamente. Ele era tão boçal quanto qualquer outro homem com duas cabeças, cada uma mais patética por todos requisitos.

❛Por que os homens devem existir? Por que todos eles não poderiam ser reduzidos as cinzas?❜

Eram ondas que rompiam a superfície do cérebro dela em imensuráveis frequências de seus enfados no decorrer dos primeiros clarões da luz do dia.

Aquelas primeiras gotas provisórias de chuva que atingiu a película do braço da jovem, os míseros pelos que lá retinha arrepiaram com a frieza do líquido.
A clareira dispôs a escurecer à medida que as nuvens alvacentas rolavam, ainda de manhã e a claridade dispersa. A limpeza nas nuvens permitiu que lascas de luz perfurassem a escuridão, a calma antes da tempestade. Correntes de vento colidiram no ar ameno, silenciando os movimentos de roedores ou pássaros que buscavam refúgio, pressentindo a mudança climática que chicoteou folhas e galhos do chão. Além dos relâmpagos, a batida dos cascos de Cinzento contra a terra uniu-se com a ventania crescente. De um ponto de vista elevado, Agnes parecia uma miniatura microscópica quando cavalgava em direção à linha das árvores, as madeixas dela revoluteando descontroladamente pela ventilação. A folhagem encorpada parecia engoli-la, enquanto a cortesã desaparecia entre as folhas verdes e sombras escuras projetadas pela tempestade. Os sussurros dos ramos quando o sopro os consumiam; enchiam sua mente, uma cacofonia brecada.

O momento perfeito para a chegada ao local, que antes parecia tão espaçoso, agora se retratava claustrofobicamente apertado com a chuva que começara de repente, acompanhada dos raios que se dispersavam pelo céu. Removendo a perna direita e depois a esquerda, Agnes saltou de Cinzento às pressas, colidindo as solas das botas sobre os galhos puxados pelas turbinas de ar. Todos anarquizados entre as pedras soterradas na terra, umas pequenas e outras médias, com policromia dissemelhantes bem como os formatos.

Há uma árvore colossal pairada ao lado da onde ela aconchegou o cavalo, entretanto não a ampararia da borrasca que cortava a terra com seus tamborilares desenfreados; esfrangalhando o solo alagado.

Apesar disto, era ali mesmo que ela ficaria, não dando importância para tempestade que grassava acima. Agnes caminhou para debaixo do antigo carvalho, as folhagens fazendo sombra no chão, encobrindo toda área de clareiras, exceto quando o ocasional relâmpago abrangia. A jovem caminhou entre os galhos quebradiços, a chuva encharcando sua pequena estatura, quando ela se acomodou contra a casca áspera do tronco. A meretriz aninhou-se em único santuário de si mesma. As partículas de suor; os olhos lacrimais e as gotas de chuva geladas se mesclaram por toda face da mulher, tornando-os indistinguíveis um do outro. Para qualquer transeunte, eles iriam parecer idênticos. Ela dobrou as duas pernas, puxando os joelhos em direção ao peito, quando esticou os braços, abrangendo-os em torno de suas panturrilhas frias. O corpo dela estremeceu com o vento que deixava teus rastros de carícias, o frio se insetrando em seus ossos que coincidiam em racharem em instantes.

Descansando a cabeça em cima dos joelhos curvados, Agnes sentiu o tecido delicado de sua roupa esfregar sobre a pele imaculada. Os fios das madeixas dela, na mesma cadência do vento que trombava a si; o nervosismo elevando-a a expor o ilustre de suas esferas acastanhadas, chorosas com pupilas esbugalhadas e as frenéticas pálpebras abrindo e fechando. Estava à flor da pele, e seus tendões esmagados puxavam os nervos. A cortesã necessitava despoluir sua cabeça. Tão difícil quanto seus hábitos típicos de revirar os olhos quando não aprecia algo ou certas atitudes, assim como remexer em suas mechas de cabelo conforme a ansiedade a acolhe, jogando-a da ribanceira.

Mas agora a ansiedade estava se transformando em uma semente, incontáveis delas que foram dispersadas pelo coração da meretriz e sentimentos vazios, crescendo em uma besta monstruosa pendente para atacar e fazer de Agnes sua refém favorita. Ela nunca foi capaz de exteriorizar sua infelicidade muito bem, exceto para Rowena, e mesmo assim apenas em fragmentos. Nunca mencionando como ela era sugada por sensações aniquiladoras que a perfuraram, pendurando-se ao redor do pescoço e prensando até que seu último suspiro fosse apenas um remanescente de sua vida esvaindo de seu corpo. Bem como seus sonhos estrambólicos que começaram assim que a guerra fora um disparo.

Agnes sentiu lágrimas escassas turvando sua visão, enquanto se lembrava da dureza daquele pesadelo. A inexistência de água na garganta esgotando, nada para lavar a boca além de suas salivas que sempre umedeciam e secavam novamente. Ela queria separar os lábios presos e gritar até que não sobrasse nada, liberando todo o peso que havia acumulado dentro dela, banindo-o para fora de suas camadas e órgãos onde estava entrincheirado, absorvendo cada pedaço de alma uma vez purificado pela lua. A cortesã venera o fato de que tal satélite era uma coisa encantadora; além de ser a inspiração para si mesma. Como ela clama; que tal corpo celeste a protegia de quaisquer suplício que a abatia. Às vezes interrogatórios avermelhados e brilhantes circulavam por sua mente; do que estava além das estrelas no céu noturno, parecendo quase impertinente pensar que não havia nada além delas além de um vazio escuro e infinito; muito parecido com sua melancolia atual.

A mente dela, inigualável por uma certa estranheza, nebulosa, cheia de estática e poeira que ela não conseguia desencardir. Tudo parecia tão distante, mas tão próximo, até mesmo os picos brilhantes de luz que a refrescaram momentaneamente daquele pesadelo. Cada vez que ela piscava, as capelas de seus olhos rabiscavam uma nova cena; todavia, era sempre o mesmo devaneio; ela, correndo desesperadamente no corpo de alguém que ela não era, ou aquele garoto com longos cabelos castanhos, sendo apunhalado diante dela, jorrando sangue por vosso rosto.

Os dígitos frenéticos de Agnes retorceram-se com os movimentos das brincadeiras por devaneios, não com o desígnio de quebrá-los. Ela nunca machucaria sua carne ou a si mesma como um meio de aliviar a dor emocional. Estava apertando as juntas, estralando-as à medida que aquele som repercutia, triturando seus ouvidos sensíveis, cujo escutava as grossas gotas atingindo as superfícies ━━ estalos e mais estalos, ━━ farfalhando entre as plantas. As maçãs da face dela, desprovidas do rubor que permanece
quando um riso é expelido da garganta ou quando ela está envergonhada por alguém ou algum ato. Elas estavam pálidos, apenas as íris brilhando, dissolvidas  pelas bolhas das lágrimas que se agarravam à elas. Nenhuma alegria foi cravada ao rosto dela, apenas um entristecimento que havia se entranhado visceralmente em seu próprio núcleo; um peso físico, um chumbo que fundiu como uma pedra no buraco de seu estômago, deixando-o revirado. Além do desamparo perdido em seu próprio vazio.


Os glóbulos oculares castanhos escuros vidrados ansiosamente para a praia aconchegante de tranquilidade; sem aquelas ondas desordeiras que sempre batiam na superfície, reverberando o som entre os ouvidos da morena. A água ficaria fria no primeiro toque, saturando os grãos de areia que seriam apenas recuperados pelo ciclo incessante delas. A Rainha Dragão não queria a companhia de sua guarda, mesmo depois que a mão do Rei Usurpador enviou Ser Arryk para assassiná-la. Brienne, por outro lado, deu o devido respeito que sempre exerceu; sem quaisquer vestígios de desobediência. O vento estava calmo, entretanto o mormaço perambulou dentro da armadura metálica, empurrando contra a pele da jovem. O suor escapou entre sua sobrancelha e o resto de seu corpo oculto. Ela já estava acostumada com isso; desde que era pequena e agarrava uma espada de madeira, ansiando por um dia torna-se uma cavaleira ━━ embora sua mãe muitas vezes mencionasse que não era apropriado para uma garota brincar com espadas, tendo ilusões de sangue e guerra. Ainda assim, ela permaneceu uma sonhadora, mesmo que alguns de seus sonhos que ela soubesse eram apenas utópicos que entorpecia a linha de visão.

A melancolia ameaçava desmoronar sobre ela, o sulco lacrimal com inchaço das lágrimas da noite anterior; inteiramente arroxeado e o fardo da culpa pesando, infundia pelas costas, tornando-a pesado de suportar. Ser. Erryk era amigo dela, aquele que a ajudou em inúmeros momentos, e vê-lo tirar a própria vida diante de si e dos outros presentes aos aposentos de Rhaenyra foi algo novo, aterrorizante e estranhamente perfurante que destruiu o peito da jovem. Uma emoção que ela nunca havia sentido antes; o pico do luto. Brienne havia perdido seu pai, porém ela era apenas uma criança, mal se lembrando do rosto do primeiro amor de sua mãe; apenas as histórias contadas do intrépido marujo que ele era.

Tal distração empunhada ao contorno dela, reparava mais à paisagem do que naquele que estabeleceu ao dela. Ele levou a mão até o talim, segurando o cabo da espada. ─── Ainda se sentindo culpada?

A voz dele aproximou-se, vagarosa e arrastada pela preocupação distendida em sua fisionomia.

Lambendo a língua contra o lábio inferior para umedecê-lo, Jacaerys ajustou a coluna que estava dobrada. Ele voltou os olhos para a maravilha da praia, vendo a mesma beleza que Brienne observava. Ele tentou não olhar para ela, falhando por noventa e oito por cento, as orbes movendo-se vagarosas, espiando a silhueta da guarda contra o sol poente, o contorno de sua armadura brilhando com o espelhar dourado da aurora. Jace as desviou rapidamente para as pedras do chão, torcendo que ela não tivesse percebido.

─── Do quê adianta ser cavalheira se nem mesmo consegui proteger Vossa Graça noite passada?

Inalando fundo, um suspiro decaiu dos lábios umedecidos da morena, apenas para a respiração quente serpentear ao longo da mandíbula definida, que relaxou enquanto ela enrolava um sorriso. Um tanto distorcido, desprendido à um quase sarcástico no canto da boca, cujo dissipou aos poucos.

─── Eu não mereço esse título de guarda juramentado. ─── ela murmurou, ainda fixada no mergulho de cores que uma vez sustentava a paisagem, agora pálida pela dor na visão de Brienne.

Tais palavras sussurradas por ela se infiltraram nos ouvidos do príncipe, provocando um rolar de seus olhos indo e voltando, expondo a brancura que permaneceu por segundos.

Por um lado, lá no fundo do pensamento do príncipe martelava de que a juramentada estava certa em se sentir culpada, é claro que ela estava. Era o trabalho dela proteger a vida da rainha, e ela falhou. Mas isso não significava que ela não era digna de ser uma cavaleira. Isto significava que ela era humana, e os humanos cometem erros.

─── Pare de ter piedade de si própria, Brienne. ─── ele bufou, tentando não fazer com que ela olhasse; inválido outra vez.

Brienne volteou o pescoço para o lado, o olhar dela afastando do horizonte, descendo para onde Jace manteve a cabeça curvada, fixando um ponto específico das pedras sem graça do chão. Os cachos dos fios dele; drapejava conforme a brisa os invadia. Ela imaginou que aquelas bochechas estariam pinceladas pelo avermelhado formiguento, sempre acariciadas de rosa claro toda vez que o apanhava admirando-a. Ainda assim, não era o momento para tais imaginações colidirem em sua mente, pois o fracasso detonava através de suas emoções. Ela afastou as idealizações que arranhavam seu cerebelo, deixando cair os ombros e sentindo a queimadura dos raios do sol atravessarem pela armadura.

Brienne compreendeu que o príncipe estava certo, que insistir em sua culpa não modificaria o que havia ocorrido. Contudo era difícil sacudir o pesado senso de responsabilidade que pesava contra seu intestino; exterminando cada fibra que tentou não resistir.

A voz mal acima de um sussurro.

─── Eu só preciso de algum tempo para processar tudo, para encontrar uma maneira de fazer as coisas certas. Peço que não pense que estou buscando misericórdia a mim mesmo.

A carranca que ele estava segurando alinhada com as características dos traços da feição dele. Os lábios carnudos esticando em um beicinho, típico de quando ele estava emburrado.

─── Seu tempo para processar pode esgotar. Eles atacaram minha mãe; o que mais eles poderiam fazer? Assassinar um de meus irmãos enquanto eles dormem aquecidos em suas camas?

Jacaerys rasgou os olhos das pedras, levantando a cabeça por um flash rápido, ele a virou para encontrar uma das sobrancelhas pregueadas de Brienne.

Ele poderia ter pensado nessas palavras antes de falar em voz alta, mas a irritação o agradou, para expor tudo que colidia dentro do âmago ━━ não com Brienne, portanto com tudo ao seu redor. E a jovem sentiu a tamanha insatisfação encobrindo ao redor dele, o peso dos sentimentos arrebentando do casulo que ele havia trancado com mil chaves. O estalo de rachaduras podia ser ouvido pelo menino; com o braço dela estendendo sem respingos de hesitação. Ela aconchegou a mão no ombro dele, e ele não recuou como normalmente fazia com sua birra infantil interior.

─── Devemos esperar; não para que a vingança seja cumprida, mas para as ordens da Rainha. Não somos como eles, agindo por impulsos. Além disso, imagino que eles não gostariam que mais sangue inocente fosse derramado em seus nomes. Se nos apressarmos, a carnificina entre os dragões se espalhará muito mais do que podemos imaginar.

Minúsculos grãos de luminosidade; clareou pelo negrume das crateras da mente do menino, ele estava agindo como um príncipe petulante ━━ além da impulsividade impregnando sobre os atos inapropriados dele. Jamais considerando as flechas que sairam pela culatra que poderiam resultar. Redemoinho precipitado, era a palavra exata para ele; enxames de pensares turbulentos, sustentavam a si. Mesmo quando ele admirava a moça ao lado dele, ele ficou desapontado com a maneira como ela ditava. Talvez segundos de conversa com o príncipe Daemon, tenha o rompido.

─── Ninguém vai arruinar a vida de seus irmãos; Jace. ─── ela deu um passo para trás, a mão recuando com um timbre controlado. Brienne não podia desmoronar quando outros estavam pior do que ela.

─── Estarei aqui, com meus pensamentos em ordem e de vigia, pronta para dilacerar qualquer intruso desconhecido que se aproxime. Contudo você deve ter paciência, lhe peço e provavelmente Vossa Graça também deseja.

É interessante como Brienne o acalmava, mesmo que ela esteja desmoronando por dentro; sempre colocando os outros antes de si mesma. ─── Suponho que meu avô estava certo sobre você, quando ele te trouxe aqui. Você é diferente de qualquer garota que eu conheci, sempre elevando estranhos para trazer calma em momentos de ruínas.

As pálpebras dele se abriram e em segundos por fechadas com os piscar de olhos à medida que ele vislumbrava o olhar dela. As bochechas de Brienne drenando a pouca cor que tinham do rosado. Agora ela estava corando em vez dele, mesmo que ele quisesse desvisar o olhar, não podia; Jace estava totalmente transfixado por naquelas íris em que lume permeava. Ele liberou a mão do cabo, traçado com as gotículas de suor que ficará impregnado pela palma dele. O polegar pressionado contra o dedo mindinho, a rachadura da junta aparecendo quando ele flexionava os dedos, estalando-os.

Por um momento, um sorriso agraciou os lábios, umedecidos pela raspa de sua língua, enquanto vagava sobre o esmalte liso de seus dentes. ─── Deve ser isso, e por razões que ele também não suportava mais. Eu estava tentando protegê-lo em vez de cumprir meus deveres como maruja. ─── ela brincou; desviando o olhar e voltando ao âmbito.

Agora acompanhada; ambos ficaram lá, observando para o que não seria nada para os entediados. A mente do jovem sendo enxugada dos comentários tolos de seu padrasto, e ela imaginando como sua vida seria se ela tivesse realmente obedecido aos almejo de sua mãe de brincar com bonecas. Sem graça de princípio, sem ninguém para quem lutar.

   ❛ O sábio não se senta para lamentar-se,
mas se põe alegremente em sua tarefa
de consertar o dano feito. ❜
━━━  William Shakespeare

(...)

❛ ˙🥀. ▇⠀ ━━━━ 𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐏𝐄́𝐓𝐀𝐋𝐀
❛ Graças a Deus, consegui fazer um capítulo mediano ━ nem tão longo, nem tão curto. Corrigir capítulo é complicado, queridos leitores. E, enfim, uma de nossas rosas apareceu; a doce Brienne de Casco. Vou guardá-la num potinho. ❜

❛ ˙🥀. ▇⠀ ━━━━ 𝐀 𝐒𝐄𝐆𝐔𝐍𝐃𝐀 𝐏𝐄́𝐓𝐀𝐋𝐀
❛ Escrever a Agnes melancólica foi um tanto complicado. Ela é o típico tipo de pessoa que prefere choramingar na solidão ━ mesmo que essa solidão seja dolorosa de suportar, sufocando até o último talo. Não suporta a ideia de que alguém a veja estraçalhada.❜

❛ ˙🥀. ▇⠀ ━━━━ 𝐀 𝐓𝐄𝐑𝐂𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐏𝐄́𝐓𝐀𝐋𝐀
❛ Esqueci de mencionar no último capítulo sobre os filhos de Helaena. Sim, ela tem três. Jaehaerys já foi assassinado, restando apenas dois, Jaehaera e Maelor. ❜

❛ ˙🥀. ▇⠀ ━━━━ 𝐀 𝐐𝐔𝐀𝐑𝐓𝐀 𝐏𝐄́𝐓𝐀𝐋𝐀
       ❛ Darei uma dica, no próximo capítulo, haverá um certo desentendimento. Para a infelicidade (ou felicidade ?) de vocês, não será entre Aemond e Agnes, contudo tem a ver com o espírito obsessor. ❜

❛ ˙🥀. ▇⠀ ━━━━ 𝐀 𝐐𝐔𝐈𝐍𝐓𝐀 𝐏𝐄́𝐓𝐀𝐋𝐀
❛Este capítulo foi corrigido, mas se houver algum erro ortográfico; despercebido por mim ━━━━━ eu apreciaria que me avisasse.❜

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