ㅤㅤㅤㅤ☀︎︎˒ ›ㅤ𝘅𝘃. o fim é apenas o começo

⁔︵᰷𖥻⃪᳟ٗ🌫ᨘܱ 1.15 ━ o fim é apenas o começo
hill house — vol. 1

Derry, Maine9:13AM

─── É uma surpresa, para de fazer barulho, Daisy. ─── Abigail repreendeu a amiga, a voz tensa em um sussurro. Maya sequer estava ali ainda, e Abigail já estava surtando como se ela estivesse fora da casa ouvindo tudo isso.

Era o dia que Maya receberia alta oficialmente do hospital. Era uma mera formalidade, com o desespero que seus pais sentiram. Ela sequer ficou uma semana desaparecida, mas seus pais sentiam que foram meses. Era fofo, mas era a razão de Maya ficar longe das amigas por longas duas semanas. Conseguiam visitá-la, é claro, mas não era a mesma coisa. Sequer podiam conversar direito no hospital sem serem repreendidas pelas enfermeiras, dizendo que faziam muito barulho.

─── Desculpa! ─── Daisy choramingou, tentando fazer menos barulho ao andar até o sofá da casa de Maya. Não foi uma surpresa quando ela não conseguiu Elizabeth segurou uma risada, trocando um olhar com Sofia, que também tentava não rir. Quando Daisy tropeçou mais uma vez, Elizabeth precisou segurar a mão de Sofia com força, sentindo a amiga agarrar sua mão de volta, o corpo tremendo com risadas silenciosas. ─── O tapete tá com problema!

Essa foi a gota d'água.

Elizabeth e Sofia se curvaram, começando a rir. Elizabeth não era uma pessoa escandalosa, pelo contrário, mas ficou tanto tempo segurando a risada que não conseguiu não ser. A risada de Sofia só fazia a sua própria risada crescer. ─── Para vocês duas! Meu Deus do céu! ─── Abigail começou a surtar, andando em círculos na sala. ─── O que eu faço com vocês, hein? ─── Resmungou para si mesma.

As duas garotas ainda estavam rindo, apoiando-se na outra para não perderem o equilíbrio, quando a porta da casa foi aberta. ─── O que tá acontecendo aqui?

Elizabeth se endireitou no mesmo instante, os olhos arregalando ao ver Maya parada na porta. Os olhos de sua amiga brilhavam, como se estivesse presenciando um momento incrível ─ na verdade, estava apenas com saudades das garotas.

─── Maya! ─── Abigail foi a primeira a reagir, correndo para alcançar Maya e envolvê-la num abraço. Ironicamente, tropeçou no caminho exato do tapete em que Daisy tropeçava, mas conseguiu manter o equilíbrio e chegar até Maya. Abigail foi seguida por Daisy, por Sofia, e finalmente por Elizabeth, e as amigas agarraram Maya com toda a força que podiam.

A risada afetuosa de Maya fez o coração de Elizabeth aquecer mais uma vez. ─── Também senti saudades de vocês.

As horas se passaram em um piscar de olhos. Elizabeth estava sorrindo, observando suas amigas conversando. Finalmente se sentia parte delas. Era uma maneira diferente da maneira que parecia se sentir com o Clube dos Otários, mas ambas as sensações eram boas ─ apesar de tudo. Seus olhos focaram no relógio na parede da sala da casa de Maya, se surpreendendo ao ver que já era uma da tarde.

─── Eu preciso ir. ─── Elizabeth anunciou, sentindo-se mal por interromper a conversa divertida que as garotas estavam tendo. Mais uma vez, tentavam marcar um dia para ir até a sorveteria. ─── Me avisem depois, tá? Vou fazer questão de ir.

─── Onde tá indo? ─── Sofia perguntou, e Daisy se inclinou no braço do sofá para olhar Elizabeth com um sorriso sonhador.

─── Vai ver seu namorado? ─── Daisy perguntou, os olhos brilhando. Era uma romântica, e isso não era surpresa para nenhuma delas.

Elizabeth sentiu suas bochechas esquentarem, pegando sua mochila ─ que havia usado para levar sua parte dos preparativos para a surpresa de Maya ─ e colocando-a nas costas. ─── Não é meu namorado. ─── Elizabeth respondeu, tentando soar calma e tranquila. Além disso, não era como se estivesse mentindo.

Os olhos de Maya pareceram brilhar mais uma vez, sua expressão curiosa enquanto alternava o olhar entre as amigas. ─── De quem estão falando?

─── Bill Denbrough. Quem mais? ─── Foi Abigail quem respondeu, revirando os olhos. Sua amiga já havia expressado certo descontentamento pelas vezes que Elizabeth saía mais cedo para passar tempo com o garoto, e culpava-o mesmo quando era algo entre o Clube dos Otários. Mas Elizabeth sabia que o sentimento era inofensivo, principalmente quando viu a maneira como o lábio de Abigail se curvou de maneira quase imperceptível.

─── Ah, é? ─── Maya deu o seu típico sorriso calmo. ─── Gosta dele, Eliza? ─── Perguntou, a voz tranquila. Ela sempre tinha o tom de uma psicóloga, e Elizabeth sabia muito bem porque já havia consultado com muitas.

─── Talvez. ─── Elizabeth admitiu, não conseguindo negar quando a pergunta vinha de Maya. Era como se ela tivesse um feitiço para fazer as pessoas reagirem assim a ela.

─── Tá namorandoo ─── Daisy começou a cantarolar, sorrindo ainda mais.

Elizabeth balançou a cabeça, soltando uma risada leve mesmo ao sentir seu rosto esquentar ainda mais. ─── Vejo vocês depois? ─── Perguntou, indo até a porta da casa de Maya, que ficava logo ao lado da sala. Quando suas amigas acenaram e se despediram com sorrisos, Elizabeth saiu da casa.

Respirou fundo ao fechar a porta, fechando os olhos por um segundo. O ar de Berry estava diferente, e era ótimo.

─── Eliza? ─── Ouviu a voz conhecida chamá-la.

Elizabeth abriu os olhos, encontrando o dono parado ao lado da cerca da casa de Maya. Sorriu para ele, ajeitando a mochila vazia no ombro e indo até ele. ─── Oi, Bill.

─── P-Podemos ficar em outro lugar. ─── Bill falou quando passou pelas portas da casa da residência Hill. Elizabeth seguiu logo atrás, soltando uma risada.

─── Tá tudo bem. ─── Tranquilizou Bill, mesmo sabendo que ele tinha mais medo da casa do que ela. Ainda não conseguiam falar o nome da Coisa em voz alta, mas fazia apenas duas semanas. Chegariam lá um dia. Ao passar por ele, colocou a mão no ombro de Bill e sorriu, antes de seguir até a cozinha. ─── Não é tão ruim desde que ela se foi.

─── Se você diz. ─── Ele respondeu, seguindo Elizabeth.

Era uma sexta-feira, o que significava, que era dia da reunião semanal do Clube dos Otários. Era apenas a segunda vez, mas estava se tornando uma tradição boa. Como sempre, começava às duas da tarde, e dessa vez iria ser na casa de Elizabeth, por ser a maior de todas. Até mesmo Richie estava ansioso para conhecer a residência Hill.

Elizabeth andou até um dos armários, pegando três tigelas vazias e colocando na bancada. ─── Consegue colocar os salgadinhos nessas vasilhas? ─── Perguntou, e sorriu para Bill quando ele concordou.

Ouviu o som do zíper da mochila dele abrindo, e o som dos pacotes de salgadinhos. Enquanto isso, Elizabeth se ocupou em tirar os refrigerantes e a garrafa de energético, que comprou à pedido, ou ordem ─ depende do ponto de vista ─ de Richie. Não tentava ficar no lado bom do garoto, mas estavam conseguindo conviver pacificamente, como Eddie gostava de dizer.

─── Richie vai trazer os filmes, né? ─── Perguntou para Bill, indo até o armário para buscar copos para o grupo usar mais tarde.

─── É. Acho que Eddie foi com ele esc-escolher. ─── Bill respondeu. Ele estava gaguejando menos esses dias, e era divertido ver o progresso. Elizabeth sabia o quão orgulhoso ele estava, e não conseguia deixar de lembrar disso sempre que reparava.

─── Menos mal. ─── Murmurou, organizando as coisas na bancada. Estava com medo de Richie tentar roubar algum filme indecente e passar na casa dela, e aí seria obrigada a chutar Richie pra fora. Seria bem terrível mesmo. Uma coisa muito difícil de se fazer.

Elizabeth quase ficou chateada por saber que isso não iria acontecer.

─── Richie, se você quebrar- ─── Elizabeth começou a falar, encarando o garoto que segurava um vaso de planta nas mãos.

─── Fala sério, ─── Richie balançava o vaso vazio por cima da cabeça, encaixando a abertura como um chapéu na sua cabeça, fazendo uma dança ridícula com o quadril. Elizabeth nem tinha visto como ele conseguiu achar esse vaso escondido, e tinha certeza de que havia guardado no sótão junto das outras coisas da família Hill. ─── gente rica paga caro pra ter cada merda.

─── -eu vou quebrar a sua cabeça na parede. ─── Completou, seus olhos estreitos ao olharem para ele.

─── Richie, larga isso. ─── Bill repreendeu o amigo, seu braço ao redor dos ombros de Elizabeth no sofá. 

Richie, para a surpresa de ninguém, ignorou os dois. Continuou a dançar, comentando sobre outras coisas que achou no sótão da residência Hill. Então estava no sótão. Elizabeth sabia que não estava louca, mas como Richie entrou lá? Fala sério, ela sequer viu ele saindo da sala durante o filme. Parece que Richie havia aprendido a ser silencioso.

─── Se você quebrar, eu ajudo ela a quebrar a sua cabeça. ─── Eddie completou, e foi só nesse momento que Richie parou.

─── Vocês são muito sem graça. ─── Reclamou, colocando o vaso no chão. Por sorte, ou algum milagre, ele tomou cuidado o suficiente para não derrubar o vaso e quebrá-lo por acidente. O que não foi muito, mas era o máximo que Elizabeth imaginava que ele conseguiria fazer.

─── A casa dela é legal, cara. Quero vir aqui mais vezes, e se você continuar assim, não vai rolar. ─── Mike defendeu os amigos, os braços cruzados na poltrona da sala. Elizabeth sabia exatamente qual poltrona era aquela. E sabia o quão confortável era.

Soltou uma risada baixa, feliz pelos amigos estarem gostando. Por muito tempo, aquela casa era seu pesadelo e salvação, e agora era apenas.. sua casa.

─── É claro que vai. ─── Richie falou, quando Elizabeth ouviu a campainha tocar.

As sobrancelhas de Elizabeth se franziram, porque ninguém usava aquela campainha. Duvidava muito que as pessoas até mesmo soubessem que ela existia. ─── Você t-tá esperando alguém? ─── Bill perguntou baixinho, olhando para a porta e para Elizabeth. Os outros sequer deram atenção, engajados em uma nova discussão sobre por que a residência Hill devia se tornar o "covil" deles.

─── Não. ─── Falou, no mesmo tom, e se levantou do sofá. ─── Vou ver o que é. ─── Sussurrou para Bill, passando por ele para dar a volta no sofá e não entrar no meio dos amigos ou do filme já esquecido pelos outros.

─── Vou c-com você. ─── Elizabeth apenas acenou, sabendo que ele veria. Ainda estava curiosa para saber o que era. Imaginava que poderia ser alguma de suas amigas, talvez havia esquecido alguma coisa na casa de Maya.

Como a sala era logo ao lado da entrada, foram poucos passos até que conseguissem alcançar a porta. Ao parar na frente dela, com a mão na maçaneta, sentiu seu coração parar. Era uma sensação gelada, e que se parecia muito com a sensação que teve ao pisar na residência Hill pela primeira vez. Mas era diferente, afinal a Coisa estava morta.

Sentiu Bill parando logo ao seu lado, e tomou a coragem para abrir a porta.

O que viu, surpreendeu a ela, e conseguiu sentir o olhar confuso de Bill alternando entre ela e as pessoas na frente. Era o casal Hill, o casal que praticamente adotou Elizabeth depois de tudo que aconteceu com sua mãe. ─── Elizabeth. ─── A mulher falou com certa incerteza, olhando para Bill, a voz saindo com certo desconforto. Elizabeth sabia muito bem o motivo.

─── Ele- Ele já sabe. Não precisa me chamar assim. ─── Elizabeth falou para sua mãe adotiva.

─── Amanda. ─── Foi o homem ao lado dela quem falou. O rosto era geralmente calmo, exatamente como Elizabeth imaginava que Maya seria se fosse mais velha, e um homem. ─── Nós- ─── Ele respirou fundo, olhando para baixo, para o rosto da esposa. O aceno dela foi quase imperceptível, e Elizabeth viu a mão dos dois se movimentando, segurando uma a outra com força.

─── O que foi? ─── Perguntou, sua voz saindo baixa pela confusão e receio.

Não gostava do olhar deles. Fazia se sentir estranha, como se um segredo estivesse prestes a ser revelado, algo que ela não estava preparada para ouvir. Tudo parecia bem agora, como se a tempestade de antes, causada pela Coisa, finalmente tivesse ido embora e dado espaço para um tempo limpo e ensolarado. Mas dentro de si, uma sensação familiar começava a tomar conta, uma sensação de que a calma era apenas porque algo pior estava vindo.

─── Sua mãe fugiu da prisão, Amanda.

Um peso instantâneo apertou sua garganta, e por um momento, ela não conseguiu respirar. O mundo ao seu redor, que por um breve instante parecia em paz, desmoronou de novo. As paredes que ela havia construído ao redor de si mesma, as defesas que ela cuidadosamente ergueu desde que tudo aconteceu, desmoronaram. O rosto de sua mãe, aquela figura que ela havia temido e odiado ao longo dos anos, voltou à sua mente, a sensação de impotência diante de sua ausência e os horrores de um passado que ela pensava ter deixado para trás.

E agora, como se um pesadelo tivesse voltado, ela sabia que não havia como fugir dessa verdade.

──˚₊ · o primeiro ato finalmente acabou... socorro? 😭😭😭😭😭

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