𝕭𝖔𝖗𝖓 𝖙𝖔 𝕾𝖍𝖎𝖓𝖊
NO ANO DE 283 AC, em Lançassolar, a capital de Dorne, a Casa Martell aguardava ansiosamente a chegada de um novo membro da família. A Mãe Martell estava prestes a dar à luz, e o calor intenso da noite refletia a expectativa no ar. A fortaleza estava repleta de vida, enquanto os membros da família se reuniam para apoiar a matriarca durante o parto.
A noite estava envolta em um manto de estrelas brilhantes, como se o próprio destino estivesse atento ao que estava prestes a acontecer. Os gritos da Mãe Martell ecoavam pelos corredores, misturando-se ao murmúrio ansioso dos familiares. Doran, o irmão mais velho, já era um garoto responsável e sonhava com o dia em que poderia ensinar ao recém-nascido sobre a política de Dorne e o valor de sua casa.
Oberyn, conhecido por sua ousadia e charme, mal podia conter a empolgação. Ele sonhava em se tornar o melhor irmão mais velho, trazendo aventuras e histórias para o novo membro da família. As mulheres que ajudavam no parto falavam em sussurros sobre a força e a coragem que o bebê traria para a Casa Martell, independente de ser menino ou menina.
Quando a criança finalmente veio ao mundo, envolta em um cobertor de linho dourado, seu primeiro choro ecoou como uma melodia nos corações da família.
Doran correu até sua mãe, seu coração pulsando com orgulho e amor. ── Ela é perfeita! ── exclamou, seus olhos brilhando ao olhar para a recém-nascida.
Oberyn se aproximou, fazendo uma careta divertida, imitando a voz de um pequeno bebê. ── Ela será a maior aventureira de Dorne, e eu serei seu companheiro!
Enquanto todos se reuniam para ver a pequena, a matriarca da casa, a velha sábia, fez uma premonição: ── Esta criança trará luz em tempos de escuridão, e será forte como o sol de nosso lar.
Assim, a Casa Martell acolheu Saffira, um novo sopro de vida e esperança para seu futuro.
ALGUNS LUAS SE PASSARAM desde o nascimento de Saffira, e a jovem crescia em um ambiente repleto de amor e rivalidades políticas. Em um tranquilo entardecer em Lançassolar, Saffira estava sentada em um dos terraços, desenhando com um pedaço de carvão em uma tábua de madeira. O cheiro da flor de jasmim flutuava pelo ar quente, trazendo uma sensação de paz.
Elia Martell, sua irmã mais velha, aproximou-se, com um sorriso suave nos lábios. Ela ainda não estava noiva, mas as conversas sobre seu casamento com Rhaegar Targaryen já começavam a ecoar pelos corredores da fortaleza.
── Oi, pequena Saffira ── disse Elia, sentando-se ao lado da irmã. ── O que você está desenhando?
Saffira olhou para cima, seus olhos brilhando de entusiasmo. ── Estou desenhando um dragão, mas acho que ele está mais parecido com um gato ── ela respondeu, rindo. ── Mas não se preocupe, ele tem asas!
Elia riu, admirando a inocência da irmã. ── Um dragão-gato? Isso é algo que apenas você poderia criar, querida. Você tem uma imaginação incrível.
Saffira sorriu, a adoração pela irmã mais velha evidente em seu olhar. ── Você vai se casar em breve, não é? ── perguntou a menina, sua voz tingida de curiosidade.
Elia hesitou por um momento, pensando nas responsabilidades que vinham com o casamento. ── Sim, Rhaegar é um bom homem. Ele é inteligente e forte, e eu espero que, juntos, possamos unir nossas casas.
Saffira franziu a testa. ── Mas você não quer isso, quer? Não quer deixar Dorne?
── Às vezes, os caminhos que escolhemos não são os que queremos, mas sim os que são necessários ── Elia respondeu, seu tom suave, mas firme. ── Mas sempre levarei Dorne em meu coração. E você, Saffira, sempre será uma parte de mim.
A jovem sorriu, sentindo-se reconfortada pela presença da irmã. ── Prometa que sempre será minha irmã, não importa onde você vá ── pediu Saffira.
── Prometo, querida. Nada pode nos separar ── Elia garantiu, envolvendo Saffira em um abraço caloroso. Nesse momento, o amor fraternal e a ligação entre elas se tornaram um laço indestrutível, mesmo em meio à turbulência que o futuro poderia trazer.
O SOL BRILHAVA intensamente sobre as terras quentes de Dorne, banhando o Jardim Aquático com sua luz dourada. O aroma das flores do deserto se misturava ao som suave do vento que acariciava as águas, criando um ambiente quase idílico. Saffira Martell, irmã mais nova de Elia, estava de joelhos no meio do jardim, com delicadas borboletas pousando em suas mãos, suas cores vibrantes contrastando com o tecido claro de seu vestido.
Saffira era conhecida por sua paixão por criaturas pequenas e exóticas, e naquela tarde, sua atenção estava completamente voltada para uma nova adição à sua coleção: uma borboleta de asas azuladas que brilhava à luz do sol. Era um momento de paz, um refúgio silencioso em meio ao caos do mundo exterior. Mas esse momento seria quebrado.
A passos apressados, sua Septa se aproximou. A expressão preocupada no rosto da mulher era incomum, e logo algo no ar mudou, como se a própria natureza pressentisse que algo terrível estava por vir.
── Lady Saffira, temos que ir ao seu apontamento urgentemente ── disse a Septa, sua voz levemente trêmula. Ela se ajoelhou ao lado de Saffira, apressada, mas gentil, ajudando a jovem Martell a guardar suas coisas.
Saffira olhou para a Septa, uma linha de preocupação surgindo em sua testa. O comportamento da mulher não era usual. Saffira sentiu um peso no estômago.
── O que aconteceu? ── perguntou Saffira, levantando-se devagar, as borboletas que estavam ao seu redor levantando voo como se pressentissem o mesmo presságio.
── Um corvo chegou, milady. Notícias... terríveis. ── A Septa parou, seus olhos desviando dos de Saffira, como se estivesse tentando reunir forças para completar a frase. ── Seu irmão, o príncipe Oberyn, a está aguardando. Algo aconteceu em Porto Real.
O nome da cidade trouxe uma onda de tensão ao corpo de Saffira. Porto Real significava apenas uma coisa: sua irmã, Elia, e seus sobrinhos. Sua mente começou a girar, tentando antecipar o que poderia ter acontecido.
Sem mais perguntas, Saffira apertou o passo, seguindo sua Septa em direção à sala onde Oberyn a aguardava. O coração dela batia cada vez mais rápido, o som de seus próprios passos ecoando nos corredores de pedra, enquanto pensamentos sombrios começavam a tomar forma em sua mente. A cada passo que ela dava, a tensão parecia crescer, uma sombra pairando sobre o jardim que antes fora tão acolhedor.
Quando finalmente alcançou a sala, Oberyn Martell estava de pé, a postura ereta, mas seus olhos – aqueles olhos sempre tão ferozes e seguros – revelavam algo que Saffira raramente via: dor. Ao lado dele, na mesa de pedra, estava a carta que o corvo havia trazido. Suas mãos estavam apertadas em punhos, os músculos tensos, como se a qualquer momento ele pudesse explodir.
── Irmão? ── Saffira falou, sua voz hesitante. Ela não sabia o que esperar, mas o medo começou a apertar em seu peito.
Oberyn olhou para ela, os lábios apertados em uma linha fina. Ele era o Víbora Vermelha, implacável e destemido, mas agora, por um breve momento, ele parecia tão vulnerável quanto qualquer homem que acabara de perder tudo. Ele deu um passo em sua direção, o olhar fixo nos olhos de Saffira.
── Elia... ── A palavra saiu pesada, como se o próprio nome de sua irmã tivesse se tornado um fardo insuportável de carregar. ── Elia e as crianças... foram assassinados.
O mundo ao redor de Saffira pareceu se desfazer. O som do vento, os pássaros no jardim, tudo desapareceu, deixando apenas um vazio ensurdecedor. O coração dela parou por um segundo, incapaz de processar o que acabara de ouvir. Assassinados. Sua amada irmã Elia, seus sobrinhos... todos mortos.
── O quê? ── Saffira sussurrou, sua voz mal conseguindo sair. Ela deu um passo à frente, como se fosse possível negar aquilo, como se pudesse fazer Oberyn retirar suas palavras. ── Não... isso não pode ser verdade.
Oberyn apertou os punhos com mais força, seu rosto contorcido de ódio e dor. Ele respirou fundo, tentando manter o controle, mas as emoções estavam transbordando.
── Os Lannisters ── ele rosnou, cuspindo o nome como veneno. ── Gregor Clegane, o cão deles, matou Elia. Esmagou nossos sobrinhos... ── A voz dele falhou por um segundo, um brilho de lágrimas que Saffira jamais havia visto nos olhos do irmão. ── E ele... violou Elia antes de matá-la.
Saffira cambaleou, sentindo-se fraca. O horror das palavras de Oberyn a atingiu como uma lâmina. Ela caiu de joelhos, as mãos apertando o tecido do vestido enquanto o chão parecia desabar sob seus pés. Tudo o que ela conhecia, tudo o que ela amava, tinha sido destruído por uma brutalidade impensável.
Oberyn se ajoelhou ao lado dela, colocando uma mão firme em seu ombro. Apesar de sua dor, ele tentava ser o apoio que Saffira precisava naquele momento. Mas o olhar dele estava repleto de vingança.
──Eu juro, Saffira ── ele disse, a voz fria e mortal, ── Os Lannisters pagarão. Gregor Clegane pagará. Por Elia, pelas crianças... por Dorne. Eles pagarão com sangue.
Saffira levantou a cabeça, seus olhos marejados encontrando os de Oberyn. Havia tanto sofrimento ali, tanto ódio, mas também uma determinação feroz. Ela sabia que ele não pararia até que tivesse vingado sua irmã, até que tivesse destruído aqueles que tiraram Elia deles.
Mas para Saffira, naquele momento, não havia vingança que pudesse acalmar a dor em seu peito. Ela se jogou nos braços de Oberyn, as lágrimas caindo livremente agora, e o irmão a segurou com força. Eles estavam juntos naquela dor, e o vazio que Elia deixara seria uma cicatriz permanente nas almas dos dois.
Os jardins de Dorne, uma vez um refúgio de paz para Saffira, agora pareciam distantes, irrelevantes.
𝕭𝖔𝖗𝖓 𝖙𝖔 𝕾𝖍𝖎𝖓𝖊
originalmente de: lunarkail
MARCAÇÕES:
(Pessoas que eu gostaria que lê-se)
ANAAIKOy
snorws
shdwmgumi
Hanniganminds
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