ㅤㅤㅤㅤ☀︎︎˒ ›ㅤ𝘅𝗶𝗶𝗶. enfrentando seus medos, pt. 1

aviso: a linha do tempo foi alterada.
no filme se passa um tempo antes deles
enfrentarem o pennywise, e eu tomei
liberdade de mudar isso para seguir
o rumo que eu quero com hill house.

⁔︵᰷𖥻⃪᳟ٗ🌫ᨘܱ 1.13 ━ enfrentando seus medos, pt. 1
hill house - vol. 1

Derry, Maine 8:16AM

Quando os primeiros traços de luz iluminaram os olhos de Elizabeth, ela tentou se mexer na cama para virar o rosto e tentar dormir mais um pouco. Ela estranhou ao tentar e não conseguir, porque sua mão estava sendo segurada.

A garota abriu seus olhos com cuidado, piscando algumas vezes para conseguir se acostumar com a luz, e virou o rosto. Ela estava na beirada da cama, e finalmente viu que o que segurava sua mão era a mão de Bill, que estava dormindo tão calmamente no chão ao lado que ela quase esqueceu de tudo que tinha acontecido nos últimos dias.

Elizabeth continuou deitada, tentando organizar seus pensamentos ainda sem soltar a mão de Bill. Era reconfortante, e ela se sentia mais calma assim, e precisava desse sentimento depois das diversas coisas ruins que sentiu em um período tão curto de tempo.

─── Bom dia. ─── Ela ouviu a voz de Bill falhando e voltou para olhar o garoto que começava sentar.

Foi quase impossível não notar o jeito como todo o rosto dele ficou vermelho ao perceber que os dois ainda seguravam as mãos, mas ele também não parecia querer soltar. ─── Bom dia, Bill Denbrough. ─── Eliza disse baixo com um pequeno sorriso, ainda deitada.

E então eles ficaram em silêncio, sem saber o que dizer.

Elizabeth imaginou que fosse por causa de tudo que aconteceu no dia anterior, e tudo que ela disse. Bill tinha descoberto que tudo que sabia e já ouviu sobre ela era uma mentira que mascarava uma verdade horrível, e Elizabeth estava incerta do que fazer por ele ser a única pessoa para quem ela tinha contado tudo isso. Nem mesmo seus "pais adotivos" tinham ouvido ela dizer qualquer coisa sobre aquilo

─── E-Eu vou ver s-se me-meus pais já saíram. ─── Bill falou depois de alguns minutos, soltando devagar a mão de Elizabeth e seguindo até a porta. Ele sequer se preocupou em calçar algo, apenas abriu a porta com cuidado e sumiu da visão de Elizabeth.

─── Não tem discussão, Bill. Eu vou até o poço. ─── Elizabeth afirmou, tentando não se estressar com a discussão que parecia não ter fim.

Quando Bill saiu do quarto mais cedo e descobriu que seus pais realmente já tinham saído, os dois desceram para tomar o café da manhã. Era óbvio que os assuntos dos últimos dias, os únicos que eles realmente sabiam que tinham em comum, viesse a tona em algum momento. E veio com Eliza dizendo que iria atrás de sua amiga.

Ela estava sentada na cama do garoto terminando de amarrando os cadarços de seu tênis, e então se levantou. A loira passou as mãos na calça jeans que tinha trocado assim que levantou e andou até o armário de Bill, guardando sua mochila ali dentro. Ela voltaria pra pegar assim que voltasse do poço junto de Maya.

─── É perigoso. A gente precisa de um plano e dos meninos! ─── Bill exclamou, gesticulando rapidamente com as mãos como se aquilo o ajudasse a se acalmar. Ele estava tão estressado que sequer gaguejou, e normalmente o estresse tinha o efeito contrário.

─── Você não tem que ir comigo! Eu só estou avisando que eu vou. ─── Avisou, virando para ficar de frente para Bill e cruzando os braços. ─── Eu preciso achar a Maya. ─── Eliza sussurrou, desviando o olhar do garoto pelo desconforto de se sentir vulnerável.

Ela ouviu os passos dele e viu quando ele se aproximou, só levantando os olhos quando sentiu uma mão dele em cada um de seus braços. ─── E-Eu preciso fazer isso pelo G-Georgie também. ─── Ele disse da maneira mais firme que conseguiu, mas mantendo o olhar suave. ─── A gente t-tem que pelo m-menos chamar e-eles.

A loira respirou fundo e concordou. ─── Mas vamos na Beverly primeiro, ela vai ajudar a convencer os outros. Pelo menos alguns deles. ─── Ela disfarçou uma careta, seguindo até a porta do quarto.

Richie seria o mais impossível de convencer, na opinião dela, já que ele claramente a detestava. Mas Eliza esperava que talvez ele cedesse por causa de Bill.

─── O-O que você v-vai falar? ─── Bill perguntou atrás de Elizabeth, enquanto os dois se aproximavam do apartamento onde Beverly morava. Eles não tinham conversado durante o caminho, ambas as mentes ocupadas pensando na pessoa que queriam salvar das garras da Coisa.

Elizabeth respirou, pressionando seus lábios um contra o outro. ─── Eu não sei. ─── Sua resposta foi sincera, mas não tinha incerteza. Ela não se preocupou com o que diria para Beverly porque tinha certeza que a amiga escutaria o que quer que ela quisesse falar, principalmente sendo sobre Maya.

A única coisa incerta naquele momento, foram os próximos passos de Elizabeth.

Quando ela se aproximou da porta que ela sabia que dava para o apartamento de Beverly, porque tinham ido ali ajudá-la a limpar os resquícios do ataque da Coisa. Resquícios esses que apenas as crianças aparentavam conseguir enxergar. Essa porta, a mesma que tinham entrado da última vez, estava aberta.

Isso não era anormal na cidade pequena, mesmo com os últimos sequestros algumas pessoas ainda não se preocupavam tanto com isso. Mas Elizabeth sabia melhor, e tinha prestado atenção em como Beverly falava sobre seu pai. Tudo que ela tinha ouvido mostrava que ele não queria ninguém entrando em seu espaço, então não podia ter sido ele. Mesmo a possibilidade de ter sido Beverly parecia improvável.

Elizabeth olhou para trás, vendo que Bill tinha percebido o mesmo e começou a andar com passos cuidados. A garota virou para a frente, enfim alcançando a porta, e deixou seus olhos vagarem na sala que preencheu sua visão. ─── Bev? ─── Elizabeth chamou, entrando na casa.

─── Beverly? ─── Bill perguntou, seguindo a garota para dentro.

Quando viu uma mesa caída na sala, Elizabeth diminuiu os passos até Bill alcançar o seu lado, e continuou andando junto a ele. Os dois ainda chamavam pela garota ruiva, mas não obtiveram qualquer resposta. Seja dela, ou de qualquer outro.

─── Bev? Você tá aqui? ─── Elizabeth tentou mais uma vez quando alcançaram o corredor.

─── E-Eliza. ─── Bill chamou a garota, que cessou seus passos que seguiam para o quarto em sua frente.

Elizabeth se virou, vendo que Bill tinha parado. Quando seguiu o olhar dele para o mesmo banheiro que tinham limpado da última vez, o corpo de Elizabeth ficou totalmente estático.

Havia um homem caído no chão do banheiro, com uma poça de sangue envolvendo seu corpo. Por um segundo, ela era Amanda mais uma vez, e estava parada no quarto onde via o corpo ensaguentado e destroçado de sua irmã. Quando piscou mais uma vez, o próximo corpo era seu pai.

Uma mão em seu ombro fez com que ela voltasse para a banheiro, e ela viu Bill apontando mais uma coisa. ─── "Você vai morrer se tentar". ─── A garota leu a mensagem escrita em sangue, uma letra macabra cobrindo parte do topo da parede e do teto.

Elizabeth respirou fundo antes de voltar a olhar Bill. ─── Ela pegou Elizabeth.

E os dois sabiam, agora iriam resgatar três pessoas da Coisa. Seu grupo caiu em mais um número.

Elizabeth apressou os passos até alcançar a porta da casa de Ben.

Ela e Bill tinham decidido se separar. Era arriscado, com a Coisa à solta, mas precisavam ser rápidos se queriam juntar todos e começar o resgate. Elizabeth tinha ficado com Ben e Mike, enquanto Bill ficou com Richie e Eddie. Quem terminasse primeiro iria atrás de Stanley, que provavelmente precisaria de mais pessoas para ser convencido.

Mesmo Richie seria mais fácil. Com ele seria sim ou não, mas com Stanley seria mais difícil.

─── Ben! ─── Elizabeth bateu na porta, sem conseguir diminuir a força por causa da tensão e ansiedade que corriam pelo seu corpo.

Os sentimentos ruins se aliviaram um pouco quando ela ouviu passos seguidos de uma tranca sendo aberta. ─── Eliza? ─── Ben perguntou confuso, sua voz soando cansada como se ele tivesse acabado de acordar, ou sequer tivesse dormido.

─── A Coisa pegou a Beverly. ─── Era melhor arrancar o band-aid de uma vez. Quanto menos enrolasse, melhor. Mesmo assim doeu quando Elizabeth viu vários sentimentos ruins passando pelos olhos de seu amigo em apenas um segundo. ─── Eu e Bill vamos até o poço. ─── A pergunta estava implícita em seu tom, e ela soube que ele entendeu quando engoliu em seco.

─── A gente vai precisar de lanternas, e armas. ─── Foi tudo que ele disse antes de voltar para dentro da casa.

Pouco tempo depois, menos do que Elizabeth imaginou que levaria, todo o grupo estava reunido na rua da casa onde o poço estava. Elizabeth pedalou mais rápido, mesmo quase não fazendo diferença, e só parou quando chegaram em frente à casa abandonada que seria o fim de tudo. Eles iriam até o poço, tirariam suas amigas e Georgie, destruiriam a Coisa, e tudo teria um fim.

Aquilo precisava acabar.

Elizabeth parou sua bicicleta perto da cerca e desceu, seguindo até Ben que já estava abaixado tirando as lanternas de sua mochila. Eram poucas, e teriam que dividir, mas já seria um avanço importante se o poço fosse escuro, e ela imaginou que seria. Era onde a Coisa vivia, com certeza seria um lugar deplorável, nojento e escuro.

Quando todas lanternas já tinham sido distribuídas e eles seguiram até a porta para entrar na casa, nenhum deles falava nada. Elizabeth sequer conseguia pensar algo além do que faria quando já estivesse dentro do poço. Ela queria pensar em como fazer aquilo dar certo, mas não tinha a menor ideia do que aconteceria.

Bill liderou o caminho mais uma vez, e Eliza estava logo atrás dele. ─── Stan? ─── Todos eles se viraram, vendo que o garoto ainda estava parado fora da casa.

Era isso que Elizabeth imaginou. Por isso ela sabia que precisavam de o máximo de pessoas para conseguir fazer ele vir. Ou Stanley era esperto ou medroso demais, ou, quem sabe, uma mistura estranha dos dois. Ele era o que mais sabia que aquilo era perigoso, mas era o que precisavam fazer. ─── Stan, todos temos que ir. Se a gente se separar igual da última vez, aquele palhaço vai nos matar um a um. ─── Bill falou, encarando o amigo. ─── Mas se fi-ficarmos juntos, todos nós, venceremos. Eu prometo.

A voz de Bill tinha sido firme de alguma maneira, passava segurança. Ele parecia ter certeza de tudo aquilo, e Elizabeth se perguntou se era verdade ou se era uma maneira de fazer com que aquilo tudo fosse menos assustador. Se repetisse muitas vezes, talvez se tornaria verdade. Quem sabe era assim que ele pensava.

Ela não sabia se conseguia acreditar naquilo, tinha tentado se convencer desde que decidiu ir ate o poço, mas, de qualquer maneira, não importava. O que quer que pudesse acontecer com ela, ela só queria encontrar Maya porque o que quer que tinha acontecido com ela era pior do que o que a Coisa já tinha feito com Elizabeth.

Quando Stanley finalmente entrou, Elizabeth voltou a olhar para dentro da casa. Quanto mais rápido fossem, mais rápido todos estariam em segurança.

Eles voltaram a ficar em silêncio, seguindo Bill até o caminho que sabiam que levaria até o poço. Toda a escuridão e velhice da casa não ajudava a acalmar Elizabeth, que sentia seu coração batendo mais rápido e mais rápido, e o suor começando a surgir.

Não demorou até descerem as escadas do porão e pararem na frente do enorme poço. Seus passos ecoavam pelo cômodo silencioso, aumentando o medo de cada um deles.

─── Aí, Eddie, tem uma moeda? ─── Richie perguntou, já parando em frente ao poço.

Eddie logo alcançou o garoto, passando na frente de Elizabeth. ─── Eu que não quero fazer um pedido nessa merda de poço.

Elizabeth sentiu seu corpo arrepiar quando parou na frente das pedras e encarou a imensidão que seguia, parecendo não ter fim mesmo quando todos que seguravam uma lanterna apontaram para dentro. Sua mão seguiu um caminho consciente até a mão livre de Bill, que estava do seu lado.

─── Beverly? ─── Ben chamou, sua voz ecoando pelo poço.

A garota sentiu sua mão sendo puxada, com quase nenhuma força, para trás e viu que Bill queria checar algo. Ela ficou aliviada por ele ter chamado ela, com o pedido silencioso, em vez de soltar sua mão, porque agora aquilo estava ainda mais real e ela estava morrendo de medo. Não que ela admitiria isso em voz alta, mesmo imaginando que a Coisa conseguiria sentir de qualquer jeito.

Bill apontou a lanterna para uma corda jogada no chão, pouco na frente de onde eles olhavam. ─── Vamos usar a-aquilo. ─── Eliza concordou com a cabeça, e teve que soltar a mão dele para pegar a corda com suas próprias mãos trêmulas.

Quando se virou de novo, Elizabeth imaginou que os outros ouviram o que ele disse, ou viram ela se abaixando para pegar a corda, porque todos estavam a encarando. ─── Me dá, por favor. ─── Mike pediu, e ela entregou a corda nas mãos do garoto.

Todos observaram quando ele fez o primeiro nó, dizendo que era para se apoiarem melhor, e depois tentaram ajudar como conseguiam para fazer diversos nós o mais rápido possível. Suas mãos estavam ardendo depois de mexer com a corda tantas vezes, mas Elizabeth não se importou porque era melhor essa dor do que a dor de cair em queda livre até o fim do poço.

Mike também foi a pessoa que amarrou a corda no poço, deixando firme para que conseguissem descer sem precisar que alguém segurasse e sem o perigo dela soltar. Sem dizer nada, Bill subiu até ficar em pé nas pedras que formavam o círculo do poço.

Elizabeth e Eddie, que estavam mais próximos, tentaram segurar o garoto para ajudar a deixá-lo o mais firme possível enquanto Mike conferia a corda mais uma vez. Quando ele viu que estava tudo certo, Mike deu um aceno de cabeça para Bill, e Elizabeth soltou o garoto de maneira relutante.

A corda estava firme, mas ela ainda estava receosa. Tinha medo de que algum de seus amigos caíssem, e queria ser a última para se certificar disso. ─── Vai. ─── Mike deu um tapinha nos ombros de Eddie, quando Bill já tinha descido o suficiente.

Elizabeth conseguiu enxergar a luz de Bill no fundo do poço, e isso ajudou. Saber a profundidade era bom. Não era pouca, mas não chegava a ser uma quantidade tão assustadora. ─── Vai, Eliza. ─── Ben chamou, e ela desviou o olhar do poço. Ela estava tão focada no brilho da lanterna que sequer viu quando Stanley desceu após Eddie.

A garota negou com a cabeça. ─── Eu quero ir depois de vocês.

─── Pra ter certeza que você não vai morrer, princesa? Deve ser mais fácil mesmo deixar todo mundo na sua frente pra ver se eles caem primeiro. ─── Richie sequer olhou para ela enquanto subia no poço e segurava a corda.

─── Não é hora disso, Eddie. ─── Mike repreendeu, a tensão palpável na sua voz. Não era por ter carinho por Elizabeth, ela tinha certeza disso e isso não a ofendia, afinal eles nem se conheciam direito. Ela esperava que conseguisse depois que tudo acabasse.

Eddie deu de ombros, e Elizabeth continuou ignorando.

Ele podia achar o que quisesse, ela sabia seus motivos. Não perderia tempo discutindo com ele quando a vida de outras crianças estavam em risco e ela poderia usar esse tempo para salvá-las.

─── Eliza.. ─── Ben chamou mais uma vez, e ela negou de novo. Seu amigo não discutiu, e ela ficou feliz por isso, mesmo que ele tivesse dado um olhar apreensivo antes de descer.

Elizabeth continuou olhando o poço enquanto ele descia, ainda observando a corda para qualquer tremor perigoso assim como fez com Bill, Eddie e Richie. Ela queria ter feito o mesmo com Stanley, mesmo já sabendo que não deu nada errado, mas tinha ficado muito distraida com a profundidade do poço.

─── Pode ir, Mike.

Ele negou. ─── A corda aguentou até aqui. Eu não vou cair, nem você. Pode ir primeiro.

A inglesa abriu a boca para dizer de novo para ele ir, mas aí ela estaria discutindo. Mesmo que não fosse uma discussão de ódio como seria com Richie, ela ainda estaria gastando tempo.

─── Pelo menos se você cair eu vou amortecer sua queda. ─── Ela brincou, mas sua voz saiu séria. Eliza estava ansiosa e nervosa, e não era uma boa combinação.

─── Ninguém vai cair. ─── Mike confortou ela mais uma vez. Ele segurou o braço dela para mantê-la firme enquanto ela se posicionava na corda.

Quando começou a descer, Elizabeth manteve os olhos nas pedras em sua frente. Só desviou uma vez quando já tinha descido uma altura razoável, para conferir se Mike estava atrás de si ─ e estava. Ela não queria olhar para baixo, não pela altura, mas porque não queria sentir antes da hora que tudo aquilo estava realmente começando.

De qualquer maneira, não fugiria. Só tinha fugido uma vez. Ela salvaria Maya como não tinha conseguido fazer com sua irmã, e isso era tudo em que ela queria pensar. Amanda deixaria Eliza orgulhosa, onde quer que ela estivesse.


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