𝕮𝖆𝖕 17

Cap 17: Devon Lee

— Escutem, seus nerds! Se preparem para um mundo de dor. Muito bem, em posição! — Johnny ordenou, e os alunos rapidamente se alinharam lado a lado, assumindo posições firmes e atentos ao próximo comando.

O dojo improvisado estava vibrando com a energia de todos os alunos, dispostos em uma única fileira alinhada. Johnny se destacava na frente. Ele parecia pronto para colocar os alunos à prova mais uma vez, e seu tom ríspido já demonstrava que aquela não seria uma aula fácil. Ao lado dele estava uma garota asiática, nova no grupo, mas com uma postura confiante que chamava atenção.

Ele gesticulou para a garota ao seu lado.

— Nós temos uma nova aluna hoje. Essa é a Devon Lee.

Beatrice, em sua posição, não conseguiu esconder um sorriso ao ver que conseguiram a garota.

— É, até que foram rápidos. Não achei que iam conseguir em algumas horas. — comentou a loira, satisfeita.

Devon olhou para o grupo com um ar tranquilo e afirmou:

— Oi, meus pronomes são ela/dela.

A declaração foi recebida com um olhar impaciente de Johnny, que imediatamente corrigiu o tom da conversa:

— Os únicos pronomes que aceitamos nesse dojo são sensei e estudante.

Devon arqueou uma sobrancelha, levemente provocativa, e respondeu:

— São substantivos.

A paciência de Johnny esgotou-se rapidamente. Ele inclinou-se um pouco para a frente.

— Ah, me desculpa. O que eu quis dizer foi... quieta! — gritou, fazendo a nova aluna recuar.

— Isso é um imperativo. — respondeu Devon, sem hesitar.

— Pra fila! — ordenou, sem perder mais tempo. Devon caminhou até sua posição, ao lado de Beatrice, enquanto Johnny retomava o controle da aula.

— A aula de hoje é sobre trapaça. No nosso dojo, não acreditamos em lugar sujo. O Cobra Kai não segue a mesma regra. Temos que estar prontos para tudo que eles fizerem.

Devon rapidamente entrou no clima, erguendo a voz.

— Tipo no Grande Dragão Branco, quando o Chong Li joga terra nos olhos do Van Damme? — perguntou, mostrando que conhecia bem o assunto.

Johnny pareceu impressionado com a referência e deu um aceno afirmativo.

— É isso aí. Parece que fez o dever de casa.

Devon sorriu, ainda mais confiante.

— Eu também vi a sequência. Assisti Comando Delta, Billy Jack, Escola de Assassinos e A Vingança de Lady Dragon. Cynthia Rothrock é demais!

Johnny abriu um raro sorriso de aprovação.

— Ela é mesmo!

Mitch tentou entrar na conversa.

— Eu vi esse aí também.

Johnny, no entanto, cortou-o imediatamente:

— Cala a boca, bafo de pica! Muito bem, se preparem, porque hoje vocês vão sofrer. — Seu olhar pousou sobre Miguel. — Menos você. Você fica comigo.

Miguel o olhou confuso.

— O quê? — perguntou, surpreso.

— O campeonato tá chegando, e eu não quero que você se machuque. Além do mais, isso vai ficar perigoso. Você pode ser o meu assistente hoje.

Miguel arqueou a sombrancelha, claramente indignado.

— Muito bem, pessoal. Se preparem. Começar! — ele gritou, sinalizando o início do treino.

Todos no dojo ajustaram as faixas que amarravam um dos braços, prontos para o treino que Johnny havia proposto. O ambiente estava repleto de concentração, mas também de uma leve tensão, já que ninguém sabia exatamente o que esperar. Johnny caminhava de um lado para o outro, gesticulando enquanto explicava o objetivo do exercício.

— Se o Cobra Kai deslocar o seu ombro, lutem com um braço — ele afirmou, com a voz firme e séria.

Devon, com um brilho competitivo nos olhos, não perdeu tempo para fazer uma referência. — Igual Operação Kickbox! — E, sem aviso, girou rapidamente para chutar Bert.

— Olha, tá muito longe. Você tá esticando demais o chute. Tenta... — Ele nem teve tempo de terminar a frase antes que Devon repetisse o movimento com mais precisão, acertando o golpe no lugar exato.

Johnny sorriu, aprovando. — Boa!

Devon sorriu de volta, confiante. — Eu tenho o orgulho de nunca cometer o mesmo erro duas vezes. — E, sem perder tempo, voltou a lutar com Bert, mais determinada do que nunca.

Enquanto isso, Miguel, observando a dinâmica do treino, deu um passo à frente, visivelmente interessado em participar. — Eu posso fazer isso.

Johnny virou-se para ele, avaliando-o com um olhar sério, mas logo relaxou. — Eu sei, mas o seu nível tá muito acima do deles. Você e a Bea são outro nível. Relaxa. Você pode ajudar na próxima lição.

Todos continuaram o treino com um braço só, demonstrando determinação enquanto aplicavam os movimentos ensinados. Mesmo com as limitações impostas pela lição, eles se esforçavam ao máximo, trocando golpes e defendendo com precisão. O dojo vibrava com sons de impacto e gritos de esforço, até que Johnny finalmente anunciou a próxima etapa do treino.

Beatrice, posicionada em uma ponta da fila, ajustou seu foco enquanto Devon estava na outra extremidade, ambas preparadas para o próximo desafio: chutar o saco de cada um dos garotos alinhados no meio. Johnny, sarcástico e prático, deu uma última instrução antes do início.

— Se sentirem que vão vomitar, é só engolir. — Ele olhou para os meninos com um meio sorriso. — Tão usando protetores, né?

Devon e Beatrice começaram o exercício, alternando entre golpes precisos e rápidos. Um a um, os garotos iam reagindo com caretas de dor ou tentativas desajeitadas de resistir, mas nenhum deles conseguia disfarçar completamente o impacto.

Após um tempo, o exercício chegou ao fim, com os meninos no chão, segurando gelos enquanto tentavam se recuperar. Beatrice, com um sorriso satisfeito, aproximou-se de Devon.

— Mandou bem, Devon! — disse, levantando a mão para um high-five.

Devon respondeu com entusiasmo, batendo na mão de Beatrice. — Valeu, você também... é...

— Me chame de Bea.

— Beleza. — Devon sorriu, desta vez mais abertamente, antes de se juntar ao restante do grupo.

O treino chegou ao fim, e Johnny, como de costume, deu a última palavra.

— Bom trabalho hoje. Coloquem gelo e amanhã a gente continua!

Os meninos, ainda se recuperando do exercício, já estavam procurando pacotes de gelo para aliviar a dor. Johnny virou-se para Miguel e Beatrice.

— Campeão, a Carmen quer que a gente faça um jantar em família. Não se atrase. — Ele então olhou para Beatrice. — Pode ir também, Bea. E se sua mãe quiser, vamos fazer bastante comida.

Sem esperar uma resposta, Johnny saiu, deixando os dois conversando. Mitch passou ao lado de Miguel, ainda segurando seu gelo.

— Deve ser bom ser o preferido do sensei. — Ele entregou o gelo para Miguel e saiu.

Logo em seguida, Bert fez o mesmo, adicionando uma provocação. — É. Ele te coloca pra ninar? — disse, antes de entregar seu gelo e sair atrás de Mitch.

Beatrice olhou para Miguel e não conseguiu conter uma risada baixa.

— Relaxa, só tão te zoando. — Ela deu de ombros, observando Miguel ainda claramente irritado. — Você já está até que bom. O Johnny só não quer que se machuque.

Miguel bufou. — Mas eu tô bem! Era pra eu estar treinando!

Beatrice inclinou a cabeça, tentando aliviar a tensão. — Eu sei. Talvez seja difícil ainda para ele entender.

Ela estendeu a mão para um toque amistoso, que Miguel retribuiu sem hesitar. — Até depois!

Enquanto se afastava, Miguel a chamou. — Não vai no jantar hoje?

Beatrice parou por um momento, virando-se para ele. — Não sei. Não faço parte da família, Miguel.

Ele sorriu de forma acolhedora. — Você é praticamente minha irmã.

Beatrice riu, tocada pelo comentário. — Que fofo. Se eu tiver um tempinho, quem sabe? — disse, acenando antes de sair.

Continua...

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