𝕮𝖆𝖕 34
Cap 34: Juntos como uma família
Hana e Kwon estavam ali, finalmente juntos, sem mais nada para separá-los. O mundo ao redor parecia ter sumido, deixando apenas os dois naquele momento. Os olhos de Hana percorriam cada detalhe do rosto de Kwon, como se quisesse memorizar tudo, como se ainda não acreditasse que ele estava ali, diante dela. Mas, antes que qualquer um pudesse dizer algo, uma voz os chamou da porta, quebrando o instante de silêncio entre eles.
— Hana, tem mais pessoas querendo te ver. — Sensei Kim anunciou, sua expressão séria suavizada por um pequeno sorriso.
Hana desviou o olhar de Kwon e encontrou os olhos da sensei. Por um momento, ela hesitou, mas então sentiu o leve toque da mão de Kwon em seu braço. Ele lhe lançou um sorriso suave, como se dissesse que estava tudo bem, que ela deveria ir.
Ela retribuiu o sorriso e se levantou, saindo do quarto ao lado de Sensei Kim. Conforme caminhava pelo dojang, seu coração começou a bater mais rápido. A cada passo, o som das vozes se tornava mais alto, animado. Ela já podia ouvir a movimentação do pessoal, seus amigos, sua equipe.
E então, quando finalmente chegou à área de treinamento, todos os olhares se voltaram para ela. O choque nos rostos deles era evidente, como se estivessem vendo um fantasma. Por um instante, ninguém se mexeu, até que os olhos de Hana encontraram os de Taeyang. Ele levou uma das mãos à boca, como se segurasse as emoções, seus olhos brilhando com lágrimas contidas.
O sorriso de Hana se alargou, e, sem pensar duas vezes, ela correu até ele, se jogando em seus braços. O abraço foi apertado, cheio de sentimentos não ditos, como se aquela fosse a confirmação de que tudo estava bem agora.
Ao se afastar, ela olhou para Yoon, que ainda parecia incrédulo, incapaz de processar que ela estava mesmo ali. Hana deu um pequeno sorriso e o puxou para um abraço também, sentindo a tensão dele se desfazer ao retribuir o gesto.
— Você... está mesmo aqui? — Yoon perguntou, sua voz saindo quase como um sussurro.
— Estou... — Hana respondeu, respirando fundo. — E devo um pedido de desculpas a vocês. Todos vocês.
O grupo se entreolhou, surpreso com suas palavras.
— Hana... você não deve se desculpar. — Taeyang disse, com a voz gentil.
— Devo sim, Tae. — Ela insistiu, olhando para cada um deles. — Eu fui covarde. Fugi quando deveríamos estar juntos. Abandonei todos vocês e não fui a capitã que precisavam naquele momento. Decepcionei muitos de vocês. Mas agora eu entendo tudo.
Ela fez uma pausa, seu olhar determinado.
— Kwon errou muito, mas ele não é o único culpado. Todos nós somos. Erramos de alguma forma com nossa equipe. Mas tudo vai mudar a partir de hoje.
Ela desviou o olhar para Sensei Kim, que permanecia de braços cruzados, observando-a.
— A Sensei Kim... — Hana continuou, sua voz ganhando força. — Ela irá nos treinar. Do jeito dela. Esse dojang agora será dela. Tudo vai ser diferente. E eu não vou mais fugir.
O grupo começou a sorrir, captando a energia de Hana. Mas, de repente, os olhares deles se desviaram para algo atrás dela. Sentindo a mudança na atmosfera, Hana se virou e viu Kwon se aproximando.
Ele ainda usava muletas, o corpo claramente ainda fraco pela cirurgia recente, mas isso não o impediu de caminhar até ali.
Antes que Hana pudesse reagir, Yoon deu alguns passos em direção a Kwon e segurou sua mão firmemente. Foi um aperto de mão forte, cheio de significado, um gesto que nunca haviam trocado antes.
— Não dá mais esse susto na gente. — Yoon disse, sua expressão séria, mas com um brilho de alívio nos olhos.
Kwon soltou um pequeno riso, quebrando o peso do momento.
— Claro que não. Eu nunca mais iria deixar você pensar em ser o melhor desse dojang depois de eu morrer.
Todos riram da piada, e até Yoon não conseguiu conter um sorriso.
Hana olhou ao redor, vendo sua equipe unida novamente. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu que as coisas estavam no lugar certo.
— Juntos, vamos nos erguer. — Ela declarou. — Talvez não fosse nossa hora ainda de brilhar no Sekai Taikai. Mas vamos nos preparar para quando isso acontecer. Nossa hora ainda vai chegar.
Havia convicção em sua voz, e todos a seguiram com o olhar, absorvendo suas palavras.
Sensei Kim, que havia ficado em silêncio até então, deu alguns passos à frente, atraindo a atenção do grupo. Seu olhar era firme, mas diferente de antes.
— Acho que também devo um pedido de desculpas a vocês. — Ela começou, sua voz soando mais suave do que o normal. — Meu avô e eu sempre tratamos vocês como nossas marionetes, treinando dia e noite sem parar até seus ossos ficarem desgastados. Mas eu...
Ela hesitou por um instante, respirando fundo antes de continuar.
— Eu não sei o que ele sentia, mas eu sempre quis que fossem os mais fortes. Para que não passassem dificuldades lá fora sem saber como reagir.
O silêncio tomou conta do ambiente, todos absorvendo suas palavras. Sensei Kim desviou o olhar para Hana, seus olhos carregando uma sinceridade rara.
— E, principalmente com você, Hana. Quando a conheci, eu tive dó de você. E jurei que nunca mais teria dó depois que se tornasse minha aluna. Desde então, só tenho orgulho.
Hana sentiu um nó na garganta, um misto de emoções se formando dentro dela. Por tanto tempo, achou que nunca ouviria algo assim da sensei, e agora, ali estava.
Ela sorriu de leve, sentindo um calor no peito.
Aquele momento não era apenas sobre reencontros, mas sobre reconstrução. Eles não eram os mesmos que começaram essa jornada, mas, juntos, estavam prontos para um novo começo.
Ela olhou para seus amigos, para o time que, apesar de tudo, ainda estava ali. Kwon, mesmo machucado, mantinha a postura firme, Yoon e Taeyang pareciam mais aliviados do que nunca, e os outros membros do dojang tinham expressões de esperança.
Hana respirou fundo, sentindo o peso da responsabilidade, mas, dessa vez, não como um fardo – e sim como um propósito.
— Obrigada, sensei. Eu nunca teria chegado até aqui sem você.
Sensei Kim apenas assentiu com um pequeno sorriso, cruzando os braços como de costume.
— Eu não espero menos de você. Agora, voltem ao treino. Se vocês querem ser os melhores, terão que lutar por isso.
O grupo comemorou, e Hana sentiu o calor da amizade ao seu redor. De repente, sentiu um leve puxão em seu pulso e se virou, apenas para se deparar com Kwon, que a olhava com um sorriso cansado, mas sincero.
— Só para deixar claro... — ele disse, segurando a mão dela entre as suas. — Eu também nunca mais vou fugir.
Hana sorriu e, sem pensar duas vezes, envolveu Kwon em um abraço apertado, sentindo a batida forte do coração dele contra o seu peito.
— Acho bom — ela respondeu, fechando os olhos por um instante, aproveitando aquele momento.
Ao redor deles, risadas, conversas e sons de treino enchiam o ar. Mas, para Hana, tudo o que importava era que, finalmente, ela estava onde deveria estar.
Juntos, eles se ergueriam. E quando a hora certa chegasse, ninguém os impediria de brilhar.
[...]
A sala estava silenciosa, apenas o som da televisão preenchia o ambiente. Alguns alunos estavam espalhados pelo dojang, alguns preferindo treinar, enquanto outros estavam reunidos ali, junto de Taeyang, Hana, Kwon e Yoon, todos de olhos fixos na tela. O Sekai Taikai estava prestes a começar, e Hana não perderia por nada a oportunidade de ver Tory acabar com seus oponentes na semifinal e, se tudo desse certo, na final.
Sentada ao lado de Kwon, Hana sentiu o olhar dele sobre si antes mesmo de ouvi-lo perguntar:
— Passou mesmo a faixa para a Tory?
Antes que Hana respondesse, Yoon se adiantou, cruzando os braços com confiança:
— Ela é muito boa, beleza? Também será uma capitã excelente.
Hana desviou o olhar da TV para encará-lo com um sorriso de canto.
— Yoon, só não se iluda, beleza? Ela tem um garoto, ela ainda gosta do Robby.
Ela riu, vendo a expressão de Yoon mudar no mesmo instante. O choque tomou conta do rosto dele, os olhos arregalados enquanto processava as palavras.
— Acha mesmo que sou afim dela?
O silêncio que se seguiu foi quase cômico. Um a um, todos ali viraram para encará-lo, como se ele tivesse acabado de dizer a coisa mais absurda do mundo.
— É, Yoon, não só eu como todo mundo aqui — Hana disse, contendo a risada. — E já vou avisando, ela ama muito o Robby.
Yoon abriu a boca para protestar, mas desistiu no meio do caminho, desviando o olhar.
— Vocês estão doidos, eu nunca gostaria dela — murmurou, balançando a cabeça. — Agora vamos logo prestar atenção ali, que já começou.
A estratégia dele funcionou. O foco do grupo voltou imediatamente para a TV quando o apresentador anunciou:
— É uma grande honra apresentar nosso árbitro convidado, uma lenda da região e também um ex-campeão regional, Darryl Vidal!
A imagem do árbitro apareceu na tela, e ele caminhou até o centro da arena com um sorriso contido.
— Obrigado, Sr. Brown — ele agradeceu, se aproximando — Estão prontos para o melhor karatê do mundo?
O estádio explodiu em gritos e aplausos, e até no dojang os alunos se empolgaram, soltando algumas exclamações de entusiasmo.
Hana sorriu e, quase sem perceber, apertou de leve o braço de Kwon ao seu lado. Ele olhou para ela, e mesmo sem palavras, entendeu o que aquilo significava. Hana estava ansiosa para ver Tory lutar. Ela queria ver sua amiga usar tudo que aprendeu e provar para o mundo sua força.
Continua...
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