𝕮𝖆𝖕 32

Cap 32: Treinando uma campeã

Hana caminhava pelas ruas movimentadas de Los Angeles, um lugar totalmente diferente do que ela estava acostumada. Cada esquina, cada edifício parecia um universo novo. Para alguém que nunca havia saído da Coreia, cada passo representava uma descoberta, e o ritmo frenético da cidade, com suas pessoas apressadas e sons abafados de carros e conversas, parecia opressor. Mas Hana estava ali por um motivo, e nada disso a faria desistir.

Ela estava parada diante de uma porta simples, mas o peso do que estava prestes a fazer a fazia hesitar. Sua mão estava levantada, prestes a bater, quando uma voz a interrompeu, vinda de trás dela.

— Hana?

Ela se virou rapidamente, o som familiar de seu nome a fazendo parar no lugar. Tory estava ali, parada, segurando uma sacola de papel de compras. Seus olhos estavam arregalados, um misto de surpresa e confusão refletido em seu rosto ao ver Hana ali, tão de repente.

— O que está fazendo aqui? Em Los Angeles? — Tory perguntou, ainda incrédula. Ela deu um passo atrás, abrindo a porta, convidando Hana a entrar. Hana a seguiu, fechando a porta com cuidado atrás de si, uma ação simples, mas que parecia envolver muito mais.

— Ah, veio para o Sekai Taikai, não é? — Tory disse enquanto se movia pela sala, ainda sem acreditar no que estava vendo.

— Sim e não.

A resposta de Hana a fez parar no meio do caminho, e ela franziu o cenho, tentando entender. Ela sabia que havia algo mais, algo importante prestes a ser dito.

— Espera aí, como assim?

— Podemos sentar? A conversa é longa... — Hana sugeriu, e Tory concordou com um aceno, indo até o sofá e se sentando. Hana a seguiu, pegando uma das malas que havia carregado até ali.

As palavras começaram a sair de sua boca com mais facilidade enquanto se sentava ao lado de Tory, mas o peso delas não era leve. Ela sabia que estava prestes a mudar muita coisa.

— Eu... sinto muito pelo Kwon. — Tory falou, a tristeza em sua voz transmitia mais empatia do que Hana esperava. Ela olhou para ela apenas assentiu, um gesto simples que indicava que estava ouvindo, mas sem saber exatamente como lidar com tudo o que aconteceu.

— Ele está bem agora. — Hana respondeu, sua voz mais firme.

— Sério? Pensei que ele... — Tory começou, mas Hana a interrompeu com um sorriso tenso.

— Eu sei, mas ele está bem. Mas não foi dele que eu vim falar... eu conversei com o Kreese.

O nome de Kreese pairou no ar, e Tory parecia ainda mais confusa. Ela se inclinou para frente, ansiosa para entender o que estava acontecendo.

— E o que ele disse?

Hana não respondeu imediatamente. Em vez disso, abriu sua mala e retirou um objeto envolto em tecido. Quando a peça foi desfeita, revelou uma faixa. Não era qualquer faixa, era a faixa de capitã do Sekai Taikai. Hana estendeu a faixa em direção a Tory, os olhos dela fixos no rosto de sua amiga.

— Hana... — Tory murmurou, claramente surpresa.

Hana tomou uma respiração profunda, como se aquele momento fosse uma conclusão de tudo o que ela vinha tentando entender. Ela estava ali, com uma decisão tomada.

— Quando o Kreese apareceu no dojo da minha sensei, eu nem imaginava tudo o que eu fosse passar. No começo eu só pensava em vencer, sem compaixão... mas acabei cometendo erros, e um deles foi naquela nossa luta. Eu prometi a mim mesma que nunca iria usar o karatê para machucar alguém fora do tatame. Eu fui uma pessoa ruim com você no começo, mas consegui reconhecer a tempo. Diferentemente do Kwon... ele está passando por um momento difícil, e sabe uma coisa que eu amo mais do que lutar? Eu amo ele, Tory. Eu não posso deixá-lo passar por esse momento sozinho. Você com certeza foi a melhor coisa boa que veio para minha vida através do Sekai Taikai, você merece estar lá no meu lugar.

As palavras de Hana estavam cheias de sinceridade e dor, e Tory parecia totalmente sem palavras. Ela olhava para a faixa, então para Hana, como se tentando compreender o peso daquela oferta. A sala estava silenciosa, exceto pelos próprios pensamentos das duas.

— Hana... eu não sei se posso. Todas as decisões que eu tomo sempre são erradas, foi um erro eu ter seguido o Kreese novamente.

Hana sorriu de maneira suave, compreendendo a insegurança de Tory.

— Eu também achava isso, até ver tudo o que aconteceu de bom, você.

Hana deu um leve toque no braço de Tory, tentando passar um pouco de confiança.

— Hana...

— Tory, você precisa aceitar. Na primeira vez que eu fui atrás de você para entregar isso, eu estava com medo e dúvidas. Mas agora estou decidida, decidida a fazer as coisas certas a partir de hoje. Eu sei que você também pode. Faz as pazes com seus amigos do Miyagi-do, luta com toda sua força em cima daquele tatame e, por último e mais importante, não perca o amor da sua vida por uma ignorância sua. Eu sei que ainda ama o Robby, não deixe que aconteça alguma coisa por culpa de não agir antes, como eu...

Tory finalmente deixou que as emoções tomassem conta dela. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, e ela se inclinou para abraçar Hana. O abraço foi apertado, cheio de sentimentos não ditos, uma mistura de gratidão e tristeza. Hana retribuiu com a mesma intensidade, seu coração batendo mais rápido.

De repente, uma batida na porta interrompeu o momento.

— Está aberta! — Tory gritou, tentando disfarçar a tensão no ambiente. A porta se abriu, e uma nova figura apareceu na entrada.

Samantha olhou para Hana, surpresa, e depois para Tory, claramente sem entender o que estava acontecendo ali. Ela hesitou.

— Desculpa...eu não sabia que tinha visita.

— Ei, Samantha, pode entrar. — Tory a convidou.

Samantha parecia desconfortável, hesitando entre entrar e sair.

— Não, tudo bem, eu posso voltar outra hora.

Mas Hana não queria que ela fosse embora assim. Ela se levantou do sofá e foi até Samantha com um sorriso suave.

— Oi... eu sei que não confia em mim, mas... eu tive uma ideia, pode me ajudar?

A pergunta de Hana era cheia de algo que Samantha não podia ignorar. A expressão dela se tornou mais séria, e ela franziu o cenho, tentando entender o que Hana queria. Tory, ainda no sofá, observava as duas com uma leve curiosidade. Hana estava determinada a fazer algo grande, e parecia que Samantha seria a chave para isso.

[...]

As três estavam sentadas no sofá da casa de Tory. Samantha parecia cautelosa, cruzando os braços enquanto observava as duas com curiosidade. Tory, sentada ao lado de Hana, olhava de uma para outra, absorvendo cada palavra.

— Eu sei que nunca começamos uma conversa, mas também sei que você é uma amiga próxima da Tory. — Hana disse, mantendo o tom sério, mas amigável. — Eu passei minha faixa de capitã para ela.

O anúncio pegou Samantha de surpresa. Ela arregalou levemente os olhos antes de soltar um suspiro, assimilando a informação.

— Então... eu vou para a semifinal com a Tory? — Samantha perguntou, inclinando-se um pouco para frente. Após um breve silêncio, ela admitiu, meio sem jeito: — Me desculpa, mas isso me aliviou um pouco. Vim atrás da Tory para me ajudar a treinar, por conta dela conhecer um pouco do estilo de luta de vocês...

Tory arqueou uma sobrancelha, analisando a reação dela. Hana, por sua vez, deu um leve sorriso.

— Então você veio na hora certa. — Hana disse, sua voz carregando um tom de decisão. — Estava pensando em treinar a Tory, mas você também pode ajudar.

Samantha hesitou por um instante, mordendo o lábio inferior antes de responder.

— Tem certeza disso? Pensei que todos do Cobra Kai odiavam a gente.

Hana soltou um pequeno riso nasal, abaixando a cabeça por um segundo antes de encarar Samantha novamente.

— Eu confesso que não ia muito com a cara de vocês. — Admitiu, cruzando as mãos sobre os joelhos. — Mas, na real, era por conta da pressão do torneio. Agora... a Tory é quem mais merece usar minha faixa de capitã. — Ela desviou o olhar para Tory, que permaneceu em silêncio, absorvendo o peso das palavras. — Eu tenho alguns assuntos pendentes na Coreia.

Samantha analisou as palavras de Hana, sentindo que havia sinceridade ali. Após um instante de reflexão, ela assentiu, relaxando um pouco a postura.

— Está bem. — Disse, determinada. — Eu aceito treinar com vocês.

Ela trocou um olhar rápido com Tory antes de continuar:

— Tenho um lugar perfeito para isso.

Hana e Tory se entreolharam, compartilhando um entendimento silencioso. A parceria entre elas seria, no mínimo, inesperada, mas talvez fosse exatamente isso que precisavam para se prepararem para o que estava por vir.

[...]

Elas atravessaram as portas com passos firmes, e Hana imediatamente percebeu que haviam entrado em um lugar de treino. O ambiente era amplo, com tatames impecáveis cobrindo o chão. A determinação no olhar das três, e o leve cheiro de madeira misturado ao suor antigo denunciava a história que aquele lugar carregava.

Hana lembrou-se do que Kreese havia mencionado: aquele lugar seria a continuação do Sekai Taikai. A sensação de estar ali, no epicentro de futuras batalhas, fez um arrepio percorrer sua espinha.

Tory olhou ao redor, antes de começar.

— Vamos invadir? Essa eu não esperava da Srta. Certinha. — Ela provocou, arqueando uma sobrancelha para Samantha.

— Dizem que, se você quer ser a melhor, não pode ter medo de sujar as mãos. — Ela respondeu com confiança. — É que meu pai era do conselho, então eu tenho passe vitalício.

— Deve ser legal ter descendência de gênios do karatê. — Hana comentou, observando a postura confiante de Samantha.

A frase fez Samantha sorrir de verdade, um brilho orgulhoso passando por seus olhos.

— É sim. — Respondeu, balançando a cabeça em concordância.

Tory caminhou um pouco pelo lugar, observando as mudanças no local com um olhar avaliador.

— As coisas estão bem diferentes da última vez. — Comentou, pensativa.

Samantha suspirou ao olhar ao redor, suas lembranças passando como um filme por sua mente.

— É... — Ela murmurou. — Antes, a gente se odiava com toda força.

Hana observou as duas.

— O Kreese nos contou sobre essas brigas de vocês. — Ela disse, colocando as mãos na cintura e inclinando levemente a cabeça. — Brigaram por garotos?

O tom brincalhão fez Samantha e Tory se entreolharem antes de caírem na risada.

— Quase isso. — Samantha admitiu, cruzando os braços.

Hana sorriu de canto e Tory deu alguns passos à frente, parando perto do tatame.

— É melhor lutar como se ainda me odiasse. — Ela avisou, com um toque de desafio. — É sua única chance de me derrubar.

Samantha ergueu uma sobrancelha, assumindo uma postura defensiva.

— É mesmo? — Perguntou, já entrando no clima da competição.

Tory sorriu ao ver a tensão crescer entre as duas, já prevendo que aquele treino seria interessante.

— Isso vai ser interessante. — Hana disse, com um brilho no olhar. — Hoje, vou ser a sensei de vocês.

Samantha soltou um pequeno riso antes de concordar.

— Soa bem... “Sensei Hana”.

As três se encararam por um momento, a atmosfera carregada de expectativa. O treino estava prestes a começar, e nenhuma delas pretendia pegar leve.

Continua...

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