𝕮𝖆𝖕 4

Cap 4: Torneio mundial

O treinamento se transformara em um pesadelo. Os alunos subiam e desciam intermináveis escadarias de pedra com grandes sacos de farinha nas costas. Cada passo parecia uma eternidade, os músculos em chamas e o suor escorrendo sem piedade. A punição fora imposta pelo sensei Kreese, uma represália direta à rebeldia de Kwon, e ninguém escondia o ódio por ele naquele momento. O clima era pesado, a exaustão tomava conta, mas parar não era uma opção.

Hana, quase cambaleando de tanto esforço, suspirou pesadamente e fez uma pausa. Ela inclinou-se ligeiramente para frente, tentando aliviar a pressão nos ombros.

— Ei, Hana, tá bem? — Yoon perguntou, olhando-a preocupado.

— Não... Sinto que meus braços estão sendo quebrados ao meio... — ela respondeu ofegante, quase em um lamento.

Yoon suspirou profundamente, a frustração evidente em sua expressão.

Nesse momento, a voz grave e firme de Kreese cortou o ar:

— Seus pulmões estão explodindo?

— Sim, sensei! — responderam em coro, apesar do tom fraco e fatigado.

— Ótimo. Agradeçam o Sr. Kwon por isso — Kreese declarou, lançando um olhar calculado na direção de Kwon, que manteve seu semblante indiferente, mas lançou um olhar discreto de canto para o sensei.

Yoon, agora cheio de raiva, suspirou mais uma vez, claramente no limite. Ele parou no meio do caminho e virou-se, encarando Kwon que estava logo atrás.

Hana percebeu o que estava prestes a acontecer e tentou intervir:

— Yoon, não precisa disso, eu tô bem... — disse, ajustando-se para retomar sua postura, mesmo que com dificuldade.

Mas Yoon já estava decidido. Ele avançou até Kwon enquanto explodia:

— Cansamos do seu desrespeito! Não tá vendo que até a Hana tá tendo que pagar por isso? Acha isso certo, já que é tão “amiguinho” dela?

Kwon manteve a calma, embora com um ar irritantemente desdenhoso. Ele deu de ombros e respondeu:

— Vocês querem meu respeito? Façam por merecer. E outra, ela é a única que não deveria estar aqui. O resto, o problema é de vocês.

— Estamos aqui para treinar! — Yoon retrucou, quase gritando, a paciência esgotada.

Enquanto isso, Hana notou um dos outros alunos sorrateiramente colocando dois sacos de farinha atrás de Kwon, criando uma armadilha. Ela tentou alertá-lo, mas Yoon já se aproximava com intenções claras.

— Eu vou te ensinar a ficar de boca fechada — Yoon ameaçou, a raiva evidente.

Kwon, sempre provocador, deixou escapar uma risada sarcástica.

— Aí... Eu não tenho nada pra aprender com você.

— Como quiser então — Yoon respondeu, avançando com determinação.

Antes que Hana pudesse fazer algo, Yoon deu um golpe com o ombro contra Kwon, que, pego de surpresa e desequilibrado pelos sacos estrategicamente colocados atrás de si, caiu para trás, rolando pelos degraus. O impacto foi pesado, e o som das sacas de farinha batendo ecoou pelo local.

Horrorizada, Hana largou seus próprios sacos e correu até ele. Kwon estava furioso, seu rosto contorcido de raiva. Ele bateu o punho contra um dos degraus com força, deixando claro o quanto estava irritado.

— Kwon... — Hana chamou, sua voz quase um sussurro, tentando alcançá-lo emocionalmente.

Antes que algo mais pudesse acontecer, Kreese interveio, sua voz cortando o ar com autoridade:

— Tá bom, já chega por hoje! Voltem amanhã, ao amanhecer!

Os alunos, aliviados, começaram a se dispersar, com passos lentos e corpos pesados de cansaço.

Hana se abaixou para ajudar Kwon a se levantar, mas ele recusou, empurrando-a de leve e levantando-se sozinho.

— Já disse, me deixa, Hana. — Ele murmurou, irritado, antes de sair apressadamente.

Hana permaneceu parada, observando-o se afastar com um olhar preocupado e cansado. Antes que pudesse se afundar em pensamentos, Taeyang aproximou-se com um sorriso solidário.

— Ei, Hana, não liga pra ele, não. Vem, vamos beber água e descansar um pouco... — disse, gentilmente ajudando-a a se levantar. Ela mal conseguia se sustentar, mas aceitou o apoio enquanto os dois desciam as escadas juntos.

[...]

Era uma noite silenciosa, e o quarto de Hana refletia o típico estilo simples, mas cheio de detalhes que traziam conforto e funcionalidade. As paredes eram revestidas com um papel de parede claro, adornado com padrões sutis de flores de cerejeira. No chão, um tatame cobria parte do espaço, e ao lado da cama havia um pequeno ondol, o tradicional sistema de aquecimento que deixava o ambiente agradável mesmo nas noites mais frias.

Hana estava sentada em sua cama baixa, quase rente ao chão, com lençóis impecavelmente dobrados, como é costume em muitas casas por la. Perto da cama, uma mesinha de madeira escura continha um pequeno arranjo de flores secas e um copo de água. A iluminação vinha de uma lâmpada suave pendurada no teto, criando uma atmosfera calma e introspectiva.

Enquanto seus pensamentos vagavam, um arrepio percorreu sua espinha, trazendo uma sensação inquietante, como se estivesse sendo observada. Seu olhar automaticamente foi em direção à porta de correr, feita de madeira clara e hanji, o papel translúcido tradicional. Ali, na entrada, estava Kim Da-Eun, parada como uma figura imponente, com os braços cruzados e a expressão séria que nunca abandonava seu rosto.

A presença dela parecia encher o pequeno quarto com autoridade, e Hana, instintivamente, endireitou sua postura, sentindo o peso daquela observação silenciosa.

Hana rapidamente se levantou, mantendo uma postura rígida. Com um movimento rápido e respeitoso, inclinou seu corpo em uma reverência.

— Boa noite. Se troca, preciso que venha comigo. — A voz de Kim Da-Eun era firme, mas serena, reforçando sua autoridade.

— Sim, sensei... — Hana respondeu com um leve tom de confusão, sem ousar questionar.

Kim Da-Eun apenas deu as costas e saiu do quarto, deixando Hana sozinha para se preparar. Hana caminhou até um pequeno móvel no canto, onde seu kimono estava perfeitamente dobrado. Seus dedos o pegaram com cuidado, como se fosse um símbolo de responsabilidade. Ela vestiu a peça com rapidez, ajustando-a com precisão, e amarrou seu cabelo em um coque frouxo, mas seguro.

Ao sair do quarto, encontrou Kim Da-Eun por perto, ainda com os braços cruzados, esperando pacientemente. Hana se aproximou e começou a andar ao lado dela, esforçando-se para acompanhar seus passos rápidos.

— Aonde vamos, sensei? — Hana perguntou, a curiosidade misturada com uma leve ansiedade.

— Um treinamento especial. — A resposta foi curta e objetiva, como de costume.

Sem compreender totalmente o que estava acontecendo, Hana apenas obedeceu, seguindo sua sensei. Elas caminharam em silêncio por alguns minutos até chegarem a um espaço iluminado por luzes amareladas, criando uma atmosfera quase mística no ambiente.

Kim Da-Eun parou e virou-se para Hana.

— O sensei Kreese irá levar alguns de vocês para um grande torneio mundial. Você precisa estar preparada, já que será uma das selecionadas. Preciso pegar mais pesado com você e exigir mais do que nunca. Não pode me decepcionar. Tenho certeza de que vai dominar qualquer adversário. — Sua voz carregava convicção, mas também uma responsabilidade que Hana sentiu pesar sobre seus ombros.

— Acha que eu tenho potencial para um torneio mundial, sensei? — Hana perguntou, seus olhos refletindo uma mistura de insegurança e esperança.

Kim Da-Eun a encarou profundamente. Embora sua postura fosse inabalável, havia uma suavidade em seu olhar, uma emoção quase imperceptível.

— Eu, mais do que ninguém, sei do que você é capaz. Desde pequena, sempre peguei pesado com você por isso: para que seja meu orgulho. Futuramente, você irá seguir meu legado. Escolhi você pela sua determinação e força. Você será suficiente para tudo. Acha que eu tenho dúvidas de que irá conseguir?

As palavras de Kim Da-Eun atingiram Hana como um golpe de emoção. Ela tentou conter as lágrimas que ameaçavam surgir, mantendo a compostura diante de sua sensei. Para Hana, Kim Da-Eun era muito mais que uma professora. Era uma figura maternal, alguém que ela respeitava profundamente e via como família. Apesar do respeito que mantinha a distância emocional entre as duas, havia um vínculo forte e inegável.

Antes que pudessem começar o treinamento, o som de socos e chutes ecoou à distância, quebrando o silêncio da noite.

— O que será isso, hein? — Kim Da-Eun perguntou, franzindo o cenho.

— Não faço ideia... — Hana respondeu, sua preocupação começando a crescer.

— Teremos que deixar nosso treino para outra hora.

Hana apenas assentiu, e ambas começaram a correr em direção ao barulho. Quando chegaram ao local, a cena era caótica. Dois alunos estavam caídos no chão, claramente derrotados, enquanto Kwon estava de pé, ofegante, seu punho ainda erguido no ar após finalizar um golpe certeiro em Yoon. O rosto de Yoon estava cheio de machucados, evidências de uma luta intensa.

Do lado, Kreese observava tudo calmamente, sentado em uma cadeira como se fosse apenas um espectador de um espetáculo qualquer. Sua expressão era de total indiferença, o que só deixava o ambiente ainda mais tenso.

Hana correu até Kwon, preocupada.

— Kwon, você está bem? O que aconteceu? — perguntou, a voz cheia de ansiedade.

Kwon não respondeu de imediato. Ele ainda recuperava o fôlego, seus ombros subindo e descendo enquanto lutava para respirar. Era evidente que ele havia feito tudo aquilo sozinho, mas Hana queria entender o que havia acontecido. Ela olhou ao redor, buscando respostas, mas as expressões dos outros alunos apenas refletiam o impacto do que haviam presenciado.

Continua...

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