ㅤㅤ ㅤㅤ XXIII. welcome to afton family.
‹ 𓆠⃮ 𝄿ֱ 𝚗𝚘𝚝𝚊𝚜 𝚒𝚗𝚒𝚌𝚒𝚊𝚒𝚜: .por favor, não se esqueçam de apertar nessa estrelinha ai. vejo mta gente comentando mas se esqueçam de votar e é uma das coisas que mais engaja, assim como os comentários, então, plis. enfim, o capítulo, na minha concepção, tá incrível e gigantesco também, então preparem-se↓֓ ܸ۠命𐄂
— de: Brooke Emily
Nós nos reunimos aqui, fazemos fila, choramos em uma sala iluminada pelo Sol
E se eu estiver em chamas, você também se transformará em cinzas
Mesmo no meu pior dia, será que eu mereci, querido
Todo o inferno que você me fez passar?
Porque eu te amei, juro que te amei
Até o dia da minha morte
— para: Michael Afton
my tears ricochet, TAYLOR SWIFT!
𔖳﹙‣ࣰ𖥣᤺ →𝕨𝕖𝕝𝕔𝕠𝕞𝕖 𝕥𝕠 𝕕𝕠𝕝𝕝𝕙𝕠𝕦𝕤𝕖 ⍰ ׁ ۪
𖥻݁ ⟩ﹴ 𝗲𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗽𝗼𝗿: -𝗌𝗅𝗒𝗍𝗁𝖾𝗉𝗋𝗈𝗇𝗀𝗌 ↑ꞌꞋ̸📑ۛ͟ ⸯ̳
✶ ׅ ゜᮫( A FAMÍLIA AFTON ) 𔓐 ⋆ 𔒅
──۠─᮫֩ ⑇⃫ֳ ៹۠🗒️۪ܺ #𝘤𝘢𝘱. vinte e três ๋⇑ܸ 23 ◹
NOSSAS MEMÓRIAS SÃO MUITO subestimadas até para nós mesmo. Sempre esqueçamos das coisas ao qual não damos importância, ou então, fingimos o fazer apenas para arranjar desculpa para algo que não quis fazer. Está tudo bem. Nosso cérebro realmente apaga tudo àquilo que não é muito útil, mas até que ponto isso se aplicaria. E se parassemos de dar importância a tudo, esqueceriamos daquilo que nos faz um ser humano?
Outra coisa que ainda é bastante subestimada é a doença do Alzheimer, em um grau tão grande que é piada na boca de diversas pessoas da sociedade. Ninguém parece ligar, apenas aqueles que conviveram e sabem como é a deterioração de uma pessoa que possuiu isso. É pior do que muitas doenças que te causam dores insuportáveis, porque um dano na mente, que pouco a pouco apaga o que você é, a sua essência, o que construiu ao longo dos anos como um pequeno virus que se expande diante de uma civilização inteira, retirando do mapa tudo, até que só resto ao adoecido, retornar até mesmo décadas de sua vida como se fosse o presente. É horrível porque não destrói apenas a pessoa, e sim o seu redor, aqueles que te amam. Pense em como é ter que conviver com uma pessoa que participou da sua vida desde sempre, e então ela simplesmente não reconhece o seu nome, ou surta te chamando de estranho? É terrível.
Porque querendo ou não, as memórias são o que nos torna humano. É o nosso registro do que fizemos ao mundo, como uma pequena folha de papel, que com tais doenças, causam um fogo cujo nenhuma água pode o acabar, e o seu destino é que o pedaço de papel não seja nada a mais do que cinzas voando sobre o horizonte, sem um caminho específico quando ele destruiu tudo.
E quando esquecemos de uma temporads inteira de nossa vida, de fatos cruciais para a criação de nossa essência? Bem, foi exatamente isso que Brooke Emily sofreu mais de uma vez. Uma evitaria um trauma pesado, a outra, foi uma conjuntura de fatores que mesmo no final sendo trágico, era importante ao seu ser. A história de seu primeiro amor que fora roubada dela.
Entretanto, não foi apenas Brooke. Todos, no dia quatro de outubro, esqueceram a existência do verdadeiro primogênito de William Afton: Nathaniel Monroe. Os únicos que lembraram era os que ainda lamentavam e choravam pensando na dor deixada, a qual juravam que diminuiria quando fosse vingado.
Explicando dessa forma seria confusa, então peço sua paciência para novamente contar uma história do passado, especificamente três anos atrás.
A família Afton, por incrível que pareça, não era tão ruim em 1980, mas não podia-se dizer que não era grande. Haviam cinco filhos de William na cidade de Hurricane, e um em Nova York. Elizabeth Afton ainda não havia nascido, então Michael apenas tinha de se preocupar em cuidar de seu irmão dos ataques de seu pai.
Ele nunca conseguia entender William por mais de tentar. Em certos dias, as vezes duravam semanas, ele era alguem bom para ele e para todas as pessoas, carinhoso e afetuoso, importava-se com assuntos delicados dos filhos. Em outros, ele era o pior demônio que já havia pisado na terra, matava e estuprava pessoas por pura diversão. Michael particularmente achava que ele tinha duas personalidades. Ele tinha uma estratégia para indentificar como seria no início do dia. O cumprimentava com um simples oi, e caso William respondesse com um sorriso, passava o dia inteiro com ele. Se não, ficava o resto do dia com sua mãe.
Sabia que Clara não de fato sua mãe, contudo, não ligava. Ela era incrível e praticamente o criou. Era tão boa que procurou na cidade as outras crias de Afton após a separação e entrou em contato, percebendo que não eram bem tratados pelos Monroe. Isso logo após o nascimento de Evan.
Michael tinha onze anos quando conheceu seus irmãos mais velhos, os gêmeos Nathaniel e Vanessa. Esses tinham doze ainda, e numa idade tão baixa com uma oportunidade de família de verdade, não puderam resistir em aceitar. Era até complicado explicar que para qualquer problema que acontecesse todos os três corriam para a mesma casa escondida na floresta onde sabiam que o acolhimento de Clara seria o bastante para passarem por qualquer coisa.
Michael se tornou verdadeiramente próximo de Nate e Vanny. Sua irmã era solitária, imaginativa e tão inteligente que o deixava perdido em suas frases. Já o garoto, era como ele, mais lerdo e focava mais em ações, tal foi o motivo de tão cedo decidir ser um atleta. Era da escola de Hurricane único que não assediava as garotas ou destinava o preconceito. Apenas gostava de descontar suas energias no esporte.
Michael adorava passar a noite na casa de Clara, porque sabia que nem William se preocuparia com ele ou Evan e nem os Monroe com Nate e Vanny. Acordar com o cheiro de panquecas feitas com amor para os três era uma sensação que poderia inibir todas as outras ruins que passavam diariamente.
Vanessa era a única dos irmãos que não era popular. Era uma nerd esquisita na visão da maioria por seus trajes fora de moda, óculos maiores que seu rosto, inteligência e jeito de se comportar no meio social. Seus irmãos, por outro lado, eram sempre comentados por todos, desejados. Nate tinha o porte de atleta, obviamente. Alto, musculoso e com cabelo louro penteado para trás com uma mecha fina na frente, e nas horas vagas, usava jaquetas e calça de couro, o que para as garotas, era um sonho, dava um ar de misterioso e malvado. Quem o conhecesse saberia que era a pessoa com um dos melhores corações possíveis.
No dia em que ele conheceu Brooke, foi num dos melhores dias de sua vida. A garota iria estrelar uma peça se teatro ao qual tinha escrito o roteiro e ajudado na direção. Para melhorar, sua mãe, pai e tio assistiriam. Obviamente estava nervosa, mas como para tudo que fazia, foi excelente. A chuva de aplausos quase fizeram a garota de catorze anos quase chorar de emoção. Dentre a plateia que de pé, aplaudia, estava Nate. Ele ficou encantado vendo o talento dela em atuar cenas difíceis como se fossem brincadeiras de crianças, em como o roteiro pregava peças e deixava na ponta da cadeira, até mesmo nas pequenas críticas sociais que eram embutidas camufladas.
No mesmo dia, na saída, Nate a chamou para sair. Brooke nem morta recusaria. Ela tinha duas paixões desde seus dez anos. Michael Afton, a quem disfarçava a atração que sentia o batendo e xingando, e Nathaniel Monroe, a quem carinhosamente Becky apelidou de "geladeira gostosa", referindo-se a altura. Brooke nunca havia falado com ele, mas era tão bonito que era inevitável não se sentir atraída. Tinha alguma coisa no rosto e expressão de bebê daquela família que intrigava Brooke — não que soubesse naquela altura que pertenciam a mesma irmandade.
Um encontro levou a outro, onde Brooke tinha seu primeiro beijo, e logo, torcia freneticamente da arquibancada. Quando os olhares de ambos se cruzavam em momentos assim, com palco, já que, ambos tinham suas particulariedades com plateia, era como se uma eletrecidade percorresse seus corpos. Foi a primeira paixão ardente de Brooke, ao qual usou de inspiração para todos os tipos de arte ao qual admirava, que eram várias, como música, desenhos, e seu favorito, roteiro, atuação e direção. Ninguém negava o fato de ser uma artista com potencial a uma das maiores na área do cinema. Ela podia fazer tudo se a dessem oportunidade.
Provavelmente foi a forma do destino a recompensar pelo tanto de maldições que cairiam em cima dela.
Oliver não pareceu nada contente com o primeiro namorado de sua filha, que na época, era apenas sobrinha. Henry apenas ria da reação do homem de longe observando o casal assistir filmes ao qual um era obrigado a ouvir a boca da outra não fechar contando sobre como Psicose foi um marco na história do cinema do terror.
— Ele não merece ela. — repetiu o homem loiro, parecendo amedrontado. — Ele é quase da minha altura e a Brooke não tem nem um metro e sessenta! É dois anos mais velho e tem esse estilo de bad boy! É horrível!
— Para você, alguém no mundo vai merecer a Brooke? — Henry fez a pergunta a qual já tinha a resposta. — Você conhece o garoto desde que era um bebê. Ele é do bem e está fazendo bem a Brooke. Pensa por esse lado e não em como se ele fosse apenas trinta centímetros mais alto que ela e dois anos mais velho. Esse amedrontamento não vai te levar a lugar algum.
Oliver abaixou a cabeça. Nunca imaginou que não estaria pronto para ver sua filha, a que carregou nos braços e ouviu "papai" como primeiras palavras direcionadas a ele, agora, amadurecer. Estava na idade a qual ele viu Henry assassinar sua mãe. O trauma ainda era presente todas as noites na hora de dormir. Isso, William, Katharina, Brooke e Aquiel impediram que criassem sua filha.
Brooke, naquela época, conheceu uma outra versão de Michael, uma apresentada por Nate quando obteve confiança na namorada para falar a verdade sobre sua linhagem. A garota, muito mais extrovertida, do que na infância, conseguiu ser amiga de Vanessa, porém Mike, teve receio, talvez por já o conhecer como rival de infância ou por no fundo, ainda nutrir uma paixão por ele.
Brooke, entretanto, esqueceu completamente seus sentimentos por Mike porque não havia dúvidas de que Nathaniel era suficiente. Carinhoso, atencioso, disposto a entender todo sentimento dela — incluindo o medo de perder a virgindade cedo demais —, ideais parecidos e ambos, uma família incrível. Não havia nenhuma reclamação, nem com comunicação ou entidade familiar por trás — mesmo que Oliver odiasse o relacionamento.
Nessa época, Brooke brigava muito com sua mãe. Em geral eram quase melhor amiga uma da outra quando a mesma estava medicada, mas quando dizia estar curada e parava, um inferno pessoal a Brooke também voltava.
Tudo isso desencadeou os primeiros indícios de estar amaldiçoada. Acordava gritando sonhando com pessoas próximas a ela morrendo ou figuras demoníacas a perseguindo. Seu poder era muito grande para que qualquer dispositivo de Henry pudesse funcionar a tanto tempo. Já era alvo de Aquiel muito antes dos seus dezessete anos.
Brooke por várias vezes dormiu na casa da floresta dos Aftons, já que, conseguiu conquistar facilmente a simpatia da matriarca lá. Apenas Mike era receoso, mas graças as broncas de sua mãe e pedidos de Nate, esforçava-se, ignorando ter que ver a garota que amava com seu irmão.
Isso facilitava para quando os sonhos eram pesados demais. Nate sempre conseguia a acalmar.
Brooke afeiçoou-se tanto a Clara que até havia desabafado sobre os problemas com Melinda, e como solução, promoveu a ideia de saírem juntos, as duas mães com o casal, e assim, seria uma noite de aniversário ameno para ambas as partes em Brooke. A mais nova agradeceu muito a mulher. Era de longe uma das pessoas mais carismáticas que havia conhecido.
Foi a pior ideia possível.
E o terrível dia chegou. A maldição intensificando no aniversário não houve como Brooke impedir todos os demônios a atormentando. Foi uma série de eventos que ocasionaram na pior desgraça possível a Brooke, Michael e Vanessa.
Em primeiro, Brooke teve alucinações o caminho todo, porém não quis comentar. Não queria estragar a noite tendo que mudar o caminho para o hospício. Achou que a conversa com Nate e seu carinho bastariam para não ligar as figuras demoníacas em seu campo de visão.
Em segundo, brigar com Melinda fora do restaurante. A discussão começou quando Clara questionou o motivo da mulher ser tão dura com a garota mesmo ela sendo dedicada em tudo que se propõe a fazer. Melinda ficou irritada pela garota ter contado segredos desse tipo a uma adulta como Clara e brigou com ela. Brooke não ficou quieta e jogou em sua cara todas as injustiças e perrengues que tinha de passar pela recusa na aceitação da doença psicológica de sua mãe.
Brooke não voltou ao restaurante. Entrou dentro do carro e chorou muito. Ela não gostava que a vissem chorar e nem de desabafar com ninguém. Não gostava que vissem um lado fraco seu e nem que era extremamente vulnerável. Contudo, Nate percebeu sua ausência quando Melinda chegou e imediatamente foi checar se Brooke estava bem. A garota pareceu relutante em falar o que lhe infringia, mas o fez, por longos minutos fazendo seu namorado de ouvinte, com ele a todo instante afagando suas costas para que ela se sentisse confortável e em paz.
O cansaço mental e físico de um dos piores aniversários de sua vida tornou-se presente, e quando Nate promoveu seu ombro como travesseiro, ela aceitou sorrindo para dormir.
— Vai ficar comigo? — questionou antes de sua mente se apagar, uma insegurança surgindo como anormalidade.
— Sempre. — respondeu, como o último soar aos ouvidos de Brooke.
Mas Aquiel não pararia até que Brooke estivesse morta. Dessa vez, não queria nem mesmo esperar que o suicídio primeiro ocorresse. A queria ceifar de uma vez por todas. Sua representação apareceu no meio da estrada àquela noite. Para não bater na pessoa de branco de pele podre, Melinda virou o carro com tudo, porém, foi bem na hora em que um caminhão passava. O carro ficou completamente destruído contra empurrado a fora da pista, capotando.
Brooke acordou com batidas leve da mão ensanguentada de Nate. Ele chorava por ter conferido o batimento de Clara e Melinda e ambas já estarem mortas. Sua situação era precária, as duas pernas presas, a ponto de nem as sentir mais. Ainda podia fazer uma última coisa antes de partir, destino que havia aceitado pelo som do fogo consumindo o motor, e quando chegasse a gasolina, tudo viraria cinzas.
— Você precisa sair daqui! — ele exclamou em desespero por não saber quanto tempo demoraria até que tudo fosse para os ares.
Era óbvio que Brooke não iria sem ele. Ela era assim e por isso se apaixonou. Importava-se com quem amava do que com ela mesmo e nunca, jamais, era egoísta. Ele usou, pela primeira e única vez, seus poderes, motivado ao desespero dela morrer também, a retirando do carro.
Brooke, na grama, tossindo pela fumaça, observou um último sorriso de Nate. Podia sentir que havia muito a ser dito, que ele queria pedir para ela dizer a seus irmãos que ele os amava, que ele também a amava. Ninca haveria todo esse tempo, pois Brooke viu não uma, mas duas pessoas que ela amava morrerem, explodidas e carbonizadas. E para sempre, se culparia.
Ela ficou sentada, em choque, observando a cena por tempo que não pode descrever. Não moveu um músculo e sua expressão passava a real verdade, porque não havia nada nela, e o que restou em Brooke vendo aquelas pessoas morrerem foi o vazio eterno.
Brooke não mudou ela. Na ambulância e no hospital, continuava com o olhar vazio, sem dizer uma palavra. Quando Henry ou Oliver vieram e pediram explicações, não houve. Nada. O brilho de seus olhos castanhos sumiu, como se ela estivesse morta.
— Não consigo sair. — foi a única palavra que disse após tanta insistência. A verdade é que o tempo parou a ela. Brooke continuava sentada na grama da noite sem estrelas, vendo o carro com sua mãe, namorado e mãe dele, queimarem. O cheiro de suas carnes era presente em suas narinas. Ela não via seu pai e tio. A realidade se tornou apenas um sonho distante, pois não importasse o quanto tentasse, ainda estava lá. — Não consigo sair.
Os irmãos Emily sabiam que precisavam intervir nesse trauma. Brooke não sobreviveria a ele.
E duas pessoas que com certeza não conseguiam era Michael e Vanessa. Perderam metade de sua família do dia para a noite. O garoto sofria mais pela morte de sua mãe do que a loira, que era o oposto, sofrendo mais a morte do irmão, já que naquele caso, o que contabilizava era o tempo ao qual passou com a pessoa querida já partida.
Vanessa teve a pior crise depressiva possível. Ela não conseguia suportar a saudade deixada por seu irmão gêmeo, a quem durante toda a vida, foi sua única companhia. Óbvio que a perda de Clara também doía, mas sua mente a diria que poderia superar isso caso seu irmão estivesse com ela, como foi em toda a vida. A loira se pegava pensando muito em como o homem que a criou até seus três anos de idade, reagiria. Não lembrava seu nome, mas seu sorriso e carinho para com ela e Nate era inesquecível. Jamais esqueceria a única figura paterna que teve na vida, e que por alguma razão, não estava mais com eles.
Ele não se lembraria, entretanto.
Michael, em uma das noites chorosas antes de dormir, implorou para que não fosse verdade, que para qualquer entidade que ouvisse, ter sua mãe de volta. Ele não deveria ter feito isso.
No dia seguinte, os noticiários sobre o acidente tiveram informações alteradas, como se Clara e Nate nunca tiveram no carro que acabou com a vida de Melinda. E ninguém mais vinha lamentar a Vanessa a perda do irmão. Foi de um dia para a noite, quando todos se esqueceram, e isso se aplicava a Brooke. Mike ainda a via triste pelos corredores por conta da mãe, mas não havia qualquer rastro de melancolia por Nathaniel.
Era como se tivessem apagado ele da história. Tirado como uma peça de xadrez e então feito que nenhuma outra peça lutasse para vingar o companheiro.
Michael, quando tocou o sinal de embora, não foi para a casa de William. Ele estava com tanta saudade de sua família que tornou-se primária com o tempo que passou a visitar a casa na floresta todos os dias. Em uma destas, Clara preparava panquecas na cozinha. Não entendeu, obviamente, achando tratar-se de alucinação, porém, era real demais.
Mas sua energia maligna havia mudado o gosto das panquecas tão especiais de Clara. Ele sabia que aquela coisa a sua frente já não era mais sua mãe.
Conseguiu fugir do lugar a primeira vez. Foi até a casa dos Monroe procurar ajuda de sua irmã mais velha, entretanto, quase encontrou uma tragédia. Vanessa estava a um passo de cortar seus pulsos na banheira. Michael teve que conversar muito com ela, a fim de reverter a decisão certa de morrer dela. Ela não aguentava viver naquele mundo sem Nate.
Quando finalmente conseguiu, Clara chegou na casa, ou a coisa que a possuia. Em estágios tão vulneráveis, era fácil aos irmãos Afton, era fácil demais manipular sua raiva e dizer que a culpada da morte de Nathaniel fora Brooke Emily, a qual escolheu sair do carro e não prestar socorro a ninguém.
Vanessa cegamente acreditou, o que em partes foi ótimo, porque a raiva era um sentimento menos pior do que a depressão profunda. Michael, por outro lado, duvidava que Brooke fosse capaz disso. A conhecia desde sempre para saber que era tudo, menos egoísta.
Como um conto de fadas, a entidade maligna presente no corpo de Clara os contou que haveria como reviver Nathaniel se fizessem o que ela mandasse, que era basicamente matar pessoas. No início, foi ótimo para extravassar a raiva, afinal, mesmo não sendo, seu DNA continha partes de William, ou seja, por partes, tinha resquício de psicopatia.
Depois, Michael descobriu que nenhuma entidade podia fazer isso. Apenas William poderia reviver o filho de sua primeira morte. O garoto achava que ele não havia feito por maldade de deixar os outros sofrendo, porém, depois percebeu que era por bondade. Nate não merecia ter que matar pessoas como outros Iluminados ou que continuasse a sofrer. Merecia o paraíso, lugar que foi com certeza. Provavelmente deram sorte, ou azar, de no dia ao qual decidiria isso, a personalidade boa dominou no homem, pois a alguém que buscava poder a ponto de querer que seus filhos matassem para isso, não perderia a oportunidade de seu primogênito também o fazer.
Os dois eram perfeitos para a entidade dentro de Clara porque se completavam. Vanessa era a inteligência. Ela tinha a capacidade de manipular de seu pai. Poderia, caso quisesse, ter tudo de todas as pessoas ou enganá-las. Entretanto, nunca usava isso para além de ordens dela. Michael, por outro lado, não tinha toda essa habilidade, contudo, era os músculos. Como seu pai desde cedo o ensinou sobre Iluminados, era treinado, sabia usar os poderes como ninguém, além de muito habilidoso em combate. Quando combinado ao arsenal de técnicas sobrenaturais, não havia como um sobreviver.
Com o passar do tempo, nenhuma raiva ou mortes faziam Vanessa se sentir pelo menos anestesiada. Suas crises de pânico pela dor e culpa tornaram-se comum. Os choros de meia-noite seu meio-dia. Era tão potente que quando Michael não estava lá para ajudar, desmaiava no final, pois não havia mais ninguém. Era como se sua mente, sempre que acordava após uma crise, gritasse que estava sozinha e fadada a estar para sempre.
Os dois irmãos tentaram recusar-se a fazer o que Clara mandava, porém, depois disso, coisas estranhas começaram a acontecer com eles. Vinham figuras de um homem com cabeça de bode os perseguindo e em seus sonhos. Foi um verdadeiro terror até que tiveram que aceitar novamente o acordo daquela entidade maligna. Recusa-se a matar e viverá no próprio inferno até aceitar novamente.
Vanessa tentou cometer suicídio mais duas vezes. Em uma, Clara, ou o que quer que fosse ela, impediu. Na outra, no banheiro da escola, Brooke Emily conseguiu conversar com ela, e impediu de fato de acontecer. A loira inventou a primeira coisa que apareceu em sua cabeça para disfarçar o real motivo de ser porque o namorado morto dela, era seu irmão e agora ela não conseguia seguir em frente. No caso, foi gravidez.
A loira não deu a mínima importância quando seus pais e Liana morreram. Na verdade, ela deu dicas a Michael de como entrar na casa e acabar com os desgraçados que ferraram sua infância e a de Nate, assim, obtendo mais da confiança de William, algo que a entidade o tinha obrigado a tentar fazer.
Havia ficado com Nathan Roer para que sim, a história da gravidez a Brooke fizesse algum sentido, entretanto, como não foi algo completamente consensual pelo garoto não respeitar sua primeira vez, disse seu nome a Michael. Poderia ela mesmo matá-lo, porém, estava cansada demais disso. O Afton o fez, de forma brutal depois dele ter assediado Brooke.
Aquele dia estaria reservado como o pior da vida de Vanessa. O pacto para que Nathaniel fosse revivido, o que a coisa os havia manipulado de que aconteceria — tinha chegado em níveis mais pesados. Necessitava de um sacrifício de uma criança. Óbvio que o diabo não deixaria que fosse uma aleatória ou que esperasse que William o fizesse. Queria simplesmente que a garota executasse a irmã de Brooke.
Óbvio que Vanessa recusou-se a princípio, contudo, não tinha como escapar daquela coisa possuindo Clara. Apenas um dia após a recusa resultava no pior de toda sua existência. Era inevitável aceitar depois de sofrer as consequências, quase implorando para que parasse.
Ela não deixaria que Michael ficasse de fora também. Clara o obrigou a distrair Brooke, e então, o garoto a fingiu ajudá-la levando no lugar que Nate e ele haviam construído juntos na Fazbear, depois do Afton desabafar gostar de música. Em todo o momento, sentia ainda raiva da garota, além de qualquer rivalidade. Sempre que via a mínima expressão em seu rosto, seu interior se mexia. Lembrava-se dela olhar assim para Nate, e como, a fala de Clara, ela era a culpada.
Quando quase transaram em cima daquele piano, percebeu que sua raiva era na verdade de si mesmo, parte por estar cada vez mais apaixonado pela namorada de seu irmão morto. Sabia que Nate jamais o culparia disso, pois óbvio, queria o melhor para todos e que Brooke fosse bem cuidada após ter partido. A outra parte, por ele estar a distraindo de salvar a pessoa mais importante de sua vida.
De qualquer forma, aconteceu a morte de Charlie. Vanessa nem mesmo estava quando acharam o corpo, porém, a fim de não levantar suspeitas, alterou a memória de Brooke e os outros com seu toque, já que, o quinto reino tinha o dom da telepatia natural.
Ela teve crises de pânico e ansiedade por conta da culpa corrosiva em seu coração, tal como Michael. Todas as vezes que citavam o nome de Charlotte ou viam qualquer membro da família chorando, morriam mais por dentro pela culpa. As crises tornaram-se tão comuns que aprenderam a lidar sozinhos com ela.
A garota estava tão desesperada que quase pedia ajuda a William. Mike, contudo, avisou que seria apenas trocar um demônio por outro. O homem não sabia que sua filha já estava tão emergida no mundo sobrenatural e sabia sobre absolutamente tudo que ele contou quando queria que ela caisse sobre a piscina de sangue no meio de Hurricane. Vanessa apenas atuou junto de seu irmão. Os filhos manipularam o rei da manipulação com tanta exatidão que jamais percebera.
Vanessa não se apaixonou por Oliver apenas porque ele era o cara mais bonito que ela já havia visto. Tinha mais coisas envolvidas, como uma missão em que a coisa passou sendo o matar. A loira não queria fazer, obviamente, e jamais conseguiria.
No tempo em que Brooke estava em Nova York, a ordem de Clara foi dada e não havia como Vanessa desobedecer. Oliver, no entanto, percebeu antes de ser tarde demais e conversou com ela; disse que ali, com ele, a coisa não voltaria a atormenta-la, o que de fato foi verdade. Talvez fosse sua aura protetora ou muito provavelmente, seu poder. Vanessa não aguentou-se e desabafou sobre tudo, incluindo ser forçada a matar Charlotte. Por incrível que pareça, o Emily entendeu tudo e ajudou na crise que a loira estava tendo.
A forma como Oliver deu os conselhos certos, como se já tivesse passado por isso, seu carinho em entender seu passado e mente. Tudo isso aflorou a atração que já sentia para se ver perdidamente apaixonada pelo homem dezessete anos mais velho que ela. Ele trinta e cinco e ela havia acabado de fazer dezoito. Oliver não gostava de diferenças de idade por lembrar-se de William. Resumindo, Vanessa nunca teve nenhuma chance.
O amor era sempre tão bem falado das pessoas como se fosse o melhor de todos os sentimentos. Quando ele é correspondido, sim, verdade. Quando não, torna-se um vírus que lentamente te infecta mais. Assemelha-se a um parasita do nosso coração. Domina todos os pensamentos de sua vítimas com as imagens do amado que jamais será pela pessoa infectada. A dor é destrutiva demais. Não era passageira. Duradoura como a chuva do dilúvio, não vai embora até que o usuário tenha de afogado completamente.
A ironia é que Vanessa obteve alguém novo a ajudar em suas crises, para desabafar e proteger-se, mas conseguiu se autossabotar o suficiente para se perder em paixão que jamais seria correspondida por ele.
Quando não fantasiava acordada, apenas por estar perto dele, era em seus sonhos. Ela tentava, porém Oliver não saia de seus pensamentos por nada. Não sabia para onde correr. Vanessa nunca se apaixonou antes, então doía e era improvável apenas pensar em tentar encontrar outra pessoa para preencher o vazio do homem que não seria seu. Era obrigada a vê-lo pelo mundo, pegando todas as pessoas que partilhavam de uma parte de seu sentimento por ele, que eram muitas, para sempre. Torturante ao extremo.
Quando Michael soube disso, ao viajarem a Nova York, o garoto não imaginava que sua irmã tinha contado até que ambos eram os Lorde Death disfarçados. Ele apenas gargalhou de Vanessa ter sua primeira paixão de verdade em alguém como Oliver.
— Vanny, você com certeza não é a primeira a ter uma paixão por Oliver Emily. — sua tentativa de aconselhar deixou sua irmã com a sombracelha arqueada. — Não me excluo disso.
— Não sabia que você era bissexual.
— Não sou bissexual por querer transar com Oliver Emily! — defendeu-se. — Todo mundo quer! Já viu o tamanho daqueles braços, aquela voz máscula?!
— Tenho uma notícia para te dar, irmão. — gargalhou Vanessa. — Mas ele meio que te odeia.
— O que é ótimo porque ele não teria dó. — a mais velha sentiu sua barriga doer de tanto que riu.
— A solução é ele comer nós dois. Amém!
— Amém! — a concordância dele apenas fez a loira gargalhar mais. Era dessa forma que se apoiavam, rindo e se desgraçando mais ainda.
O tempo se passou. Quando Brooke retornou a matar homens, o demônio que possuia Clara reapareceu em suas mentes. Estava mais poderoso por alguma razão. Não houve como os irmãos resistirem, mesmo tentando ao máximo, começando, então, a matança em Nova York. Tinham a intensão de culpar Brooke, como a entidade mandou.
Um dos motivos de Michael ter implicado tanto com Ash era pela semelhança dele com Nate. Em personalidades, eram praticamente iguais. Era um Mike com cabelo e personalidade de Nathaniel. Vanessa, por outro lado, aproximou-se do garoto por justamente esse motivo.
E também, a implicância com Theo foi medo. Clara havia começado justamente daquele jeito com ele, carinhosa a ponto dele precisar dela. No fim, morreu e um espírito maligno a possuiu e agora era o seu diabo particular.
A saudade da perda de Nate nunca deixou de ser presente em seus irmãos. Após tantos crimes cometidos para tentar o trazer de volta, perceberam que não era mais isso que queria. Apenas sentirem em casa novamente, ter suas famílias. Michael queria voltar aquele tempo em que era feliz ao lado do irmão mais velho, mesmo que esse estivesse namorando com Brooke. Ele só queria estar em paz com sua família, agora com Theo e Henry os adotando. Ash funcionava quase como um substituto de Nate. Vanessa ficou tão maluca de saudade do gêmeo que acreditou na teoria de sua alma estar no corpo do garoto.
Naquele começo de dezembro, sabiam exatamente o que os esperava e que teriam de fazer. Caso demorassem mais, Clara conseguia obter seu objetivo e sabe-se-lá qual male ela jogaria no mundo apenas pelo ódio aos humanos. Não podiam deixar isso acontecer.
O que nos leva ao início desse climax tão perpetuoso.
Michael tomou a iniciativa no ataque. Ele penetrou sua faca no local que daria menos danos em Brooke e segurou sua mão em sua cabeça. Clara desconfiaria caso ele não atuasse. Tentou, de uma só vez repassar todos os conhecimentos que o mundo todo esqueceu para ela, já que, o poder de seu domínio era justamente envolvido com a mente. Viu que durante alguns segundos, Brooke recebia tudo como um arquivo de computador. Enquanto processava, fingia que a facada estava doendo.
— E o que é você? — a Emily perguntou a Clara. Fingia se sentir traída, dando um singelo sinal a Ash. Ele não era burro, sabia que algo havia acontecido sob o toque de seu irmão, então preparou-se.
— Eu sou a concubina de Satanás. — respondeu, seus olhos ficando vermelhos e a luz do local diminuindo a ponto de ser difícil enxergar a sombra de um demônio alto e assustador atrás de Clara. A aura pesou e a pressão aumentou, todos sentindo a gama de poder daquela coisa. De repente, tudo no corpo dela mudou. Primeiro a roupa, que antes era uma leve de moletom, transformou se em um vestido negro decotado. Seu cabelo curto louro tornou-se um grande tão preto quanto o vazio. Os olhos que emitiam a falsidade de atuação viraram sua representação de mal. — Sou a primeira dama de adão e do inferno primordial, quem acompanhou a queda de Lúcifer e sua divisão em sete almas. Na mitologia grega sou a mãe dos titãs, Gaia. Porém, sempre preferi a minha origem mais macabra. Sou Lilith, querida.
— Legal — deu de ombros, percebendo como o desdém irritou a mulher. — Ah, desculpa. Era para ficar com medo?
— Como se atreve?! — bufou a mulher, irritada.
— Eu derrotei sozinha Aquiel. Tenho certeza que eu consigo acabar a vadia dele. — sabia exatamente que isso irritaria mais ainda Lilith, uma ofensa que ofendia o seu ego.
Não esperava, todavia, que a mulher seria tão baixa. Nem percebeu quando fora jogada na parede por Ash. Se defendeu de seu soco poderoso o bastante para destruir por completo o concreto atrás de si. Seus olhos perderam o branco ao redor, substituído por um raivoso vermelho. Lilith denegria tanto seu cérebro para o controlar que ele chorava sangue. Sua expressão era como de um cachorro com raiva.
Brooke se irritou pela ousadia daquela desgraçada ter controlado Ash, sem contar que fazia isso com Mike e Vanny. Sem perder tempo ativou seu modo vampiro, seus olhos também mudando. Com a força de reação e de combate, velocidade, que obtia fazendo isso, conseguiu imobilizar Ash no chão, e aproveitou da distração de todos pela forma como acabou facilmente com o loiro, para correr além do perceber dos irmãos Aftons, para atacar Lilith.
— Persephone — assim que disse, a espada que usou com Cerberus apareceu em sua mão. Agindo antes da reação do demônio, arrancou seu braço com um balancar de sua lâmina. — Uou. É apenas esse o poder da poderosa Lilith, Gaia ou o caralho que você também for? Controlar a mente de outros para que tornem-se seus escravos? Sinceramente, achei patético as expectativas que coloquei! Esperava pelo menos me divertir cortando alguém digno, como aquele cachorro do inferno. Ele, ao menos, lutou.
— É arrogante como seu avô! — exclamou a mulher, com dor e incrédula com a perda de um de seus membros. Não imaginou que Brooke fosse tão evoluída com seus poderes e habilidades pelo o que Michael tinha informado.
— Ah, deixe-me advinhar! — Brooke fingiu animação. — Você era esposa desse homem, meu avô, ao qual nunca conheci, diga-se de passagem. Era tudo flores, até ele te trair com a mulher que deu a luz ao meu pai e meus tios, certo?
A mais velha não respondeu. Apenas irritou-se mais com a imprudência de Brooke.
— Mas eu me vinguei! — gargalhou ela. — Enfeitiçei a vadia da sua avó para que sua personalidade morresse. Ela tornou-se uma mãe tão ruim graças a mim que o próprio filho a matou!
Brooke prestou atenção.
— E depois amaldiçoei a sua mãezinha. Qual era o nome dela? Melinda? — era uma batalha de provocações, e com isso, Lilith ganhava. — Você não achava que Henry Emily iria selecionar justamente alguém com doenças psicológicas para ser a figura materna da esperança daquela família?
Brooke lembrava-se de várias vezes após brigas dela com Melinda seu pai dizer que ela não era assim quando se conheceram. Era uma mulher amorosa, que adorava crianças, flores e tricô. Percebeu, então, que a maioria de seus problemas não eram por culpa de William, e sim porque da desgraçada a sua frente.
— Então era você...
Brooke iria finaliza-lá de uma vez por todas quando Michael a pegou pela cintura e puxou junto a ele para o chão, no momento exato em que um fio dourado quase a acertava. A Emily arregalou os olhos, com os braços do garoto ao seu redor, para a adaga da cor favorita de Ash nas mãos de Lilith.
— Droga Michael! — berrou a mulher, e logo os braços que seguravam Brooke tremeram.
A garota se virou e viu lágrimas brotarem dos olhos dele. Via em sua expressão a negação, a culpa por tudo que fora obrigado a fazer, o vazio de ter perdido tanto. Seus olhos tomavam a mesma coloração e expressão de Ash. Ao olhar para a outra direção, viu que o garoto loiro se recuperava e novamente pronto a atacar. Os dois.
— Eu juro que vou cortar a sua cabeça, sua puta! — berrou Brooke, saindo de perto do Afton, que mesmo tentando, jamais conseguiria resistir ao controle do diabo.
— Pode tentar, mas se eu te cortar com essa lâmina — Lilith apontou a que segurava. — Você morre. Isso pode matar qualquer demônio, independente de sua linhagem.
— Não sei qual a mânia dos vilões em falar os planos deles antes de somente finalizar o protagonista. — reclamou Brooke.
— Tanto faz. — Mike e Ash começaram a atacar Brooke novamente. — Qual deles você vai salvar, Brooke? O moreno que te traiu mais de uma vez, que desperta o seu pior e que, convienientemente, é o que gosta. Ou o loiro que sempre esteve para você, mas que você o mágoa tanto que ele se acostumou?
Lilith foi abundantemente socada no rosto por Vanessa, que aproveitou da brecha para a arremessar contra a porta da casa, que além de todas as ilusões de ótica, pode ser visto a imensidão do vermelho infernal. Clara caiu nele, como se o local estivesse no topo de uma colina.
— Eu prefiro a opção em que você morra empalada, sua filha da puta! — respondeu Vanessa como se ela estivesse ainda ali.
A loira correu até onde estavam seus irmãos tentando atacar Brooke. Com um único toque da palma de sua mão, ambos adormeceram, caindo no chão e suavizando sua expressão, como se finalmente descansassem após tanta tortura mental.
— Vou cuidar dos seus amores. — a garota disse a Brooke, um leve tom de sarcasmo em um sorriso forçado. — Não sei quanto tempo conseguirei os manter dormindo, longe do controle de Lilith, mas você precisa acabar com aquela cadela logo!
— Em que parte do inferno a gente está? — indagou ela, a curiosidade badelando sobre seus sentidos de sobrevivência, querendo uma estratégia clara para vencer ela.
— No castelo do quinto domínio... o de Hades. — respondeu, deixando-a tensa. — Relaxa, eles não estão juntos, mesmo que William estivesse aqui. Se odeiam, quase em guerra, por algum motivo.
— Entendi. — Brooke ativou novamente sua espada, brilhando o local com o bordô que nela emanava.
Ela se dirigiu a porta, vendo como a altura era surreal e que não conseguia mais ver Lilith em nenhum local. Vanessa a chamou antes da garota fazer qualquer coisa.
— Brooke, vingue eles. — disse, atraindo a atenção dela. — Sua mãe, sua irmã, até sua avó, e principalmente... — a melancolia e tristeza reverberaram a voz da garota, onde Brooke já sabia o que seguiria. — Nathaniel.
Brooke assentiu, e foi.
Ela se equilibrou para não cair como Lilith. Estava no muro do castelo de William. Correu, sabendo que teria de ser rápida, até o topo. Ao chegar, o que não demorou por já estar quase lá, viu como o inferno era gigantesco. Podia enxergar em suma parte o rio de lava que dominava aquele domínio. Não sabia o que as almas tinham de ter feito na terra para sofrerem aquela punição pela eternidade, porém, não deixava de sentir-se horrorizada. Mesmo no topo, Brooke não conseguia ver nada além da imensidão do quinto domínio. Seu olho conseguia pegar apenas até o enorme portão prateado dele, ao qual não havia ninguém guardando por ela ter matado Cerberus, todavia, tinha outras criaturas estranhas e assustadoras. As colinas maiores que o castelo impossibilitaram de rastrear os passos ou a energia de Lilith.
— Persephone — chamou o espírito de sua espada. — Onde está aquela piranha?
Lilith estava de joelhos enquanto implorava ao seu rei ajuda. Ela cometeu o pecado da imprudência. Planejou tudo completamente certo. Absorver os poderes da híbrida e se tornar mais forte do que qualquer demônio. Contudo, não imaginava que Michael e Vanessa resistiriam e nem que a garota fosse tão evoluída. Os desgraçados dos filhos de Hades a conseguiram manipular tão bem que nem mesmo em suas mentes, tamanha engenhosidade pôde ser prevista.
— Por favor, meu rei, lhe suplico ajuda! — implorou, quase beijando os pés do homem sentado no trono a sua frente, seus cabelos negros encostando no chão de mármore. — Aquela garota será nossa destruição.
— Não vejo dessa forma, Lilith. — respondeu ele, sua voz grave a ponto de arrepiar qualquer ser existente na terra e no inferno. — Brooke apenas representa perigo aos que possuem medo das mudanças que fará, tal era com Persephone. Não me incluo nisso.
— Mas senhor- — foi interrompida pelo barulho de uma lâmina dançando contra o azulejo do castelo do primeiro reino, causando faísca. — Não...
"Um, dois, três, o Lorde Death vai te pegar...", a voz vinha diretamente da luz bordô emergindo da fresta da porta entreaberta. Ela podia sentir a garota brincando com seu medo, o subconsciente como se fosse um cubo mágico, desmontando e montando apenas por diversão.
— Parece que minha neta chegou... — riu o rei, preparado a assistir o fim de Lilith.
Brooke usou seu olhar de vampiro para infligir mais medo nela. Andava lentamente, sua espada quebrando o piso por onde passava, com raios de energia. Seu sorriso sarcástico a deixava mais sombria, como se fosse uma psicopata cercando sua vítima indefesa. Lilith tentou usar seus poderes mentais nela, entretanto, não funcionava, o que não era surpresa a ela. Sua maior habilidade era infligir medo através da mente vulnerável. Com Brooke isso não funcionária.
A Emily não perdeu tempo em afundar sua lâmina na barriga de Lilith. Não queria que acabasse rápido. Aquela desgraçada mereceria sofrer por tudo que a fez passar.
— Isso foi pela minha avó. — falou, vendo a surpresa dançar pela expressão do homem sentado no trono supremo. — Isso, é pela minha mãe!
Afundou o corte anterior e desceu até o limite, a ouvindo berrar em dor. A espada da garota queimava como o inferno. Não desistiria mesmo assim. Achando que Brooke se distraiu, retirou novamente a adaga dourada que demonstrava o fim para qualquer demônio e a erguia de pouco em pouco. A de cabelos castanhos fingia não ver apenas para encher o coração de Lilith com esperanças. Quando estava prestes a finalmente atacar, um balançar da lâmina cortou a mão da mulher, a fazendo gritar. Pegou a lâmina e segurou com a outra mão.
— Isso foi pelo Nate! — falou. Brooke ergueu sua espada, agora sim pronta a dar o golpe final, enchendo de expectativa o olhar do homem que assistia tudo. — É isso, é pela minha irmã, sua filha da puta!
Sem nenhum pingo de piedade, Brooke a decapitou com toda a força empunhada em sua arma. O corpo de Lilith caiu no chão, sua cabeça rolando para o lado oposto. Brooke suspirou, cansada, sangue por toda a sua roupa e pele.
— Meus parabéns. — elogiou o homem, batendo palmas. Brooke finalmente conseguiu reparar melhor nele. Tinha cabelos pretos com mechas brancas, tal como Henry. Seu sorriso e expressão sarcástica lembrava Oliver. Os olhos azuis tão profundos quanto a imensidão do mar, contudo, provavelmente eram de sua tia, já que Brooke nunca a viu para confirmar. — Sou Grillian, aliás.
— Prefiro chamar de vovôzinho. — sorriu debochada a garota, sabendo que pela aura e história com os Emily, não era alguém de confiança.
Grillian pareceu surpreso com a coragem da garota, sorrindo em seguida.
— Se me dá licença. — Brooke fez uma falsa referência e virou-se para sair. Ao passar pela porta e no momento em que fechava-se, olhou uma última vez para trás. Seu vô a fitava intensamente. — Primeira impressão: velho bonito e estranho.
Ela correu de volta para a casa da colina do quinto domínio o mais rápido que conseguiu. Demorou algum tempo com a ajuda de suas habilidades de vampiro e o auxílio de Persephone. Vanessa tinha o nariz sangrando quando chegou. A loira quase chorou de alívio ao ver a amiga bem, coberta de sangue. Significava que finalmente o pesadelo com aquele demônio tinha acabado.
Brooke abraçou Vanessa apertado, querendo que mostrasse que tudo estava bem. Em seguida foi a vez de Ash, que ainda dormia. Queria apenas conferir se estava bem, checando seu batimento cardíaco e dando um beijo em sua bochecha, acariciando a mesma. Depois foi em Michael, que recém acordava, por ter mais costume com controle mental e não ter se machucado tanto quanto o irmão.
Brooke cometeu um erro de soltar a lâmina dourada para que abraçasse melhor seu namorado. Queria estar segura em seus braços e não ser quem faz a segurança. Não era bem seu fetiche.
Foi quando sentiu seu estômago ser rasgado.
Michael empunhava a arma que poderia matar todo iluminado, incluindo ela. Brooke, em choque, olhou em sua expressão e olhos. Havia um resquício do controle de Lilith nele, onde era tão pequeno quem nem se deu ao trabalho de expulsar, e esse, dominou-se a oportunidade.
Vanessa gritou quando viu o ocorrido, acordando Ash, a qual imediatamente correu para retira-lá de cima de Michael.
Brooke cuspiu sangue no rosto de Ash quando ele a pegou no colo, sem conseguir controlar os sintomas similiar a envenenamento. Visão turva, náuseas, sensação de irrealidade e principalmente a dor aguda.
Michael estranhou quando finalmente obteve sua mente por completo. Arregalou os olhos vendo sua namorada no colo de seu irmão, que já chorava. Quando finalmente viu a adaga dourada manchada de sangue dela e o choro de Vanessa a ele, percebeu que sua vida tinha acabado.
— Ei, fica comigo! — o loiro se desesperou vendo a garota respirar fracamente. O aperto dela diminuia mais e mais com a mão do garoto. — BROOKE!
O brilho de seu olhar sumiu e sua mão sem forças foi ao chão, largando o aperto, tal quando Brenda morreu, e assim como naquela vez, o apaixonado soluçava pedindo seu amado de volta.
Brooke Emily morreu.
E Michael Afton a matou.
‹ 𓆠⃮ 𝄿ֱ 𝚗𝚘𝚝𝚊𝚜 𝚏𝚒𝚗𝚊𝚒𝚜: .
I. que capítulo grande da porra puta que pariu. vou pegar um hiatus de um mês depois de fucking 8k de palavras, puta que pariu q porra.
II. não é relevante, mas esse autor aqui que só fode com a vida de vocês tá fazendo aniversário hoje vius. dezoitao e ja to querendo me matar cis.
III. o que vcs acharam do capítulo? gostaram do plot do Nathaniel, toda a mitologia por trás das motivações dos LD do arco um? Comentem, até porque, só falta mais dois capítulos pra esse arco acabar definitivamente. Enfim, caso não tenham votado, o façam e bjus, nos vemos no próximo!
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