CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Para ser sincero eu nunca pensei que fosse parar no submundo, quando mais novo eu lembro-me de ter medo de lá. Mamãe diz que lá é o fim, Zeus costuma dizer que nenhum Deus gostaria de conhecer Tártaro.

Bom e aqui estou eu, olhando para o cão de três cabeças do meu querido tio.

Submundo, é a terra dos mortos. Onde a alma se dirige após a morte. Aqui as pessoas passam por um julgamento, onde seu destino seria decidido. Tem três lugares que as almas podem ir.

Campo Elísios, que é basicamente o paraíso. Campo de Asfódelos, neste lugar ficam vagando todas as almas que, depois de seu julgamento, não foram consideradas nem más, nem boas, mas simplesmente 'irrelevantes'. E por último o aterrorizador Tártaro, que é basicamente o inferno. Aqui é onde os inimigos do Olimpo e as piores almas vão e são punidas.

Nos Campos Elísios, os homens virtuosos repousavam dignamente após a morte, rodeados por paisagens verdes e floridas, dançando e se divertindo noite e dia, descrição semelhante ao céu dos cristãos e muçulmanos. Neste lugar, só entram as almas dos heróis, sacerdotes, poetas e deuses. As pessoas que residiam nos Campos Elísios tinham a oportunidade de regressar ao Mundo dos Vivos, coisa que só alguns conseguiam.

Na Ilíada, representa-se Tártaro como prisão subterrânea "tão abaixo do Hades quanto a terra é do céu". É um caminho sem volta.

O campo de Asfódelos é a maior aglomeração que poderia existir, visto que a maioria das almas vão para lá. Essas almas ficam vagando por todo o local, perdidas. Esperando algo que nunca vai acontecer. E assim como Tártaro é um caminho sem volta.

Eu levantei-me, os cachorros me cheiravam. Eu caminhei até uma grande porta, abri e logo escutei vozes. Eu estava em um enorme castelo, aqui as cores predominantes eram as mais escuras.

Olhei para a moça de cabelos vermelhos e pele bronzeada e para o moreno alto, eles calaram-se e me olharam.

— Oi tio, é um prazer finalmente conhecê-lo. — Falei, ele ficou boquiaberto. — Não sei como funciona as notícias por aqui, mas bom eu sou o Jeongguk o cúpido e filho da Deusa Jisoo.

— Puta merda! — Exclamou, ele olhou para trás. — Cadê a sua amante?

Meu peito apertou, Perséfone – esposa de Hades – deu um tapa no braço do marido.

— Olha o palavriado! — Falou, então ela se aproximou. — Jeongguk, é um prazer finalmente conhecê-lo. Mesmo pensando que demoraria alguns bons anos para isso acontecer.

— Perséfone, você é ainda mais encantadora pessoalmente do que pelas imagens. — Falei, ela corou. Hades se aproximou e olhou mais uma vez para trás. — Ela está na Terra, em segurança.

Hades franziu o cenho.

— Mas vocês são destinados a morrerem juntos, a única coisa que impediria isso seria você escolher a divindade. — Hades protestou, eu forcei um sorriso. — Você não se matou, né?

— Não, Brian me matou. — Expliquei, eles ainda pareciam confusos. — Estávamos em uma guerra, ele me matou.

— Oh, verdade! Aqueles dois rapazes vieram aqui mais cedo. — Perséfone falou, Hades assentiu. — O Harry ficará triste ao ver que você não conseguiu o que queria. O outro foi condenado ao Tártaro.

— Bom, chegou a vez do meu julgamento. Eu imagino. — Falei, Hades suspirou pesadamente.

— As pessoas podiam parar de morrer por um dia, eu ficaria extremamente feliz em ter uma folga. Maldito seja Zeus!

Perséfone bateu mais uma vez em Hades, dessa vez foi na sua cabeça.

— Não fale assim do meu pai!

— Vamos acabar logo com isso, Jeongguk.

Então eu o acompanhei, ele tinha um resumo de toda minha vida e inclusive uma cena da minha morte onde ele soltou uma pequena gargalhada. Depois pediu desculpas.

— Não era para você estar aqui. — Falou mais uma vez, eu suspirei. — Você tem uma hora para escolher ficar no campo Elísios ou voltar para lá.

Eu fechei os olhos e quando os abri novamente eu estava em um enorme campo, não tinha ideia de como seria para fazer minha escolha. Olhei em volta, aqui é lindo. Comecei a caminhar, acabei esbarrando em uma mulher loira. Quando ela se virou eu arregalei os olhos.

— Somi! — Exclamei, ela arregalou os olhos e me analisou.

— Você é meu descendente! — Afirmou, eu sorri. Nos abraçamos, ela gargalhou. — Que incrível, tenho que te apresentar para Chungha. Cadê sua amada?

Eu pressionei os lábios, ela me analisou.

— Eu morri primeiro.

— Que? Impossível! — Falou, então uma moça morena aproximou. — Você está brincando, não é?

— Queria estar. — Admiti, ela olhou para a moça. — Você deve ser a Chungha, imagino.

— Sim, é um prazer. — Falou animada, voltei meu olhar para Somi. Seu olhar era triste.

— Conte-me o que aconteceu, por favor. — Pediu baixinho, eu assenti.

Contei tudo a ela, estávamos sentados na beira de uma cachoeira. Somi ainda não tinha falado nada, diferente de Chungha que tinha me consolado.

— Você tem que voltar! — Somi falou de repente, eu hesitei.

— Não sei se isso é o melhor, quer dizer, ela só correu perigo por minha causa. Eu estando aqui não deixo ninguém correr perigo. — Falei, Somi franziu os cenhos.

— Tanto tempo esperando por um amor serão jogados fora desta forma? — Indagou, eu lambi os lábios. — Jeongguk, ela te ama e deve estar em prantos. Nada machuca mais que o amor e você sabe disso.

Eu baixei minha cabeça, ela tocou no meu queixo.

— Não posso obriga-lo, mas pense rápido antes que cometa a maior burrada de toda sua existência.

— Como você se lembra da sua vida divina? — Indaguei, ela olhou em volta.

— Porque eu morri, não sou mais uma humana e nem uma deusa. Sou apenas uma alma vagando por aqui. Mas não sou uma alma solitária, ao contrário de você.

Palavras doem mais que facadas e essa doeu muito.

Me despedi e fui atrás de Harry, ele estava cantando com algumas pessoas em volta. Ele paralisou quando me viu, eu fui até ele e o abracei.

— O que você está fazendo aqui? — Indagou ofegante, eu me separei e olhei nos seus olhos.

— Brian me matou. — Falei dando os ombros, sua feição demonstrou irritação.

— Aquele bastardo infeliz. — Harry exclamou, eu ri baixinho. — Mas não tem volta?

Eu fiquei calado, Harry analisou-me.

— Não sei se devo voltar, eu só trouxe dor a eles. — Expliquei, Harry balançou a cabeça. — Você morreu por minha culpa, isso é injusto!

Harry sorriu.

— Olhe em volta, Jeongguk. Eu estou no paraíso, nunca estive melhor. — Falou, eu mordi meu lábio. — Não faça burrada, volte e vai ser feliz. Depois a gente se encontra novamente.

Sem falar mais nada eu fiquei ao seu lado, pensando sobre o que fazer. Eu só quero proteger todo mundo, não quero ser o risco deles.

— Jeongguk, quem você está tentando enganar? — Somi indagou, eu olhei para ela. — Você sabe que deve ir, então por que continua aqui?

Harry bateu seu ombro no meu, ela tinha razão. Quem estou tentando enganar? Eu quero ser egoísta uma vez na vida, então serei agora. Fechei os olhos.

— Vejo vocês mais tarde, pessoal. — Falei, então transportei minha alma de volta para o meu corpo.

O tempo do submundo passa diferente do mundo normal, enquanto lá eu tinha ficado quarenta minutos. Aqui tinham se passado apenas dois minutos.

— O que você fez? — Jennie berrou, escutei sons de socos.

— Jeongguk, por favor. — Lisa implorou baixinho, eu abri meus olhos e levantei. Tirei a lança das minhas costas, olhei para Brian que estava no chão.

Todos me encaravam chocados.

— É sério que você tentou me matar com uma mira dessas? — Zombei, ele fechou a cara.

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