ㅤㅤㅤㅤ☀︎︎˒ ›ㅤ𝗶𝘃. perseguidos

❛ e no fim todos tinham algo
em comum... henry bowers. ❜

⁔︵᰷𖥻⃪᳟ٗ🌫ᨘܱ 1.04 ━ perseguidos
hill house — vol. 1

Derry, Maine4:51PM

─── Essa é hera venenosa, e essa é hera venenosa e.. Essa aí também. ─── Stanley dizia enquanto apontava para plantas que estavam ao redor do espaço onde ele e seus amigos se encontravam.

Assim como Bill havia pedido, o Clube dos Otários estava na saída do esgoto de Derry para ver se encontravam alguma pista sobre o irmão desaparecido do mais velho.

As bicicletas se encontravam jogadas no terreno ao lado do riacho. ─── Cadê? Onde está a hera venenosa? ─── Eddie perguntou, com a voz um pouco assustada, para o amigo ao seu lado. Todos sabiam como a mãe do garoto o fez ser cismado com doenças e qualquer tipo de machucado.

─── Em lugar nenhum. ─── Richie disse, enquanto se virava para trás de maneira que conseguisse olhar para os dois amigos. O garoto estava quase ao lado de Bill, que se encontrava parado no lugar onde terminava a saída do esgoto. ─── Nem toda planta é uma hera venenosa, Stanley.

Depois de poucos minutos os garotos começaram a entrar no lugar, enquanto Bill estava mais a frente segurando uma lanterna. ─── Tá bom, eu já tô começando a me coçar e eu tenho quase certeza que isso não é bom pra minha.. ─── Eddie começou a dizer, até ser interrompido pelo garoto de óculos mais a sua frente.

─── Você usa o mesmo banheiro que a sua mãe? ─── Richie perguntou, e não precisava ser um gênio para saber que ele falaria alguma besteira, como sempre, então Bill nem se deu ao trabalho de prestar atenção. O garoto continuou a seguir seu caminho devagar, sentindo a água suja bater na parte mais baixa de sua perna e seu pé.

─── Não sinto cheiro de caca, senhor. ─── Richie falou, forçando uma voz mais grossa, após seu amigo ter começado a falar sobre a água cinza na qual eles estavam andando (exceto o próprio Eddie e Stanley, que se mantiveram parados na saída onde o mais velho do grupo estava alguns minutos atrás). O garoto também segurava um galho que estava jogado em um canto, enquanto aproximou a ponta molhada pela água perto de seu nariz.

O outro garoto não conseguiu evitar uma careta. ─── Ah, tá legal! Eu tô sentindo daqui!

Assim como em todos os outros dias, a dupla começou uma pequena discussão que foi interrompida pela voz de Bill após alguns segundos. ─── Galera! ─── Todos passaram a olhar para o mais velho quando ele gritou, percebendo que ele estava segurando um tênis com a mão esquerda e a lanterna, apontada para o tênis, com a sua mão direita.

Stanley, que estava quase encostado na parte de concreto ao seu lado, foi o primeiro a se pronunciar. ─── Não me diga que isso é...

─── Não. O-O Georgie tava usando galocha. ─── Bill o respondeu. Richie, que era o único que estava lá dentro com o outro, se aproximou do amigo para segurar o tênis em suas mãos. 

Os garotos sabiam que poderia ser de outro dos desaparecidos daquele ano, então Eddie fez a pergunta mais importante para o amigo. ─── Então de quem é esse tênis?

Richie e Bill trocaram um pequeno e rápido olhar antes do mais velho apontar a lanterna para a parte de dentro do tênis, para que eles pudessem enxergar melhor se tivesse alguma coisa escrita dentro do mesmo (já que algumas das crianças de Derry costumavam assinar seus tênis). O de óculos foi quem percebeu o nome "B. Ripsom" escrito.

─── É da Betty Ripsom. 

─── Que merda! Meu Deus, que droga! Não tô gostando disso. ─── Eddie começou a dizer, mexendo suas mãos de maneira que expressava o nervosismo que o garoto sentia naquele momento, e franzindo seus lábios assim que terminou de falar.

─── E você acha que a Betty gostou? De correr por esses túneis com um pé descalço? ─── Richie perguntou, de maneira retórica, enquanto se levantava em um pé e começava a rir. Todos seus amigos o encaravam com uma expressão de quem não acreditava no que ele havia acabado de falar, afinal a garota estava desaparecida e não era hora de brincar com coisas que poderiam ter acontecido.

Após pouco tempo os dois garotos continuaram a seguir para dentro dos túneis, enquanto a outra metade do quarteto se mantinha parada na saída. ─── Anda logo, Eddie.

─── Minha mãe vai ter um aneurisma, entendeu? Se ela descobrir que eu brinquei aqui embaixo. É sério! ─── O garoto respondeu, e ninguém realmente duvidava daquilo que ele havia acabado de falar. ─── Bill? ─── Ele chamou seu amigo, como se perguntasse o que ele estava achando.

O garoto se virou para seus amigos na saída. ─── S-Se eu fosse Betty Ripsom, eu ia querer que me encontrassem. O G-Georgie também.

E se não quiser encontrar eles? ─── Eddie perguntou, suavizando mais sua voz após dizer as seguintes palavras: ─── Não quero te magoar, mas não quero acabar do mesmo jeito que o Georgie.

Assim que ouviu a frase, Richie passou a encarar o amigo ao seu lado de maneira preocupada. Eles trocaram um olhar rapidamente e o garoto percebeu que ele estava com os olhos prestes a se encherem de lágrimas, afinal era de seu irmão que estava falando. ─── Eu não quero desaparecer. ─── Eddie terminou de falar o que estava dizendo.

Dessa vez foi Stanley quem se pronunciou. ─── Ele tem razão.

─── Vo-Você também? ─── Bill perguntou, se virando para o garoto que havia terminado de falar. Richie parecia ser o único disposto a fazer aquilo, apesar do mais velho não ter certeza de que o amigo acreditava que seu irmão poderia estar vivo ou que poderia ser encontrado.

─── É verão! Era pra gente tá se divertindo. ─── Stanley se explicou, com a voz começando a ficar afetada. ─── Isso aqui não é divertido. Isso é assustador e nojento. ─── Ele teria continuado a falar se não tivesse sido interrompido por um barulho atrás dele, um barulho vindo do riacho. 

Todos os quatro se viraram para ver o que havia causado aquele barulho, e tudo que encontraram foi Ben Hanscom caído de joelhos no riacho, com água até sua cintura. O mais curioso para eles foi o fato de Elizabeth Hill estar ao seu lado, também caída mas parecia mais preocupada em olhar para o caminho de onde eles vieram do que em se levantar.

Por algum motivo, a dupla não havia percebido a presença dos outros garotos. Não haviam nem mesmo ouvido as pequenas discussões. Eles estavam muito preocupados em continuar correndo e a adrenalina tinha bastante culpa por eles não terem ouvido os outros garotos ali. ─── Que droga! O que aconteceu com você? ─── A voz de Richie Tozier assustou a dupla, que se virou na direção.

Elizabeth encontrou os olhos de Bill Denbrough a encarando de maneira preocupada, fazendo com que algo dentro dela se suavizasse de alguma maneira, e viu seus outros três amigos encarando ela e Ben como se tentassem descobrir o que aconteceu, mas também preocupados. Stanley e Eddie correram para ajudar Ben a se levantar, enquanto Bill correu ainda mais rápido para ajudar Elizabeth.

O garoto estendeu sua mão na direção da menina, sentindo arrepios ao segurar novamente a mão macia da garota. Ele a ajudou a andar para fora do riacho e se sentar em uma pedra alta ao lado do túnel onde ele tinha entrado, vendo a garota balançar a cabeça enquanto tentava acalmar a própria respiração. 

─── O-O que aconteceu c-com você? ─── Ele perguntou, de maneira baixa. ─── Q-Quer dizer, c-com vo-vocês. ─── O menino se corrigiu, ao ver uma pequena movimentação ao seu lado e enxergar seus amigos colocando Ben sentado em uma pedra à sua esquerda.

Bill estava preocupado com os dois, devido a um de seus traços mais marcantes, mas ele não conseguia deixar de priorizar sua preocupação com a garota, especialmente quando ela estava usando um vestido sujo e quase inteiramente molhado. Além disso, a garota estava com diversos arranhões em sua perna, provavelmente causados pela pedra que estava onde ela caiu no riacho.

Elizabeth desviou o olhar para seu amigo, entendendo o olhar de Ben instantaneamente, e se virou para os quatro garotos em sua frente. ─── É uma longa história. ─── Aquela resposta satisfez os garotos momentaneamente, já que Eddie encontrou algo mais importante para se preocuparem.

─── Você tá sangrando muito. ─── O garoto falou, fazendo Elizabeth se xingar mentalmente por ter esquecido aquilo por um momento. Ela se sentiu tão aliviada de terem fugido do outro garoto, e de ter encontrado os garotos, que acabou esquecendo o que estava acontecendo minutos antes dela chegar naquele lugar. ─── Deixa a gente ver.

Inicialmente, Ben não quis levantar sua blusa porque estava incomodado com o número de pessoas ali, mas a levantou depois de trocar um olhar com sua amiga.

Esses olhares chamaram atenção de Bill e Eddie naquele momento e despertaram a curiosidade dos garotos, talvez algo mais profundo que isso em um deles, porque ninguém nunca havia visto os dois juntos. E naquele momento eles pareciam se conhecer há anos.

─── Cara, abaixa isso aí! ─── Richie gritou assim que o garoto levantou sua blusa, se sentindo agoniado com os cortes na barriga.

Não demorou um segundo para que Eddie batesse no braço do menino, percebendo que o novato tinha abaixado a blusa e ficado com o rosto totalmente vermelho.

─── V-Vamos pra far-farmácia. ─── Assim que Bill disse isso, Elizabeth deu um pequeno sorriso ao ver que ele estava disposto a ajudar seu amigo, e foi esse mesmo garoto que a ajudou a se levantar, ganhando um adorável tom vermelho em suas bochechas ao perceber estar sendo encarado pela garota.

De novo.

Os garotos pegaram suas bicicletas jogadas no chão e subiram nas mesmas, mas acabaram discutindo por alguns minutos para ver quem levaria quem. Por fim, a garota britânica foi na bicicleta de Bill e Ben foi na bicicleta de Richie, apesar desse ter passado a discussão inteira reclamando que não queria levar ninguém em sua bicicleta.

─── P-Pode s-segurar na minha ci-cintura, Elizabeth. ─── O garoto gaguejou, após os dois terem subido na bicicleta. Ele sabia que precisavam chegar rápido na cidade antes que os cortes do novato piorassem, e sabia que se ela segurasse nele seria mais fácil se preocupar menos com uma possível queda, apesar de que não sabia se seria mais fácil de se concentrar.

A garota nunca se sentiu tão sorridente quando naquele dia, apesar de ter tido poucos motivos para isso.

O garoto que morava em sua rua tinha conseguido arrancar, no mínimo, dez sorrisos dela naquele dia e ela sabia muito bem que as únicas outras pessoas capazes disso foram Maya e Ben, seus primeiros amigos ─ apesar da primeira ter tido menos momentos e conversas mais íntimas.

Os braços da garota contornaram a cintura do menino, fazendo com que eles acabassem se aproximando mais um pouco. O coração dos dois começou a bater mais rápido com aquela pequena aproximação, e Elizabeth tomou cuidado para ficar longe o suficiente para ele não perceber que o seu coração estava quase saindo do peito.

Os quatro começaram a pedalar seguindo o rumo para a cidade, parecendo conhecer cada centímetro daquela parte da floresta de Derry.

A britânica estava se sentindo aliviada por terem encontrado o Clube dos Otários, já que não sabia se outras pessoas teriam ajudado seu amigo ─ duvidava mais ainda de que fariam isso sem que eles tivessem que pedir ou que aceitariam fazer isso sem ouvir a história. Ela já havia pensado em diversas maneiras de ir até o hospital da cidade sem que tivesse que contar o que aconteceu.

─── Parece que que ajudar pessoas faz parte da sua natureza, Bill Denbrough. ─── Elizabeth falou baixo para o garoto, totalmente agradecida, enquanto olhava a paisagem ao seu redor. O rosto do menino se encheu de cor enquanto seu corpo se encheu de orgulho e felicidade ao ser elogiado pela garota.

Assim que chegaram na cidade, em cerca de cinco minutos, a garota viu que eles usaram o caminho usual em que teriam que passar pela biblioteca, e consequentemente pela torre do relógio. ─── Podemos parar por um instante, por favor? ─── Ela perguntou, vendo o garoto assentir e gritar para os amigos:

─── E-Ei! Esperem u-um se-segundo! 

Todos os garotos pararam suas bicicletas ao ouvirem o grito do mais velho, aquele horário as ruas eram ─ ainda mais ─ tranquilas que o normal então eles nem precisariam checar os lados para ver se vinham carros, até porque ouviriam o barulho.

Elizabeth não demorou para descer da bicicleta, dizendo para eles que iria voltar logo. Os garotos observaram ela entrar pela porta da biblioteca e conseguiram a ver, pela janela, sumir nos fundos do lugar. Richie foi o primeiro a se aproximar do mais velho do grupo, deixando sua bicicleta aos cuidados do novato.

─── O que a princesa foi fazer? ─── Perguntou, ríspido.

Os amigos do garoto se mostraram surpresos, afinal Richie costumava ser idiota mas um idiota cheio de piadas e de um bom humor peculiar. Por mais incrível que parecesse para os de fora, ele quase nunca falava em um tom tão grosseiro daquela maneira ─ nem mesmo quando brigava com seus amigos.

─── O-O que ac-aconteceu c-com vocês? ───  Bill perguntou, ignorando seu amigo e se virando para a direção de Ben. 

O novato foi pego desprevenido pela pergunta, ainda mais por ela ter sido acompanhada pelos olhares de todos os membros do Clube dos Otários, e quase deixou a biblioteca cair ─ isso fez com que ele fosse xingado pelo dono da mesma.

─── Foi o Bowers. ─── O garoto respondeu após alguns segundos, fazendo uma careta ao sentir seus cortes arderem ainda mais. Aquela pequena frase fez o coração dos outros garotos quase travar, afinal Bowers poderia ter feito aquilo com qualquer um deles.

Por mais que ele sempre estivesse os perseguindo, dentro e fora da escola, eles não se lembravam de um dia que havia feito algo nem mesmo parecido com aquilo.

─── O que está acontecendo? ─── Elizabeth perguntou, já no final da escada que levava até a porta da biblioteca, fazendo todos os garotos se assustarem.

Eles nem perceberam, mas ficaram cerca de alguns minutos se encarando e pensando no que poderia ter acontecido com o outro garoto. Estavam tão presos no pensamento que nem ouviram a garota chegar.

Os garotos se mostraram surpresos ao ver que ela estava com outra roupa, novamente um vestido, e não entendiam onde ela achou um vestido na biblioteca, ainda mais em menos de cinco minutos.

Ben era o único que sabia como e em qual lugar ela havia arranjado a roupa, só não sabia toda a verdade.

A única resposta que a garota recebeu foi uma careta de Richie, que caminhou até o novato e subiu novamente em sua bicicleta. Ela também fez uma careta, incomodada com a falta de respostas, mas subiu na bicicleta de Bill, que estava a esperando.

─── Eu acho ótimo ajudar o garoto novo mas a gente precisa pensar na segurança. Ele tá ensanguentado. ─── Eddie continuou a tagarelar enquanto continuavam o caminho até a farmácia. ─── Sabe que estamos vivendo um momento em que a AIDS é uma epidemia, né? ─── Sua voz se tornou mais aguda. ─── O amigo da minha mãe, em Nova Iorque, se contaminou com uma barra suja no metrô. O sangue contaminado entrou na corrente sanguínea dele por um prego. Um prego!

Naquele ponto, Elizabeth já havia parado de prestar atenção nas palavras do garoto que estava em sua frente. Tudo que ela queria era poder relaxar e pensar no que estava acontecendo sem que outras coisas estivessem acontecendo ao mesmo tempo, mas era praticamente impossível.

Ela se perguntava quando teria uma vida normal, ou se teria uma vida normal. Entretanto, no fundo, ela sabia que deveria se preocupar em sobreviver até o amanhã.

E aquele não era um pensamento agradável para uma pessoa tão nova quanto ela e seus colegas.

desculpem por esse capítulo seguir mais o rumo de “encher linguica” do que “incrementar a estória”, mas eu queria atualizar e não podia deixar essa parte de fora ):

eu logo irei atualizar novamente (e dessa vez com coisas muito importantes).

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