𝗖𝗢𝗡𝗙𝗘𝗦𝗦𝗜𝗢𝗡 - 𝟭𝟴
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𝗩𝗶𝗰𝘁𝗼𝗿 𝗠𝗶𝗹𝗹𝗲𝗿.
"got a lot of love and it's growing strong"
Bárbara me acordou ainda cedo na manhã do evento da estréia da trilogia. Nós dois tínhamos dormido no sofá da casa dela e me lembro de ter tido um pesadelo com o meu pai, e as lembranças vieram com tudo, desde as agressões até o dia em que ele deixou eu e minha mãe desamparados, fazendo com que ela trabalhasse em três lugares para poder dar o melhor - mesmo que pouco - para mim.
Eu me lembrava também de que Bárbara tinha me dito que estava tudo bem, e agora pensando bem realmente estava. Tomamos café juntos e eu percebi o olhar preocupado dela a todo momento sobre mim.
——— Você está bem, Victor?
——— Sim, obrigado. Só foi um pesadelo, costumo ter direto. ——— Menti, pois não queria preocupá-la com os meus problemas do passado.
——— Tem certeza de que não quer conversar? ——— Ela perguntou e me encarou, bebendo um gole de café em seguida.
——— Sim, tenho.
Terminamos de tomar café e eu ajudei a lavar a louça e arrumar a cozinha e logo depois nos despedimos.
——— Vejo você mais tarde. ——— Dei um selinho nela. ——— Ah, vá com um de seus vestidos vermelhos e seja a mais linda daquele evento, não que isso seja muito difícil.
——— Você não existe, Miller. ——— Ela me deu outro selinho, dessa vez mais demorado. ——— Pode deixar.
Quando ela fechou a porta, desci rapidamente até o estacionamento do prédio e dirigi o mais rápido que pude para casa. Ao chegar, tomei um banho relaxante e me deitei na cama, assistindo algumas coisas aleatórias até que chegasse o horário do evento e tivesse coisas para ocupar a minha mente. Infelizmente a entrevista da jornalista me fez lembrar de coisas que já estavam esquecidas há muito tempo e que me faziam mal.
Decidi vestir uma das minhas camisas sociais favoritas, uma calça social simples, sapatos e demorei alguns minutos até escolher uma gravata digna para o evento entre a minha coleção. Arrumei os cabelos e borrifei um pouco de perfume pelo corpo e nos pulsos, pegando a chave do carro e saindo logo depois.
Ao chegar no local do evento, várias pessoas da empresa já estavam andando para lá e para cá ajeitando os últimos detalhes. Dei alguns passos e logo encontrei Arthur no meio de toda aquela confusão.
——— Você chegou! ——— Ele se aproximou de mim e deu alguns tapinhas nos meus ombros. ——— Nossos amigos já estão aqui, garantiram que vão comprar um livro de cada da trilogia.
——— Isso é muito bom. ——— Falei e varri o local com os olhos. ——— A Bárbara já chegou?
——— Se chegou, eu não vi, mas acho que ainda não pois se não já teria chamado a atenção de todos com um dos clássicos vestidos vermelhos. ——— Arthur disse e começou a me levar para onde os nossos amigos estavam.
Dezi, Kio e Nailea estavam sentados em uma das mesas rindo de alguma coisa que Kio estava contando.
——— Olha só quem está aqui! ——— Nailea falou e se levantou para poder me abraçar. ——— Como está cheiroso, Victor. Algum motivo especial?
——— Ah, com certeza ela começou a se cuidar mais depois que a Bárbara entrou na vida dele. ——— Dezi disse.
——— Ei, eu sempre gostei de me arrumar! ——— Falei. ———Isso não tem nada a ver com a Bárbara. ——— Vi o olhar desconfiado dos meus amigos em minha direção. ——— Tá, tudo bem, tem um pouquinho a ver com ela.
——— Achei que você não fosse admitir. ———Arthur riu e os outros fizeram o mesmo.
——— Vocês vão ter que me dar licença agora, tenho algumas coisas para conferir. ——Disse e me despedi deles.
Comecei a andar pelo local e vi uma mesa cheia de exemplares dos livros da trilogia espalhados sobre a mesma, provavelmente o local que o autor iria dar os autógrafos e tirar fotos com as pessoas que viriam.
Andei mais um pouco e pedi uma taça de champagne para o garçom e encontrei Lara, algumas mulheres que eu não conhecia e um cara.
——— Ah, oi Victor. ——— A ruiva disse e após isso os outros começaram a falar entre si.
——— Então esse que é o Victor? ———Uma loira falou.
Olhei para eles confuso e Lara logo tratou de explicar a situação.
——— Esses são meus amigos e da Bárbara, ela já falou de você para eles, por isso os murmurinhos.
——— Ah. Oi, pessoal, prazer em conhecer vocês.
——— O prazer é todo meu. ——— O cara falou e estendeu a mão para que eu pudesse apertar.
——— Pedro! ——— Bárbara surgiu atrás deles.
——— Quando você vai mudar?
Quando ela apareceu totalmente, por um momento esqueci que tinham pessoas ao nosso redor e apenas me concentrei nela. Ela estava tão linda usando um modelo novo de um vestido vermelho e seus cabelos estavam arrumados em um penteado muito bem feito, assim como a maquiagem suave completava o visual.
——— Bárbara, você está...
——— Linda? Ah, eu sei. ——— Ela se aproximou de mim e me deu um selinho. ———Já vi que você conheceu os meus amigos, tirando a Lara. Esses são Carol, Bianca, Elena e Pedro.
Eles sorriram e acenaram com a mão para mim e eu sorri de volta. A morena, que agora eu sabia que o nome era Elena continuou a me encarar e logo em seguida falou algo no ouvido de Lara que riu.
——— Agora temos que ir. ——— Bárbara disse para os amigos e colocou seu braço direito no meu, andando até a mesa de autógrafos. ——— Ficaram lindas, não? ——— Falou, se referindo às capas dos livros.
——— Com certeza. Você arrasou como sempre, coelhinha.
Alguns minutos se passaram até que o chefe geral da empresa começasse a fazer seu discurso para as pessoas e depois foi a vez do autor. Todos prestaram bastante atenção, inclusive eu, que não percebi quando uma figura masculina se aproximou de Bárbara.
——— Bárbara Espinosa. ——— Ele disse e a encarou.——— E sempre bom te ver. ———Em seguida puxou a mão dela para um beijo.
——— Cooper, quanto tempo! ——— Ela começou a conversar com o tal de Cooper e assim passaram por cerca de dez minutos conversando sobre vários assuntos que eu não fazia ideia do que eram. Quando Cooper foi embora, Bárbara virou-se para mim e percebeu que eu estava totalmente confuso.
——— Quem era?
——— O Cooper foi meu colega na empresa que eu trabalhava antes de entrar na empresa de editoria. ——— Ela disse e sorriu levemente para a frente. ——— Ele é um amigo querido.
——— Tenho certeza de ele não te enxerga apenas como uma amiga. ——— Falei e virei para o outro lado, logo ouvindo a risada de Bárbara ecoar pelo local, atraindo a atenção de alguma pessoas ao nosso redor.
——— Victor, você está com ciúmes!
——— Eu? Eu não sinto ciúmes, Bárbara. ——— Respondi e ela continuou a rir, só que dessa vez mais baixo.
——— Certo, acredito na sua palavra tanto quanto acredito que fantasmas existem. ———Ela disse e voltou a olhar para a frente.
——— Fantasmas do passado existem, e eles são os piores. ——— Falei para mim mesmo e ela se voltou para mim.
——— O que disse?
——— Não, não foi nada. ——— Nesse mesmo momento percebi a presença de uma figura morena na minha frente. A inconveniente srta. Black possuía um sorriso irritante nos lábios e estava carregada de maquiagem, deixando sua aparência mais superficial ainda.
——— Olá, sr. Miller! É muito bom vê-lo por aqui.
——— Eu já não posso dizer o mesmo. ———Murmurei.
——— Perdão?
——— Eu disse que esse não é um bom momento para você poder falar comigo. ———Falei mais alto. ——— Aliás, nenhum momento é bom, inclusive se for para falar com você. ——— Depois que eu falei, Bárbara me olhou estranho e a srta. Black tinham o semblante abalado.
——— Mas eu... ——— Ela tentou falar e eu me desvencilhei do braço de Bárbara saindo de perto da morena intrometida e indo até a parte mais reservada do salão. Sentei em um banco que tinha por ali e passei as mãos nos cabelos nervoso.
——— O que foi aquilo? ———Ouvi a voz de Bárbara se aproximar de mim.
——— Ela é a jornalista de ontem. ——— Falei e sua expressão mudou totalmente. Bárbara que antes estava confusa agora estava preocupada.
——— Victor, eu soube o que aconteceu.... Ela não me pareceu ter filtro, já que você deixou evidente que ela lhe causou um incômodo ontem. ——— Ela passou a mão levemente nas minhas costas e eu segurei em seu braço, lutando para não pensar no passado outra vez. ——— Você está bem?
——— Essa mulher me fez relembrar da pior fase da minha vida, Bárbara. ——— Comecei a falar e a morena me encarou mais preocupada ainda. ——— Ela me fez lembrar de que o meu próprio pai disse que preferia que eu estivesse nascido morto do que nascer e dar vergonha para ele.
——— Ah, Victor... ——— Bárbara se aproximou mais de mim e me envolveu em seus braços. ——— Agora está tudo bem, certo? Você não precisa se preocupar, eu estou com você.
As lágrimas ameaçaram cair mas eu engoli o choro e decidi contar pelo menos uma parte do que tinha acontecido para Bárbara. Ela tinha se aberto comigo e merecia que eu fizesse o mesmo com ela.
——— Quando minha mãe estava grávida de mim, ainda era uma adolescente e devido a isso teve algumas complicações na gravidez, de modo que eu corria um grande risco de ter nascido morto. ——— Comecei e Bárbara parou de me abraçar, depositando seus olhos castanhos e curiosos sobre mim. ——— Até um certo momento, ela tinha conseguido esconder a gravidez dos meus avós, mas logo após alguns meses eles descobriram e a expulsaram de casa, fazendo com que a única opção dela fosse morar com o meu pai. O problema era que o meu pai tinha mentido para ela sobre a sua verdadeira identidade, ele tinha dito que era de uma família rica quando na verdade não tinha nem o que comer direito. ——— Suspirei e Bárbara apertou a minha mão, me dando forças para continuar. ——— Minha mãe começou a trabalhar para que eu pudesse nascer em um lar digno, e ela fez o melhor que pôde, eu sei disso. Ela disse que quando eu nasci, o meu pai se afastou dela e começou a sair de casa e muitas vezes nem voltava...
——— Eu sinto muito, Victor... ———Bárbara começou a falar mas eu fiz um sinal para que eu pudesse continuar.
——— Meu pai sempre gostou de hóquei, e o sonho dele era que eu virasse um jogador de nome nesse esporte, mas eu sempre gostei de ler e escrever, procurar livros e textos sempre foi a minha maior paixão. Quando falei para o meu pai que queria trabalhar com livros, ele disse que preferia que eu tivesse nascido morto do que dar essa vergonha para ele, e após isso começaram as agressões. Ele chegava em casa totalmente fora de si e batia em mim e na minha mãe, e eu me sentia um lixo por não poder defendê-la. ——— As lágrimas começaram a descer, mas dessa vez não as impedi. ——— Depois, ele e mamãe tiveram uma briga feia e ele roubou todo o dinheiro que tínhamos, era pouco, mas era o dinheiro que a minha mãe tinha conseguido para poder nos sustentar. A partir desse dia minha mãe começou a trabalhar em três empregos para poder nos sustentar e eu comecei a trabalhar também, mas nem sempre podia vê-la porque ela sempre estava trabalhando para nos dar o melhor e foi em um desses empregos que ela conheceu o Nate, meu padrasto e nossa vida melhorou. Nate sempre foi o pai que eu nunca tive na minha vida e ajudou mamãe de inúmeras formas, fazendo com que ela voltasse a perceber que era uma mulher incrivel.
Olhei para Bárbara, que ainda continuava a me encarar atentamente.
——— Sinto que por causa do trabalho não dou toda a atenção que mamãe merece. ——— Confessei.
——— Nós podemos ir visitá-la, Victor. ——— Bárbara sugeriu e sorriu. ——— Sério, podemos ir amanhã. Almoçamos com eles e no final da tarde voltamos para Nova York.
——— Você faria isso comigo? ——— Perguntei e ela enxugou as lágrimas restantes dos meus olhos.
——— Nós somos uma dupla, não? Quando eu disse naquela carta que poderia te amar, era verdade e eu sei que hoje eu não só posso como eu sei que te amo, Victor. ———Olhei para ela assustado. ——— Se eu te amo, tenho que estar com você em todos os momentos, sejam eles tristes ou felizes, não acha?
——— Bárbara, eu ouvi isso mesmo? Você me ama?
——— Sim, Victor Miller. ——— Ela disse e abriu um largo sorriso. ———Eu te amo!
——— Eu também te amo, coelhinha. ———Falei e me aproximei, selando nossos lábios em um beijo cheio de sentimentos.
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