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A MORTE É ROSA · primeira temporada
capítulo onze : a manhã é rosa

CHOI HANA ACORDOU SENTINDO uma superfície dura embaixo de seu corpo, e resmungou ao tentar se mexer enquanto tentava entender quando seu colchão ficou tão duro. Para sua surpresa, ouviu um resmungo parecido com o seu quando se mexeu, e começou a piscar seus olhos até sua visão se encaixar.

A primeira coisa que viu foi Yihan deitada ao seu lado no chão, ambas usando o mesmo moletom como travesseiro (o que não adiantou de muita coisa, mas ainda era melhor do que o chão frio, duro e sujo). Foi assim que as memórias começaram a voltar, e Hana se lembrou de tudo que aconteceu desde o ataque na enfermaria até sua última conversa com Suhyeok.

Ela estava acordada agora, e tudo aquilo não tinha sido apenas um sonho.

"Pessoal... não importa o que aconteça, não morram. E não deixem mais ninguém morrer. Se causarem a morte de alguém, a vida perderá o sentido. Está bem?", a voz de sua professora começou a repetir de novo, e de novo, na sua mente. Quando Nayeon fugiu da sala dizendo não ter amigos, sua professora foi atrás depois de dizer isso. Talvez fosse a última coisa que ouviriam dela.

Hana levantou seu tronco devagar até se sentar, passando as mãos pelos fios do seu cabelo até desembaraçar o máximo que conseguia. Era sua maneira de ter algum controle, como sempre fazia quando começava a se sentir ansiosa.

Sentada, ela viu a porta fechada da sala de transmissão e se perguntou se os outros tinham acordado também. Sua resposta chegou quando viu algumas figuras passando pela janela da sala. Por alguns segundos, ela se perguntou se eles também se decepcionaram ao acordar, se quase desejaram continuar dormindo, mesmo que para sempre.

Hana balançou sua cabeça para deixar aquele pensamento de lado. Não é assim que se começa um dia, ela pensou. Não iria se dar o desconto de estar vivendo um apocalipse, ou perderia sua cabeça.

Com cuidado para não incomodar Yihan, já que Hana faria o possível para deixá-la descansar o máximo que pudesse, a garota calçou seus sapatos que havia deixado do lado da parede, e se levantou. Ajeitou sua saia e seu cabelo mais uma vez, passou as mãos pelo rosto para desamassar o quanto conseguisse, e andou até a porta.

Respira fundo, Hana.

As vozes ficaram mais altas quando abriu a porta e entrou na outra parte da sala de transmissão. Todos os seus colegas estavam acordados, provavelmente há pouco tempo pelos rostos amassados que Hana viu. Alguns estavam sentados na mesa no centro da sala, enquanto Onjo estava apoiada na janela observando os helicópteros que transitavam longe da escola. Então foi esse barulho que me acordou.

─── Bom dia. ─── Hana ouviu uma voz sussurrando do seu lado, e desviou o olhar de Onjo para encontrar Suhyeok encostado na parede ao lado da porta. Seu cabelo estava totalmente bagunçado, assim como seu uniforme manchado de sangue.

─── Bom dia.. ─── A garota sussurrou de volta, parando ao lado de Suhyeok. ─── Ele dormiu? ─── Perguntou olhando para Gyeongsu, que estava sentado no chão, em um dos cantos da sala. Seu amigo estava com a cabeça baixa, apoiada em suas duas mãos. Era uma visão estranha para aqueles que estavam acostumados a ter Gyeongsu ao seu redor, o que era o caso de Hana.

Por todas as vezes que ele a chamou de princesa, conseguiu fazer Hana sorrir com seus comentários idiotas no meio da aula, e pela felicidade que trazia por simplesmente estar perto, o coração de Hana doeu. O rosa, lentamente, começou a se transformar em cinza escuro.

Mas antes que ela percebesse, um movimento quase discreto desviou sua atenção.

Era Suhyeok balançando a cabeça, e Hana sentiu seu coração murchar pela realização do que aquilo significava. ─── Ele já tava acordado quando eu levantei. ─── Hana suspirou, sentindo um misto de emoções. Pelo menos ele estava vivo, não é? ─── Você tá bem? ─── Ele perguntou depois de alguns segundos em silêncio, e Hana viu os olhos dele vasculhando todo o seu rosto.

Merda, ela xingou em seus pensamentos, era a pior palavra que ela ousava pensar. A última coisa que Hana queria agora era fingir, mesmo tendo dormido por horas ela sentia que faltava energia. Era como se suas mitocôndrias tivessem desistido de funcionar, e Hana lembrou de um estudo que viu sobre a associação de coisas ruins acontecendo na sua vida com uma menor atividade das mitocôndrias.

Era bem interessante, ela se distraiu por um segundo até perceber que ainda era encarada.

Hana engoliu em seco, tentando fazer o seu melhor para abrir um sorriso. Por sorte, dependendo do ponto de vista, ela foi interrompida antes que precisasse responder. Hana sentiu, e ouviu, seu estômago roncar. Depois da pausa do dia ─ literalmente ─ corrido que tiveram antes, ela sequer parou pra pensar em comer. Ou sequer teve vontade.

─── Eu acho que a Jimin ainda tem uma barrinha de cereal. ─── Suhyeok sussurrou, e Hana só acenou com a cabeça enquanto tentava não fazer uma careta por causa da fome, antes de andar até a colega. Que vida, ela suspirou.

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Hana estava sentada no chão perto da janela, com Suhyeok ao seu lado. Depois de acordar sua melhor amiga e dividir meia barrinha de cereal com Yihan, a garota tinha decidido se juntar ao grupo para tentar decidir o que fazer. Seus amigos e colegas estavam espalhados pela sala, e, felizmente, Gyeongsu parecia estar mais animado considerando toda a situação "extra" pela qual ele tinha passado.

Cheongsan parecia estar empenhado em cuidar do melhor amigo, chegando a até mesmo ficar mais afastado de Onjo. Não que fosse importante, mas era bem perceptível já que Hana sempre via ele grudado na amiga.

De qualquer maneira, Hana se perguntou se Gyeongsu estava fingindo ou talvez apenas tentando seguir em frente do que aconteceu, mas ela tinha quase certeza que era a primeira opção. Não era possível menos de doze horas ser o suficiente para superar alguém tentando te matar.

A conversa dos seus colegas havia se tornado apenas barulho de fundo, igual os sons dos helicópteros que, a essa altura, já haviam se afastado novamente.

Sentindo Suhyeok cutucar seu braço mais uma vez nos últimos cinco minutos, Hana finalmente se virou com os olhos um pouco arregalados, como se dissesse "O que foi?". ─── A gente vai ter que conversar sobre um jeito melhor de você me chamar. ─── Hana sussurrou para ele, mas tudo que recebeu foi um sorriso brincalhão.

Foi me salvar uma vez que já tá ficando todo serelepe, Hana pensou, lembrando da expressão que seu pai usava quando dizia que alguém estava "sendo palhaço". Foi com esse pensamento que Hana percebeu que sentia falta de seus pais. Ela sequer tinha parado pra pensar nisso no dia anterior, e se sentiu uma péssima filha por isso.

─── Toma. ─── O garoto sussurrou de volta, ignorando o que ela disse. Suhyeok esticou parte da sua blusa de frio do uniforme para cobrir Hana também. Ele estava usando aquilo como cobertor desde que todos se reuniram ali, apesar de não parecer ser muito efetivo.

─── Obrigada. ─── Ela sussurrou com um pequeno sorriso, vendo ele corresponder e voltar a olhar pra frente. Por mais enturmado que Suhyeok fosse, ela não imaginava que ele pudesse ser tão... querido.

A voz de Onjo chamou a atenção dos dois, e Hana agradeceu porque sentiu que teria continuado encarando o amigo e aquilo poderia ficar um pouco estranho. Com certeza, é. Estranho definitivamente era a palavra certa, ela tentou se convencer mentalmente. ─── Podemos montar um sinal de socorro. Meu pai me ensinou a fazer um sinal que é usado internacionalmente. ─── Onjo sugeriu, movendo em meio círculo a cadeira de rodas em que estava sentada.

─── Como é?

─── Vermelho e azul colocados juntos para criar um tipo de padrão. ─── Onjo respondeu, mas sua voz foi morrendo aos poucos. Hana suspirou, percebendo que Onjo provavelmente não lembrava como era o sinal. Pelo menos já era algo.

─── Ia ser difícil achar coisas o suficiente pra gente conseguir fazer isso de qualquer jeito. ─── Hana disse ao tentar confortar a colega, mesmo que Onjo sequer tivesse olhado pra cima, apenas acenando com a cabeça.

─── Mas, de qualquer jeito, onde que a gente faria um sinal? Tipo, qualquer um? Não tem espaço. ─── Yihan gesticulou para a janela. Na mesma hora, Wujin concordou com um gesto de mão, como se tivesse pensado na mesma coisa.

Hana parou pra pensar, porque realmente teriam que trabalhar com um lugar bem pequeno. E não era garantia de que conseguiriam chamar atenção de qualquer autoridade que pudesse salvá-los. ─── A gente pode escrever SOS nas cortinas. ─── Onjo sugeriu.

Hana encolheu seus ombros, se abaixando ainda mais na parede. Ela não poderia julgar a ideia porque sequer conseguia pensar em algo para ajudar, mas não conseguia ver aquilo funcionando.

─── Não vamos durar muito mesmo. Três minutos sem ar, três dias sem água e três semanas sem comida. ─── Namra falou, sentada na cadeira em frente à estante em que Yihan estava apoiada.

─── Ai, Namra, pelo amor de Deus. ─── Hana resmungou em um pequeno choro, tampando o rosto com a mão esquerda, que não estava coberta pela blusa de Suhyeok. Ela sentiu seu batimento cardíaco acelerar quando a mão de Suhyeok encostou no seu pulso direito, que estava abaixado e perto dele. É só a felicidade de ser confortada, ela tentou se enganar mais uma vez.

─── O que é isso? ─── Ele perguntou para Namra, acariciando o pulso de Hana por baixo da blusa de frio. Isso fez Hana corar, e ela se xingou mentalmente por isso, mesmo não sendo importante no momento. Ninguém sequer olhava para ela, e ela não sabia o que dizer dessa vez para enganar o seu coração traidor.

O ponto era que parecia ainda mais genuíno por ser escondido dos outros, e o simples fato de ser escondido por mais bobo que fosse o gesto, deixava ela mais envergonhada ainda.

Hana piscou os olhos quando ouviu a voz de Namra novamente, saindo de seu pequeno "transe envergonhado". ─── Quanto tempo sobreviveremos. ─── Ela estremeceu quando ouviu sua amiga, mesmo já sabendo que aquela seria a resposta.

Hana sabia que sua maneira de pensar nesse momento era ruim, mas não conseguiu evitar... Tudo que ela pensou naquele momento era sobre como ainda queria viver dentro de uma bolha em que não precisasse pensar em ficar todo aquele tempo sem respirar, beber água, ou comer. A vida seria tão boa se tivesse que se preocupar apenas com seus colegas e os funcionários da escola tentando matar Hana e seus amigos.

Ela sentiu vontade de chorar mais uma vez.

─── Pra que que você foi perguntar? ─── Hana ouviu Daesu resmungar do outro lado de Suhyeok, chutando o pé do amigo em repreensão. Ela mexeu a cabeça, satisfeita por alguém entender o que ela sentia.

Se inclinando um pouco em cima de Suhyeok, Hana esticou a mão para dar um high-five com Daesu. O garoto parecia entender o que ela sentia, porque bateu a mão no mesmo instante. Não foi apenas isso, ele também apertou os lábios em uma linha fina, fechou os seus olhos, e balançou a cabeça levemente. Isso fez Hana segurar a risada, suas futuras lágrimas secando automaticamente.

Eu te entendo, Daesu, ela pensou.

─── Só passou um dia, precisamos nos esforçar ao máximo. ─── Onjo disse, olhando para Namra. ─── Está dizendo isso para nós sairmos daqui, ou para não fazermos nada porque vamos morrer de qualquer jeito?

O clima da sala pesou ainda mais, e dessa vez foi Suhyeok quem teve uma reação. O corpo do garoto ficou rígido ao lado de Hana, que tinha apoiado a cabeça em seus joelhos ao ouvir o tom de Onjo.

A reação de Suhyeok só foi perceptível para Hana porque os dois estavam grudados. Ela hesitou apenas um segundo antes de mexer sua mão direita para acariciar o pulso de Suhyeok assim como ele havia feito com ela um minuto antes.

O que Onjo disse não a incomodou tanto, por mais que fosse desconfortável ouvir aquilo tão diretamente. Hana não se considerava corajosa, mas com certeza não era medrosa, ou talvez prudente, o suficiente para querer ficar trancada na sala sem tentar qualquer coisa. O que Namra disse tinha incomodado porque dava uma data limite para isso acontecer.

─── Não sei. ─── Namra suspirou depois de um longo momento de silêncio.

Hana continuou acariciando o pulso de Suhyeok com círculos lentos, apoiando a cabeça no seu joelho ao imitar a posição do amigo. Virando a cabeça um pouco para olhar para ele, Hana encontrou os olhos escuros de Suhyeok já fixados nela. Nos lábios dele estava um pequeno sorriso, bem pequeno, mas perceptível.

─── Então não diga nada. ─── Jimin falou em um tom rude. Hana ficou incomodada dessa vez, porque todos estavam tensos e não era hora de sair descontando.

─── Alguém tem que dizer alguma coisa. ─── Yihan resmungou do outro lado, seus braços cruzados e olhando fixamente para a mesa. Não era a primeira vez que Hana percebia que, desde o dia anterior, Yihan havia colocado Namra na sua pequena lista de "pessoas a proteger".

Hana viu Jimin abrindo a boca para retrucar, mas felizmente Suhyeok se movimentou primeiro. ─── Acho que a presidente quer dizer que devemos pensar nas nossas opções. Não é? ─── Seu tom não foi otimista, foi como o de um líder tentando manter a ordem. Todos haviam percebido, e aceitado de bom agrado, que desde o começo Suhyeok havia tentado coordenar o grupo.

Mesmo que fosse apenas para manter ordem, ele mesmo se surpreendeu quando Namra negou. Hana segurou um suspiro, sentindo a vontade de bater sua cabeça. Por que ela tem que ser tão teimosa?

─── Precisamos saber mais da situação para decidir o que fazer. ─── Cheongsan se pronunciou, apoiado ao lado da cadeira em que seu melhor amigo estava sentado. Foi quase adorável como a postura de Gyeongsu relaxou com Cheongsan ao seu lado, isso lembrava Hana de como ela se sentia com Yihan. ─── Só assim a gente pode decidir esperar, ou fugir.

─── Mas como? ─── Hyunsik perguntou, e Hana sentiu seu corpo sobressair ao esquecer que seu amigo também estava ali. Como de costume, ele estava encolhido em um canto, seu cabelo preto cobrindo boa parte de seus olhos.

─── Podemos acessar a internet com um celular. ─── Cheongsan respondeu automaticamente, como se tivesse passado a noite inteira ponderando suas opções. Pelas olheiras no seu rosto, Hana não achava impossível que era isso que tinha acontecido.

─── Ontem a gente não tava tendo nem sinal. ─── Hana relembrou seu amigo, reprimindo um suspiro de tristeza. Seu celular era uma parte importante de si, com todas as suas memórias mais importantes guardadas naquele pequeno aparelho. Também era a única maneira dela conseguir falar com seus pais, quando tivesse sinal.

─── Não custa nada checar de novo. ─── Cheongsan retrucou, e Hana teve que concordar. Ninguém tinha checado de novo, e Hana tinha ponderado ser uma queda momentânea, quase como a escuridão breve após uma queda de energia e antes de um gerador reserva ser ativado.

─── Eu deixei meu celular na sala quando a gente fugiu. ─── Hyoryung resmungou, colocando a cabeça entre as mãos. Os outros concordaram, alguns dizendo que sequer chegaram a pegar o objeto de dentro da caixinha que Hana tinha recuperado na sala. Invadir o armário onde a caixinha estava foi um dos seus momentos de maior orgulho, ela se sentiu em um filme.

─── Hana, a gente não usou o seu ontem? ─── Suhyeok lembrou ao seu lado, virando o rosto para olhar Hana. Ela quase visualizou sua mente se iluminando, e começou a mexer nos bolsos de sua saia para procurar o objeto ─ encontrando vários outros, mas não o celular.

Hana sentia os olhares ansiosos dos outros, e a sala se encheu em uma roda de suspiros de alívio quando ela sorriu de repente e levantou o objeto protegido por uma capinha rosa. Ela podia jurar que Wujin fechou os olhos como se fosse desmaiar de alívio. ─── Achei! ─── Ela sorriu, posicionando seu dedão para desbloquear usando sua digital.

A sala entrou em total silêncio mais uma vez quando a tela continuou preta, mesmo quando Hana apertou o botão lateral para tentar ligar a tela e desbloquear usando seu PIN. Hana sentiu seu corpo suar pela tensão de ter todos olhando para ela, esperando por algo que apenas ela poderia dar. ─── Tá sem bateria. ─── Hana falou com a voz baixa, guardando mais uma vez e ouvindo os outros resmungarem.

Hana manteve o olhar fixo no aparelho, pensando em como a vida era engraçada. Ela guardou o objeto mais uma vez, sua cabeça baixa pela decepção. Hana já não estava tendo muitos motivos para se manter esperançosa, e esse momento com certeza não estava ajudando.

─── A sala dos professores. ─── Cheongsan sugeriu após um minuto de silêncio, e todos levantaram seus olhares.

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─── Toma cuidado. ─── Hana falou baixinho ao se aproximar de Suhyeok. Suas mãos começaram a alinhar o uniforme do garoto, seguindo linhas invisíveis no peitoral, como se aquilo fosse aliviar qualquer parte de sua ansiedade.

Quando decidiram ir até a sala dos professores, Cheongsan tentou subir na janela. Ele apenas tentou, porque Gyeongsu e Wujin, que estavam perto, conseguiram puxá-lo de volta antes. Teve uma pequena discussão quase incontrolável entre Cheongsan e Onjo, que estava brava pelo garoto ter tentado sair sem mais nem menos.

Foi apenas uma palavra de Gyeongsu para que Cheongsan parasse, apenas por isso a discussão não chegou a ser incontrolável. Desde que as coisas com Nayeon aconteceram na noite passada, Cheongsan não ignorou Gyeongsu por um momento sequer. Então, em vez de sair sem pensar, Cheongsan esperou até que o grupo conversasse. Foram apenas cinco minutos, e a única decisão real foi que Suhyeok iria junto. Daesu até tentou se candidatar para ir junto, em um momento que Hana chamaria de surto de coragem, mas decidiram que um terceiro traria atenção demais.

Dois de seus amigos sairiam de uma vez. Por isso, Hana estava surtando em dobro.

─── Eu vou ter o Cheongsan comigo, o que pode dar errado? ─── Ela ouviu a voz de Suhyeok vindo por cima de sua cabeça, mas Hana não ousou levantar seu olhar. Uma pequena parte dentro de si estava aliviada por ele não ter a empurrado pra longe, deixando ela continuar a ajeitar o uniforme.

A grande parte que restava estava aterrorizada.

Durante o dia anterior, ela estava com Suhyeok em todos os momentos que ele precisou sobreviver lá fora, e viu todos os momentos em que ele tomou a linha de frente para proteger os outros. Por Deus, desde o primeiro segundo daquela loucura toda que estavam vivendo, ele não hesitou em proteger ela. Uma colega, alguém com quem ele sequer conversava.

Ele sabia se proteger, mas ao mesmo tempo não hesitava em se arriscar pelos outros. Hana, cuja única prática física era cardio e uma musculação que raramente passava de dez quilos, foi a razão dele não ter sido mordido pelo menos duas vezes. Em uma das ocasiões ela se lembrava de ter chutado um transformado, o que era bom porque sua musculação de perna era a única que ultrapassava os dez quilos. Seu último orgulho da academia tinha sido conseguir ultrapassar a carga de cem quilos no leg press.

E se Suhyeok se colocasse em risco para ajudar Cheongsan e acabasse se machucando? E se ele não se colocar e Cheongsan acabar se machucando? Ou se os dois se arriscarem além do que deviam, e se machucarem?

Hana conseguia sentir sua mente a um passo de explodir. Ela conseguia pensar em muita coisa que poderia dar errado, e queria muito conseguir abrir a boca para xingar Suhyeok. Ele nunca tinha visto filmes de terror?

Quem diz "o que pode dar errado?" logo antes de fazer algo que com certeza pode dar errado?!

─── Ei, ei ─── Hana piscou ao ouvir a voz de Suhyeok mais perto, com um tom suave que ela não estava acostumada. Ao sair do transe em que sua cabeça tinha criado, Hana percebeu que o garoto tinha inclinado a cabeça para perto da sua, e uma mão segurava as duas mãos de Hana que estavam no peitoral dele. Hana estava tão distraída que sequer tinha reparado que Suhyeok tinha parado os movimentos dela. ─── A gente vai ficar bem. É só ir na sala dos professores, usar o telefone, e em um piscar de olhos a gente vai estar de volta.

Sua mente começou a se acalmar aos poucos, com a maneira como Suhyeok sussurrou aquilo com o mesmo tom suave que usou antes. A única mão dele, que conseguia cobrir as suas duas, trouxe um calor reconfortante para as mãos de Hana. Misturado com o calor do corpo do seu amigo embaixo de suas mãos, o frio causado pela sua ansiedade começou a sumir das mãos de Hana.

Inconscientemente, seu corpo imitou a respiração tranquila de Suhyeok, enquanto seus olhos continuavam olhando os dele. Suhyeok não desviou o olhar por sequer um segundo, e Hana não queria que ele desviasse. Ela queria que ele continuasse exatamente ali.

─── Eu sei. ─── Foi o que ela sussurrou depois do que pareceu uma eternidade, um suspiro deixando seus lábios sem que ela conseguisse evitar. ─── Não era pra você estar me confortando, era pra ser o contrário. ─── Hana murmurou envergonhada, mas não mexeu um músculo para soltar suas mãos do aperto leve de Suhyeok.

─── Você pode me confortar depois. É uma boa motivação pra eu voltar rápido. ─── Suhyeok falou sem hesitar, um sorriso se formando em seus lábios.

Era um sorriso bonito. Muito, muito bonito, Hana pensou consigo mesma. Ela começou a sentir seu rosto esquentar com a fala dele, e seu coração bater mais rápido. Sua mente sequer tinha processado a frase, mas seus olhos viram como o sorriso de Suhyeok cresceu mais um pouco logo antes dele dar um último aperto nas mãos de Hana.

Hana engoliu em seco, vendo o garoto virar de costas para falar olhar para Cheongsan. ─── Tá pronto, Cheongsan?

Hana encostou o seu quadril na mesa. Seus dedos estavam batendo ansiosamente contra a sua perna enquanto ela olhava os dois saindo pela janela, um de cada vez. Primeiro foi Cheongsan, que saiu sem dizer uma única palavra, e depois Suhyeok, mas não sem antes dar um sorriso para Hana. Era como se dissesse "eu volto logo".

Claro, porque tudo daria certo. Tinha que dar.

╰ ⴰ♡̸㇀ ── não menti quando disse que tava de volta, eu só não disse quanto tempo ia demorar... /piada <3

╰ ⴰ♡̸㇀ ── eu sei que é óbvio já que eu fiz o gyeongsu viver e adicionei um andar a mais pra escola, mas vou falar mesmo assim: por favor, ignorem as divergências canônicas. eu estou adaptando certas coisas para o rumo que eu gostaria para a minha história.

ps: sim, eu sei que a morte do gyeongsu é importante pro arco do cheongsan, mas não tô nem aí (o tom é de brincadeira, mas é sério..). me julguem se quiserem, mas eu amo o gyeongsu demais pra deixar ele morrer😭😭😭😭😭

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