11 anos depois
_P.o.v Micaela_
*08:00*
"O que aconteceu ontem mesmo?... Nem parece que eu quase morri ontem..."
Levanto da cama e coloco o chinelo nos pés.
"Ainda dá pra ouvir os gritos de socorro"
Ponho a mão na minha cabeça, ainda está doendo..
Abro a porta do quarto e desço as escadas.
-Já acordou vovó?-pergunto indo pra cozinha.
-Sim, tô aqui no banheiro!-Diz minha avó, que parece estar tomando banho.
-Precisa de ajuda aí vó?-pergunto preocupada, ela ainda está com os pontos na perna (que conseguiu porque cismou em subir o morro a pé pra ir pra igreja).
-Preciso não minha filha, obrigada!-ela diz do banheiro.
Pego uma xícara e vejo a garrafa de café... Não costumo tomar café, pois café me deixa triste... Como já estou triste pego a garrafa de café e coloco um pouco na xícara...
O vapor quente do líquido preto me faz olhar mais fundo e lembrar o quão nebulosa está minha vida agora..., nisso vejo meu primo me encarando.
-Bom dia Micaela...-diz ele descendo as escadas ainda bocejando.
-E aí Jota...-digo pegando a xícara de café e sentando no sofá da sala.
-Ta tomando o que? É Nescau? Se for eu quero!-ele diz olhando e tentando tomar a xícara da minha mão.
-Ei! Não é Nescau não... É café.-digo ligando a TV.
-Café?.... Ô vovô! A Micaela tá tomando café!-diz ele gritando.
-Cala a boca Jota! O vovô tá dormindo!-jogo um travesseiro nele, mas ele para o travesseiro usando a individualidade dele.
NOME: JOÃO KENAI ASHIDO
IDADE:18 ANOS
INDIVIDUALIDADE:MATAR CÉLULAS DE ENERGIA, SUA INDIVIDUALIDADE PERMITE QUE ELE MATE QUALQUER TIPO DE CÉLULA ENÉRGICA COM A PALMA DE SUAS MÃOS.
Ao fazer isso o travesseiro caí no chão.
-Isso não funciona comigo...-ele ri se exibindo.
-Você parou de gritar não parou?-rio da cara dele enquanto fico procurando algum canal pra ver.
Jota senta do meu lado.
Todos os noticiários estão falando sobre o desastre de ontem.
-Que saco!-jogo o controle no sofá e me levanto indo pra cozinha.
-Ontem realmente foi um dia difícil né prima?...-Jota diz abaixando o volume da Tv.
-Disseram que foi um milagre minha neta...-diz meu avô descendo as escadas
-Ah vovô... Bom dia, desculpa termos te acordado.-digo colocando a xícara encima da mesa e indo ajudar meu avô a colocar o casaco.
-Minha filha, você deveria estar descansando, você que precisa de ajuda...-afirma meu avô segurando uma das minhas mãos.
-Eu não preciso de ajuda vovô, eu tô bem! Eu só tive uns arranhões de leve, nem tá, AÍ!!-Jota cutuca meu braço que tem um arranhão de ontem.
-Tem certeza que tá tudo bem?-ele diz rindo.
-Sim! É só você não me cutucar!-digo com raiva.
*11:00*
"Nada pra fazer aqui... Queria estar na escola mas.."
Meu pensamento é interrompido pro uma batida na porta, meu avô anda até lá pra atender, "deve ser só um vendedor", penso me virando de volta pra TV.
-Micaela, minha filha, venha aqui. É pra você.-diz o vovô me chamando
Ando até lá, "Pra mim? Quem será?"
Vejo o diretor da minha escola e um delegado, ambos parados na minha porta.
Congelo, "eles vão perguntar de ontem com certeza", não queria lembrar de tudo, mas acho que não vai ter jeito.
-Então, Micaela, você pode nos contar o que aconteceu, desde antes de você estar lá, no meio do desastre.-pergunta o delegado.
-Olha se você precisar de mais tempo pra respirar a gente pode esperar, tá?-diz o diretor, como sempre atencioso. Pena que sua esposa é uma megera...
-Não precisa.-digo olhando o vovô do meu lado-Eu posso contar tudo agora.
Meu avô se ajeita na cadeira ao meu lado e o delegado prepara o caderno pra escrever o meu depoimento.
-Bem, eh, antes daquilo tudo acontecer, eu e o resto dos alunos da minha turma estávamos na prova de licença provisória, sabe, não é uma coisa de se dizer "olha eles são heróis" mas a gente já poderia salvar pessoas.-digo disfarçando o nervosismo.
-Então, da sua escola, só tinha a sua turma lá..-diz o delegado, atento a tudo o que eu dizia
-Não exatamente. Na minha turma tem 15 alunos, os outros desistiram... Mas prosseguindo, todos nós conseguimos as licenças provisórias e voltamos para a escola pra devolver os uniformes, porque eles são propriedade da escola, a gente não tem dinheiro pra isso...-eu disse ajeitando uma mecha do meu cabelo.
Sim, exatamente, nós não somos donos dos uniformes,se eles rasgarem nós temos que pagar o concerto, e além do mais o uniformes são horríveis, muitos mecanismos falham do nada, entre outros problemas.
-Nós estávamos no quinto andar, mais precisamente no corredor perto da zona dos guardados pra guardarmos nossos uniformes e...
-Quem estava lá com você?-perguntou o delegado.
-Tinham 6 pessoas comigo. Da minha turma eram 3, os outros eu não conheço,mas já vi lá na escola. No dia outras turmas tbm tinham feito provas de licença provisória...
-Ah, sim, pode continuar...-disse o delegado escrevendo tudo.
-E foi quando teve o primeiro tremor, nós ficamos assustados, teve um menino que se escorou na janela, até ficamos impressionados por ela não ter quebrado. Depois disso um menino saiu do lugar dos guardados, era a minha vez de guardar o uniforme, mas aí teve o segundo estrondo, todo mundo começou a gritar, eu escutei um garoto gritar no corredor "São os School for no heroes!",todos começaram a gritar desesperados...
-Espere, você disse "os School for no heroes"?-perguntou o delegado estático.
-Sim... Essa mesma, o grupo de rebeldes que se voltou contra as escolas, eu lembro muito bem de ele ter dito isso.-coloco a mão na orelha.
-Se foi isso então...-o diretor não acredita.
-Não é um caso simples... Pode continuar menina...-Diz ele novamente com o caderno em mãos.
-Ok... O andar todo começou a... A cair encima de nós, eu não sabia o que fazer, foi quando vi a janela, eu tentei usar minha individualidade pra... Pra ajudar mas...-uma lágrima dança pelo meu rosto- Mas eu só piorei... Os punhos do meu uniforme estavam quebrados, quando eu fui jogar o ácido contra o vidro... O ácido foi todo pro chão.... Nós poderíamos ter morrido se não fosse um garoto da turma 2 nos ajudar ....
O Delegado não faz mais perguntas, ele diz que já tem o bastante e então vai embora.
-Eu sei que foi complicado, mas temos que tratar das finanças.-diz a coordenadora da escola entrando na minha casa.
-Desculpa...-diz o diretor.
-Como assim finanças?! Minha neta quase morreu!-diz meu avô nervoso e extremamente irritado.
-O uniforme foi danificado e ela usou a individualidade na escola-disse a mocreia assinando uns papéis.
-Ma.. mas-digo pasma com a situação.
-Além disso, todos os alunos serão transferidos para outras escolas e terão que começar o ano letivo de novo.-disse ela entregando um papel pro meu vô.
-COMO ASSIM DE NOVO? A GENTE USOU TODAS AS ECONOMIAS DE UMA VIDA DO MEU PAI E DO MEU AVÔ!-grito indignada rasgando o papel-EU JÁ TINHA GANHADO A LICENÇA PROVISÓRIA! COMO ASSIM DE NOVO!?
A mulher diz ajeitando seus óculos:
-Vocês podem não pagar nada, mas não vão receber a indenização pelo ocorrido.
-Vá embora! Não precisamos do seu dinheiro!- meu primo desce as escadas expulsando-os da nossa casa.
Ele fecha a porta e eu me sento no sofá estática.
-E... E agora?...
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