ㅤㅤㅤㅤ☀︎︎˒ ›ㅤ𝘃𝗶𝗶𝗶. missão de resgate
❛ era surpreendente como
pessoas tão diferentes tinham
tantas coisas em comum.
sejam elas palhaços ou
bullys idiotas. ❜
⁔︵᰷𖥻⃪᳟ٗ🌫ᨘܱ 1.08 ━ missão de resgate
hill house — vol. 1
Derry, Maine ━ 3:32PM
Elizabeth estava sentada na calçada em frente à sua casa. Depois de ouvir a risada da Coisa, sabendo que aquilo tudo era uma provocação, ela reuniu todas as suas forças para secar as lágrimas em seu rosto e impedir as outras de cair, e seguiu para o segundo andar para tomar um banho e limpar sua mente.
Dessa vez ela estava tão decidida que nem mesmo as vozes incomodaram Elizabeth, tudo que ela fez foi ignorar as vozes infantis que cantavam repetidamente a mesma música. Após colocar uma calça e blusa qualquer, a inglesa amarrou seus tênis e saiu de casa. Ela estava decidida a ir atrás de informações e salvar Maya, custe o que custar.
Durante uma hora e meia, Elizabeth repassou tudo que havia acontecido desde sua chegada e que pudesse envolver Maya, a Coisa e os outros desaparecidos.
Se o que havia acontecido com Maya fosse pessoal igual a intuição de Elizabeth dizia ─ e ela nunca estava errada ─, aquilo havia sido pessoal. Até onde a loira sabia, a Coisa não lia mentes e, apesar de não duvidar de nada a esse ponto, ela decidiu seguir com essa informação, e isso significava que a Coisa podia sair de sua casa. Ela já havia chegado a essa conclusão porque não tinha como a Coisa sequestrar as outras crianças estando presa.
E essa era uma das coisas que mais a incomodava: por que a Coisa ficou tanto tempo na Casa se, em teoria, ela poderia sair? Ou isso significava que alguma coisa estava a prendendo lá até certo tempo atrás? E, se algo, ou alguém, estivesse a mantendo presa, como e por que estava fazendo isso?
E, principalmente, o que Elizabeth havia feito para a Coisa decidir a atacar pessoalmente? Até onde ela sabia, ela era a única que tinha uma relação com a Coisa, se é que poderia ser chamado assim, então os outros desaparecimentos não teriam sido pessoais. Teriam sido uma necessidade, uma vontade, uma ordem?
Não, ela não pensava que algo mandava na Coisa. Além de sentir que era uma Coisa relativamente livre, tudo mostrava que a Coisa tirava proveito da dor que causava, e gostava dela.
─── Elizabeth? ─── Uma voz ansiosa fez com que ela se assustasse, levantando os seus olhos, que haviam se arregalado com o susto, para encontrar a figura de Bill Denbrough em sua bicicleta parada em sua frente. ─── Beverly precisa de ajuda. Ela disse que é urgente. ─── E, sem dizer nada, a garota se levantou rapidamente e se sentou na traseira da bicicleta de Bill.
─── Até que enfim! ─── A voz de Beverly, quase sem fôlego, foi ouvida assim que as cinco bicicletas pararam ao lado do prédio. Elizabeth saiu assim que Bill parou, e seguiu até a direção da ruiva.
Devido a sua preocupação com Maya e o medo de algo acontecer com qualquer um de seus amigos, a inglesa segurou as mãos de Beverly assim que parou em sua frente e começou a analisar a garota. ─── Tá tudo bem? ─── Ela perguntou, vendo a garota engolir em seco e olhar para todos eles, antes de voltar o olhar para Elizabeth e dizer:
─── Eu tenho que mostrar uma coisa pra vocês.
E Elizabeth nunca teria acredito se a ruiva tivesse dito. Mesmo agora, parada na frente da porta do banheiro do apartamento de Beverly, ela ainda não conseguia acreditar.
A inglesa quase sentiu seu queixo cair do corpo enquanto olhava para o banheiro inteiramente sujo de sangue. Todas as paredes, o chão, a banheira, pia e todas as outras coisas que se encontravam lá dentro estavam cobertas de sangue. Ninguém disse nada, mas ela tinha certeza que era sangue. Ela sabia.
─── Estão vendo? ─── A voz de Beverly soou nas costas de Elizabeth, soltando um suspiro de alívio ao ouvir Eddie confirmar.
─── O-O que aconteceu aqui?
Beverly se aproximou mais da porta ao responder Bill, olhando para o banheiro novamente, mas com um olhar diferente agora que sabia que ela não era a única vendo aquilo. ─── Meu pai não viu, e eu achei que tava ficando louca.
─── Eu acho que todos nós já estamos loucos. ─── Elizabeth sussurrou antes de respirar fundo e entrar no banheiro, sentindo todos os olhares em suas costas. Ao se virar, ela viu Bill encarar o banheiro mais uma vez antes de olhar para Elizabeth e entrar no banheiro.
─── N-Não podemos deixar isso assim. ─── Ele disse, mais para os outros amigos que estavam fora do lugar.
A inglesa estava tão concentrada na limpeza que não sabia dizer quanto tempo havia se passado desde que começaram a limpar o banheiro de Beverly, mas, quando acabaram, ela se encontrou totalmente aliviada com o resultado. Não havia uma menor mancha que provasse o estado antigo do banheiro.
─── Finalmente. ─── Ela ouviu Eddie sussurrar ao seu lado, para ninguém específico, quando estavam abaixados para amarrar os sacos de lixo que continham tudo que usaram para a limpeza. A garota deu um sorriso de lado, entendendo exatamente como o garoto estava se sentindo.
Ao se levantar com um saco de lixo em mãos, a loira se virou para a ruiva. ─── Onde podemos jogar isso, Beverly?
─── Sabe a escada que subimos? Tem uma lixeira embaixo dela. ─── A garota respondeu, acenando em agradecimento quando os amigos saíram com os sacos de lixo em mãos. Afinal, ela teria demorado uma eternidade se estivesse sozinha. Na verdade, tinha certeza que não conseguiria entrar naquele banheiro de novo se não estivesse acompanhada.
Elizabeth deu uma última olhada no banheiro ao virar o corredor, vendo que Beverly e Bill haviam ficado para trás, e continuou andando ao lado dos outros garotos até a saída do apartamento de Beverly. Enquanto andavam em direção à escada que haviam subido, Elizabeth decidiu quebrar o silêncio com algo que estava curiosa.
─── Por que Richie me odeia? ─── A garota podia jurar que os dois garotos em sua frente ─ Ben havia ficado pra trás em algum momento ─ tropeçaram ao ouvir sua pergunta, mas ela permaneceu em silêncio enquanto esperava uma resposta.
─── Olha, ele é um idiota, mas você tem que entender o lado dele. ─── Eddie começou a falar, percebendo que Stanley iria permanecer calado. ─── Talvez ele se sinta mais intimidado porque você é uma garota, mas o importante é que você nunca falou com a gente. E, de repente, você está andando com a gente.
Elizabeth concordou em silêncio, passando a ouvir Stanley, que resolveu se pronunciar. ─── Ninguém aqui te conhece. Todos nós nos assustamos um pouco, mas ele tem o pior temperamento.
─── Eu acho que consigo entender isso, mas isso é de antes de eu falar com vocês. ─── Ela olhou para os dois garotos mais uma vez antes de pisar na escada, que agora estava na frente deles. ─── Todas as vezes que ele me olhava antes era com desprezo. Eu só não entendo o por quê.
Os dois continuaram em silêncio, sem saber o que falar, e Elizabeth não falou novamente. Se eles, que eram amigos próximos do garoto, não sabiam, então ela com certeza não conseguiria desvendar todas as camadas do que quer que fosse aquilo e descobrir a verdade atrás da raiva que Richie sentia em relação a ela.
─── E aí? O que que era? ─── Os três ouviram a voz de Richie perguntar quando o garoto os viu descendo a última volta da escada. ─── Ela tá de mudança? ─── Ele perguntou ironicamente ao ver os sacos de lixo que ocupavam as mãos de Elizabeth e dos garotos, se aproximando enquanto eles os jogavam na lixeira que Beverly disse que havia ali.
─── É melhor esperar o resto. ─── Eddie disse, sem saber como explicar o que aconteceu, e os outros dois concordaram.
Elizabeth decidiu se sentar no chão ao lado das bicicletas, seguida por Stanley e Eddie, que também estavam cansados. Ela nunca pensou que limpar um banheiro pequeno seria tão difícil assim, muito menos em um número tão grande de pessoas, mas parecia que as manchas não iriam sair nunca.
A cada minuto que passava na companhia de Richie Tozier, Elizabeth sentia cada vez mais certeza de que ela era quem deveria odiar o garoto, e não o contrário. ─── Me amarrei em ser o porteiro particular de vocês. É sério, podiam ter demorado mais.
Todos reviraram os olhos com a fala do garoto, e foi certamente cômico a maneira como todos falaram em um quase coro: ─── Ah, cala a boca, Richie.
─── Ah, tá. Debocha do boca suja aqui. ─── Ele falou, enquanto continuava a circular com sua bicicleta ao redor dos amigos, que estavam caminhando enquanto seguravam as suas. Elizabeth, por sua vez, andava ao lado de Beverly. ─── Só que não era eu que estava limpando o chão do banheiro imaginando que a pia dela era a vagina da mãe do Eddie no Halloween.
─── Se a gente tivesse imaginando alguma coisa, não seria isso. ─── Elizabeth falou, encarando o garoto com uma sobrancelha arqueada.
─── Ela tá certa, Richie. Não foi imaginação. ─── Bill falou, diminuindo o passo. Quase que inconscientemente, todos fizeram o mesmo ao perceberem isso. ─── Eu ta-também vi uma coisa.
Stanley parou para encarar o amigo. ─── Também viu sangue?
─── Não. Sangue, não. ─── Ele discordou com um movimento da cabeça. ─── Eu vi o-o G-Georgie. E parecia tão real. ─── Bill continuou, franzindo a testa enquanto relembrava do que havia acontecido. Ele ainda não conseguia acreditar. ─── Parecia que era ele, mas tinha aquele...
─── Palhaço. ─── Eddie completou a fala do amigo, e Elizabeth prendeu a respiração. Não era possível que ela não era a única vendo a Coisa. ─── É, eu vi também. ─── E então Bill passou a olhar para cada um dos amigos, todos concordando, exceto Richie. Fazia sentido, já que todos conseguiram enxergar o banheiro sujo de Beverly, mesmo quando ela mesma disse que o próprio pai havia entrado lá e não tinha visto nada.
─── Peraí, só virgens enxergam essas coisas? É por isso que eu não to vendo nada? ─── Ao ouvir Richie, Elizabeth ficou incrédula com a fala dele. Será que ele não conseguia falar sério hora nenhuma? Era algum tipo de alergia ou só falta de noção?
Os outros adolescentes se olharam, todos presos no pensamento de que não eram os únicos vendo o que quer que tenha sido aquilo. Queriam entender se havia um significado oculto por trás de tudo aquilo, queriam saber se era um sinal de que seriam sequestrados. Talvez as outras crianças tenham visto alguma coisa antes de desaparecerem.
Todos eles se sobressaíram quando começaram a ouvir gritos vindo de trás das árvores que estavam um pouco à frente do caminho que estavam seguindo, e então Eddie foi o primeiro a notar um carro mal estacionado na mesma direção dos gritos. ─── Droga, é o carro do Belch. É melhor a gente se mandar daqui.
Próxima do carro, Bill percebeu uma bicicleta estava jogada no chão. ─── Não é a bicicleta do menino que estuda em casa?
Ao ouvir a fala do garoto, Elizabeth focou seus olhos na bicicleta. ─── É, eu acho que é a bicicleta do Mike.
─── Temos que ajudar ele. ─── Beverly disse e ao trocar um olhar rápido com a loira ao seu lado, soltou a bicicleta e as duas começaram a correr. Elas conseguiram ouvir Richie dizer "Você acha?" e, pelo som que se seguiu, sabiam que os meninos haviam soltado as bicicletas e seguido na mesma direção delas.
Elizabeth agradeceu por ter escolhido vestir uma calça, porque conseguiu descer pela floresta sem se preocupar com nada além das pedras e buracos no caminho. Com a distância diminuindo, ela conseguiu perceber a voz de Bowers misturada com as de seus amigos e, instintivamente, olhou na direção de Ben, que também tinha ouvido.
A inglesa sentiu seu sangue ferver ao se deparar com mais uma cena da gangue de Henry Bowers assediando outro adolescente ─ Mike, assim como haviam imaginado. O garoto estava caído no chão, com a cara jogada nas carnes que estavam espalhadas nas pedras, e os outros garotos o empurravam e chutavam no chão.
A garota viu quando Mike, depois de alguns segundos olhando assustado na direção de um ponto entre as árvores, tentou se levantar mas falhou ao ser chutado no rosto por Bowers, que se posicionou em cima dele. Com isso, a inglesa apressou seu passo e correu na frente de seus amigos, sentindo seu coração bater mais rápido ao ver Bowers levantar uma pedra ao encarar Mike. E então, ela viu Beverly mirar uma pedra na direção do garoto e acertar em cheio na sobrancelha de Bowers.
E Elizabeth não negaria se perguntassem: a satisfação que ela sentiu foi imensa. ─── Mandou bem. ─── Ela falou para a ruiva, com um pequeno sorriso.
Todos se abaixaram para pegar um pedra, observando o grupo de Bowers parado do outro lado da água. Elizabeth desceu um pouco mais quando viu que Mike se arrastava na direção da margem deles, se abaixando um pouco e esticando a mão para ajudar eles pra subir.
E Bowers, ao perceber que Beverly havia atirado a pedra, começou a fazer a única coisa que sabia: ser um filho da puta. ─── Não precisa se exibir pra ela. Ela vai dar pra vocês. ─── Assim que Mike estava ao lado deles, a loira sentiu suas emoções atingindo o limite. ─── É só pedir com jeitinho, como eu fiz.
Sem esperar mais um segundo, Elizabeth jogou a pedra bem no rosto de Bowers. ─── Você não consegue ter nada com qualquer pessoa nem se quiser. ─── Ela falou, revirando os olhos e segurando um sorriso ao ver o garoto se abaixar com a nova onda de dor acertando seu rosto. E de novo quando Ben acertou mais uma pedra em cheio na testa de Bowers.
Em um piscar de olhos, uma guerra de pedras havia começado.
Elizabeth, assim como os outros, só continuava jogando cada vez mais pedras, descontando toda a raiva que tinha do grupo de Bowers enquanto tentava fazer eles irem embora. E, felizmente, eles logo perceberiam que estavam em grande desvantagem tanto quanto ao número de pessoas quanto ao tamanho da raiva. Os dois amigos de Bowers saíram correndo sem pensar duas vezes, deixando o garoto caído no chão.
A inglesa, se recusando a olhar para Bowers de novo, ignorou o olhar do garoto na direção do grupo e saiu. Tudo que ela ouviu foi uma fala de Richie, a primeira que não a incomodou em muitas horas:
─── Vai chupar seu papaizinho, seu caipira babaca!
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