𝕮𝖆𝖕 16
Cap 16: Benjamin Raynott
Beatrice desceu do Uber em frente à luxuosa mansão de Oliver. A casa, rodeada por jardins impecavelmente cuidados, exalava um ar de riqueza que parecia quase intimidador. Ela parou por um instante diante do enorme portão de ferro e apertou o interfone. Logo, uma voz feminina surgiu do outro lado.
— Olá, a quem procura? — perguntou a voz, educada, mas impessoal.
— O Oliver está em casa? Fala que é a Beatrice que está aqui fora.
— Só um momento! — respondeu a voz antes de sumir, deixando Beatrice aguardando.
Ela cruzou os braços, alternando entre olhar para o chão e examinar suas unhas. Um leve desconforto crescia dentro dela enquanto os segundos se arrastavam. Com a ansiedade aumentando, ela estendeu a mão para tocar novamente o interfone, mas foi interrompida pelo rangido mecânico do portão se abrindo.
Ela hesitou por um segundo, olhando em volta, mas não havia ninguém à vista. Decidiu entrar, seguindo pela longa entrada pavimentada até a porta principal. Uma empregada a aguardava na entrada, com postura profissional e expressão neutra.
— Ele pediu pra você ir ao quarto dele. — informou a mulher, movendo-se levemente para o lado para abrir espaço para Beatrice passar.
— Tá, valeu. — respondeu Beatrice sem dar muita atenção e começou a subir as escadas que se estendiam como um convite ao segundo andar.
Os degraus, feitos de mármore, ecoavam levemente sob seus pés, e a grandiosidade da casa quase fazia a tensão em seu peito parecer pequena. Chegando ao topo, ela virou-se para o corredor, encontrando o quarto de Oliver com a porta entreaberta. Assim que ela cruzou o limiar, ele se levantou de um sofá de couro preto e caminhou até ela com um sorriso descontraído.
— E aí, Bea. — disse ele, inclinando-se para dar um selinho.
Ela virou o rosto com naturalidade, evitando o gesto e entrando no quarto sem hesitar.
— Oliver, a gente precisa conversar. — começou, séria, o olhar fixo nele.
Oliver franziu a testa, surpreso, mas não intimidado.
— Tá, mas... você está brava? — perguntou com a voz carregada de curiosidade e um leve tom de provocação.
Ela parou e se virou para ele, arqueando uma sobrancelha.
— E por que essa pergunta?
— Parece brava... Minhas ex-namoradas costumavam ser bem descontroladas quando estavam bravas...
Beatrice cruzou os braços, claramente irritada.
— Está me chamando de descontrolada? — retrucou.
Oliver levantou as mãos em um gesto de rendição.
— Não, relaxa. É só que você fica linda até brava. — brincou, tentando suavizar o clima, mas ela manteve a expressão séria.
— Primeiramente, não sou sua namorada. A gente só ficou uma vez. — declarou.
Ele sorriu, despreocupado.
— É, até agora, mas logo será.
Ela suspirou, desviando o olhar brevemente antes de voltar a encará-lo.
— Oliver... é sobre isso mesmo que eu queria falar...
— Espera, espera... antes disso. — ele interrompeu, caminhando até uma gaveta próxima. Ele puxou uma caixinha de veludo e voltou para perto dela, estendendo-a. — Um presente pra você.
Beatrice olhou para ele, desconfiada.
— O que é isso?
— Abra.
Ela pegou a caixinha hesitante e, ao abri-la, viu um colar brilhante. O ouro reluzia, e pequenos diamantes refletiam a luz suave do quarto. Ela admirou o presente por alguns segundos, mas logo fechou a caixinha e a estendeu de volta para ele.
— Oliver, eu não posso aceitar isso.
Ele arqueou as sobrancelhas, claramente surpreso.
— E por que não?
— Eu... não quero namorar com você. Eu estava mal, me sinto mal ainda. Está acontecendo tanta coisa... no karatê... minha mãe...
— Espera, sua mãe te falou alguma coisa? — interrompeu ele, repentinamente tenso.
— E deveria?
— Não... Pode continuar.
Beatrice respirou fundo, reunindo coragem para terminar o que estava dizendo, mas foi interrompida quando uma garota entrou no quarto sem bater. Ela era loira, com roupas caras e aparência que claramente indicava que vinha da mesma classe social de Oliver.
— Quem é você? — perguntou Beatrice, sua voz carregada de curiosidade e irritação.
A garota loira analisou Beatrice com desdém antes de se virar para Oliver.
— Ela?... Achei que tivesse gostos melhores, maninho.
Beatrice abriu a boca para retrucar, mas Oliver a cortou rapidamente.
— Ei, não briguem. O que você quer, Emma? — perguntou ele, visivelmente irritado.
— O papai está te chamando, e ele está furioso.
Oliver suspirou pesado, passando os dedos pelos cabelos.
— Espera aqui, Bea, eu venho logo.
— Não precisa. Eu já estou de saída. Já disse o que tinha para falar. — disse Beatrice, colocando a caixinha com o colar em uma mesa próxima e saindo do quarto com passos firmes.
Oliver permaneceu parado, irritado. Emma riu baixinho, uma risada carregada de deboche.
— Do que você está rindo, hein? — perguntou ele, claramente irritado.
— Decepção amorosa? É, nunca achei que te ver levando um fora fosse tão bom.
Ele se aproximou dela, os olhos estreitados.
— Vê se cala sua boca. Logo mais ela vai se arrepender disso. Com certeza a Morgan abriu a boca. Elas não sabe com quem está mexendo... — murmurou, um sorriso cheio de segundas intenções surgindo em seus lábios.
Beatrice descia as escadas com pressa, ainda absorvendo a conversa tensa com Oliver. Seus passos ecoavam suavemente pelo chão de mármore, mas ela parou ao avistar um homem na sala de estar. Ele vestia um terno impecavelmente alinhado, mexendo no celular com concentração. No entanto, o que capturou sua atenção não foi a postura autoritária nem o rosto que carregava traços semelhantes aos de Oliver, mas sim o símbolo em seu terno.
O emblema, bordado discretamente, era familiar demais. Beatrice prendeu a respiração por um momento, lembrando-se de onde o tinha visto antes: na capinha do celular de sua mãe e na foto no quarto de Isabella. O coração acelerou. Por que aquele símbolo parecia perseguir sua vida de formas tão distintas?
Sem querer, ela pisou no chão com mais força do que pretendia, e o som ecoou pelo ambiente silencioso. O homem ergueu os olhos do celular, franzindo o cenho ao vê-la. Era William Parish, o patriarca da casa, pai de Oliver e Emma, e o chefe de sua mãe, Morgan.
— Ei, quem é você? — perguntou ele com sua voz grave e imponente.
Beatrice respirou fundo, tentando não demonstrar o nervosismo que começava a tomar conta dela.
— Eu... sou filha da Morgan... Morgan Raynott...
William inclinou levemente a cabeça, seus olhos analisando-a de cima a baixo com desconfiança.
— E o que pensa que está fazendo aqui? Eu não permiti que nenhum funcionário traga seus filhos. E ela também não está aqui.
Beatrice tentou manter a calma, mas as palavras dele a incomodaram.
— Relaxa, moço. Eu já estava de saída. Eu vim falar com o Oliver rapidinho e...
— E o que uma garotinha como você iria querer com meu filho? — ele interrompeu, sua voz carregada de desdém.
Aquela insinuação foi suficiente para despertar o temperamento de Beatrice. Ela cruzou os braços, erguendo o queixo em desafio.
— O que você está insinuando, hein?
Antes que ele pudesse responder, a voz de Oliver ecoou pelo ambiente, chamando a atenção de ambos.
— Pai!
William virou-se abruptamente para as escadas, onde Oliver começava a descer com passos lentos e preguiçosos.
— Oliver, venha cá imediatamente!
Beatrice aproveitou a distração para encerrar a conversa.
— Bom, não quero ficar pro showzinho de família de vocês. Bye bye. — disse ela, girando nos calcanhares e saindo pela porta principal sem olhar para trás.
William a acompanhou com os olhos até que a porta se fechasse, sua expressão endurecendo ainda mais. Quando Beatrice desapareceu de vista, ele voltou-se para Oliver, que finalmente chegara ao pé das escadas.
— Por um acaso você falou algo a ela? — perguntou William, sua irritação evidente.
Oliver deu de ombros, mas havia um leve incômodo em sua postura.
— Não... mas... acho que a Morgan sim. Ela deve ter falado alguma coisa. Eu estava tentando manipular a filha dela, mas antes que eu me aproximasse mais, a Morgan abriu a boca e agora a filha dela se afastou.
William bufou, seus olhos faiscando com raiva.
— Essa Morgan me paga... Parece que teremos que mandar a família toda para sete palmos da terra junto com o imbecil do Benjamin Raynott... — disse ele, com sua voz transbordando frieza.
Oliver sorriu. Não era um sorriso comum, mas algo carregado de malícia, quase predatório. Ele passou a mão pelos cabelos, parecendo se divertir com a ideia.
— Vai ser um prazer assistir a isso. — comentou, o tom leve contrastando com o significado sombrio por trás de suas palavras.
Continua...
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