𝕮𝖆𝖕 19
Cap 19: Torneio regional
O ginásio estava lotado, com arquibancadas repletas de torcedores ansiosos. O ambiente vibrava com os sons de aplausos, vozes animadas e o eco de passos no tatame. Finalmente, o grande dia havia chegado. Beatrice respirou fundo, observando as decorações penduradas nas paredes do ginásio. Já havia estado ali antes, mas, dessa vez, algo parecia diferente.
Sua vida havia mudado drasticamente desde o último torneio regional. Estar ali novamente era como reviver memórias, mas agora, tudo era mais intenso. A tensão no ar parecia mais densa, e o peso da responsabilidade era maior. Ela sabia que precisava vencer, não apenas para provar algo aos outros, mas para provar a si mesma que era capaz. Sua mente, no entanto, estava longe do tatame.
O verdadeiro problema não era apenas o torneio ou a pressão. Sua ansiedade a consumia, e um motivo específico a deixava inquieta: sua mãe. Já fazia um dia inteiro que Morgan não dava notícias. Ela não havia voltado para casa após o trabalho, e todas as tentativas de contato resultaram em chamadas não atendidas.
Beatrice sentia o coração acelerar a cada pensamento sobre sua mãe. O trabalho de Morgan sempre foi envolto em mistério, mas, ultimamente, ela vinha agindo de forma estranha, o que só aumentava as suspeitas da garota.
De repente, sua atenção foi desviada pelo som da voz do apresentador ecoando pelos alto-falantes do ginásio. Ele estava começando a anunciar os participantes, mas Beatrice mal prestava atenção nas palavras, perdida em seus próprios pensamentos. Apenas quando o apresentador mencionou seu dojo, ela ergueu a cabeça.
— E finalmente! Esse dojo está fazendo sua estreia aqui no torneio. Vocês verão alguns rostos familiares! Todo ano, um novo dojo surpreende no torneio, mas será que este recém-chegado tem o que é preciso para vencer tudo? Uma salva de palmas para o Caratê Presas de Águia, liderado pelo sensei Johnny Lawrence e o atual campeão, Miguel Diaz!
As palavras fizeram Beatrice respirar fundo e focar novamente. Ela viu Johnny entrar no ginásio à frente do grupo. Os Presas de Águia seguiram em fileira, ocupando o lugar designado para o dojo. Beatrice deixou seus olhos deslizarem pelo espaço até avistarem Falcão. Ele estava com o kimono do Miyagi-Do, mas, para ela, isso pouco importava. Só vê-lo ali já trazia uma sensação de conforto em meio ao caos interno.
O apresentador voltou ao microfone, com energia renovada.
— No fim do dia, apenas um desses dojos será coroado o grande campeão. Bem-vindos ao 51° Torneio Regional Anual de Caratê Sub-18. É hora do caratê!
Enquanto a multidão aplaudia, Johnny reuniu o grupo em uma roda, assumindo sua posição de liderança com autoridade inabalável.
— Presas de Águia, escutem! Alguns já estiveram aqui antes, mas para outros este é o primeiro torneio de caratê. Eu lembro do meu primeiro torneio: espancando lindamente os oponentes enquanto a torcida aplaudia. — Sua voz carregava uma mistura de nostalgia e determinação. — Mas tivemos alguns obstáculos. Tentaram deixar vocês fracos. Isso agora é passado. Lembrem-se do que está em jogo. Se perdermos, o Presas de Águia já era. Vamos deixar isso acontecer?
— Não, sensei! — responderam em uníssono, a energia crescendo dentro da roda.
— É claro que não! Porque temos algo que o Cobra Kai não tem: grandes campeões. Vamos mostrar a eles o que podemos fazer. Estão prontos?
— Sim, sensei! — o grupo gritou, determinados.
Johnny assentiu, satisfeito.
— Legal, vamos aquecer. Diaz, vem aqui!
Miguel avançou para conversar com Johnny, enquanto Beatrice se afastou para começar seu aquecimento com os outros. Mesmo enquanto esticava os braços e girava os ombros, sua mente continuava inquieta, cheia de dúvidas e medos.
— Ei, tá tudo bem? Te vi meio quieta hoje. — Devon se aproximou, falando com um tom de preocupação enquanto alongava ao lado dela.
Beatrice hesitou por um instante antes de responder.
— É... eu tô sim... — mentiu, tentando mascarar a verdade.
Devon arqueou as sobrancelhas, mas não insistiu.
— Está ansiosa? É meu primeiro torneio. Pelo que você me disse sobre aquela Tory, ela parece ser bem forte. Mas, mesmo assim, formamos uma boa dupla nos Presas de Águia. Tenho certeza de que uma de nós ganha daquela Torydícula.
Beatrice não pôde evitar uma risada leve, ainda que breve. Ela lançou um olhar discreto na direção de Tory, que estava no outro lado do ginásio com o Cobra Kai. Apesar de tudo, Beatrice sentia falta de sua antiga amiga. Mas ela sabia que Tory havia feito suas escolhas, e não havia mais volta.
O ginásio estava em silêncio absoluto, exceto pelo som da respiração ansiosa dos competidores. As luzes do palco iluminavam com intensidade, criando uma aura de expectativa no ar. O apresentador, com um microfone em mãos, deu uma pausa no ritmo do torneio para anunciar o início da competição de habilidades.
— Senhoras e senhores, é hora de começar nossa competição de habilidades. — Sua voz ecoou pela arena, fazendo todos se concentrarem no palco. — Pra começar, Demitri Alexopoulos, do Caratê Miyagi-Do, que apresentará os kamas.
Depois de um longo tempo e várias apresentações o apresentador, com um sorriso no rosto, voltou a pegar o microfone.
— Agora, é a vez de Beatrice Raynott, do Caratê Presas de Águia, que mostrará suas habilidades usando o nunchaku.
Beatrice Raynott subiu no tatame com uma presença calma, mas intensa, seus olhos focados no objetivo à frente. O chão polido reflete sua silhueta enquanto ela se posiciona no centro do tatame. Na mão direita, ela segura o nunchaku, que balança suavemente enquanto ela se prepara.
Ela começa com um movimento lento, de respiração controlada, sentindo o peso do nunchaku em suas mãos. O primeiro golpe é simples, um giro no ar com o bastão esquerdo, enquanto ela avança com um passo preciso, como se estivesse cortando o espaço com a lâmina da espada. O som do nunchaku cortando o ar é limpo e nítido, como uma lâmina afiada.
Em seguida, Beatrice acelera o ritmo, seus movimentos fluem de maneira graciosa, mas com a tensão de um predador. O nunchaku se move como uma extensão de seu corpo, ora girando sobre sua cabeça, ora se projetando na direção de um alvo invisível. Cada movimento é um reflexo de sua concentração total, seu rosto inexpressivo, mas os olhos, fixos, falam de uma confiança indiscutível.
Ela executa uma série de giros rápidos, fazendo o nunchaku descrever círculos ao redor de seu corpo. Os bastões batem com força contra suas próprias mãos, mas ela parece estar sempre no controle. A cada giro, ela dá um passo em direção ao lado oposto da sala, movimentando-se com uma leveza que contrasta com a potência de seus golpes. Um giro rápido no ar, e o nunchaku dispara na direção de seu ombro, passando com precisão por seu corpo e voltando à sua mão com uma rapidez surpreendente.
Com um movimento fluido, Beatrice realiza uma transição impecável para uma posição defensiva. Ela segura o nunchaku com uma mão enquanto a outra a usa para bloquear um golpe imaginário, a postura rígida, mas flexível, pronta para reagir a qualquer momento. Ela faz uma pausa, deixando o ar e o som da madeira bater contra as palmas de suas mãos preencherem o espaço ao seu redor.
Por fim, Beatrice executa um golpe final: ela gira o nunchaku acima de sua cabeça com velocidade, liberando uma sequência de movimentos coordenados que parecem quase coreografados. Em um movimento preciso, ela faz o nunchaku girar em torno de sua perna, projetando-o para frente com uma explosão de força, como se estivesse lançando um ataque fatal. O impacto da madeira contra o ar é audível, e ela termina sua performance com o nunchaku parado em sua frente, o braço estendido para o alto, a postura perfeita.
Ela respira profundamente, os músculos ainda tensos, mas a expressão tranquila no rosto denota o domínio completo da técnica. Cada movimento foi calculado, cada gesto uma representação da disciplina e da precisão que define seu estilo. A sala se mantém silenciosa por um momento, antes que um suspiro de admiração percorra o dojo. Beatrice abaixa o braço lentamente, a calma em seu olhar refletindo a satisfação de uma apresentação perfeita.
A plateia estava em êxtase, aplaudindo Beatrice de pé. O som das palmas ecoava pelo ginásio enquanto ela voltava para seu lugar, o coração ainda acelerado, mas com uma sensação de vitória interna. Ela sabia que havia dado o seu melhor e, ao observar os rostos ao redor, podia ver nos olhares de seus colegas, inclusive de Johnny, um sorriso sutil de aprovação. Ela sentiu que sua performance realmente a destacara entre os competidores.
Miguel, que estava ao lado dela, sorriu, o brilho nos olhos não disfarçava a admiração que sentia pela garota.
— Você foi impressionante! — Miguel disse, a voz cheia de sinceridade.
Beatrice retribuiu com um sorriso, tentando disfarçar um pouco da timidez que ainda a consumia. Sua respiração estava ofegante, mas a adrenalina fazia com que tudo parecesse distante.
— Valeu, treinei isso mais do que comi. — Ela respondeu, se sentindo um pouco mais relaxada ao ver Miguel rir com a piada, o que a ajudou a se sentir mais à vontade.
Os competidores que se seguiram também deram o melhor de si, apresentando suas habilidades de forma incrível, mas Beatrice sentiu que ninguém tinha o mesmo brilho em seus olhos que ela sentia naquele momento. As luzes do ginásio se refletiam nas faixas e kimonos dos lutadores enquanto o apresentador retomava sua fala, dando continuidade à competição.
— É brincadeira isso? Que ótima forma de começar a competição de habilidades! Tá na cara que o Miyagi-Do e os Presas de Águia vieram com tudo. Mas, com uma disputa tão acirrada, qualquer um pode ganhar. — O apresentador disse com entusiasmo, deixando o público ainda mais animado enquanto a competição seguia.
Com cada apresentação, o público se envolvia mais, mas Beatrice não podia deixar de se concentrar no que realmente importava: a pontuação e o que viria a seguir. Ela se acomodou em seu lugar, observando atentamente as performances, sabendo que sua própria exibição havia sido um marco para ela, mas ainda havia muito em jogo.
Após o fim das apresentações, o apresentador anunciou a classificação, e a tensão voltou a tomar conta da arena.
O Cobra Kai conseguiu a liderança e em seguida vem o Miyagi-Do e o Presas de Águia em 6°.
Johnny não conseguiu esconder sua surpresa e, talvez, um pouco de frustração.
— Como fomos pro 6º lugar? — Johnny perguntou, a expressão claramente desconcertada.
— As habilidades são avaliadas de formas diferentes. O ouro vale dez pontos, prata nove... — Devon, com a calma que lhe era peculiar, tentou explicar, mas Johnny interrompeu, parecendo impaciente com os detalhes.
— Esquece a matemática. O que a gente precisa pra vencer? — Johnny perguntou, sua voz direta e incisiva.
Devon suspirou levemente, como se já soubesse o que precisaria dizer.
— Matemática. Pra recuperar os pontos, temos que vencer o maior número possível de partidas classificatórias. Quanto mais avançamos como equipe, mais chutamos o saco metafórico do Cobra Kai. — Ela explicou, sua voz firme.
Johnny olhou para ela com uma expressão de aprovação e sorriu.
— Gostei. Agora você ta falando minha língua. — Ele respondeu, e uma energia renovada parecia invadir o grupo.
Então, o apresentador voltou ao microfone, e a plateia se acalmou para o próximo anúncio.
— Senhoras e senhores, a fase classificatória masculina e feminina está prestes a começar. E, com isso, nós entramos em uma nova era! Por isso nós chamamos uma convidada muito especial para dar o ponta pé inicial. Vamos dar uma salva de palmas para a super estrela nacional, vencedora de vários Grammys, Carrie Underwood! — O apresentador anunciou com entusiasmo, e a multidão explodiu em aplausos.
Carrie Underwood entrou no tatame, sendo recebida por uma onda de aplausos e gritos de admiração. Ela sorriu amplamente para o público, vestindo um look casual e descontraído, mas que combinava perfeitamente com a ocasião. Ela era uma figura conhecida, e sua presença trouxe uma energia especial para o evento.
— E aí, pessoal! É uma honra estar aqui. Na minha infância não tinha muito caratê em Oklahoma, mas vocês sabem que eu adoro competir, assim como esses maravilhosos meninos e também meninas. — Carrie disse, com uma voz animada que contagia a todos, fazendo a plateia vibrar ainda mais.
Ela fez uma pausa, como se estivesse absorvendo o momento, e então continuou, sua voz mais calma, mas ainda cheia de inspiração.
— Uma coisa que eu aprendi é que todo mundo na vida tem uma chance, uma chance de brilhar. Todo mundo tem o seu momento. Esse é o de vocês. — Ela disse, olhando diretamente para os competidores, como se suas palavras fossem um incentivo genuíno.
A plateia estava em êxtase, aplaudindo e gritando, e Carrie, com um sorriso no rosto, iniciou a performance musical, cantando com a mesma paixão e energia que transmitia em seus shows. Enquanto ela cantava, o espírito da competição parecia crescer ainda mais, energizando a todos.
Continua...
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