A MORTE É ROSA · primeira temporada
capítulo dezenove : a comida é rosa
CHOI HANA NÃO CONCORDAVA COM violência, mas se Nayeon desse mais um passo, ela voaria na cara dela.
Sentia como se seus olhos tivessem se enganando, porque não pensou que isso aconteceria. Hana ainda mantinha Gyeongsu atrás dela, sua mão enlaçando o pulso do amigo com um aperto gentil. Em sua frente, Suhyeok escondia parte da sua visão de Nayeon. Ele tinha se movido tão rápido quanto Hana.
Claro, ela estava tão ocupada analisando o menor movimento de Nayeon que não viu quando Cheongsan se moveu. Deveria ter imaginado, porque era a milésima vez que ele tentava avançar em alguém só naquele dia. ─── Cheongsan! ─── Hana tenta chamar seu amigo de volta, mas ele apenas ignora.
Para Hana, que continuava olhando Nayeon com cuidado, foi fácil perceber como ela se encolheu brevemente. Deveria ter sido imperceptível para os outros, principalmente por terem desviado o foco para Cheongsan. Foi Wujin quem conseguiu segurá-lo para trás. ─── O que- Onde tá a professora? ─── Hyoryung perguntou, sua voz baixa e hesitante.
Hana sentiu seu coração quebrar mais uma vez quando Nayeon desviou o olhar. ─── Ela foi mordida.
─── A professora... ─── Hana sussurrou para si mesma. Não queria aceitar o que ouviu. Sua professora era uma pessoa incrível e que fez de tudo pelos seus alunos, até mesmo depois de pessoas voltarem à vida e tentarem atacá-los. Ela não podia não estar ali mais.
Suhyeok se mexeu na sua frente, olhando para Hana por cima do ombro. Ela sentia seus olhos molhados, e as lágrimas iriam sair a qualquer momento. Só não sabia quando. Isso deveria estar bem óbvio para Suhyeok, porque ele voltou a olhar para a frente mas se aproximou de Hana, ainda ficando entre ela e Nayeon.
A mão dele aparece, alcançando a direção de Hana. Ela sente mais vontade de chorar ainda quando um palpite surge em sua cabeça. Hana estica sua mão livre para encontrar a de Suhyeok, sentindo seu coração bater mais rápido quando ele rapidamente entrelaça seus dedos e puxa Hana um pouco mais para perto.
─── Foi mordida mesmo, ou você fez com que ela fosse? ─── Yihan pergunta, seu tom cheio de rancor e veneno.
"E não deixem mais ninguém morrer.
Se causarem a morte de alguém, a vida perderá o sentido."
─── Foi mordida. ─── Nayeon disparou, seu olhar irritado se voltando para Yihan no mesmo segundo. Seu corpo pareceu tremer por um segundo, mas ela rapidamente se recompôs. Foi exatamente como quando Hana viu ela se encolher. ─── Eu- ─── Nayeon coça a garganta, desviando o olhar para a direção onde Hana estava. Quando ela volta à sua postura normal, Nayeon levanta o queixo levemente. ─── Quero conversar com Gyeongsu. Tem comida no depósito.
Hana arregala os olhos, olhando para Suhyeok. Ele ficou mais tenso, mas não olhou para trás e continuava olhando para Nayeon. Hana olhou por cima do ombro, para ver Gyeongsu. O olhar dela encontrou o do amigo, e ele parecia inseguro. Tinham tantas emoções passando pelos olhos dele que Hana não conseguiu captar nenhuma.
Voltou a olhar para a frente, ainda segurando o pulso dele. ─── Você não vai conversar com ninguém! ─── Cheongsan falou tão alto que poderia muito bem ser um grito. Todos conseguiam ouvir os transformados se agindo mais fora da sala, e Hana engoliu em seco ao ouvir o barulho deles arranhando uma das portas. Mesmo assim, ninguém disse nada.
─── Eu- ─── Gyeongsu coçou a garganta atrás de Hana, sua voz falhando. Hana se virou para olhar o amigo, e seus olhos se arregalaram ao ouvir a continuação. ─── Eu quero, Cheongsan.
─── Tem certeza? ─── Hana pergunta. Ela morde o lábio com preocupação, sentindo-se ansiosa, ao ver o amigo concordar com um aceno. Sente uma das mãos dele tirando sua mão do pulso dele, e os braços de Gyeongsu envolvem seu corpo. Hana está atordoada, mas solta a mão de Suhyeok para abraçar o amigo de volta. É rápido, mas é bom.
É reconfortante.
─── Não vai não. ─── Cheongsan volta a falar. Hana queria conseguir se opor, mas o olhar que Gyeongsu tinha era determinado. Um pouco assustado, talvez, mas com certeza era determinado. Parecia ser algo que ele precisava, e isso era o suficiente para Hana. Mas, ela ficaria olhando. Duvidava que qualquer um ali deixaria Gyeongsu sozinho com Nayeon mais uma vez.
Gyeongsu passa por trás de Hana, levantando a mão para Cheongsan quando ele abre a boca de novo. Sem dizer mais nada, vai até o outro lado da sala, evitando a transformada que Cheongsan avisou estar presa, e cruzou os braços. Era defensivo, como se ele estivesse inseguro, pela maneira como seus dedos se mexiam ao lado de seu corpo. Hana conseguia perceber.
Queria tanto ir até lá. Gyeongsu era uma pessoa boa.
O silêncio na sala era sufocante, e piorava a cada passo que Nayeon dava. Quanto mais próxima Nayeon ficava de Gyeongsu, mais Hana sentia que o ar da sala ficava pesado. Quando ela alcançou Gyeongsu, os dois ficaram em silêncio por algum tempo.
Ninguém dizia nada.
─── Vamos olhar o armário. ─── Suhyeok falou para os outros, e Hana desviou o olhar de Gyeongsu a tempo de ver Suhyeok virando-se para ela. ─── Espera aqui. Vou ver se tem água e alguma coisa pra você comer. ─── Ele sussurra, enquanto suas mãos envolvem os braços de Hana em um aperto delicado para fazê-la sentar em uma cadeira.
─── Mas... ─── Hana começa a falar, sem se opor ao movimento. Não prestava muita atenção, e seu olhar voltou para Gyeongsu. Nesse momento, decidiu que não reclamaria sobre não ir olhar o depósito também. Sentada onde estava, conseguiria ver a conversa dos dois. Conseguiria ver se Nayeon tentasse algo.
Não acreditava que tentaria, tanto por todos estarem olhando quanto pelo jeito que ela se comportava. Nayeon finalmente começou a falar algo. Sua postura era a mesma arrogante de sempre, quando não prestava atenção, mas havia pequenos detalhes. A maneira como sua mão agarrava a barra da saia, como seu queixo tremia de leve.
Hana respirou fundo, voltando a olhar para Suhyeok. Ele não tinha parado de olhar Hana. ─── Já volto. ─── Disse com um pequeno sorriso, vendo que ela não iria se opor.
Suas mãos dão um último aperto gentil nos braços de Hana, antes dele se endireitar. Hana percebe a maneira como seu sorriso some ao olhar na direção de Nayeon e Gyeongsu, mas Suhyeok rapidamente se vira e segue até o depósito. Ele para no caminho, ao lado de Cheongsan e sussurra alguma coisa para o amigo de Hana.
Não dá para saber o que é, mas, o que quer que seja, Cheongsan concorda. Ele dá um aceno, e Suhyeok entra no depósito com Joonyoung, que estava esperando ao lado da porta.
─── Me dá isso, Daesu. ─── Hana toma um susto ao ouvir a voz de Wujin, que já estava dentro do depósito.
─── Tem pra todo mundo!
Hana balança a cabeça com um pequeno sorriso ao perceber que os dois já estão brigando pela comida, mas isso some quando volta a olhar Nayeon e Gyeongsu. Ela percebe Hyunsik parado em uma parede próxima também observando a conversa dos dois. Seu amigo está ansioso, mordendo as pontas dos dedos. Ele e Gyeongsu tinham se aproximado bastante, e Hana se sentia grata por Hyunsik ter encontrado uma outra companhia nesse grupo. Queria que ele se sentisse bem ali.
E os dois garantiriam que Gyeongsu continuasse bem.
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Já se passou um bom tempo desde que a conversa de Gyeongsu e Nayeon terminou. Seu amigo foi direto para onde Hana estava com Cheongsan ── que se aproximou para olhar a conversa mais de perto ──, e ela chamou Hyunsik para se aproximar também. Eram os mais próximos de Gyeongsu ali, e já tinha percebido como os dois são parecidos em alguns sentidos, então imaginava que ele gostaria do apoio.
Parecia estar certa, porque Gyeongsu relaxou assim que se sentou junto aos três. Ele passou a contar sobre como Nayeon pediu desculpas, e disse que ela parecia estar realmente abalada. Hana não conseguiu deixar de olhar na direção de Nayeon ao ouvir isso.
Ela estava sentada em um canto isolada, sua cabeça baixa.
─── E-
─── O que importa é que você tá bem. ─── Hana cortou a fala de Cheongsan, que estava claramente prestes a insultar Nayeon de novo. Abraçou Gyeongsu de lado, sorrindo para ele. ─── E nós estamos aqui por você.
Gyeongsu deu um sorriso de lado. ─── Valeu, princesa.
Demoraram alguns minutos até que os outros percebessem que poderiam se juntar sem atrapalhar o momento vulnerável que Gyeongsu tinha dito. Suhyeok encostou na janela ao lado da cadeira onde Hana estava sentada, e Yihan e Namra sentaram no topo de uma mesa ao lado de Cheongsan. Bem, Yihan se sentou e obrigou Namra a se sentar também, sinceramente.
─── Finalmente a gente tem comida. ─── Yihan falou, esticando os braços acima da cabeça. Sua melhor amiga bocejou, passando a se espreguiçar.
─── Eles tão organizando ainda, né? ─── Hana perguntou, levantando da cadeira para olhar o grupo que estava andando de um lado para o outro no depósito. Apesar das comidas já estarem separadas e organizadas no depósito, Joonyoung, Hyoryung e Jimin estavam separando refeições iguais para todos comerem naquela noite.
Mesmo em pé, Hana não consegue ver muita coisa. Seus lábios formam um bico involuntário, e ela desvia o olhar insatisfeita por não saber quando vão conseguir comer. Agora que tinham comida, ela sentia a ganância voltando. Era bom finalmente não ter que depender de meia barrinha de cereal.
Quando começou a se abaixar para se sentar de novo, viu uma luz refletindo debaixo da mesa de Yihan. Hana se agachou com cuidado no chão, empurrando a perna de Yihan. ─── Quê isso, cara? ─── Sua melhor amiga resmungou, levantando as pernas.
Hana sorriu ao encontrar uma filmadora no chão, e ligou para ver se estava funcionando. Não ligava se ainda estava no chão, e embaixo de uma mesa, porque estava animada de novo. Um barulho involuntário de animação saiu de sua boca ao ver a câmera ligar, e Hana voltou para se sentar na cadeira de novo.
Antes que possam ver o que ela estava segurando, Hana levanta a filmadora e aponta para Suhyeok. ─── Dá oi! ─── Fala com a animação de uma criança, vendo Suhyeok rir. Ela dá um zoom exagerado na câmera, um sorriso se formando em seus próprios lábios.
Ele estava sujo de sangue, mas, meu Deus, Hana não consegue deixar de reparar no quão bonito Suhyeok é. Mesmo com o zoom ridículo que ela estava dando. Isso era muito injusto. Não conseguia enxergar um poro no rosto dele, como pode? E ele ainda ficava mais lindo rindo. In-jus-to. O coração de Hana bateu mais rápido, e mais rápido.
Hana não consegue evitar uma risada quando Gyeongsu surge na tela de repente, parando ao lado de Suhyeok com uma pose besta. Ela vira a câmera para o amigo, vendo ele fazer poses. Ao fundo, consegue ouvir a risada do restante do grupo reunido ali. Apostava que até mesmo Namra estava, no mínimo, sorrindo.
É um alívio ver Gyeongsu se comportando assim, ainda mais depois de ter visto e conversado com Nayeon.
─── Sua vez! ─── Gyeongsu pega a filmadora das mãos de Hana, puxando a mão livre dela para que ela parasse ao lado de Suhyeok. Ela sente seu rosto esquentar quando Gyeongsu levanta as sobrancelhas com um sorriso levado quando Suhyeok se vira para ver Hana parando ao seu lado. Os outros riem ainda mais, e Hana fica grata por Gyeongsu ter basicamente jogado ela ali, porque Suhyeok poderia muito bem imaginar que as risadas eram por isso.
─── Para. ─── Hana mexe os lábios quando Suhyeok volta a olhar para Gyeongsu, e arregala os olhos na direção da câmera.
Rapidamente ela se recompõe quando Gyeongsu vira a câmera mais um pouco na direção de Hana. Ela sente o olhar de Suhyeok voltando. Ainda bem que estavam na frente de câmeras, porque ela conseguia focar apenas nisso. Hana se mexe, virando um pouco de lado e colocando a mão na cintura.
─── Câmeras. ─── Pose. ─── Me. ─── Pose. ─── Amam.
Hana contém um sorriso quando os outros riem quando ela manda um beijo para a câmera.
─── Ei. ─── Hyoryung aparece na hora em que Hana se move para pegar a câmera de volta. ─── A gente já terminou de separar as comidas. ─── Hana acena com animação, ignorando a câmera completamente. Comida era mais importante.
Enquanto eles separavam a comida, Jimin e Onjo tinham começado a formar uma roda de cadeiras no centro da sala. Tinham decidido fazer um jantar em grupo, do jeito que conseguiam ali. Hana foi saltitando, literalmente, até a roda. Suhyeok se senta ao seu lado, e Hana se surpreende ao ver que ele segurava a filmadora. ─── Nós temos comida! ─── Hana fala para a câmera, mexendo os braços em uma dancinha feliz.
─── Tá feliz? ─── Ele perguntou, sorrindo atrás da câmera.
─── Muito! ─── Hana exclamou mais uma vez, piscando.
Hana precisa fingir que o sorriso que Suhyeok dá não afeta seu coração em nada. Era isso ou teria derretido ali mesmo na cadeira, porque ele era lindo. E ela não conseguia deixar de reparar nisso. ─── O que foi? ─── Suhyeok pergunta, movendo a filmadora para pegar os outros, mas olhando para Hana.
Ops. Não tinha sido tão discreta.
─── Nada. Só tô animada pra comer de novo. ─── Hana sorri.
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─── Tá muito frio. ─── Hyoryung resmunga, abraçando seus joelhos em cima da cadeira.
O grupo já havia terminado de comer, e ainda estavam no círculo. Ficaram conversando sobre bobeiras da turma antes de isso tudo acontecer, e Daesu teve a cara de pau de perguntar se o trio de Hana tinha chegado a começar o novo experimento de ciências. Eles literalmente receberam as designações para os novos trios um dia antes disso tudo acontecer.
Basta dizer que aquilo foi motivo o suficiente para Wujin pegar no pé de Daesu de novo.
─── Tá mesmo. ─── Hana resmunga.
A maioria da turma estava na mesma posição de Hyoryung. A noite já tinha chegado, e o vento frio que entrava pelas janelas era insuportável. Não fazia tanto tempo desde que fecharam as janelas para evitar parte do frio, então estavam tendo que lidar com o resquício. E ainda teriam que aguentar a sala abafada.
Hana se assusta quando um tecido cobre seu corpo. Quando olha, vê que é Suhyeok cobrindo-a com a jaqueta do uniforme que ele estava usando antes. ─── Você não vai cobrir? ─── Sussurra, para não atrapalhar a conversa do grupo. Suhyeok balança a cabeça, mas Hana não aceita. ─── Deixa de ser bobo. ─── Hana ajeita a blusa para cobrir os dois, igual Suhyeok fez na última manhã.
Talvez ela estivesse usando de desculpa para eles ficarem grudados. Talvez.
─── Queria fazer uma fogueira. ─── Daesu fala, encarando o centro do círculo. Seu olhar era tão intenso que ele parecia estar vendo uma fogueira ali mesmo.
Suhyeok se ajeita mais uma vez. Seu lado e de Hana estavam colados embaixo da blusa de frio, para conseguirem dividir o tecido de maneira igual. Quando o braço dele passa pelos ombros de Hana, ela sente que vai morrer ali mesmo. Ela nunca tinha namorado. Não que estivessem! Óbvio!
Mas ela não conseguiu deixar de pensar se era assim.
─── Boa ideia fazer uma fogueira numa sala de aula. ─── Wujin dá um tapa na nuca de Daesu, que resmunga.
─── Foi jeito de falar. ─── Dessa vez é Yihan quem dá um tapa na nuca de Wujin, fazendo Daesu rir.
─── Podemos fazer uma quando isso acabar. ─── Onjo fala, a voz saindo suave pelo tom baixo. Era um contraste quando comparado ao tom que os outros estavam usando, e Hana sentiu o clima na sala mudar.
Hana sorri, imaginando a cena. Desde que não fosse no meio do mato, tinha certeza de que seria divertido. ─── A gente pode assar marshmallow. ─── Hana falou, mas uma outra voz falou a mesma coisa ao mesmo tempo. Ela olhou para o lado, encontrando o olhar animado de Gyeongsu, que sentava ao seu lado.
Alguns dos outros riram enquanto os dois trocavam um high-five.
─── A gente é muito amigo. ─── Hana comentou com um sorriso.
─── E fazer chocolate quente. ─── Daesu completa.
Hana balança a cabeça com um sorriso, voltando a se aconchegar debaixo do aperto de Suhyeok. Nesse momento, com os transformados em silêncio, a música ainda tocando na sala de transmissão, e o clima agradável na sala, parecia apenas um momento de turma. Como a viagem final que fariam na formatura, um último momento juntos antes da vida adulta levá-los a caminhos diferentes.
─── Poderíamos fazer isso. ─── Onjo continua. Sua colega levanta a cabeça, passando o olhar pelo grupo. ─── Sempre que virmos uma fogueira, vamos nos encontrar.
─── Ia ser divertido. ─── Hana responde com um sussurro suave.
─── Também acho. ─── Suhyeok fala no mesmo tom. No ombro de Hana, seus dedos passam a fazer um carinho reconfortante que faz Hana sorrir.
Pouco a pouco, barulhos de concordância enchem a sala. O clima de intimidade é palpável, e a esperança também. No fundo do tom de Onjo, dava para ver que tinha um quê de "quando sairmos daqui". Hana arrisca um olhar para Nayeon, que ainda estava isolada no canto. Mesmo quando levaram a comida até ela, Hana tinha certeza que ouviu um "obrigada". Bem baixo, mas estava lá.
Vê Nayeon mexendo com os dedos das mãos, sem levantar o olhar para o grupo no centro da sala. Hana queria se sentir mal, mas ainda sentia o susto de quase terem perdido Gyeongsu, e a troco de quê? Ainda não entendia o que se passou pela cabeça de Nayeon para fazer uma coisa delas.
Hana desvia o olhar, encostando a cabeça no ombro de Suhyeok. Já conseguia sentir o sono chegar, e estava começando a ficar exausta.
Até que os barulhos de helicópteros voltam mais altos.
O grupo se levanta em um susto, indo até a janela e olhando ao redor. Eles estavam ali, alguém estava ali. Não tinham feito um sinal de socorro perfeito, apenas improvisado uma escrita nas cortinas usando molho de tomate. Sim, molho de tomate. Poderia ser bizarro? Muito provavelmente, mas era o que tinham.
─── São..? ─── Hana pergunta, parada na janela com Suhyeok.
─── Parece que sim. ─── Ele fala rapidamente, o tom urgente.
Não tinham o que fazer além de ouvir o barulho excruciante de um helicóptero bem em cima deles. Estavam pousando no topo da escola? Hana não tinha certeza, e o grupo continuava em alerta. Primeiro veio o barulho das hélices, depois vieram os tiros, que se aproximavam do andar em que estavam.
Hana tapava os ouvidos com força, sentindo que os sons altos eram capazes de destruir sua audição a qualquer momento. O barulho era ensurdecedor, mas parecia ser ainda pior para Namra. Sua amiga estava encolhida contra a parede, os olhos fechados com força enquanto tentava suportar o ruído. Yihan, ao seu lado, pressionava as mãos sobre as dela numa tentativa desesperada de abafar o som.
─── A gente tem que chamar a atenção deles! ─── Suhyeok gritou por cima dos tiros, forçando a voz.
Cheongsan acenou rapidamente, entendendo o plano. Os dois estavam próximos às janelas do corredor e correram até lá, onde as cadeiras que usaram para bloquear a visão dos transformados estavam empilhadas. Eles afastaram uma das cadeiras, abrindo um pequeno espaço para ver o corredor. Foi o suficiente para Hana também enxergar: um grupo de transformados corria na direção das escadas, com certeza atraída pelos barulhos de tiro.
Suhyeok e Cheongsan começaram a gritar pelas janelas, tentando chamar ainda mais atenção dos infectados. Logo, Wujin se juntou a eles, batendo contra a moldura da janela com força. Os gritos misturavam-se ao ruído dos tiros e ao som de passos pesados reverberando pelo chão do corredor. O coração de Hana batia tão forte que ela sentia que iria parar.
Não sabia se o melhor era se juntar a eles e fazer mais barulho, ou se continuava abafando o som. Sua cabeça estava doendo, um ponto de pressão específico que deixava Hana enjoada.
De repente, um estrondo seco ressoou contra a porta da sala de música.
Todos congelaram. Depois veio outro impacto. Mais forte. Hana virou a cabeça a tempo de ver a maçaneta girando, como se alguém do lado de fora estivesse tentando entrar.
Um terceiro estrondo fez a porta estremecer nos batentes.
A respiração de Hana ficou presa na garganta.
Então, a porta se abriu de uma vez, batendo contra a parede.
E os soldados entraram.
╰ ⴰ♡̸㇀ ── oh my god, atualizei!
╰ ⴰ♡̸㇀ ── interessades em night has come: tenho uma fanfic do kyungjun publicada e estou atualizando ela<3 já tem dois capítulos e o terceiro está pronto para ser postado essa semana.
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