15.
KIM TAEHYUNG
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O RELÓGIO NA PAREDE TIQUE-TOQUEAVA, mais uma hora sem Jennie, mais um segundo, mais um minuto que parecia parte de uma eternidade. Eu contava tudo ansioso, uma emoção que não tomava o meu morto corpo a muitos, muitos anos. Uma emoção tão humana quanto a minha Jennie.
Eu me sentia impotente. Me sentia perdido.
Namjoon e os outros estavam ocupados tentando quebrar a barreira mágica que nos impedia de rastrear Jennie. Cada tentativa falhava miseravelmente, a magia se mostrando mais poderosa e complexa do que havíamos previsto.
— Porra! — Namjoon exclamou, socando a mesa com força. — Nós nunca vimos uma coisa tão complexa assim antes... Vamos precisar de ajuda.
— Concordo. — Seokjin disse, sua expressão severa. — Precisamos de alguém com conhecimento mais profundo em magia antiga.
Minha mente estava girando, e tudo que conseguia pensar era em Jennie, presa em algum lugar, provavelmente com medo e em perigo. Meu coração doía com a ideia de não poder protegê-la.
— Alguém me chamou? — O maldito lobo apareceu como uma sombra, causando um susto em todos nós.
— Lobo? Sério, Taehyung? Você sabe que eles são perigosos. — Yoongi começou, julgando Eunwoo.
— E fedidos. — Jungkook continuou.
— Meninos, Eunwoo está aqui para ajudar, também. — Seraphine interviu, sua presença invadindo a sala com sia graciosidade.
Eu ignorei os comentários dos meus irmãos, concentrando-me em Eunwoo. Ele estava com uma expressão séria, mais determinada do que eu jamais o havia visto.
— Você sabe alguma coisa sobre onde Jennie está? — Perguntei, a esperança vacilante em minha voz.
— Não exatamente — respondeu Eunwoo, mantendo o olhar fixo no meu. — Mas tenho algo que pode ajudar. Um antigo grimório das lendas de Crescent Hollow... eu achei na reserva ontem. Ele contém feitiços e rituais que podem ser a chave para quebrar a barreira.
Os outros estavam céticos, mas eu estava disposto a tentar qualquer coisa. Cada segundo sem Jennie era uma tortura.
— Me mostre — eu disse, tentando manter a calma.
JENNIE VATORE-MIKAELSON
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A segunda e terceira noite foram tão dolorosas quanto as outras, senão mais frias e solitárias. Eu podia ver Yuna tremer no canto no meio da noite, não sabia se era de frio ou de medo. Nós duas tentávamos nos deitar juntas no chão, nos abraçando para se aquecer.
— Vai ficar tudo bem — sussurrei, tentando transmitir uma segurança que eu mesma não sentia. Yuna assentiu levemente, mas seu olhar assustado me dizia que ela também duvidava dessas palavras.
As noites eram intermináveis, cada uma parecendo se arrastar por uma eternidade. Os experimentos continuavam, cada vez mais intensos, drenando minhas forças e testando minha resistência. Hyunjin estava determinado a quebrar-me, a transformar-me em algo que eu não reconhecia mais. E eu lutava contra isso com todas as minhas forças restantes.
Ao menos, nós duas ainda não havíamos sido transformadas.
— Jennie... — Yuna murmurou certa noite, enquanto eu tentava descansar um pouco. — Você acha que alguém vai nos encontrar?
Eu hesitei antes de responder. Não queria dar falsas esperanças, mas também não podia deixar que ela perdesse completamente a fé. Ela já estava ali há dez anos, e eu não podia nem mesmo acreditar que os planos maléficos do clã Hwang sobreviveram por tanto tempo.
— Sim, Yuna — disse, forçando um sorriso. — Taehyung e os outros estão nos procurando. Eles vão nos encontrar. Eu sei que vão... Ou nós mesmas daremos um jeito.
— Eu sinto falta da minha família... — ela disse, os olhos cheios de lágrimas. — Sinto falta da mamãe, mas já faz tanto tempo... será que ela lembra de mim?
Meu coração doeu ao ouvi-la. Yuna era tão jovem, tão inocente. Ela não merecia estar aqui, passar por isso. Eu a puxei para mais perto, segurando-a com força.
— Eu também sinto falta de todos — admiti, minha voz quebrando. — Mas vamos sair daqui. E quando sairmos, vamos encontrar nossas famílias e nunca mais vamos deixar que algo assim aconteça de novo, eu prometo.
Passaram-se mais algumas horas de uma noite interminável até que eu finalmente caí no sono, exausta demais para manter os olhos abertos. Em meus sonhos, Taehyung estava lá, prometendo me encontrar, prometendo me salvar.
Um deles começou em uma clareira iluminada pelo luar. As árvores ao redor balançavam suavemente ao vento, suas folhas sussurrando segredos que eu não conseguia entender. No centro da clareira, Taehyung estava de pé, sua figura esbelta e elegante destacando-se na penumbra. Seus olhos dourados brilhavam com uma intensidade que me fez sentir segura e amada.
— Jennie, estou aqui — ele disse, sua voz suave e reconfortante.
Caminhei até ele, sentindo o chão macio sob meus pés descalços. Quando cheguei perto, ele me envolveu em seus braços, seu abraço firme e caloroso.
— Eu sabia que você viria — sussurrei, encostando minha cabeça em seu peito. — Eu sabia que você me encontraria.
— Sempre vou te encontrar, Jennie — ele respondeu, acariciando meus cabelos. — Você nunca estará sozinha. Eu prometo.
Olhei para cima, para encontrar seu olhar. Havia uma tristeza profunda em seus olhos, misturada com determinação. Ele estava lutando para manter essa promessa, e eu podia sentir a luta dele contra o medo e a culpa.
— Não deixe que eles te quebrem — ele disse, sua voz tremendo ligeiramente. — Seja forte. Por mim, por você, por nós.
— Eu vou tentar — prometi, segurando sua mão com força. — Eu vou resistir, Tae...
O cenário ao nosso redor começou a mudar. A clareira desapareceu, e estávamos agora em um lugar familiar: o chalé da minha tia Morgan. A luz do sol inundava o ambiente, criando uma atmosfera de paz e tranquilidade. Taehyung e eu estávamos sentados na varanda, observando o horizonte.
— Lembra-se deste lugar? — ele perguntou, um sorriso suave nos lábios.
— Claro que eu me lembro — respondi, sorrindo de volta. — É aqui que tudo começou.
— E é aqui que tudo vai acabar bem — ele afirmou. — Eu sei que parece impossível agora, mas nós vamos superar isso. Juntos.
Fechei os olhos, sentindo a brisa fresca do sonho contra minha pele. Por um momento, tudo parecia perfeito. Sem dor, sem medo, apenas nós dois e a promessa de um futuro melhor.
Mas então, a escuridão começou a invadir os cantos da minha visão, e a voz de Taehyung tornou-se um eco distante.
Quando acordei, a realidade voltou como uma onda gelada. Yuna ainda dormia, encolhida ao meu lado. A porta do quarto se abriu, revelando uma das vampiras que sempre vinham nos buscar para os experimentos, Nayeon. Ela não dizia nada, apenas fazia um gesto para que eu a seguisse.
— Fique aqui, Yuna. Vou voltar logo — sussurrei para ela, levantando-me com dificuldade.
Yuna assentiu, os olhos sonolentos e cheios de medo. Eu a segui para fora do quarto, meu coração pesado com a certeza de que o próximo experimento seria ainda mais terrível. Eu precisava ser forte.
Hyunjin estava esperando na sala de experimentos junto de Lalisa, seu sorriso cruel mais perturbador do que nunca.
— Bom dia, Sete. — disse ele, com uma falsa cordialidade. — Pronta para mais um dia de descobertas?
— Vá para o inferno, Hyunjin — respondi, tentando manter a voz firme.
Ele riu, um som que me fez estremecer.
— Ainda tem coragem, eu vejo. Isso é bom. Vamos precisar de toda a sua força para o que vem a seguir.
Eu lutei contra as correntes, mas era inútil. Hyunjin apenas sorriu, divertido com minha resistência.
— Vamos começar, então. — Ele estalou os dedos, e duas bruxas apareceram, posicionando-se ao meu redor. — Este será apenas o início, querida. Vou te mostrar o que significa verdadeiro poder.
As duas bruxas começaram a entoar um cântico em uma língua antiga, e uma dor intensa começou a irradiar por todo o meu corpo. Era como se cada célula estivesse sendo esticada e rasgada. Eu gritei, mas isso só parecia dar mais prazer a Hyunjin.
Quando o cântico terminou, senti-me exausta, como se toda a minha energia tivesse sido drenada. Hyunjin se aproximou, segurando meu rosto com uma mão fria e cruel.
— Veja, Jennie. Você é tão especial... e agora você pertence a mim.
Eu resisti, mas nem mesmo forças tinha para fazer isso. Ele saiu da sala, deixando-me sozinha com as duas bruxas. Elas me soltaram, me levando para o meu quarto, onde Yuna se encontrava, e junto dela, uma nova adição.
Uma criança.
— Jennie! — ela exclamou, correndo para mim. — Você está bem?
— Estou... — eu disse, tentando parecer forte. — Vamos sair daqui, Yuna. Eu prometo. E... quem é essa pequenina aqui?
— Hannah... — A criança respondeu. Ela era linda, cabelos longos, cacheados e uma pele linda, delicada. Ainda havia luz em seus olhos.
Agora eu precisaria mesmo resistir.
KIM TAEHYUNG
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A determinação me mantinha de pé enquanto caminhava com Eunwoo ao meu lado. A tensão entre nós ainda era palpável, mas a necessidade de encontrar Jennie superava qualquer ressentimento antigo. Encontramos Seraphine, Morgan e Bangchan no salão principal da mansão, cada um mergulhado em grimórios e antigos textos mágicos. Nunca vi tanto estudo junto em uns bons anos, ainda mais estudos mágicos.
— Estamos tentando encontrar uma maneira de quebrar a barreira mágica que impede de rastrear Jennie — expliquei a Eunwoo, ao entrar no salão. — Hyunjin é mais poderoso do que pensávamos. Acredito que ele possa estar em posse de no mínimo vinte bruxas.
— A ajuda de Eunwoo pode ser crucial — acrescentou Namjoon, fazendo um gesto em direção ao lobo, ainda meio desgostoso.
Seraphine levantou os olhos dos livros, avaliando Eunwoo com uma expressão cautelosa.
— Qualquer ajuda é bem-vinda neste momento, e Eunwoo tem um conhecimento que vai nos servir bem, meninos. Deixem seu preconceito de lado — disse ela, antes de voltar sua atenção para o livro à sua frente. — Estávamos discutindo a possibilidade de usar um amuleto antigo. Algo que poderia amplificar nossos poderes e talvez romper a barreira.
— Um amuleto? — perguntei, intrigado. — Que tipo de amuleto?
Seraphine puxou um pequeno baú de madeira debaixo da mesa e o abriu, revelando um amuleto de aparência antiga, com runas complexas gravadas em sua superfície.
— Este amuleto foi criado há séculos pela primeira bruxa do clã Mikaelson, o de Jennie, e há muitos anos estava em mãos erradas... felizmente consegui o recuperar — explicou Seraphine, se relembrando de seu passado. Ela passou pelo mesmo que Jennie está passando agora — Ele tem a capacidade de amplificar a magia de quem o usa. Se conseguirmos canalizar nossa magia através dele, pode ser o suficiente para quebrar a barreira.
Morgan assentiu, concordando.
— Mas usar este amuleto requer uma grande quantidade de energia mágica. Precisamos canalizar nossos poderes juntos e coordenar nossos esforços.
Eunwoo observou o amuleto com interesse.
— Meu clã tem um conhecimento considerável sobre magia antiga. Talvez possamos ajudar a canalizar a energia de forma mais eficaz.
Bangchan se aproximou, analisando o amuleto de perto.
— Precisamos agir rapidamente. A Jennie não pode esperar mais tempo. — disse ele, a preocupação clara em seu tom de voz.
Sentamo-nos em círculo ao redor do amuleto, com Seraphine no centro, segurando-o com firmeza. Morgan começou a entoar um cântico antigo, suas palavras ecoando pela sala. Eunwoo e eu trocamos um olhar rápido antes de nos unirmos à entoação, sentindo a magia começar a fluir ao nosso redor.
A energia mágica se intensificou, irradiando do amuleto e se espalhando pelo salão. Sentia meu poder aumentar, como se estivesse sendo amplificado por uma força maior. Olhei para Seraphine, que parecia estar concentrada ao máximo, e senti uma onda de esperança.
— Está funcionando! — exclamou Bangchan, sentindo a mesma energia.
Mas a barreira era resistente, e cada segundo parecia uma luta interminável. O suor escorria pelo rosto das bruxas, a exaustão começando a se instalar. Então, finalmente, houve uma ruptura na barreira. Um clarão de luz preencheu a sala, e por um momento, tudo ficou em silêncio.
— Conseguimos! — gritou Morgan, sua voz carregada de alívio.
Senti uma onda de alívio me percorrer. Agora, podíamos rastrear a minha Jennie.
— Não vamos perder mais tempo — disse, determinado. — Vamos encontrá-la e trazê-la de volta.
Com a barreira rompida, nossos esforços conjuntos foram recompensados. Olhei para Eunwoo, que parecia igualmente determinado.
— Vamos, a Jennie está esperando! — disse ele, suas palavras ecoando a urgência que todos sentíamos.
Nós saímos rapidamente, prontos para seguir qualquer pista que pudéssemos encontrar. A esperança havia sido renovada, e nada nos impediria de trazer Jennie de volta para onde ela pertencia.
Ao nosso lado.
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