ㅤㅤㅤ ꖛ ⩄ ՚ 𝖢𝖠𝖯𝖨𝖳𝖴𝖫𝖮 𝖳𝖱𝖤𝖲

A MORTE É ROSA · primeira temporada
capítulo três : a ciência é rosa

tw: menção a suicídio

CHOI HANA ESTAVA SENTADA NA carteira de Yihan, esperando até que sua melhor amiga retornasse. Já tinha se passado alguns minutos desde que Yihan saiu com Suhyeok, Isak, Onjo e a professora para levar Hyeonju até a enfermaria.

Todos tinham ouvido Hyeonju falar que foi o professor de ciências que fez aquilo com ela, e a professora pediu que Suhyeok carregasse Hyeonju até a enfermaria enquanto ela e as duas colegas de Hana formariam uma parede ao lado para que o professor não visse Hyeonju quando eles passassem na frente da sala em que ele estava dando aula naquele momento, que ficava no caminho da enfermaria.

Yihan tinha ido junto por causa da sua preocupação com Hyeonju, mesmo depois de tudo. Hana sabia que ela tinha motivos, mesmo que não soubesse quais, e confiava em sua melhor amiga, mas aquela situação ainda estava atacando sua ansiedade. ─── A Nayeon disse que o professor tava cheirando a cadáver. ─── Hana deixou escapar para Namra, que estava sentada na própria carteira na sua frente.

A amiga não respondeu, mas Hana também não sabia o que falaria se alguém a dissesse isso de repente. Ela olhou para a garota em sua frente, e percebeu que ela encarava Hana com preocupação. ─── Ele tem estado estranho há semanas, e agora isso? ─── A morena continuou, odiando não saber o que estava acontecendo.

Seu professor era estranho, sim, mas o que ele tinha feito com Hyeonju? Aquilo era desumano.

─── Eu já volto. ─── Hana disse e levantou para ir até a porta. Ela estava tão ansiosa que podia roer as próprias unhas, mas isso deixava ela mais ansiosa ainda! Para piorar, ela não viu qualquer sinal de vida, vindo do grupo que saiu até a enfermaria, no corredor. E isso provavelmente não era bom.

─── Lembra que disseram que o filho do Prof. Lee fugiu de casa? ─── Hana ouviu Nayeon falando atrás de si, com suas amigas. ─── Soube que não foi isso. Cometeu suicídio. ─── Nayeon tentou falar baixo, como se contasse um próprio segredo.

─── Não seja idiota. ─── Hyoryung exclamou, franzindo as sobrancelhas.

─── Estou falando a verdade. ─── Nayeon reclamou, irritada por estarem desacreditando dela. ─── A Hyeonju participou do bullying que fizeram com ele. O professor de ciências está atrás dos que fizeram bullying com o filho dele.

Hana não podia discordar da parte sobre Hyeonju. Ela se lembrava de quando a garota começou a andar com os bullies das outras turmas, pouco tempo depois do que fez com Yihan ─ outro motivo para Hana ter dificuldade em entender o que sua amiga possa ter visto na garota. Mas, apesar de tudo, afirmar coisas como Nayeon estava fazendo agora era perigoso, e Hana não queria ouvir aquilo.

A garota andou de volta até sua carteira, decidida a esperar por Yihan ali. Ela estava preocupada com como sua amiga estava se sentindo vendo a outra garota naquele estado, mas teria que esperar até ela voltar.

Se abaixando para pegar um caderno de anotações que tinha na mochila, Hana sentiu a mão de Namra no seu ombro. ─── Hyeonju vai ficar bem, e Yihan também. ─── Sua amiga disse quando Hana olhou na direção dela, e a morena sorriu em agradecimento pelo conforto. Namra devolveu um pequeno sorriso antes de voltar a ler suas próprias anotações.

No mesmo instante, a porta da sala abriu e Isak entrou na sala, sendo seguida por Yihan.

A melhor amiga de Hana foi direto para a carteira, sequer olhando para qualquer uma das duas garotas ali. Yihan colocou as mãos no rosto, e sussurrou. ─── Foi horrível. O professor- Ele- Ela tava toda machucada.

A tristeza tomou conta do rosto de Hana ao ouvir a vulnerabilidade na voz de sua melhor amiga. ─── Você quer falar sobre isso? ─── Ela sussurrou de volta, ignorando os colegas ao redor que passaram a questionar Isak sobre o que tinha acontecido. Na frente delas, Namra colocou os fones para dar privacidade para as duas, e Hana apreciou o gesto por não saber se Yihan já estava tão confortável com Namra ao ponto de poder falar sobre isso.

Tudo que Hana fez quando sua melhor amiga negou com a cabeça, foi abraçar Yihan. Sentindo a chinesa abraçá-la com mais força ainda, Hana apenas encostou sua cabeça ao lado da de sua melhor amiga e deixou seu aperto firme. O que ela não sabia era que aquele conforto realmente era o suficiente para deixar Yihan mais tranquila.

Hana não iria a lugar algum, e Yihan sabia disso.

ꖛ ⩄ ՚

─── Você tem certeza? ─── Hana perguntou, se encolhendo um pouco por causa da insegurança.

Yihan insistia que ela estava bem o suficiente para voltar ao normal e que Hana podia, na verdade deveria ─ nas palavras da chinesa ─, tentar ir atrás do diretor mais uma vez. Hana não queria deixar sua melhor amiga sozinha, e, sinceramente, o diretor e o clube estavam longe de serem prioridade para ela naquele momento.

─── Sim! Eu vou sobreviver, e a presidente vai comigo. ─── A garota de cabelos desbotados falou, apontando para Namra, que por sua vez apenas concordou com a cabeça.

─── Mas eu não preciso falar com ele agora, eu posso ir com vocês.

─── Hana, eu tô bem. ─── Yihan segurou a amiga pelos dois braços, dizendo com a voz firme. ─── Esse clube é importante pra você, pode ir.

Hana suspirou, mas concordou, fazendo sua melhor amiga dar um sorriso vitorioso. Sinceramente, Hana sabia que Yihan realmente estava melhor e sabia que ela estava sendo verdadeira em todas as coisas que disse. O problema era que, naquele momento, Hana precisava do conforto de estar perto de sua melhor amiga e ter certeza, mais uma vez, que ela realmente estava bem.

Mas, por outro lado, Hana sabia que aquela também era uma oportunidade de fazer Yihan e Namra se aproximarem mais, e isso era algo que ela queria há muito tempo. Hana odiava ver a amiga sozinha, e Yihan era uma das pessoas mais leais que Namra poderia conhecer.

─── Eu vou subir de uma vez, então... ─── Hana começou a falar, deixando o restante da frase no ar, enquanto se levantava e andava bem devagar até a porta. Em nenhum momento ela desviou o olhar das suas amigas.

─── Cara, eu não vou pedir pra você ficar. ─── Yihan olhou para Hana como se soubesse exatamente o que ela estava fazendo, e ela sabia.

Hana resmungou baixinho, mas começou a andar para fora da sala. Ela estava apenas fazendo um draminha, como gostava de fazer, e Yihan sabia disso. Sua melhor amiga só não sabia que o motivo para ela fazer isso daquela vez, foi para fazer ela rir. E funcionou, porque assim que passou pela porta, ela ouviu a risada de Yihan que começava a dizer algo, que ela não conseguiu ouvir, para Namra.

A garota seguiu o caminho quase em modo automático, já que fazia isso praticamente todos os dias desde que tentou falar com o diretor pela primeira vez. Hana cessou seus passos assim que pisou no corredor que dava para a sala do diretor.

Eu sou Choi Hana, eu consigo fazer qualquer coisa. Tudo que eu quero, já é meu. Ela repetiu seu mantra em sua mente, respirando fundo antes de voltar os seus passos, com uma posição decidida e confiante, até parar na frente da sala do diretor.

Após dar três batidas na porta, Hana deu um passo para trás para ficar em uma distância confortável e esperou pacientemente. Foi uma questão de segundos até ela ouvir o leve ruído da porta sendo aberta e a figura mais velha do diretor aparecer em sua frente.

─── Srtª Choi. ─── O homem parecia tentar esconder a irritação na voz, como Hana estava acostumada, mas não mandou que ela fosse embora.

Essa era uma das vantagens em ser filha de um advogado influente, já que seu diretor era conhecido por se importar apenas com as aparências e status. Também era o motivo para ele ter tentado fugir de Hana todos esses dias, já que ele acreditava que não dar o que ela queria faria com que ela falasse com seus pais ─ como se Hana não pudesse resolver seus problemas sozinha.

Sabendo que não tinha como fugir dessa vez, o diretor forçou um sorriso e deu um passo pro lado para que Hana conseguisse entrar na sala. E, com um sorriso vitorioso e de cabeça em pé, Hana entrou no escritório.

ꖛ ⩄ ՚

─── Então o senhor admite que roubou? ─── Hana cruzou os braços, parada atrás da cadeira em que ela deveria estar sentada. Discussões ─ discussões mesmo, não brigas ─ deixavam Hana agitada, mas era uma de suas coisas favoritas de fazer porque ela sempre estava certa.

Ela tinha certeza de que arrasaria se fizesse parte do clube de debates.

─── Não! ─── O rosto do diretor ficou vermelho quando ele praticamente gritou, fazendo Hana erguer as sobrancelhas. O homem coçou a garganta, ajeitando o corpo na cadeira. ─── Eu já lhe disse, Srtª Choi. Todos os clubes tiveram cortes de verbas para que pudéssemos financiar as reformas necessárias, que inclusive irão beneficiar muitos dos clubes.

Até parece, Hana sentiu vontade de revirar os olhos. Ela conhecia os presidentes de todos os clubes, e eles já debateram sobre os recursos que tinham. Os únicos que não tinham sido afetados eram, obviamente, os times esportivos. Na verdade, talvez nem todos. Hana conseguia se lembrar da presidente do clube de arco e flecha contando que os próprios membros tiveram que juntar dinheiro para pagar o transporte para o torneio nacional do qual iriam participar.

Ela tinha certeza que os cortes tinham sido realizados para que o próprio diretor pudesse financiar a campanha para a carreira política que ele queria iniciar. A mãe de Hana não trabalhava ─ sua mãe gostava de ser mimada pelo marido, que era totalmente rendido por ela ─ e era uma típica socialite que adorava eventos. E, principalmente, ela adorava falar com a filha, e sua mãe sabia de tudo.

─── Claro, claro. O único problema é que eu não estou falando sobre os cortes, e sim sobre o dinheiro que o meu clube arrecadou. ─── Hana descruzou os braços, segurando as costas da cadeira. ─── Nós organizamos um leilão no auditório da escola, conseguimos leiloar mais de trinta quadros feitos por nós, e mesmo assim o dinheiro não chegou para que pudéssemos investir nos materiais e divulgação que precisamos e gostaríamos de ter.

Hana parou de falar por um segundo, sentindo sua respiração começar a acelerar pela raiva. Ela levantou o queixo, encarando o diretor de cima pra baixo mesmo pela distância.

─── Os fundos escolares só são necessários para manter o clube funcionando, mas o dinheiro que nós conseguimos com os eventos que nós organizamos para vender as obras que nós produzimos é necessário para manter o nosso clube vivo.

Hana sentiu o orgulho preenchendo seu corpo quando percebeu a falta de palavras do diretor e a maneira como ele sabia que estava sem saída quando coçou a garganta mais uma vez. Mas, ironicamente, antes que ele tivesse a chance de responder, a porta do escritório foi aberta.

A professora de Hana entrou pela porta sem se importar em bater, e os dois presentes na sala viraram naquela direção para ver o que acontecia. Hana se inclinou pra frente e enxergou um detetive atrás da professora.

Aquilo, com toda certeza, estava relacionado ao que aconteceu com Hyeonju.

─── Hana, eu preciso que você volte pra sala. ─── A professora Park disse, olhando para Hana por apenas um segundo antes de virar e encarar o diretor.

Hana não pensou duas vezes antes de dar meia volta e subir as escadas mais uma vez. Se aquilo realmente fosse o que parecia, ela não atrapalharia a polícia de descobrir o que estava acontecendo com seu professor de ciências, e o que ele fez com Hyeonju.

ꖛ ⩄ ՚

Hana estava chegando na sua sala de aula quando ouviu passos apressados atrás de si e uma voz chamando seu nome. ─── Espera! ─── Ela se virou, vendo Suhyeok correndo em sua direção.

A garota piscou algumas vezes, confusa sobre por que ele estaria atrás dela, e parou no lugar em que estava. Ela esperou pacientemente até que o colega chegasse onde ela estava. ─── Suhyeok? ─── Hana tombou a cabeça para o lado por causa da sua confusão e curiosidade.

─── Eu queria conversar sobre a aula de ciências. ─── Ela arqueou uma sobrancelha, vendo o rosto do colega corar. ─── Eu sei que não é o mais importante agora, mas não tem como ajudar com nada da situação da Hyeonju. ─── Suhyeok abaixou os ombros, mas parecia não gostar da frase que tinha saído da sua boca. Como se a ideia de não poder ajudar o desagradasse profundamente. ─── O Cheongsan disse que você entende as aulas dele, então eu queria saber se você podia me ajudar.

─── Sim, é claro. ─── Hana sorriu, dando meia volta e seguindo na direção de onde Suhyeok veio.

─── O que você tá fazendo? ─── O garoto perguntou, confuso, parado no mesmo lugar.

Hana parou e virou para olhar para ele, apontando na direção que ela seguia. ─── A sala de ciências é pra lá, e as apostilas ficam nos armários. ─── Infelizmente, o professor de ciências não permitia que eles saíssem da sala com as apostilas ─ o que era ridículo, porque cada aluno tinha a própria apostila e elas não eram reutilizadas por outros alunos por causa das anotações.

─── Ah, é verdade. ─── Suhyeok parecia estar meio aéreo, e Hana imaginou ser por causa de toda a situação. A garota esperou até que ele chegasse ao seu lado antes de voltar a andar, para que pudessem andar juntos.

Eles andaram em silêncio e, quando chegaram no laboratório, Hana agradeceu Suhyeok quando ele abriu a porta e deixou ela entrar primeiro.

Hana andou até o armário com uma tag da sua turma, e abriu a porta. Esse era mais um dos motivos para ela odiar ter que deixar a apostila na sala, porque qualquer um podia abrir e pegar, mas (in)felizmente ninguém gostava de ir até o laboratório a não ser que estivesse em aula. Pois é, o professor de ciências era esquisito o suficiente para isso acontecer.

Ela seguiu até a bancada mais próxima para se sentar, vendo que o garoto fazia o mesmo. ─── Então, o que você quer saber? ─── Suhyeok sequer precisou responder, o olhar dele dizia tudo que Hana precisava saber.

A garota deu um sorriso de conforto para ele antes de abrir a própria apostila na página em que tinham parado.

ꖛ ⩄ ՚

Suhyeok estava impressionado.

Na verdade, impressionado pode ser uma palavra ruim nesse contexto. Talvez surpreso? Não, também não servia. Ele estava atônito com o tanto de conhecimento que sua colega tinha.

Quando Cheongsan ─ que também tinha sido sorteado para o mesmo trio de Suhyeok na última vez ─ comemorou de maneira tão feliz por ter sido sorteado no mesmo trio que Hana, Suhyeok imaginou que fosse pela proximidade dos dois. Eles não eram tão próximos quanto Cheongsan e Onjo, mas era muito comum ver os dois andando juntos pelos corredores. Ou dividindo uma mesa na biblioteca ─ e Cheongsan odiava a biblioteca.

E quando Cheongsan disse para Suhyeok que ele poderia ficar feliz porque, nas palavras dele, Hana era mil vezes mais inteligente que Daesu ─ o antigo terceiro membro do trio dos dois ─, ele tinha certeza que aquilo era verdade. Realmente, a maioria da sala era mais inteligente que Daesu ─ Suhyeok superava por pouco.

Ele não duvidava que Hana sabia algo, afinal nunca viu ela passando qualquer tipo de aperto durante aulas ou semanas de prova. Mas, Suhyeok não imaginava que ela fosse tão inteligente assim.

Choi Hana era tão inteligente quanto Namra ou Joonyoung, e definitivamente conseguia explicar melhor que o amigo de Suhyeok. O garoto se perguntou como ele nunca tinha percebido isso, até perceber que ele nunca tinha prestado atenção de verdade em Hana.

E agora que ele estava prestando, ele via como a pinta embaixo da sobrancelha direita de Hana era um detalhe tão delicado que era óbvio que ela teria. Isso porque ele sabia que aquela pinta, de um tom marrom claro bem parecido com os olhos da garota, era verdadeira ─ diferente das pintas mais escuras que decoravam partes aleatórias do rosto dela, mas eram tão delicadas quanto.

Ele percebeu como ela parecia detestar quando alguns fios de sua franja ─ os que ainda não tinham crescido tanto desde a franja curta que Suhyeok sabia que ela tinha antes, afinal isso ele tinha reparado antes ─ caíam na frente dos seus olhos. Ela pegava a caneta, que tinha pegado emprestado da mesa do professor, e afastava os fios, mesmo que ela com certeza soubesse que iriam cair de novo. E caíam.

Suhyeok notou como os pingos nas anotações de Hana eram todos pequenos corações, e como a letra dela continuava delicada mesmo quando ela escrevia rápido, como estava fazendo naquele momento. Também percebeu que ela era paciente, e não se importava de repetir as coisas que Suhyeok não entendia porque estava muito ocupado tentando decifrá-la ─ não que ela tivesse percebido essa última parte.

Ele percebeu como as bochechas de Hana se destacavam e assumiam uma cor mais forte quando ela falava de algo que a deixava empolgada ─ e ciência parecia ser um assunto que ela parecia adorar. Isso sim, deixava Suhyeok chocado. Quem adorava ciência a esse ponto? Ele não conseguia entender.

Mas, principalmente, Suhyeok percebeu sobre como as coisas relacionadas a Hana eram rosas.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top