𝗙𝗘𝗔𝗥 - 𝟭𝟯

𝗕𝗮́𝗿𝗯𝗮𝗿𝗮 𝗘𝘀𝗽𝗶𝗻𝗼𝘀𝗮.
"But l've been on my best behaviour
Not to 'cause a scene"

Após receber a notícia de que meu pai estava debilitado, não tive cabeça para mais nada a não ser em pegar as minhas coisas e dirigir automaticamente para Summerville. Tive tempo de avisar aos meus amigos e pedi para Lara dar conta de algumas coisas para mim no tempo em que eu estivesse fora, e como era o esperado, a ruiva disse que eu poderia contar com ela.

Eu tinha ido ao trabalho antes de receber a notícia e deixado a carta em cima da mesa de Victor com a ajuda de Dezi. Com tudo o que aconteceu e com a minha pressa para poder ir ver o meu pai, acabei me esquecendo da reação que ele poderia ter e que se fosse atrás de mim, não iria me encontrar.

Por causa da minha rapidez, cheguei em minha cidade natal mais rápido do que o normal, e várias lembranças vieram de volta à minha cabeça. Memórias das férias incríveis que eu tinha brincando no quintal cheio de macieiras da minha casa; castelos de areia no parquinho e entre outras coisas boas que me faziam bem, mas as memórias não tão boas vieram também.

Ao passar pela árvore que James me pediu em namoro, uma tristeza invadiu o meu peito, mas logo me endireitei. Não podia ficar pensando em James quando o meu pai estava passando por uma situação tão complicada.

Andei mais alguns quilômetros até ver a familiar casa da fachada amarela e branca na minha frente. Estacionei o carro e desci do mesmo depressa, estava louca para poder ver os meus pais e matar a saudade.

Minha mãe me viu antes mesmo que eu pudesse bater na porta, abrindo a mesma e me dando um abraço caloroso.

——— Mamãe! Que saudades! ——— Falei no meio do abraço e ela me abraçou ainda mais forte.

Ao nos separarmos, ela me olhou fixamente e sorriu.

——— Babi, querida, como você está bonita! Mais do que sempre foi. ——— Pegou nos meus cabelos e enrolou algumas pontas nos dedos. ——— Estava com tanta saudade de você, minha menina.

——— Como ele está? ——— Perguntei, me referindo ao meu pai.

——— Bem, na medida do possível. Não quer tomar os remédios, você sabe, seu pai sempre foi teimoso, mas quando eu avisei que você estava vindo para cá ele quis tomar todos e ainda mais. ——— Riu e logo pegou em minha mão, me puxando para dentro da casa. O cheirinho de sempre, me fazendo lembrar de que estava no meu lar.

Subi as escadas indo em direção ao quarto dos meus pais. Ao abrir a porta, me deparei com uma cena de partir o coração: meu pai com uma feição fraca, deitado na cama com as mãos ao lado do corpo. Essa imagem me trouxe medo e angústia pois era estranho para mim ver o meu pai tão dependente, visto que sempre foi um homem trabalhador e ativo.

——— Olá, minha querida Bárbara. ——— Ele falou fraquinho. ——— Nem acredito que você está aqui outra vez.

——— Tudo por você, papai. ——— Respondi, me aproximando da cama e pegando em sua mão levemente, que ele apertou. ——— Você sabe que eu te amo, não sabe?

——— Sei, meu amor. ——— Ele sorriu e passou o polegar no meu rosto com uma certa dificuldade, fazendo um carinho. ——— Eu também te amo muito, você sempre foi e sempre será um orgulho para mim.

Passei por volta de quinze minutos conversando com ele até que ele pegasse no sono. Depositei um beijo em seu rosto e saí do quarto, fechando a porta. Fui para a cozinha e minha mãe estava preparando seus famosos bolinhos de amoras com framboesas.

——— Que cheiro delicioso! ——— Falei, me aproximando dela e a abraçando. ——— Você quer ajuda?

——— Não, já estou terminando. Você precisa de um banho, não? Chegou da viagem cansada e precisa descansar.

——— Verdade. ——— Falei, suspirando. ——— Vou pegar minhas coisas no carro e já volto.

Fui até a porta principal para poder ir no carro pegar as minhas coisas, mas ouvi um barulho de pneus se chocando nas pedrinhas que ficavam no chão na frente da minha casa.

——— Mãe, você está esperando mais alguém? ——— Perguntei e ela me olhou confusa.

——— Não, por quê?

——— Tem um carro aqui na frente. ——— Decidi abrir a porta e quando fiz, quase caí para trás com o que vi. Victor desceu do carro e ficou parado, apenas me encarando.

Fiquei paralisada e sem reação. Victor estava bem ali e eu não entendia o porquê. Será que ele tinha lido a carta e decidiu vir atrás de mim? Mas como tinha conseguido o endereço da casa dos meus pais?

Andei até onde ele estava e minha mãe me perguntou quem era, mas estava tão em choque que nem respondi.

——— V-Victor? ——— O encarei. ——— O que faz aqui?

——— Eu li a sua carta, Bárbara. ——— Gelei. ——— Eu precisava vir falar com você, mas descobri por Lara que o seu pai está mal e você precisou vir para cá. Nada mudou, Bárbara. Se você pode me amar, eu estarei aqui para poder retribuir.

Assim que Victor terminou de falar, me aproximei mais dele e toquei em seu rosto, ainda sem acreditar que ele realmente estava aqui.

——— Victor... ———Falei e ele se aproximou de mim, me abraçando pela cintura. ——— Eu posso sim e nem acredito que você está aqui.

——— Eu vim para te ver, mas sei que você precisa de apoio também. ——— Ele falou e fomos interrompidos pela minha mãe, que nos olhava com curiosidade.

——— Babi. Não vai me apresentar o rapaz?

——— Ah, me desculpe mamãe. Esse é Victor, um amigo do trabalho. Victor, essa é minha mãe, Louise. ——— Os apresentei e Vinnie sorriu para minha mãe.

——— É um prazer conhecer a senhora, dona
Louise. ——— O moreno falou e puxou a mão da minha mãe para um beijo e pude ver ela ficar vermelha.

——— Senhora não, fofinho. Me chame apenas de Louise que está bom. ——— Ela disse ele riu. ——— Que rapaz bonito, Bárbara. Tem certeza de que é só um amigo?

Fiquei morta de vergonha. Não disse nada e
Victor salvou a minha pele.

——— Sim, senh... Ou melhor, Louise. Somos apenas amigos. ——— Ele respondeu e ela riu. ——— Por enquanto. ——— Acrescentou mas só eu ouvi, o encarando e lançando um olhar severo e ele riu ainda mais.

——— Mamãe, pode nos dar licença por um momento? ——— Pedi e ela concordou, voltando para dentro da casa.

——— Por enquanto, é? ——— Indaguei e ele riu, se aproximando de mim.

——— Se depender de mim, sim. E de você? ———Se aproximou mais, envolvendo minha cintura com o braço direito.

——— De mim também. ——— Respondi ele selou nossos lábios, mas eu logo me afastei.

——— Não, Victor! Minha mãe pode ver.

——— E qual é o problema disso?

——— Nesse momento eu quero que ela foque no meu pai, não quero ser o centro das atenções. ——— Confessei. ——— Ele está muito debilitado, e eu estou com muito medo.

Ele me abraçou e começou a passar as mãos por minhas costas.

——— Fica tranquila, certo? O seu pai já está se sentindo melhor só de ter você aqui por perto, tenho certeza. ——— Beijou o topo da minha cabeça.

——— Muito obrigada por essas palavras, eu precisava ouvir isso. ———O abracei mais forte. ——— Você não quer entrar e comer alguns dos clássicos bolinhos de amoras e framboesas da minha mãe?

——— Hum, será que ela não vai se importar? ——— Ele perguntou receoso.

——— Claro que não, vem. ——— Comecei a andar em direção à casa e ele me seguiu. ——— Mamãe, o Victor vai ficar para comer alguns dos seus bolinhos, tudo bem?

——— Ai de você se não o convidasse! ———Ela falou, colocando a bandeja de bolinhos em cima da mesa. ——— Venha, querido. Espero que goste.

Peguei um dos bolinhos e coloquei na boca. O mesmo gosto de sempre, estava delicioso.

——— Isso é uma maravilha, Louise! ——— Victor falou com a boca cheia. ——— Está tão bom que tive que cometer essa falta de educação de falar de boca cheia.

——— Fico feliz que tenha gostado, querido. ——— Minha mãe disse e pegou um bolinho.

Nós continuamos a comer e conversamos sobre algumas coisas. Victor se deu bem com a minha mãe logo de cara, o que me deixou feliz. De vez em quando ela fazia alguns comentários sem noção, mas revelei. Nem percebemos que tinha se passado tanto tempo quando ouvi a escada ranger com os passos do meu pai.

——— Papai, você não pode fazer esforço!
——— Falei, me levantando da cadeira e indo até ele para ajudá-lo a se sustentar.

——— Eu estou doente, não paralisado. Precisava sair daquele quarto. ——— Ele disse e eu o ajudei a sentar em uma das cadeiras.

——— Pai, esse é o meu amigo do trabalho, Victor Miller.

Meu pai encarou Victor por alguns minutos antes de estender a mão para ele, que rapidamente a apertou.

——— Sr.Espinosa, é um prazer conhecê-lo. Louise, agradeço pelos bolinhos, mas como já está tarde preciso ir para procurar um hotel para poder passar a noite. ——— Victor disse e olhou para o relógio que estava em seu pulso.

——— Hotel? Você pode dormir no nosso quarto de hóspedes, querido. Qualquer amigo da Bárbara é nosso amigo também.

Engoli o bolinho rapidamente e arregalei os olhos.

——— Bom, se não for nenhum incômodo, então vou aceitar. ——— Victor disse e sorriu.

——— Ótimo! Babi, me ajude a separar uma roupa de cama e um cobertor para ele. ———Minha mãe chamou e eu fui com ela.

——— Que ideia foi essa, mamãe?

——— Você não me engana, Bárbara Passos Espinosa. É perceptível que o Victor não é só seu amigo de trabalho, vocês dois nutrem sentimentos um pelo outro.

Hesitei. Como ela tinha percebido isso em tão pouco tempo?

——— Sim, é verdade. Mas tenho medo, mãe.——— Suspirei.

——— Medo de quê?

——— De amar e me entregar outra vez. Não quero mais uma experiência ruim no amor.

——— Oh, querida. ——— Ela disse e passou a mão suavemente pelo meu rosto. ——— Você não irá, tenho certeza. Não se apegue ao passado, certo? Você vai ser feliz, pode acreditar.

——— Assim espero.

Terminamos de pegar a roupa de cama e fomos arrumar o quarto de hóspedes para
Noah. Conforme o tempo foi passando, meus pais foram para o quarto e Victor foi para o quarto de hóspedes, e foi aí que decidi tomar um banho para relaxar.

Assim que saí do banheiro, fui até o meu antigo quarto e coloquei um pijama confortável, me preparando para dormir até que vi a porta ser aberta, revelando um Victor de camisa e short.

——— Victor, o que você está fazendo aqui ?——— Perguntei baixinho e ele fechou a porta atrás de si, se aproximando ainda mais.

——— Vim dormir com você, coelhinha. ———Respondeu e colocou o travesseiro na minha cama, afastando a coberta para poder se deitar ao meu lado.

——— Você é louco! Os meus pais vão achar que estávamos fazendo certas coisas e... ——— Tentei falar mas fui interrompida.

——— Relaxa, eu coloquei o despertador para tocar para que eu possa sair do quarto e voltar para o de hóspedes antes deles acordarem. E sobre essas certas coisas, nada do que nós não já fizemos, uh? ——— Ele perguntou e riu baixinho.

Um silêncio se instalou e eu apenas observei a paisagem escurecida pela janela do quarto.

——— Victor?

——— Oi?

——— Obrigada por estar aqui comigo.

——— Sempre que eu puder, vou estar com você, coelhinha. ——— Ele me puxou para mais perto dele e começou a fazer carinho nos meus cabelos, e foi assim que peguei no sono.

Era uma das melhores sensações do mundo.
Eu estava dormindo de conchinha com uma pessoa que me amava, e eu sabia que a amava também.

Feliz dia das mulheres vadias do meu coração🤍

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