CAPÍTULO DOIS
Alguns meses depois
Eu observei a senhorita Lalisa Manobal por tempo suficiente, sei toda sua rotina entediante. O como ela anseia por sucesso e o como seu único sonho durante anos foi só a realização de ser uma grande bailarina. Também estudei a arte da dança e aprendi o balé, claro que tive que trapacear nesse quesito usando magia para acelerar o processo.
Estava admirado o como Lisa era esforçada e focada, isso é totalmente encantador.
Meu plano é simples, conviver com a Lisa e tornar seu amigo íntimo usando o balé para me aproximar ainda mais, assim irei descobrir o que se passa no íntimo do seu coração que magia nenhuma consegue acessar. Consequentemente acabar descobrindo o que a impede de amar, resolver isso e voltar para minha vida tão tediosa quanto a dela.
Eu amava o que fazia, quando acertei minha primeira flecha foi uma sensação inesquecível e especial. Eu amei aquilo, mas depois de tantas décadas eu perdi o encanto pelo meu ofício. É sempre a mesma coisa, ver os próximos alvos e juntá-los. Tive um tempo de farra, onde eu ia para terra curtir um pouco. Não sou um santo, muito menos um virgem. Mas eu estou condenado a ter apenas casos por toda minha vida, tendo que ver todas as pessoas que um dia me envolvi amar alguém e sendo o responsável por isso.
Não me entendam errado, eu nunca amei. Até porque não sou capaz de amar, o que soa irônico visto que sou o Deus do amor. O mais próximo que cheguei disso foi amor de irmãos ou amizade, nada além disto.
Tenho vida que muitos humanos almejam, uma boa aparência com um bom corpo. E para somar com poderes, incapaz de amar ou ser amado de volta. Acredite, eu já tentei.
Cúpido não pode se relacionar, é condenado a viver sozinho por toda a eternidade. Depois que entendi isso parei de sequer tentar, tudo que faço é ir para umas boas festas, transar e voltar para minha casa solitária.
— Jeongguk?— Harry chamou-me, joguei uma bolinha de papel nele.
— Aqui em cima! — Ele colocou as mãos na cintura, mostrei para ele algumas das minhas roupas novas dadas pela minha amada irmã. — Não podemos negar que ela tem estilo.
— Definitivamente tem, o melhor de todos. — Ele voou até a mim, pegou algumas das roupas na mão. — Isso parece divertido.
— Com toda certeza.
Eu não poderia mentir, isso é maravilhoso! Eu nunca estive tão animado e me sentindo mais vivo como hoje, claro que isso é apenas uma pequena diversão temporária. Mas quem disse que não poderia aproveitar?
— Jeongguk... — Jennie falou lentamente, ela segurava outra mochila. — Ah, olá Harry!
— Jen! — Harry cumprimentou-a, ele olhou por cima do seu ombro. — Cadê o seu chiclete?
Jennie rapidamente acertou a mochila nele, o que me fez gargalhar alto.
— Não o chame assim! — Exclamou, Harry levantou-se lentamente. — Jeongguk, tome cuidado os humanos são malvados e lembre-se de não usar seus poderes em público! Ja passou-se a época que convivíamos com os mortais.
— Entendido! — Falei sorrindo para ela, Jennie me puxou para um abraço apertado. — Vou sentir sua falta, pirralha.
— E eu a sua, idiota. — Falou com a voz chorosa, fechei os olhos. — Volte logo, aqui ficará chato sem você para me azucrinar.
Limpei as lágrimas de sua bochecha, Harry bufou.
— Estarei em casa o quanto antes!
🏹
Era estranho o fato que todos se viravam para me olhar, não podia evitar ainda. Precisava do charme do cúpido para manipular o instrutor de balé e todos daqui, fiz um histórico escolar falso conseguir entrar aqui. Onde entra a manipulação? Para eles me aceitarem, visto que não aceitam matrículas nesse período, ainda mais para o instrutor Joey.
A recepcionista segurou o ar, sorri meigamente para ela. Peguei o pedaço de papel e mostrei para ela, infelizmente sua concentração estava em minha boca.
— Olá, sou o aluno transferido. — Falei simplesmente, ela piscou algumas vezes. — Da Hilh de artes.
— Oh sim, um segundo. — Seu rosto tingiu-se levemente de vermelho, ela lia atentamente o papel. — Isso é magnífico! Infelizmente creio que não temos mais vagas para o Joey, posso arranjar com outro se quiser.
— Hm, na verdade eu queria muito ser aluno dele. — Falei decepcionado, pressionei os lábios. — Ouvi maravilhas dele, pedi transferência só para ser um de seus bailarinos.
— Sinto muitíssimo, deixe-me ver o que posso fazer. — Falou lançando-me uma piscadela, eu apenas fiquei parado esperando.
Alguns minutos depois dela fuçar todo sistema pediu para que chamassem o professor, agradeci aos céus por isso. Sentei-me no pequeno sofá que tinha na recepção enquanto aguardava ele chegar, esse instrutor era extremamente rigoroso e um dos melhores de Nova Iorque. Suas aulas são lotadas e sempre muito disputadas, odiava ser injusto desta forma. Mas era necessário, para um bem maior, mais conhecido como "amor".
Escutei falas acompanhados de passos pesados, levantei-me e virei. O professor me analisou, eu apenas fui em sua direção. Tinha estudado sobre ele também, quer dizer eu o conhecia. Fui responsável por causar uma confusão em sua vida, fiz ele se apaixonar por duas pessoas reciprocamente.
Fiz isso em um período curto entre um amor e outro, mas era necessário. Após a morte de sua esposa esse carinha entrou em depressão profunda, não tinha filhos e nem bichos de estimação visto que os seus haviam morrido anos antes. Apenas tinha uma cura para sua dor eterna... o amor o curou, infelizmente ele ficou confuso e se sentindo culpado no início. Acabando recusando sua segunda chance, mas eu não podia desistir e manipulei seu atual parceiro para lutar por ele.
— Boa tarde! — Cumprimentou, apertei sua mão. — Você é o Jeongguk, imagino.
— Boa tarde, sim sou eu mesmo. — Lambi os beiços, a recepcionista suspirou.
— Eu sou o bailarino Joey, ouvi que você deseja entrar em uma das minhas turmas. — Falou cansado, ele colocou as mãos no bolso.
— Isso mesmo, ouvi maravilhas do senhor e queria ter a honra de ser um de seus bailarinos. — Falei com um sorriso radiante, Joey amoleceu.
— Bom, minhas turmas estão cheias. — Falou coçando a cabeça, suspirei tristemente.
— Oh, que pena eu amaria poder...
— Mas você pode realizar um teste, se estiver no nível dos meus meninos. Irei lhe aceitar. — Falou rapidamente, fiquei boquiaberto.
Eu ainda não tinha usado meus encantos, entretanto quem sou eu para reclamar?
— Tipo agora? — Indaguei, ele assentiu.
— Trouxe sua dance belt e seu collant, certo? — Eu pisquei várias vezes em supresa, tirei minha mochila das costas. — Ótimo, vá se trocar estarei lhe aguardando aqui para irmos para minha sala.
Fui até o banheiro ainda surpreso, não imaginava que eles estavam prontos para me dar uma oportunidade. Ensaiei um roteiro antes de vir, para ser tão simples assim? Ótimo, eu tenho minha chance. E agora quero fazer isso justamente, com minhas habilidades que treinei.
Me troquei rapidamente e fui ao encontro do professor, todos suspiravam por onde eu passava. O professor estava com uma feição seria e com uma caderneta na mãos, acompanhei-o até a sala. No caminho passamos pela sala da Lisa, imagino que ela esteja lá dentro praticando até tarde como costuma fazer.
Eu sei que é maluquice saber de tudo, também sei que o que estou fazendo é perseguição. Mas é para a felicidade dela, Lalisa não se permite sair desde sua adolescência. Sua infância não foi das mais badaladas, ela enlouquecera ou entrar em depressão vivendo desta forma. Por isso que eu existo, o amor cura!
Infelizmente essa cura é indisponível para mim, por sorte eu não sou mais o garotinho que sonhava em amar alguém tão intensamente quanto eu fazia os outros amarem.
Joey permitiu que eu colocasse um som de minha preferência, coloquei minha melodia acústica preferida. Eu amava escutar covers acústicos, ou simplesmente o ritmo em piano acústico. Comecei a dançar a coreografia que criei durante o curto período de treino que tive, era uma coreografia muito expressiva onde coloquei o máximo de emoção que consegui.
Ao fim da apresentação o professor bateu palmas, ele estava boquiaberto enquanto eu estava tentando recuperar meu fôlego.
— Você está definitivamente dentro! — Falou encantado, suspirei aliviado.
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