ㅤㅤㅤㅤ☀︎︎˒ ›ㅤ𝘅𝗶. a verdade
❛ não era pra ser assim, mas
não podiam esperar algo além
durante uma situação daquelas ❜
⁔︵᰷𖥻⃪᳟ٗ🌫ᨘܱ 1.11 ━ a verdade
hill house — vol. 1
Derry, Maine ━ 5:59PM
Elizabeth abriu os olhos novamente quando sentiu seu corpo começar a rolar para o lado quando suas costas bateram no telhado da casa ao lado e, por pouco, conseguiu parar a queda ao colocar os pés na ponta de uma telha. Finalmente se sentindo capaz de respirar novamente, a garota olhou para a janela de onde havia pulado, esperando achar algo, mas não encontrou nada.
A Coisa conseguia ver com tanta clareza o que tinha acontecido com ela? Sinceramente, ela não sentiu a menor vontade de descobrir aquilo naquele momento. O que importava era que Maya não estava lá, a Coisa deve ter usado a voz de sua amiga para atrair ela até o terceiro andar e, assim, aterrorizar ela.
De repente, algo clicou na mente da loira e ela percebeu que, se aconteceu com ela, algo similar provavelmente havia acontecido com seus amigos.
Olhando para baixo, Elizabeth se apoiou devagar na beirada do telhado e, com um pequeno pulo, aterrissou na varanda da casa. Assim que colocou os pés no chão, a garota saiu correndo da varanda e voltou até a rua para voltar até a casa ao lado.
Assim que ela parou na frente da casa, tomou um susto quando todos os outros saíram correndo gritando. Ela arregalou os olhos ao ver um corte na barriga de Ben, estando a mostra pela barriga, e ao ver Eddie segurando o braço como se tivesse machucado.
─── Vocês! Vocês fizeram isso! ─── A mãe de Eddie apontou o dedo na direção de cada um dos adolescentes enquanto segurava a mão de Eddie com sua mão livre. ─── Sabem que ele é muito delicado. ─── Ela disse enquanto levava o garoto na direção do carro.
Assim que Elizabeth havia chegado na outra casa, tudo que seus amigos disseram era que precisavam levar Eddie até a sua casa e, enquanto Bill levava Eddie na sua bicicleta, Elizabeth se ocupou em levar a do garoto machucado.
─── F-Fomos atacados, Sra. K. ─── Bill tentou argumentar com a mulher, mas ela estava muito irritada.
─── Para. Nem tente culpar outra pessoa. ─── Ela gritou, mexendo no chaveiro em sua mão e, pela pressa, deixando ele cair na frente do grupo. Por estar na frente, Beverly se abaixou para pegar.
─── Eu pego. ─── A ruiva se abaixou, mas foi interrompida pela mulher. Antes que Beverly pudesse pegar, a mãe de Eddie se abaixou e pegou a chave.
─── Se afasta! ─── Gritou com a garota e, depois que pegou a chave, começou a se aproximar para ficar cara a cara. ─── Eu já ouvi falar sobre você, senhorita Marsh, e não quero uma garota suja como você tocando no meu filho.
Elizabeth ficou desconcertada com a maneira como a mulher agia, e provavelmente os outros também ficavam porque todos, exceto Bill, continuaram parados. ─── Sra. K., e-eu-
─── Não! ─── Ela gritou, interrompendo o garoto novamente. ─── Vocês são monstros! Todos vocês. Fiquem longe do meu Eddie. Ouviram? Acabou! ─── Todos se mantiveram em silêncio enquanto a mulher dava a volta e entrava no carro. Elizabeth engoliu em seco ao olhar para o carro e ver Eddie segurando o choro.
O grupo começou a andar até a rua, todos se mantendo calados até que Bill se pronunciou. ─── Eu vi o poço. S-Sabemos onde a Coisa está e na próxima vez estaremos bem mais preparados.
─── Não! ─── Stanley exclamou, cansado de toda aquela perseguição com a Coisa. ─── Não vai ter próxima vez, Bill! Você tá maluco!
Elizabeth se sentou na calçada enquanto olhava cansada para os amigos. Ela não sabia o que fazer, mas brigar agora ia ser o pior. ─── Por quê? ─── Beverly perguntou, olhando para Stanley. ─── Sabemos que ninguém além da gente vai fazer alguma coisa.
─── O Eddie quase morreu! ─── Richie gritou, parecendo chegar ao seu limite. O garoto andou até Ben e apontou para a ferida aberta na barriga do garoto. ─── E olha esse filho da mãe aqui. Ele tá vazando ketchup!
─── Não dá pra fingir que essa coisa vai embora. ─── A ruiva disse, andando na direção de Ben. ─── Ben, você mesmo disse que ela volta a cada 27 anos.
Mas assim como todos, Ben também estava cansado de toda aquela situação. ─── Tá! E eu vou tá com quarenta anos bem longe e você também disse que ia sair da cidade. ─── Ele falou, apontando para Beverly. Elizabeth encostou a cabeça em seus joelhos, sentindo tudo começar a girar conforme eles passavam a discutir mais.
─── Porque eu quero ir atrás de alguma coisa. ─── A garota retrucou. ─── Eu não quero fugir.
─── Desculpa aí mas quem convidou a Molly Ringwald pro grupo? ─── Richie se intrometeu.
─── Pelo menos a gente quer fazer alguma coisa pra ajudar. Bill foi seu amigo primeiro e você só reclama desde que tudo começou. ─── A loira retrucou, levantando a cabeça e olhando para o garoto pela primeira vez. A fala da garota, entretanto, pareceu deixar o garoto com mais raiva.
─── E como exatamente você vai ajudar? ─── Ele perguntou sarcasticamente, frisando a palavra. A garota apertou o próprio punho enquanto tentava se acalmar, sentindo o seu próprio limite chegar.
─── Fazendo qualquer coisa, Richie. ─── Apesar de ter dito calmamente, a raiva estava dominando o olhar da garota, que permanecia direcionado a Richie.
─── Porque você sabe muuito sobre perder alguma coisa. ─── O garoto mexeu as mãos sarcasticamente. Elizabeth se levantou no mesmo instante e, por terem a mesma altura, acabou ficando cara a cara com o garoto. ─── Sua vida deve ser muito difícil mesmo, princesa.
─── Você não sabe nada, nada do que eu passei, idiota. ─── A garota falou entredentes, mas o garoto também não se deixou intimidar.
─── Claro, porque seu mundo deve ter acabado quando o papaizinho demitiu o seu mordomo. ─── Assim que o garoto disse isso, todos viram o olhar no rosto de Elizabeth mudar claramente. Dessa vez até mesmo Richie sentiu o seu olhar vacilar devido à intensidade no rosto da garota.
─── R-Richie, cala a- ─── Bill começou a falar, querendo interromper aquilo tudo antes que piorasse, mas já era tarde demais. O limite da garota havia chegado ao fim.
─── Não! ─── Ela se virou para Bill por um segundo antes de voltar a olhar para Richie. Suas sobrancelhas se franziram com a raiva enquanto ela se aproximou mais, seu nariz quase tocando o do garoto. ─── Você quer mesmo saber, Richie? Você se acha melhor do que eu? Se acha mesmo? ─── A garota praticamente cuspiu as palavras na cara de Richie, que se mantinha parado olhando ela.
─── Elizabeth.. ─── Bill a chamou enquanto se aproximou. O garoto esticou a mão para tentar segurar o braço dela, para acalmar, mas a inglesa se afastou dele. Na verdade, se afastou de todos.
─── Não! Não existe Elizabeth Hill, nunca existiu! ─── Ela encarou todos eles, tão exausta que nem se importava mais.
Todos os adolescentes encaravam ela sem dizer nada, somente um deles conseguiu entender o que ela realmente queria dizer. Não por saber a verdade, mas por já ter suspeitado dela.
─── A minha vida inteira acabou por causa de uma noite! Eu perdi todo mundo que eu amava e vocês ficam cantando sobre isso como se fosse a merda de uma música pra brincar? ─── A loira se virou de costas para eles por alguns segundos, colocando as mãos nos cabelos para tentar se controlar.
Ninguém ousou dizer nada, afinal o que eles poderiam dizer?
─── Vocês sabem o que é ver a própria mãe matar duas das pessoas que mais importam no mundo pra você? Sabem o que é ver a pessoa que você mais admirava no mundo se tornar uma assassina? ─── Ela praticamente gritou. A dor que ela sentia e havia acumulado durante todos aqueles anos finalmente tinha saído. ─── Qual é o problema de vocês?!
E, sem dizer mais nada, ela deixou todos eles parados ali. Elizabeth ignorou todos os chamados e saiu correndo em direção ao seu lugar.
A garota passou toda a noite no seu lugar seguro.
A torre de relógio, mesmo escura e quase vazia, estava a fazendo se sentir melhor. Na verdade, ajudava ela a se sentir protegida e trancada no melhor jeito. Ninguém poderia alcançar ela ali, então ela estava livre para fazer o que ela quisesse.
Era quase impossível a acharem ali, não que ela imaginasse que alguém fosse procurar. Todos estavam exaustos da situação, quase nenhum deles queria continuar o que quer que fosse aquela caça.
Depois que ela encontrasse sua amiga, iria embora dali assim que se formasse. Com sorte conseguiria falar com os Hill e continuar seus estudos em outro lugar, mas ela sequer sabia se teria a capacidade de fazer isso.
Sua cidade natal era um marco amaldiçoado na sua vida, e Derry estava se tornando outro.
─── Hush, little baby don't say a word. Papa's gonna buy you a mocking bird. ─── A voz embargada da adolescente cantou baixinho, apenas para si mesma. Ela se sentava no chão em um dos cantos da torre, abraçando seus joelhos e escondendo seu rosto.
E durante aquela noite Amanda chorou, não Elizabeth.
Por uma tarde em tantos anos, ela deixou sua “antiga identidade” tomar o controle de seu corpo e sentiu pela sua família. As lembranças assombraram toda a mente da inglesa, não apenas a parte que ela reviveu poucas horas antes.
Amanda sentiu por seu pai, sentiu por sua irmã, sentiu por si mesma. E, mesmo que não quisesse admitir, sentiu por sua mãe.
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