𝕮𝖆𝖕 12

Cap 12: Sombras do passado, luzes do presente

A claridade que invadia o interior da Lamborghini começou a despertar Beatrice. Seus olhos piscaram algumas vezes, incomodados pela luz forte que atravessava os vidros. Ela estava atordoada, a cabeça ainda pesada enquanto tentava compreender onde estava. O estofado macio e o leve perfume masculino ao seu redor a fizeram lembrar vagamente da noite anterior.

Quando se mexeu levemente, sentiu algo repousado sobre sua barriga. Seu olhar desceu, e ela arregalou os olhos ao se deparar com Oliver, ainda dormindo, o braço jogado despreocupadamente ao redor dela, a respiração dele calma e ritmada. Sua memória voltou como uma onda avassaladora. A noite passada... aquilo havia realmente acontecido.

Beatrice ficou imóvel por um momento, o coração acelerado, tentando processar tudo. Aquilo havia sido um erro? Ela não sabia dizer. Havia sido intenso, envolvente, mas agora, à luz do dia, uma sensação de incerteza a envolvia. Ela sabia apenas que precisava sair dali o mais rápido possível.

Com cuidado, começou a se mover, tentando escapar sem acordá-lo, mas ao mínimo movimento, Oliver abriu os olhos. Ele a encarou com um sorriso sonolento e desarmado.

— Bom dia — murmurou, a voz ainda rouca pelo sono.

Beatrice congelou por um instante, desviando o olhar antes de responder, tentando soar natural.

— Droga... é... bom dia. Aonde estamos? — perguntou, ajeitando-se no assento, mesmo que sua mente estivesse mais focada em como sair daquela situação.

Oliver bocejou e se espreguiçou levemente antes de responder:

— Na garagem da minha mansão. Aliás, já vou pedir para prepararem um café da manhã.

— Não! — ela exclamou de forma abrupta, chamando a atenção dele. Ao perceber o tom, tentou consertar rapidamente. — Desculpa... Não querendo soar desesperada, mas... eu prefiro que me leve pra casa, por favor...

Ele arqueou uma sobrancelha, a expressão levemente confusa.

— Sério? Não vai comer nada antes?

— Não estou com fome, sério. Eu preciso ajeitar as coisas em casa. Minha mãe deve estar preocupada. Ela chegou e eu não tava lá — Beatrice disse rapidamente, a urgência em sua voz óbvia.

Oliver inclinou a cabeça, considerando a situação.

— Ela já deve ter chegado aqui já. Se quiser, a gente avisa pra ela — sugeriu, o tom casual, como se já tivesse tudo sob controle.

Beatrice balançou a cabeça, impaciente.

— Oliver, só... me leva pra casa, por favor.

Ele suspirou, mas deu de ombros, resignado.

— Tudo bem então. Vou pedir pro meu motorista te levar.

Enquanto ele se inclinava para ela, claramente tentando dar um selinho, Beatrice virou o rosto de forma discreta, esquivando-se.

— Nem um beijo de bom dia pelo menos? — ele perguntou, a voz carregada de uma leve provocação, mas havia também um tom de decepção.

Ela forçou um sorriso, tentando não parecer rude.

— Odeio melosidade logo de manhã, foi mal.

Oliver suspirou mais uma vez, agora com um toque de frustração em sua expressão. Ele saiu do carro, vestindo apenas a calça, a camisa pendurada despreocupadamente em um dos ombros. Beatrice aproveitou a brecha para ajustar a própria roupa. Por sorte, já estava vestida, poupando qualquer desconforto adicional.

Poucos minutos depois, o motorista chegou, estacionando ao lado do carro. Beatrice entrou no outro veículo sem olhar para trás, sentindo um misto de alívio e confusão enquanto era levada de volta para casa. Ela sabia que precisava colocar seus pensamentos no lugar, mas uma coisa era certa: aquela manhã havia começado com mais perguntas do que respostas.

[...]

Beatrice entrou na escola, passando pela entrada monitorada pelos seguranças. O movimento habitual da manhã estava em plena atividade, com alunos indo e vindo pelos corredores e pelo pátio. Ajustando a alça de sua mochila nos ombros, ela caminhava distraída até que, pelo canto do olho, viu duas figuras familiares se aproximando: Moon e Yasmine. Ótimo, era só o que me faltava.

Beatrice revirou os olhos, tentando fingir que não havia percebido, mas já era tarde demais.

— Ei, Beatrice! — Moon chamou, apressando o passo e se colocando à frente dela, impedindo-a de sair.

Beatrice parou, soltando um suspiro exasperado antes de virar-se para as duas. Um sorriso forçado surgiu em seu rosto, deixando claro que ela não queria conversar.

— É... oi — Yasmine disse com um toque de desdém na voz, cruzando os braços.

— Fala logo o que vocês querem — Beatrice rebateu, sem rodeios. — Tô cheia de coisas para pensar e não estou nem um pouco afim de acrescentar mais uma na minha mente me impedindo de descer um soco em vocês.

Moon levantou as mãos em um gesto defensivo, mas tentou manter o tom casual:

— É... eu só queria conversar. Faz um tempo que não nos falamos, não é?

Beatrice arqueou uma sobrancelha, os braços cruzados em postura desafiadora.

— Eu não tenho nada para falar com você — disse ela, olhando diretamente para Moon antes de virar o olhar para Yasmine. — E nem com você.

— Eu só estou aqui acompanhando ela — Yasmine respondeu, como se tentasse se isentar de qualquer culpa.

Moon hesitou por um instante, mas continuou:

— Olha... sobre aquele dia...

— Muito menos daquele dia — Beatrice a interrompeu, cortante.

Moon levantou a mão novamente, pedindo calma.

— Calma! Eu só queria dizer que eu sinto muito. Eu fui uma idiota, mas queria que soubesse que eu não sabia que ainda estavam juntos. Eu confesso, o Falcão me chamava a atenção naquela época, mas eu nunca teria o beijado se soubesse que ainda estavam juntos.

Beatrice respirou fundo, o peso das palavras de Moon recaindo sobre ela. Sua mente estava dividida entre acreditar ou não, mas, no fim, concluiu que aquilo realmente não importava mais.

— Moon, beleza. Eu posso acreditar em você. Faz tempo mesmo, nem faz mais diferença. Eu e o Falcão somos amigos agora, cada um seguindo sua vida.

Moon deu um passo à frente, os olhos cheios de esperança.

— Será que... podemos começar de novo?

Beatrice a encarou por alguns segundos, ponderando, até que finalmente respondeu:

— Beleza... eu acho.

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, as vozes de Falcão e Demitre ecoaram pelo corredor. Yasmine os viu primeiro e, animada, começou a caminhar em direção aos dois, com Moon e Beatrice a seguindo.

— Amo quando fala nerdice — Yasmine disse para Demitre de um jeito sedutor.

— Você é a primeira, e é a minha pessoa favorita a dizer isso — ele respondeu com um sorriso, aproximando-se para beijá-la.

Beatrice observou a cena e revirou os olhos, preferindo olhar para frente. Foi quando ela o viu. Falcão. Seu moicano exibia uma cor diferente: um roxo vibrante.

— Gostei da nova cor. O roxo é a cor do chacra coronário. Simboliza a iluminação — Beatrice disse, encarando-o diretamente nos olhos. Ele a olhou de volta, quase hipnotizado. — E também está na minha paleta de cores favoritas.

Falcão riu, soltando um som nervoso.

— É... era isso mesmo que eu queria então... — Ele parou, percebendo a implicação, e rapidamente tentou se corrigir. — N-não, não era pra ser sua cor favorita... era só pra... ah, você entendeu... eu acho.

Beatrice riu, abaixando a cabeça.

— Relaxa, só tô brincando com você.

Yasmine e Demitre começaram a se afastar, trocando sorrisos cúmplices. Moon, Falcão e Beatrice ficaram ali, em um clima visivelmente tenso, mas Beatrice decidiu ignorar o peso do passado. Ela respirou fundo e quebrou o silêncio.

— Bem... descobriu alguma coisa sobre aquele homem do dojô? — perguntou a Falcão.

— É... ele é veterano do Vietnã, e agora é empresário. E se envolveu em um escândalo de lixo tóxico em Bornéu nos anos 80. Pelo menos foi o que o Demitre conseguiu descobrir.

Beatrice franziu o cenho, intrigada.

— E como ele descobriu tudo isso?

— Ah, você sabe, é o Demitre, né? — Falcão respondeu, lançando um olhar para o amigo, que ainda estava com Yasmine.

Beatrice acompanhou o olhar e soltou uma risada.

— É, e fico bem surpresa de ver o que ele ganhou com toda essa nerdice e esquisitice.

Falcão riu junto com ela, concordando silenciosamente.

Yasmine e Moon finalmente se despediram.

— Tchau, gente! — Moon disse, seguindo Yasmine.

— Tchau — Beatrice respondeu, acenando levemente antes de olhar de volta para Falcão.

Ele a encarou por um momento, um leve sorriso nos lábios.

— Fico feliz que se... resolveram.

Beatrice deu de ombros, um sorriso tranquilo surgindo em seu rosto.

— Novas épocas. O passado fica para trás.

Falcão assentiu e os dois se juntaram a Demitre. Falcão jogou um dos braços sobre o ombro do amigo, o gesto descontraído.

— Beleza, sem ofensa, mas não tenho ideia de como conseguiu isso — ele disse, referindo-se a Yasmine.

— Eu também não sei. Acho que só fui... eu mesmo, e deu certo.

— Pelo menos essa esquisitice serviu pra alguma coisa, né? — Beatrice provocou, dando um tapa leve na cabeça de Demitre.

Ele massageou o local, resmungando.

— Ah, não, vai voltar com essa mania?

— Cala boca, nerd — ela respondeu, sem perder a chance de provocar mais uma vez.

Os três começaram a caminhar juntos por um dos corredores movimentados da escola. O ambiente era barulhento, com estudantes indo e vindo. Foi então que, ao dobrarem uma esquina, avistaram Miguel e Samantha conversando mais à frente. Ao perceberem o grupo, os se aproximaram rapidamente.

— Vocês não vão acreditar. O sensei ficou bêbado e entrou no Twitter — Miguel disse, erguendo o celular na direção deles, ainda com um ar de surpresa e diversão.

— Eu acredito em tudo, menos que ele sabe usar o Twitter — Demitre respondeu, estendendo a mão para pegar o celular de Miguel.

Curiosa, Beatrice inclinou a cabeça para conseguir enxergar melhor a tela. Ali estavam várias postagens feitas por Johnny Lawrence.

— Parece que ele e o sensei LaRusso vão ter uma revanche — Miguel explicou, olhando para cada um deles.

— Pera aí, eles vão mesmo lutar? — Falcão perguntou, a empolgação já evidente em sua voz.

— É, isso parece legal, ia ser uma luta épica — Beatrice comentou, cruzando os braços. Mas logo percebeu os olhares dos amigos sobre ela. — Beleza, beleza, acho que eles deveriam se acalmar um pouco...

— Eu devia ter imaginado isso... — Samantha murmurou, balançando a cabeça com um sorriso irônico.

Demitre analisava as postagens, franzindo o cenho em descrença.

— Pra quem ele acha que escreveu? Você é o único seguidor dele — ele disse.

— Eu não sei, mas a coisa parece séria — Miguel respondeu.

Falcão ergueu uma sobrancelha, claramente se divertindo com a situação.

— Então é pra valer? O sensei e o sensei vão sair na porrada? — ele perguntou, sua voz carregada de entusiasmo.

Miguel confirmou com um aceno.

— Isso é incrível! — Falcão exclamou, quase rindo de animação.

— Foi exatamente o que eu disse — Beatrice concordou, balançando a cabeça. — Vocês não podem negar que ia ser bem maneiro ver isso.

Os amigos se entreolharam, sabendo que poderia ler legal, mas, também seria algo bem sério que talvez eles poderiam impedir.

Continua...

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