♜ 𝐏𝐫ó𝐥𝐨𝐠𝐨
Acordo num dia bem insolarado e me deparo com um passarinho cantando em cima do meu criado mudo feito de madeira, com algumas decorações de flores, as quais foram colhidas por mim ontém de ontém. Bocejo com a mão na boca e estico meus braços para me espreguiçar. Olho em volta a procura do passarinho que voou para bem distante dessa vez, que saia cantarolando pela janela. Levanto da cama e arrumo minha humilde cama. Não tinha sapatos, não os de madame, mais era o que me servia naquele momento.
Olho brevemente para a janela e me aproximo da mesma, vendo que o tempo ia mudar, é inverno aqui em Veneza, e eu acho muito lindo como as luzes daqui brilham quando ficam de noite.
Sou filha única, nunca tive irmãos ou irmãs, porque minha mãe só podia ter um filho, e nesse caso, ela só teve a mim, e por um lado isso foi ótimo. Mais as vezes me pego na solidão, sentindo necessidade de ter alguém pra me fazer companhia, além de minha vó, Bozena.
Minha querida avó tem oitenta e sete anos e não pode fazer muitas coisas como fazia quando era jovem, e eu como estou na flor da juventude e tenho tudo que presciso para sair dessa, não posso conviver mais um instante nesse lugar com minha avó numa casa velha que em qualquer momento pode desabar. E eu certamente tenho minha convicção de que a melhor coisa a fazer é sair dessa casa, desse lugar com a minha vó.
O dinheiro não tá dando nem mesmo pra sobreviver, e mesmo que só tenha nós duas para eu me preocupar, eu acho que sería mais eficiente se pudéssemos sair desse lugar.
Saio do meu quarto e fecho a porta, que tinha alguns galhos e folhas. Vou para a cozinha que era um pouco mais aconchegante e limpa, tinha um leve cheiro de café e castanhas da Índia.
Vejo minha vó de costas para mim e me sento na cadeira.
— querida, você acordou tarde. Dormiu bem?. — minha avó perguntou, parecendo sentir minha presença na cozinha. Eu respiro fundo antes de começar a falar.
— bem, vovó. Eu estou ótima, só com uma leve dor de cabeça, fora isso estou muito bem. — paro por um instante e percebi que minha vó não iria mais puxar assunto, pois em toda aquela situação minha vó não tinha muito o que dizer ou fazer, ainda mais depois da morte da mamãe. E foi depois disso que estamos passando por dificuldades financeiras. Olho pro chão e logo em seguida para a mesa. — eu venho pensando... agente pode sair desse lugar. E eu sei como. — digo convicta, sem olhar para minha vó.
— querida, você sabe mais ou menos como vamos conseguir sair daqui?. — minha avó pergunta colocando o café nas xícaras.
— sim, e eu estudei toda a trajetória até Siena, já ouvi muito o papai falar desse lugar, eu era criança quando ele me disse isso. — falo e minha vó olha pra mim e entrega meu café com um prato cheio de castanhas e nozes.
— quando iremos ir para Siena?. — minha avó pergunta se sentando na cadeira em frente a mesa. Dou um gole do meu café e olho para minha vó.
— ainda não sei, vó. Poderíamos ir amanhã bem cedo, antes das sete horas. Assim ficaria mais fácil de seguir o caminho. — digo e ela concorda com a cabeça, achando a minha ideia genial.
— isso vai ser esplêndido, não acha?.
— sim, vovó.
— agora vamos terminar de tomar o café da manhã, depois continuaremos o assunto.
Terminamos de tomar café e fomos arrumar nossas coisas. Eu não tinha tantas coisas, então, apenas coloquei algumas roupas, acessórios e objetos dentro de uma sacola de pano.
— acho que já coloquei tudo dentro da sacola. — falo olhando ao redor com as mãos na cintura.
— tem certeza que não esqueceu nada? E o seu pingente? Vai deixar aqui?.
— nossa, já ia esquecendo. Vó, obrigado por te me lembrando. — digo e vou correndo até o meu quarto. Me ajoelho em frente ao criado mudo e abro a única gaveta, tirando uma pequena caixa que ali estava meu pingente, a única lembrança que eu tinha do meu pai. Ele foi embora para Siena, mais não tenho notícias dele. Quem sabe agora eu tenha. Volto para a pequena sala e abro o pingente, colocando em meu pescoço.
Passei o resto do dia ajudando minha vó a deixar tudo organizado. Limpamos a casa e pegamos alguns alimentos que poderíamos utilizar durante o trajeto.
Já era de noite e minha avó preparou um leite quente. Ela se sentou ao meu lado e me deu a chicara com leite.
— obrigada, vovó. — digo e dou um gole do meu leite.
— de nada. — ela diz com um sorriso singelo no rosto. — Depois que terminar de tomar o leite, trate de dormir cedo para acordar cedo. Teremos de percorrer todo esse mato até chegarmos em algum ponto onde moderemos achar alguma carona.
— tá bom, vovó.
— boa noite. — minha vó fala ao beijar o centro da minha cabeça.
— boa noite.
Depois de tomar meu chá, me deito na cama e procuro uma posição confortável para descansar meu corpo. Fecho meus olhos e durmo serenamente.
Acordo e vou pentear meus cabelos. Faço duas tranças, uma em cada lado. Pego o copo que deixei no criado mudo e levo até a cozinha. Lavo a chicara e levo até um dos panos e o coloco dentro, dando um nó depois de ter enrolado.
Não vejo minha vó. Fico um pouco desesperada, achando que ela poderia ter ido sem mim.
— vó! Onde a senhora está, vovó?!. — pergunto um ouço uma risada abafada atrás de mim, e sim, era minha vó segurando duas bagagens.
— achou que eu esqueci de você?. — concordo com a cabeça, ela ri novamente— é claro que eu não ia esquecer da minha única neta querida.
— Obrigado, vó.
— vamos, antes que não dê tempo de achar um carona até Siena. — ela diz e pego uma das bagagens.
Depois de quase meia hora de caminhada, paramos em frente a uma estrada onde era possível ver algumas pessoas. Olhei pro lado e vejo um senhor muntado no cavalo com uma carruagem atrás dele.
— vó, vamos chamar aquele senhor ali? Ele pode nos ajudar a chegar até Siena.
— tá bom. Ei, moço! Poderia nos dar uma carona até Siena? — o homem para e olha para nós.
— ha! Claro!. Mais antes quem são vocês?
Nos entreolhamos e olho para o senhor.
— Eu sou Lalisa monabal e essa é minha avó, Bozena. — falo e ele confirma.
— vocês deram sorte. Eu sou o David Greene, um dos homens do rei. Trabalho com ajudante e conselheiro do filho dele, e vim a procura de uma esposa para ele. Você pode se candidatar para ser uma das 500 moças escolhidas para ser a princesa do príncipe. — o homen fala e sorri pequeno.
— a sim, pode ser. — digo e minha vó me olha incrédula. — é vó, pode ser.
— a viagem pode demorar em torno de dois dias ou mais. Tem certeza que querem ir?
— vó?. — olho para minha vó querendo a resposta dela.
— sim, agente tem certeza.
— sendo assim, podem subir.
Entramos na carruagem e coloquei uma das sacolas no meu colo. O outro ficou no colo da minha tia.
Aquela sería uma longa viajem...
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