𝕮𝖆𝖕 25

Cap 25: Prontos para vencer

O sol da manhã ainda subia lentamente no horizonte, pintando o céu com tons suaves de laranja e rosa. A brisa marítima era fresca, mas o ar carregava um peso intenso, quase palpável, vindo do foco e determinação das duas figuras que treinavam na faixa de areia. Hana Mizuky e Kim Dae-un estavam diante uma da outra, ambas em posição de luta.

O som das ondas quebrando ao fundo e o ritmo constante das respirações controladas criavam uma sinfonia perfeita para o treino. Mas esse não era um treino comum. Kim havia deixado claro desde o início: hoje, Hana seria testada além de seus limites.

Kim avançou primeiro, com a precisão que fazia dela uma lutadora temida. Seu chute lateral veio com força e velocidade, mas Hana estava pronta. Com os braços levantados, ela bloqueou o golpe, sentindo o impacto reverberar por todo o seu corpo.

— Bom bloqueio, mas precisa ser mais rápido. De novo! — Kim ordenou, sem dar tempo para Hana relaxar.

Sem hesitar, Kim girou com um chute giratório na altura da cabeça, um golpe que frequentemente pegava Hana desprevenida nos treinos do dojo. Mas, desta vez, Hana abaixou-se com agilidade, esquivando com precisão. Aproveitando a abertura, ela deu um passo à frente e tentou um soco direto em direção ao tórax de Kim.

Kim desviou com facilidade, como se previsse o movimento, e respondeu com um chute frontal rápido que quase atingiu Hana.

— Concentre-se. Não ataque sem planejar! — Kim disse, sua voz firme.

Hana assentiu, a determinação brilhando em seus olhos. Ela recuou, ajustando sua postura, e avançou novamente. Desta vez, um chute baixo em direção às pernas de Kim, que foi bloqueado por ela com um movimento rápido.

— Melhor. Mais agressividade, Hana! — Kim incentivou, deslizando para trás para criar espaço.

Os minutos passavam, e o treino se intensificava. Cada golpe, cada esquiva, cada bloqueio trazia lembranças dos treinos anteriores. Hana se lembrava das vezes que havia caído, dos golpes que nunca conseguiu evitar, das falhas que a frustravam. Mas hoje era diferente.

Quando Kim tentou o soco direto seguido por um chute lateral — uma combinação que costumava render pontos fáceis para ela — Hana reagiu rápido, cruzando os braços para bloquear o soco e girando o corpo para desviar do chute. Aproveitando o momento, ela lançou um chute circular baixo, mirando a lateral de Kim, que foi obrigada a recuar.

Kim ergueu uma sobrancelha, surpresa.

— Hm... finalmente entendeu. Agora vamos ver até onde você pode ir.

O ritmo aumentou. Kim avançou com uma sequência implacável: um soco direto, seguido de um cruzado, um chute frontal e um chute giratório baixo. Cada movimento era executado com precisão letal, mas Hana parecia uma muralha. Ela bloqueava os socos com os braços, esquivava-se dos chutes com movimentos ágeis, e, quando Kim tentou um chute giratório alto, Hana usou a oportunidade para contra-atacar com um chute frontal que a fez perder o equilíbrio por um segundo.

Kim sorriu, levemente ofegante.

— Nada mal. Mas ainda não é o suficiente para me derrotar.

— Hoje vai ser diferente, sensei. — Hana respondeu, sua voz firme.

E então veio a oportunidade. Kim tentou um chute lateral novamente, mas Hana antecipou o movimento. Em vez de apenas bloquear, ela agarrou a perna de Kim com firmeza, desequilibrando-a e forçando-a a recuar alguns passos. Sem perder tempo, Hana girou com um chute alto, que Kim conseguiu desviar por pouco.

Mas Hana não parou. Ela avançou com uma sequência rápida: dois socos diretos, um chute baixo e, finalmente, um chute giratório que acertou Kim na altura do ombro, forçando-a a cair na areia.

Kim levantou-se rapidamente, o sorriso orgulhoso no rosto contrastando com a intensidade da luta.

— Impressionante. Mas eu ainda estou aqui.

O golpe final veio de forma quase instintiva. Kim avançou com um chute frontal potente, mas Hana esquivou-se lateralmente, deslizou para trás de Kim e, com um movimento rápido, executou um chute circular na altura da cintura que a derrubou novamente.

Dessa vez, Kim não se levantou imediatamente. Ela ergueu a mão em sinal de rendição, enquanto um sorriso satisfeito se formava em seus lábios.

— Parabéns, Hana. Hoje, você me superou.

Hana, ainda ofegante, estendeu a mão para sua sensei, ajudando-a a levantar.

— Obrigada, sensei. Eu só... hoje é o dia...não pode haver espaço para erros ou distrações,  não mais. Queria provar meus limites.

— E provou. Mas lembre-se, não é sobre me derrotar, e sim sobre derrotar os seus próprios limites. Hoje você fez isso. Você me lembra de mim quando era mais nova. Determinada, cabeça-dura e irritantemente talentosa.

Hana sorriu, o brilho em seus olhos refletindo o sol que agora iluminava toda a praia. O som das ondas e o calor do momento marcariam esse treino como um dos mais importantes de sua jornada.

[...]

Hana estava em seu quarto, a luz suave entrando pelas frestas da janela, iluminando o espaço de forma acolhedora. Diante do espelho, ela se encarava, os olhos fixos em seu reflexo. Vestia seu kimono impecavelmente alinhado, mas o que prendia sua atenção eram suas mãos, que seguravam com cuidado a faixa de capitã. A seda do tecido parecia ter um peso simbólico maior do que físico. Agora, mais do que nunca, ela estava determinada a vencer.

Inspirando profundamente, Hana posicionou a faixa sobre a testa e a amarrou com firmeza, deixando as pontas caírem de forma elegante. Observou-se mais uma vez no espelho. Seus olhos refletiam uma mistura de foco e emoção. Seus lábios esboçaram um leve sorriso enquanto erguia o queixo, como se aquele momento fosse a promessa de uma nova era.

Foi então que uma voz familiar cortou o silêncio.

— Essa faixa é ridícula em você.

Hana virou-se, surpresa, e viu Kwon encostado casualmente na porta. Ele tinha os braços cruzados e um leve sorriso brincava em seus lábios. Seus olhos brilhavam com aquela mistura típica de provocação e admiração que só ele sabia expressar.

— Kwon — ela disse, seus olhos imediatamente ganhando mais brilho ao vê-lo ali.

Ele se desencostou da porta e deu alguns passos em direção a ela. O kimono que ele usava estava impecável, e a faixa de capitão amarrada em sua cabeça parecia destacar ainda mais sua postura confiante.

— Mas mesmo não combinando — ele disse, com um tom ligeiramente brincalhão enquanto a analisava de cima a baixo — isso não muda o fato de você ser assustadora naquele tatame.

Hana riu suavemente, sentindo o coração aquecer com o elogio inesperado.

— Obrigada... — respondeu ela, a voz carregada de gratidão genuína.

Kwon aproximou-se ainda mais, até estar a poucos centímetros dela. Ele estendeu a mão, pegando delicadamente as mãos de Hana nas dele. Sua expressão suavizou, e sua voz ficou mais séria, mas carregada de confiança.

— Hoje, vamos provar para todos eles do que somos capazes. Juntos.

Hana olhou para as mãos unidas deles e sentiu uma onda de força percorrer seu corpo. Ela apertou levemente os dedos dele e ergueu os olhos determinados para encará-lo.

— Sem espaços para erro.

Sem aviso, Hana o puxou para um abraço apertado, seus braços envolvendo-o com força, como se quisesse transferir toda a energia e confiança que estava sentindo naquele momento.

— É a nossa chance de sermos enxergados pelo mundo que tanto nos tratou como nada. — A voz dela era um sussurro firme, carregado de emoção.

Kwon retribuiu o abraço com a mesma intensidade, fechando os olhos por um breve momento antes de afastar ligeiramente o rosto para olhar para ela.

— Juntos.

— Juntos — ela repetiu, com a voz cheia de convicção.

Com um movimento sincronizado e quase instintivo, os dois levantaram o punho fechado entre eles. Aquele gesto simples, mas poderoso, era o símbolo da amizade que compartilhavam desde a infância. E agora, parecia carregar algo mais. Algo mais profundo, mais significativo.

Naquele momento, entre olhares e punhos erguidos, eles sabiam que não era apenas sobre o torneio. Era sobre eles, sobre tudo que haviam superado juntos e tudo que ainda enfrentariam. O mundo os veria, finalmente. E eles fariam isso lado a lado.

[...]

O apresentador posicionou-se no centro da arena, sua voz ecoando pelo local enquanto os competidores e seus respectivos senseis o observavam atentamente. As luzes refletiam no chão polido, dando um brilho quase cinematográfico ao ambiente. Os espectadores ao redor vibravam com a antecipação do que estava por vir, enquanto o som de aplausos e murmúrios preenchia o espaço.

Ele ergueu o microfone, e a energia no lugar pareceu se intensificar.

— Bem-vindos, competidores, à fase das semifinais do Sekai Taikai! Cada dojo mantém os pontos que acumulou até agora. — Sua voz carregava um tom de seriedade e entusiasmo, capaz de prender a atenção de todos. — Cada disputa será feita em três rounds de dois minutos, sem limite de pontuação, e sem interrupções.

Os competidores trocaram olhares entre si, alguns sorrindo com confiança, outros ajustando as faixas e concentrando-se. Hana, ao lado de Kwon, respirou fundo, sentindo o peso das palavras do apresentador.

— Um ponto por soco... — Ele fez uma pausa, o tom de sua voz subindo levemente para dar ênfase. — Dez pontos por queda... e se alguém conseguir um localt, vale vinte pontos!

A revelação fez o público murmurar em excitação, enquanto os senseis, estrategicamente posicionados à beira da arena, trocavam olhares com seus alunos, sinalizando que essa era a chance de mudar qualquer desvantagem.

— Então, qualquer um ainda pode vencer o torneio. — O apresentador deu um leve sorriso, olhando ao redor, como se quisesse contagiar todos com sua energia. — Porque, nessa fase da competição, nenhum déficit é grande demais para ser superado.

Hana apertou os punhos ao lado do corpo, o coração batendo forte no peito. Sentia os olhos de Kim Dae-un sobre ela, um lembrete silencioso de tudo pelo que havia treinado.

— Boa sorte a todos vocês, e que o melhor dojo vença!

Com um gesto, ele encerrou a explicação, e o público irrompeu em aplausos e gritos de incentivo. Os lutadores assumiram posturas mais firmes, os rostos focados, enquanto o som do gong anunciava que as disputas estavam prestes a começar. A tensão no ar era quase palpável.

Agora, cada movimento importava. Cada golpe, cada estratégia, cada escolha definiria o destino de todos. O Sekai Taikai havia chegado ao seu ápice.

Continua...

Não esqueça de votar no capítulo⭐️

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top