𝟎𝟏. 𝐓𝐨𝐝𝐨𝐬 𝐄𝐦𝐛𝐚𝐫𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨
ㅤㅤㅤO final do verão naquele ano ainda mantinha o clima quente, com o ar abafado pelas nuvens de chuva e pela fumaça espessa das chaminés das fábricas londrinas, ambas se recusando a dispersar-se. Era algo extremamente irritante e desconfortável, as roupas pareciam incomodas, os cabelos grudavam na nuca e no pescoço insistentemente, como uma espécie de maldição, e sair de casa nem sempre era um alívio. Mas naquele dia, pelo incrível que pudesse ser, Ophelia estava feliz em finalmente deixar a estalagem que passara a viver no último ano. O ano mais conturbado e estranho de sua pacata e curta vida.
E agora, ela caminhava pelas ruas estreitas de Londres, a fim de encontrar o local marcado para sua partida.
A partida que mudaria sua vida para sempre.
Não demorou muito para que avistasse a carruagem. Estava estacionada no meio da viela, com o bagageiro já cheio de malas e baús. Era uma diligência pouco luxuosa. Simples, mas confortável, assim como todos os coches de aluguel que via pelas avenidas movimentadas da cidade. Porém, essa ainda tinha um diferencial peculiar que Ophelia nunca vira antes, a carruagem não era puxada por cavalos, na verdade, aos olhos alguns ela não era puxada por nada. E perto dela, Ophelia viu a figura esguia de um homem, com os cabelos grisalhos e o nariz aquilino que ela conhecia muito bem.
— Professor Fig! — Ela gritou ao longe para ele, acenando em cumprimento quando ele se virou para encará-la.
— Srta. Grey! — Ele devolveu o cumprimento ao vê-la se aproximar da carruagem — Que bom que chegou, e bem na hora, devo dizer — Acrescentou. A garota conseguia ver um lampejo de satisfação em seu rosto quando ele retirou o relógio do bolso e sorriu para o horário indicado pelos ponteiros — Já estamos quase prontos para partir.
Com a fala de Fig, Ophelia deixou escapar um suspiro de alívio, e também de ansiedade.
Desde que tinha descoberto sobre a escola de magia e bruxaria de Hogwarts, e sobre sua natureza bruxa, a garota não conseguia esconder a animação e o entusiasmo de saber cada vez mais sobre aquele novo mundo. No começo, ao seu ver, tudo parecia estranho, como se alguém estivesse lhe fazendo uma grande piada de mal gosto, ou tentando lhe pregar uma peça. Afinal, no auge de seus dezesseis anos, ela já era consciente de que as bruxas não existiam, e que a magia que sempre lera em livros de história e mitos não eram reais, por mais que sempre desejasse que fossem.
E convenhamos, quem iria acreditar que uma garota órfã do East End seria uma criança bruxa perdida?
Parecia pouco provável, mas no fim, real.
E ela se lembrava claramente do dia em que tudo aconteceu, como se estivesse acontecendo naquele instante.
Era uma quarta-feira como qualquer outra, e a garota se lembrava de estar lavando roupas nos fundos do orfanato, num beco estreito e mal iluminado, com um cheiro forte de mofo e lodo esverdeado. Se lembrava de estar perdida em pensamentos, com a cabeça voando alto, enquanto seu cérebro se encarregava de manter suas mãos trabalhando mecanicamente, realizando a árdua tarefa de esfregar pilhas e mais pilhas de tecido. Pensar era uma das únicas formas de escape que Ophelia desenvolvera, além de, é claro, a leitura. Mas esta em específico ainda era muito rara de ocorrer durante a luz do dia.
De repente, ao longe, um grito a fez se sobressaltar, cortando seus devaneios pela raiz e fazendo-a voltar-se para a triste realidade. Era o que geralmente sempre acontecia quando Madame Davis a chamava, e ela não havia pensado duas vezes antes de abandonar tudo para atendê-la.
Lorraine Davis, era a governanta e diretora do orfanato no qual havia crescido. Era comandado pela mesma desde quando ela chegara, quando ainda era um bebe. Eram poucas as informações que a menina possuía sobre sua chegada, mas o que ela sempre soube foi que esta mesma mulher havia lhe dado seu nome.
Ophelia Grey.
Em teoria, órfãos não possuíam sobrenomes, já que não tinham famílias à qual pertencer, e no caso de Ophelia não era diferente.
Seu segundo nome era mais como um trocadilho, ou talvez, um lembrete do que ela era. A ideia de ser chamada por Grey vinha por conta da coloração de seus olhos, de um tom claro e brilhante de cinza-azulado, que por muitas vezes lembrava as cinzas que caiam do cigarro de Madame Davis, que segundo ela, eram desprezíveis e descartáveis — Assim como a menina. E com o tempo, o apelido passou a se tornar um hábito.
Quando Ophelia finalmente chegou na sala de estar — local onde ela sabia que a mulher estaria — ficou inteiramente surpresa ao ver que a diretora estava acompanhada de um homem.
Ele era alto e esguio, com o corpo um pouco franzino; possuía cabelos grisalhos e barba na mesma coloração. De costas ele não aparentava ter muita idade, sua postura era ereta e sua presença parecia firme, mas quando se virou, Ophelia conseguiu ver os sinais do tempo em seu rosto, os olhos serenos e o sorriso gentil. Não poderia ter mais de sessenta anos, pensou ela.
A mulher corpulenta atrás dele havia lhe lançado um olhar de superioridade, e talvez aversão, tão intenso que Ophelia conseguiu sentir um arrepio agudo e frio atravessando sua espinha.
— Aí está a garota — Davis havia dito, com a voz fria e indiferente, fazendo Ophelia retrair-se no mesmo instante. Ela desviou seu olhar para o chão, fitando os sapatos de segunda mão como se eles fossem a coisa mais interessante que ela pudesse ver no mundo. Mas então, a voz gentil e levemente rouca do homem ecoou em seus ouvidos:
— É um prazer finalmente conhecê-la, Srta. Grey — Disse. O cuidado na entonação deixava claro que ele estava tentando não assustá-la, como se ela fosse um coelho que poderia pular e se esconder em um arbusto — Eu sou Eleazar Fig, professor de Hogwarts — Apresentou-se — Vim trazer-lhe uma correspondência muito importante, endereçada em seu nome.
No mesmo instante, sem conseguir conter a surpresa e o salto no coração, Ophelia levantou o olhar para finalmente encara-lo. Ela nunca havia recebido cartas, e muito menos conhecia o local a qual ele havia se referido. Hogwarts. A expressão de descrença não passou batida para ele, pois, imediatamente, o sorriso de Fig se alargou e, com um movimento singelo, retirou de dentro do paletó um envelope amarelado, com um lacre vermelho em seu centro que possuía um alto relevo de um brasão, e o estendeu para ela.
Com hesitação, a garota deu alguns passos à frente, a fim de aceitar a carta. Ela pegou-a das mãos dele, e rompeu o lacre com as mãos trêmulas, passando os olhos sobre a caligrafia afiada e elegante.
Ao término da leitura, as sobrancelhas de Ophelia se juntaram, franzindo o cenho em sinal de pura confusão.
— É algum tipo de piada? — Ela havia dito. Uma risada contida, ecoou do fundo da garganta do professor, como se ele estivesse esperando tal reação.
— Não existe piada alguma, Srta. Grey — Ele esclareceu — Muito pelo contrário, o Ministério deveria ter mandado alguém muito antes para trazer tal notícia, peço mil desculpas. — Ophelia encarou diretamente os olhos castanhos enegrecidos do homem buscando alguma resposta mais clara, mais precisa. Mas qualquer busca por um lampejo de controvérsia ao assunto não foi bem sucedida. E antes que ophelia pudesse sequer sanar suas dúvidas, a voz estrondosa de Madame Davis se elevou no cômodo:
— Mas o que essa carta diz afinal? — A mulher quis saber, colocando as mãos nos quadris largos em sinal de interrogação — Vamos garota, diga — Exigiu.
— E-Eu... — Ela gaguejou, alternando o olhar entre a diretora e o professor — Eu fui convocada para estudar em uma escola de... Magia — revelou.
A risada escandalosa e grave de Lorraine ribombou em seus ouvidos, tão arrogante e cruel como em qualquer pesadelo que Ophelia já teve.
— Magia?! — Ela repetiu — Ora por favor, não seja ridícula! — Ela desviou o olhar afiado de Ophelia para o homem grisalho, fitando-o com descaso — Ophelia, diga a esse lunático o que eu lhe ensinei sobre bruxas e sobre essas fantasias mentirosas.
A garota abaixou o olhar para o chão novamente, proferindo em seguida as antigas palavras que a mulher havia lhe dito a muito tempo, em um passado que não lhe era tão longínquo assim.
— "Bruxas são histórias patéticas dos contos de fadas, elas não existem." — Ela respondeu mecanicamente.
— Ótimo! — exclamou, batendo palmas exageradamente — Pelo menos em algo você consegue acertar — Davis avançou pela sala caminhando em sua direção, enquanto fazia os saltos de seus sapatos ecoarem no chão de madeira. Ela se aproximou de Ophelia, arrancando a carta das mãos da menina rapidamente, e num gesto de desdém avaliou o papel, somente para rasgá-lo em pedaços logo depois.
Ophelia arfou em sinal de abalo, e de total tristeza.
— Diga à sua escola de malucos, que essa garota não tem permissão para ir a lugar algum. Eu não permito! — Ela disse diretamente para Fig, jogando as migalhas da carta na direção dele, sujando o chão com seu conteúdo — Ela não sairá daqui antes de me pagar o que deve, e ela me deve muito!
A expressão de Eleazar parecia inabalável, não tendo se afetado com nenhuma palavra a qual lhe foi desferida. E foi com total elegância e paciência, que ele estão disse:
— A Srta. Grey virá comigo, quer a senhora queira, quer não — respondeu — Isso, é claro, se for o desejo dela.
— Ela não tem o direito de exigir nada aqui! — A mulher exaltou — E fique sabendo que se ela deixar aquela porta, eu digo a polícia que ambos me roubaram e me ameaçaram! Tenho certeza que vai gostar da hospedagem do xilindró, Senhor — Ela enfatizou a última palavra como se fosse algum tipo de afronta, ou talvez um insulto — Agora saia daqui!
Ela apontou para a porta, e o encarou, levantando as sobrancelhas para ele quando o mesmo não se mexeu. Eleazar apenas respirou fundo e se voltou para Ophelia com um sorriso singelo.
— Srta. Grey, é preciso que faça uma escolha — A garota ergueu seu olhar mais uma vez, de forma suave para que não levantasse o queixo, e para que não alertasse Madame Davis de seu gesto — Você pode deixar esse lugar terrível. Pode ser livre para aprender a controlar tudo que tem feito de estranho nos últimos anos. Aprender coisas novas e importantes para se defender, ou para nunca mais ferir alguém...
Ophelia não pode conter sua boca de se abrir em espanto. Como aquele homem poderia saber que coisas estranhas vinham acontecendo? Como poderia saber que ela quase machucou alguém sem saber como?
— Ou...Pode continuar aqui — Ele concluiu — A escolha é sua.
— Quantas vezes vou ter que lhe dizer que ela não vai a lugar algum?! — Esbravejou Davis mais uma vez, calando qualquer resposta que Ophelia pudesse dar.
— A senhora gosta mesmo de falar pelos outros, não é? — Fig lhe perguntou diretamente. Dessa vez ele não parecia tão calmo e controlado, e Ophelia não o julgaria, Lorraine tinha o poder de tirar a paciência de um santo quando bem entendesse.
A mulher elevou a voz para ele, divagando mais uma vez sobre chamar as autoridades e prendê-lo pelo importunamento.
Foi então que aconteceu.
O homem, com um simples balançar dos dedos fez com que a voz de Lorraine cessasse de repente, deixando o recinto em completo silêncio.
— Bem melhor, não acha? — Ele perguntou com um sorriso zombeteiro.
Ophelia só conseguiu conciliar-se do que realmente estava diante dos seus olhos quando se virou para encarar diretamente o rosto da mulher, vendo com um sobressalto que a boca da mesma tinha desaparecido completamente de sua face.
O pânico tomou conta de sua expressão sem lábios, e ela começou a gesticular fortemente como se estivesse tentando fazer com que aquilo parasse, ou como se tentasse chamar a ajuda de alguém. Mas os esforços eram completamente em vão, visto que nenhum som ou ruído saia.
Ophelia não pode conter o sorriso risonho que a invadiu, e muito menos conteve a satisfação de ver Lorraine ser castigada pelas coisas terríveis que fazia. E quando ela menos percebeu, estava rindo. Algo que muito raramente acontecia.
— Esse sorriso é alguma confirmação da resposta que eu imagino? — O professor se dirigiu a ela, com o rosto alegre e sorridente. A garota tinha esquecido totalmente da escolha que havia de fazer.
— Como...— Ela apontou para Madame Davis parada em frente a um espelho, examinando o resultado de sua insolência — Como o senhor fez aquilo?
O sorriso de Eleazar se alargou.
— Vai saber como muito em breve, Srta. Grey. Se aceitar a oferta que Hogwarts tem a lhe oferecer — Ele declarou — E então? Qual será sua escolha?
Ela tinha aceitado. Era óbvio.
Ophelia jamais conseguiria conter a onda de curiosidade e admiração que tinha sentido naquele momento. Não poderia deixar de se sentir intrigada com tudo aquilo. Foi então que decidiu aceitar o convite, e deixar o orfanato ao lado do Professor Fig. Tudo isso sem olhar para trás.
Era estranho ter que deixar o lugar onde cresceu, e o único teto que conhecia, mas algo muito forte e intenso dentro de si lhe dizia que algo muito mais importante ansiava por ela, e por sua ida à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, mesmo sem saber, ao certo, o que isso significava.
A mente de Ophelia não parou nem por um segundo desde o momento em que deixou as portas do Orfanato para trás. Eram tantas dúvidas, tantas perguntas que, ela tinha certeza, que nem o próprio professor daria conta de responder todas elas. Mas ao menos ele tentou.
Ao longo do percurso que fizeram de carruagem, Fig se permitiu explicar um pouco sobre toda aquela situação, começando previamente com uma história.
O professor contou-lhe que sempre que uma nova criança manifestava magia na Grã-Bretanha, um livro encantado se abria e uma pena — Também encantada — saia do tinteiro e escrevia seu nome nas páginas. Era assim que a escola sabia exatamente quem teria o privilégio de receber uma carta de aceitação. E que, no caso de Ophelia, havia sido um completo choque seu nome ter se escrito tão tardiamente, pois, na maioria das vezes, bruxos e bruxas ingressavam em Hogwarts por volta dos onze anos. Sendo assim, ela teria que ser instruída para aprender todo o conteúdo de cinco anos — antes do ano letivo — para poder ficar a altura dos colegas da sua idade.
Aquilo seria um grande desafio, sobretudo para alguém que não havia nascido no mundo bruxo, rodeada pela magnitude fantástica que tudo aquilo representava. Mas mesmo com a insegurança, o professor Fig lhe assegurou que ambos fariam um ótimo trabalho e que conseguiriam fazer com que tudo desse certo.
Assim, durante o último ano, ela havia se hospedado em uma estalagem bruxa em Londres, um lugar que também abrigava uma taverna, chamada de Caldeirão Furado. O estabelecimento era bastante agitado, sobretudo à noite, e abrigava bruxos e criaturas mágicas de vários tipos.
Ophelia havia se instalado em um quarto simples, mas que com certeza era melhor do que aquele que dividia com outras pessoas no orfanato. Eleazar Fig lhe fazia visitas regulares todos os dias, para que ambos fizessem suas aulas. Trabalho esse que havia se tornado um tanto quanto cansativo, mas também muito divertido. Não havia sido uma tarefa fácil — como já era de se esperar — o esforço havia sido árduo, mas Ophelia conseguiu, com grandes resultados, colocar todos os estudos em dia, ou pelo menos, a maioria. Não era um obstáculo muito grandioso afinal, pois mesmo que nunca tivesse frequentado uma escola, Ophelia sempre buscou aprender várias coisas por conta própria, inclusive ler e escrever, e vez ou outra conseguia surrupiar alguns livros da coleção de Madame Davis, e o hábito da leitura sempre a deixava a par de muitos assuntos.
— É uma pena não termos tido mais tempo para focar nos feitiços... — Disse a voz de Fig, cortando os devaneios da garota.
— Como disse, professor? — Ela o indagou, balançando a cabeça para afastar as memórias.
— Presumo que esteja praticando os feitiços que vimos, certo? — Ele questionou, levantando uma sobrancelha acusatória para ela.
— Estou! — Exclamou ela, sacando a varinha rapidamente em exibição — Estou sim.
Um riso sincero deixou os lábios do mais velho.
— Bom... — Ponderou alto — Você realmente tem se saído muito bem com uma varinha de segunda mão, nunca vi ninguém se dar tão bem com uma. tenho certeza que fará grandes proezas quando tiver a sua.
As bochechas de Ophelia ruborizam com o elogio, fazendo-a sorrir um pouco sem graça, pelo orgulho que transbordava de sua fala.
— Agradeço a modéstia, Professor. Foi uma alegria imensa termos trabalhado juntos antes das aulas... — De repente, um barulho alto de algo aterrissando no chão fez com que Ophelia interrompesse sua fala. Eleazar virou seu rosto na direção do estrondo no mesmo instante, sobressaltado, e a garota o acompanhou. E logo viram o que havia irrompido do céu, e não era algo, e sim, alguém.
Era um homem, alto e corpulento, com cabelos que um dia poderiam ter sido de um tom intenso de castanho, mas agora possuíam algumas madeixas grisalhas, assim como a barba que cobria as bochechas rechonchudas. Ele usava óculos de grau, observou Ophelia, e se vestia de forma simples, com o paletó combinando com a calça e gravata borboleta.
O sujeito em questão agora batia a poeira dos braços e pernas, enquanto observava o perímetro em busca de saber sua exata localização. E quando seus olhos recaíram sobre eles, um sorriso se abriu em seu rosto.
— Eleazar! — Exclamou o homem. Ele abriu os braços de forma acolhedora, como se estivesse feliz em ver o professor.
— Jorge? — Respondeu Fig, parecendo tão surpreso quanto Ophelia pela chegada do mesmo, mas não pestanejou em ir cumprimentá-lo com um aperto forte de mãos — Eu achei que não tivesse conseguido vir. Mas que bom que minha descrição enigmática do nosso local não lhe impediu de nos encontrar.
— Acredite, meu caro, já aparatei para destinos muito mais vagos que este — Ele assegurou com uma risadinha — Mas confesso que errei os cálculos na primeira tentativa. Dei um grande susto nos espectadores dos teatros de West End — Ele se permitiu rir novamente, cutucando o braço de Fig como se aquilo fosse uma grande piada.
Ophelia somente se permitiu ouvir a conversa de longe. Não havia motivo para que ela se intrometesse, e tão pouco queria. Não era de seu feitio socializar-se abertamente com outras pessoas, ainda mais se tratando das quais ela ainda não conhecia. Já havia levado um longo tempo para que ela se adaptasse à presença constante do Professor, que por sua vez buscava sempre indagar-lhe com perguntas a respeito de seu bem-estar. Se estava se sentindo bem, se estava com medo ou, se por algum acaso, ela estivesse sentindo falta de "casa".
O que obviamente não se mostrava o caso.
Ela estava realmente feliz em estar ali, esteve feliz grande parte do tempo enquanto aprendia suas novas lições sobre seu novo mundo. Mas Ophelia não poderia deixar de sentir-se estranha em algumas situações. Lidar com o mundo bruxo e com pessoas que já viviam nele constantemente era algo relativamente conturbado. Pois mesmo que estivesse empenhada em ficar a par das situações — de suas leis, de suas notícias e seus conhecimentos — nada parecia o suficiente, era como se ela estivesse sempre a um passo atrás de todos. E isso tornava tudo mais desconfortável e constrangedor. Mais difícil.
— Bem... de qualquer forma, é ótimo que tenha nos encontrado. — Ela escutou o Professor dizer em alto tom. Ele parecia realmente alegre e aliviado em encontrar o amigo — Precisamos mesmo ter uma conversa, já faz tanto tempo, afinal... E desde que recebi sua coruja, eu... — Ele se interrompeu subitamente ao escutar um ruído engasgado sair do fundo da garganta do homem, parecendo um pouco desesperado.
Como ele se chamava mesmo? Jorge, não é?
— Melhor não falarmos disso aqui, não acha, Eleazar? — Incitou ele, entre dentes. O olhar de Jorge parecia um tanto quanto inquieto, focalizando-se de um lado ao outro da rua como se temesse algo.
— Ah claro! — Fig concordou, parecendo se dar conta da situação — Podemos debater sobre isso no caminho até Hogwarts. Temos um banquete e uma cerimônia de seleção para atender, afinal.
— Ótima ideia! — Exclamou o outro, abrindo um sorriso. Todo ar de preocupação pareceu esvair-se de seu rosto no mesmo instante, como num passe de mágica. Transbordado de alívio.
Inesperadamente, seu olhar cruzou com o de Ophelia, um pouco mais além do professor, fazendo com que as sobrancelhas escuras dele se arqueassem. Era como se somente naquele instante, tivesse se dado conta da presença dela.
— É claro...— Ele emendou — se sua companhia não se importar que eu vá junto.
A pergunta subentendida pairou no ar. Deixando uma brecha exata para que Ophelia finalmente se pronunciasse.
— De maneira alguma, senhor — Ela lhe respondeu de forma singela. E pode perceber um sorriso brotar no rosto de Eleazar com sua resposta.
Tomando a dianteira, o professor, mais do que depressa, adiantou-se em abrir a porta da carruagem, e se voltou para Ophelia logo em seguida.
— Damas primeiro... — Disse ele, fazendo um gesto cortês com a mão para encorajá-la a entrar.
Ophelia respirou fundo, contendo a empolgação e a ansiedade que aquilo lhe trazia dentro do peito. E antes de finalmente colocar o pé direito no apoio, Fig lhe estendeu uma mão e ajudou-a a subir na carruagem, que como presumia, tinha o interior bem simples, assim como o lado de fora. Mas o estofado do assento era impressionantemente confortável.
— Faz eras que não vou até o castelo — Ela escutou o mais novo integrante do comboio divagar, enquanto o professor se juntava a ela no interior da diligência — Vai ser bom ver aquela pilha de pedras velhas...
A frase de Jorge morreu em sua boca enquanto se preparava para entrar, e mais uma vez, Ophelia reparou que a hesitação havia tomado sua face.
Ele olhou para a rua deserta em sua extensão, parecendo apreensivo. Ao longe conseguia-se escutar o barulho dos sinos do Big Bang, indicando com pontualidade às quinze horas do dia primeiro de Setembro de 1890. E então, sem esperar por mais nada, Jorge juntou-se a eles, fechando a porta atrás de si.
O professor Fig deu uma batida no teto quando todos se acomodaram, dando um sinal para que o cocheiro pudesse seguir. Ophelia escutou o estalar das rédeas do lado de fora, ficando deveras curiosa sobre como aquilo funcionaria sem cavalos para puxá-la. E de repente houve uma leve turbulência. O coche se inclinou, e quando menos esperava eles estavam no céu.
Ophelia concluiu naquele exato momento, que voar só poderia ser mesmo obra de magia. A carruagem deslizava por entre as nuvens enquanto eles ganhavam velocidade, e já estavam tão alto do chão que as construções de Londres se tornavam minúsculas aos olhos dela, que pareciam brilhar com fascínio em ver tudo aquilo acontecer diante deles.
Havia ficado tão entretida com o voo, que mal percebeu que os outros dois tripulantes continuavam conversando entre si dentro da cabine.
— Que bom que alcancei você antes de partir para a Escócia — Dizia o convidado de Fig.
— Foi mesmo por pouco — Ele respondeu — Já estávamos prontos para partir quando você apareceu.
— Compreendo. Pretendiam partir no mesmo horário que o trem, não é mesmo? — Jorge quis saber.
Fig assentiu com um menear de cabeça.
— Os testrálios voam rápido. Com sorte chegaremos até mesmo antes do Expresso de Hogwarts.
Ophelia concordou mentalmente com a observação do professor. Através das janelas tudo se movia com uma rapidez considerável, e agora nem ao menos dava para se ver os pequenos vilarejos, ou os campos verdes da Inglaterra por conta da altitude. O que com certeza, ela imaginava ser uma medida de segurança para que não fossem vistos pelas pessoas comuns — trouxas, como os bruxos britânicos diziam.
— E alias, Fig...posso saber quem é sua jovem companhia?
Ophelia não deixou de se sobressaltar com a pergunta, e no mesmo instante desviou sua atenção da janela, e se fixou no diálogo.
— Ah, sim, claro! Deixe-me apresentá-los... — Fig se empertigou, tomando uma postura mais formal, enquanto limpava levemente a garganta com um ruído — Esta é a Srta. Ophelia Grey, a nova adição de Hogwarts — Ele a indicou com um simples gesto, fazendo o mesmo com seu convidado em seguida — E Srta. Grey, este é Jorge Osric, meu amigo de longa data e empregado do Ministério da Magia.
— É um prazer conhecê-lo, Sr. Osric — cumprimentou ela, com um sorriso educado e singelo.
— O prazer é meu, Senhorita — Respondeu ele a ela, parecendo entretido com sua presença — Mas devo dizer que estou deveras curioso. Uma nova adição?
— Sim, senhor. Vou começar meus estudos diretamente do sexto ano — Explicou ela, colocando uma mecha atrás da orelha como ato de nervosismo. Ainda era um pouco estranho adentrar em tal assunto, explicar às pessoas o porque fora admitida tardiamente, quando nem ela mesma sabia ao certo o porquê.
Mas para seu alívio, Osric não fez mais perguntas, e apenas exclamou:
— Isso é esplêndido!
— Com toda certeza — Fig concordou — Nenhum professor jamais viu alguém ser admitido em Hogwarts tão tarde.
— Devo confessar que eu também não — Acrescentou o convidado.
— E bem... pelas circunstâncias, todos os alunos do sexto ano já praticam magia há cinco anos. Por isso, o diretor me designou para a árdua tarefa de colocar os conhecimentos da Srta. Grey em dia com os de seus colegas — Explicou brevemente.
— Acredite, Senhorita, não poderia estar em mãos melhores — comentou Jorge, se voltando para Ophelia — O professor Fig aqui, é um docente excepcional, além de um bruxo muito intuitivo e muitíssimo talentoso também.
Ophelia pode perceber Fig movimentar a mão em um gesto de modéstia ao seu lado no assento.
— Não leve tão a sério as coisas que ele diz — Ele se voltou para a aluna — O Sr.Osric possui um grande talento para bajulação. Tanto que, creio ser esse o motivo pelo qual ele cresceu tanto no Ministério.
— Eu não disse nada além da verdade, Eleazar — Protestou o outro — Não seja modesto, e aceite os elogios.
— Eu altamente terei que concordar com o Sr.Osric, professor — Ophelia interveio, pontuando a opinião do homem à sua frente — O senhor realmente é extraordinário.
— Ora eu... Eu...— Gaguejou ele, e em seguida limpou a garganta mais uma vez, a fim de deixar a voz mais firme — Eu nem sei o que dizer — Completou — Jorge, por favor, vamos direto ao assunto. O que havia de tão importante para me dizer, que teria de ser pessoalmente?
— Ah, quase me esqueci! — Ele exclamou.
Ophelia observou toda a situação em silêncio, e viu claramente o homem retirar de dentro do bolso do casaco uma página de jornal um pouco amassada. Mas não parecia ser um jornal comum, daqueles que se vendiam em bancas espalhadas pelas ruas de Londres.
A foto estampada no papel — que parecia ser a capa do jornal — se mexia livremente, como se o momento em que foi tirada ficasse eternizado, e nela, podia-se ver uma criatura, que até alguns meses atras seria pouco conhecida por Ophelia, mas agora ao observar com atenção a garota pode deduzir com certeza que se tratava de um duende.
Acima, no cabeçalho da página, lia-se o que parecia o nome do jornal "Profeta Diário", e logo abaixo a manchete do jornal estava escrita com letras bem grandes: "A rebelião Goblin de Ranrook. Verdade ou farsa?"
— Tem visto as notícias de hoje? — Jorge incitou Fig.
— Eu vi. — concordou ele, com um acenar de cabeça, olhando completamente entretido para a foto.
A conversa tinha se voltado novamente a um assunto que Ophelia desconhecia. E pela expressão estampada no rosto de Jorge, parecia se tratar de algo realmente sério, no qual ela suspeitava que seus meros conhecimentos básicos de magia poderiam ajudar pouco.
E não sendo convencida do contrário, a garota desviou os olhos da conversa por um instante, não deixando de aguçar os ouvidos para poder interpretá-la se necessário.
— Tenho lido bastante sobre isso, na verdade — Ela ouviu o professor continuar — O Ministério tem se dividido em opiniões sobre esse tal Ranrook ser ou não perigoso, não é? — Ele incitou.
Para o azar de Ophelia, toda a paisagem do lado de fora ainda estava encoberta pelas nuvens, impedindo qualquer coisa de prender sua atenção. Porém, ainda sim, havia algo de acolhedor em olhar para o céu encoberto, como se ele pudesse acalentar qualquer tipo de tormento em seu coração.
De repente, algo cruzou seu campo de visão ao longe, fazendo-a sobressaltar-se de leve. Não havia como identificar o que era. O vulto negro transpassou pelas nuvens em uma velocidade inimáginável, da qual seus olhos não conseguiram acompanhar.
Balançando a cabeça, ela deu as costas para a janela, a tempo de escutar o Sr.Osric responder:
— Sim — ele confirmou a pergunta do amigo — E apesar de eu ainda não ter conseguido convencer meus colegas do Ministério, acredito que ele pode ser sim uma grande ameaça. Porque... — Ele fez uma longa pausa, e respirou fundo, parecendo buscar as palavras certas para relatar — Porque foi sua esposa que me alertou das atividades dele a alguns meses, Eleazar.
Ophelia viu o semblante de Fig escurecer no mesmo momento, tomado por uma onda de emoções que ela não conseguiu descrever com precisão. Era algo entre o choque, o abalo, ou até mesmo um pouco de tristeza.
— Miriam? — Ele questionou — Como...
— Ela me escreveu antes de morrer — explicou o amigo, sem rodeios.
As sobrancelhas de Ophelia se ergueram com a informação repentina, e ela não pôde deixar de encarar o professor, mas ao fazê-lo, percebeu que agora seu rosto havia se tornado mais sério, e totalmente focado nas palavras de Osric.
— Ela me perguntou o que eu sabia sobre ele e sobre a tal rebelião. Mas antes que eu pudesse respondê-la... — Ele emendou, e rapidamente checou o outro bolso do casaco, retirando de dentro dele uma espécie de objeto cilíndrico, e o estendeu nas mãos para que Fig pudesse ver — Recebi isso. Foi entregue pela coruja dela. — Explicou — Foi a última coisa que ela me enviou, Eleazar. Mas não possuía nenhum bilhete dizendo do que se tratava, então só posso presumir que...
— ...Que ela teve que se livrar disso logo para mantê-lo seguro — O professor completou a frase por ele, vislumbrando o estranho objeto com olhos curiosos enquanto Jorge o entregava nas suas mãos.
— Do Ranrook, provavelmente — Acrescentou ele — Mas eu não consegui desvendar o que é, muito menos abrir. A magia que o guarda é poderosa demais.
— Parece que é metal de duende... — Fig observou, em seguida bateu a ponta do dedo no objeto como se testasse sua teoria — Mas esse símbolo... — Ele divagou.
Ao observar o cilindro, Ophelia pode ver que realmente parecia se tratar de algo metálico, por conta do reflexo que a luz fazia em sua superfície. Ele era pintado de uma cor esverdeada e possuia alguns detalhes em bronze, e bem ao centro um símbolo peculiar o guardava. As linhas distorcidas pareciam formar o desenho de uma chama, que brilhava com uma cor azulada encantadora.
— Que belo brilho... — Ela deixou um devaneio escapar por entre os lábios.
— Brilho? — O professor questionou, virando o objeto nas mãos, a fim de verificar algo que talvez ainda não tivesse percebido. Mas sem sucesso — Mas... eu não vejo nada.
— Eu também não — Disse Jorge, franzindo o cenho.
— Onde você vê isso, Srta.Grey? — Fig quis saber.
— Aqui — Ela apontou para o objeto — Bem no centro.
Eleazar deu mais uma olhada, dessa vez analisando com mais atenção o símbolo para o qual Ophelia apontava. Mas não havia nada para se ver. Com pura casualidade, ele estendeu gentilmente o cilindro em sua direção, vendo o rosto da menina adquirir um ar de surpresa.
Ophelia o pegou com cuidado, sentindo o toque gélido do metal invadir sua pele. O brilho azulado permanecia no mesmo lugar, parecendo atraí-la como um imã, e então inesperadamente se intensificou. Ela o observou maravilhada, enquanto ele se espalhava por sua extensão, formando linhas como num sistema de fechadura. E magicamente, ele se abriu em suas mãos.
Um ruído de espanto saiu da garganta dos dois homens presentes, maravilhados pelo feito que ela acabara de realizar.
— Pelas barbas de Merlin! — Exclamou Sr.Osric, olhando diretamente para dentro do compartimento secreto do cilindro — Como você conseguiu fazer isso? — Perguntou.
Mas Ophelia parecia não ouvi-lo. Estava surpresa demais ao ver o que o compartimento guardava.
Uma chave.
Ela era dourada, e foi forjada com o mesmo símbolo da fechadura, uma chama, cravejada com pedras azuis.
Ophelia estendeu a mão para poder pegá-la, curiosa para saber seu peso e sua textura.
— Espere! — O professor exclamou. Fazendo com que ela parasse o movimento no mesmo instante — Não sabemos o que...
A frase dele não se concluiu.
Pois naquele instante a carruagem foi partida ao meio, num estrondo que fez o rosto de Ophelia se contorcer de horror.
A madeira que compunha a cabine agora estava partida em frangalhos sob seus pés, enquanto ela se agarrava fortemente à janela, agora sem nenhuma vidraça. E com a outra mão ela ainda segurava o cilindro de metal com todas as suas forças, mantendo-o seguro para que não despencasse no vão do céu.
— Segure firme! — Ela escutou o professor Fig gritar entre o vento cortante. E ela não desobedeceria sua ordem, de jeito nenhum. Afinal, estavam em declive, e com uma visão horrível diante de seus olhos.
A frente deles, um dragão imenso batia suas asas. E em sua boca trazia a outra metade da diligência que antes os pertencia, com Jorge Osric ainda dentro dela, em completo pânico.
Ophelia queria fechar os olhos, e rezar para que aquele pesadelo desaparecesse. Queria dizer a sua mente que o que seus olhos viam não era real, e que eles não morreriam ali. Desejava fortemente que seu coração se acalmasse, para que não acabasse saindo por sua garganta. Mas nada disso conseguia se concretizar.
Por algum motivo, ela não conseguiu fechar os olhos, não conseguiu nem ao menos mover um músculo enquanto o dragão fechava sua boca em volta dos destroços da carruagem que segurava, transformando tudo em pedaços, e engolindo-os.
Um grito de pavor sufocou na garganta de Ophelia, e desesperadamente, ela se permitiu olhar para trás, para a pequena janela que dividia o que restara da cabine, do cocheiro.
O condutor incitava com vigor as criaturas, que agora, haviam se revelado aos olhos dela. Criaturas esqueléticas e negras como carvão, que batiam suas asas com a maior velocidade que conseguiam.
As coisas realmente não tinham como piorar, tinham?
Subitamente, ela se voltou para a frente, vendo o dragão soltar um rugido ensurdecedor. Ele bateu as asas com insistência, a fim de alcançá-los, e só naquele instante Ophelia viu um brilho em volta de seu pescoço, algo semelhante a uma coleira vermelha, que quase cegara seus olhos.
Outro rugido ribombou no céu, e a criatura abriu a boca, mostrando-lhes a faringe iluminada por fogo.
Ophelia sentiu algo agarrar seu pulso de repente, fazendo-a virar o rosto na direção do professor. Os olhos castanhos dele, estavam com uma expressão tão apavorada quanto a dela, mas ao mesmo tempo um lampejo de decisão também conseguiu transparecer dele.
—Pule! — Ele gritou. E a garota nem ao menos teve tempo para pestanejar, antes de ser puxada para baixo.
Eles pularam.
E em pouco tempo viram a bola de fogo consumir a carruagem no ar acima deles.
Caíram de forma tão rápida que, por um infortúnio, Ophelia deixou que o cilindro se desvinculasse de suas mãos, afastando-se dela pelo ar. A chave também cairá de seu compartimento, e rodava entre os vestígios de nuvem.
Fig pareceu vê-la brilhando enquanto despencavam, pois a garota parecia ter ouvido ele gritar por ela.
Ophelia sentiu o pânico a tomar por completo. Estava à deriva, e não havia nada ao qual se agarrar. A sensação de voar já não parecia mais tão incrível e as nuvens já não eram mais acolhedoras.
Ela podia sentir seu peito afundar, como se a qualquer momento seu coração fosse parar de bater, ou que sua respiração simplesmente parasse de existir.
E ela estava quase aceitando seu destino, quando uma voz lhe fez reacender sua esperança.
— Me dê sua mão! — Gritou o professor, tentando chegar até ela como se estivesse nadando no ar.
Sem pensar duas vezes, Ophelia estendeu sua mão para ele, agarrando-a com força, como se ela fosse a única coisa sólida e segura naquele momento.
E de fato era.
Ela viu o professor sacar a varinha desajeitadamente do casaco com uma fluidez inesperada, e a apontou para algo à frente deles. Para a chave brilhante que caia.
— Accio! — Gritou.
E por um instante tudo ficou escuro.
🪶📜᭪ ݈݇- Olá meus amores, espero que tenham gostado desse começo!!
🪶📜᭪ ݈݇-Deixem aqui suas considerações iniciais sobre a história e sobre o capítulos, quero saber oq ué vocês acharam.
🪶📜᭪ ݈݇- Os capítulos vão ser mais ou menos grandinhos, esse em específico ficou em torno de 6.000 palavras, e vou tentar seguir essa padrão. Porém já aviso logo que o próximo vai extrapolar bem essa média porque tem muito para acontecer até a Ophelia chegar em Hogwarts. (Eu nunca pensei que a intro do jogo escritamente seria tão grande, são muitos detalhes para dissertar).
🪶📜᭪ ݈݇- Enfim se vocês acharam que está muito muito grande, me falem que eu corto os acontecimento e posto mais, ou mantenho capitulos grandes. Vocês é que mandam.
Nos vemos no próximo!
Beijinhos da Mel ☆
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