𝕮𝖆𝖕 21
Cap 21: O peso de ser a capitã
Hana despertou com os primeiros raios de luz atravessando as cortinas do quarto. O som abafado de vozes no corredor do hotel apenas fazia sua leve dor de cabeça pulsar ainda mais. Ela passou a mão pelo rosto, tentando afastar o cansaço que ainda a dominava. As lembranças da noite anterior vieram à tona, e junto com elas, a sensação incômoda de que ter bebido além da conta não havia sido a melhor escolha.
Deitada ali, sentiu o corpo pesado, como se cada músculo protestasse contra a ideia de se mover. Sua vontade era se esconder sob os lençóis, ignorar o mundo lá fora e deixar o dia passar. Mas ela sabia que isso era impossível. O torneio continuava, e hoje seria mais um dia intenso. Ela não tinha escolha. Não por ela mesma, mas pelos outros. Eles precisavam dela. Ela era a capitã, o pilar que segurava o time, e fraquejar não era uma opção.
Com um suspiro resignado, Hana finalmente se levantou, os pés tocando o chão frio. Ela caminhou até o banheiro, cada passo carregado de preguiça e determinação. Assim que entrou, ligou o chuveiro, deixando a água morna cair sobre sua pele, tentando lavar não apenas o cansaço físico, mas também o mental. A sensação de alívio foi momentânea, mas suficiente para clarear um pouco sua mente.
Depois de um banho rápido, Hana se olhou no espelho. Seu reflexo exibia olhos um pouco cansados, mas havia algo a mais ali. Uma chama de responsabilidade, um lembrete silencioso de que ela não podia se deixar abater. Com movimentos precisos, vestiu seu kimono, ajustando-o com cuidado, cada amarração um pequeno ritual de concentração. Ao prender o cinturão, respirou fundo, sentindo-se mais centrada.
Pronta para enfrentar o que o dia reservava, Hana saiu do banheiro com a postura ereta. Ela ainda sentia a dor de cabeça latejando de leve, mas decidiu ignorá-la. O tempo para arrependimentos havia acabado. Hoje era mais um dia de batalha, e ela precisava estar à altura do desafio.
Assim que terminou de se arrumar, Hana soltou um suspiro pesado. Ajustou uma última vez o cinturão do kimono e caminhou até a porta do quarto, abrindo-a devagar. Do outro lado, encontrou Taeyang parado no corredor, com uma expressão de preocupação suavemente estampada em seu rosto. Ele parecia hesitante, como se não soubesse exatamente o que dizer.
— Hana... — começou ele, a voz baixa, mas firme. — Queria ter certeza de que fosse ir. Fiquei preocupado com você...
Ela piscou, um pouco surpresa, mas logo respondeu com um tom mais tranquilo, tentando afastar qualquer preocupação dele.
— Eu nunca abandonaria vocês. — Sua voz carregava uma determinação que ela mesma precisava reafirmar.
— Eu sei que não... — Ele fez uma pausa, parecendo buscar as palavras certas. — Mas, eu não a julgaria se quisesse um descanso. Ontem foi um dia difícil.
Hana desviou o olhar por um breve instante, lembrando-se das emoções intensas e da dor que ainda pesava em seu coração. Mas não podia deixar que isso transparecesse. Forçou um pequeno sorriso enquanto respondia:
— Tudo bem, agora já passou.
Taeyang inclinou levemente a cabeça, analisando o semblante dela como se não acreditasse completamente. Ele cruzou os braços, mantendo o tom protetor:
— Hana, você é forte demais para ficar ouvindo as besteiras do Kwon. Vocês só brigam! Mas, se ele falar qualquer outra coisa para você, me chama, beleza?
Por um segundo, ela hesitou, mas logo balançou a cabeça, querendo encerrar o assunto antes que ele despertasse algo que ela não estava pronta para lidar.
— Taeyang... tá tudo bem agora. Eu não quero falar sobre ele... — Fez uma pausa, respirando fundo e endireitando a postura. — Agora vamos logo, temos um torneio para ganhar.
Taeyang soltou um sorriso confiante e deu um passo à frente, olhando nos olhos dela com determinação.
— Não importa o quão difícil pareça, a gente vai conseguir juntos. Não me deixa pra trás, hein?
Foi nesse momento que, pela primeira vez desde que acordara, Hana sentiu um peso diminuir em seus ombros. Taeyang tinha essa habilidade de iluminar as coisas, mesmo em meio ao caos. Um sorriso tímido e sincero surgiu no rosto dela, algo que parecia quase impossível minutos atrás.
— Obrigada, Taeyang. — murmurou, antes de ambos seguirem juntos pelo corredor.
Caminharam lado a lado até se juntarem ao restante do grupo. Hana podia sentir que, com ele ali, talvez o dia não fosse tão pesado quanto imaginava. E, por ora, isso era suficiente.
[...]
O apresentador caminhou até o centro do tatame, com uma postura firme e confiante, atraindo os olhares atentos dos lutadores e do público ao redor. A atmosfera no ginásio era eletrizante, com os oito melhores dojos alinhados em perfeita formação. Ele ergueu o microfone e começou a falar com uma entonação que ecoava pelo espaço:
— Aos 8 melhores dojos, bem-vindos à nossa última rodada em grupo!
Um burburinho de murmúrios tomou conta da plateia, mas foi rapidamente silenciado quando ele continuou.
— Ao longo desse torneio, cada um de vocês provou ser digno de estar no topo deste placar. E, depois de hoje, apenas os melhores dos melhores conseguirão uma vaga no nosso torneio dos capitães!
Os olhos dos competidores estavam fixos nele. Hana permaneceu séria, os braços cruzados, absorvendo cada palavra. Mesmo tentando se concentrar, sua mente parecia distraída. Ela sabia exatamente o motivo, mas não queria pensar nisso agora.
O apresentador deu uma pausa, ajustando a postura para manter a atenção de todos, e então retomou:
— Agora, estas são as regras para a rodada!
Todos os lutadores se inclinaram ligeiramente para a frente, atentos.
— Cada equipe enfrentará três adversários, sorteados aleatoriamente, em uma competição de equipes. Os lutadores se revezarão no combate. Dois lutadores estarão dentro do ringue por vez, um de cada dojo. Os outros dez lutadores permanecerão fora, aguardando para serem chamados.
Hana respirou fundo, mantendo os olhos no apresentador, mas sua mente ainda estava um pouco distante, flutuando entre as palavras dele e os pensamentos que a assombravam.
— A luta será por equipe — enfatizou ele, com a voz subindo levemente de tom. — Sem interrupções, sem conversas. Então, usem seus colegas de forma sábia.
Ele olhou para cada dojo como se quisesse reforçar a importância de suas palavras antes de finalizar com autoridade:
— O primeiro dojo a fazer três pontos vence a partida! Até o final do dia, seus capitães ou lutarão no torneio dos campeões ou... serão eliminados e assistirão de fora.
O ginásio ficou em silêncio por um momento, a gravidade de suas palavras pairando sobre todos, antes que ele concluísse com energia:
— Que os melhores dojos vençam!
A tensão no ar era palpável enquanto as equipes começavam a se preparar para a primeira luta. Hana ainda parecia dividida entre a competição e seus próprios pensamentos, mas sabia que precisava se focar.
Quando chegou a vez do Cobra Kai, todos os membros alinharam-se ao redor do ringue. Os dois primeiros lutadores foram anunciados, e a luta começou.
Cada golpe era preciso, cada movimento estratégico. Os lutadores do Cobra Kai se revezavam com disciplina, enfrentando adversários fortes e determinados. Hana observava, torcendo internamente, mas com o olhar distante em alguns momentos.
Quando chegou a vez de Kwon entrar no ringue, ele parecia confiante e determinado. A luta estava acirrada, cada golpe rebatido com força e habilidade. Kwon aproveitou um descuido do adversário e, com um chute preciso e rápido, marcou o último ponto da partida.
O Cobra Kai venceu a primeira luta, e os gritos de comemoração ecoaram pelo ginásio. Hana olhou para Kwon, mas sua expressão era neutra. Mesmo com a vitória, seus pensamentos ainda pareciam tortura-la. E parecia que Kwon não sentia nada diante de tudo isso, apesar dele ser o motivo dela estar tão distraída.
[...]
Hana estava sentada em um canto do ginásio, afastada de tudo e todos. Seus olhos estavam fixos no chão, mas sua mente vagava longe, muito além daquele espaço. O barulho ao redor parecia abafado, como se ela estivesse em uma bolha isolada, onde o mundo exterior não a alcançava. As vozes dos outros competidores, os gritos de apoio do público e até os sons do impacto das lutas em andamento não pareciam mais do que um ruído de fundo.
Sua cabeça ainda estava cheia, uma mistura de frustração, dúvidas e cansaço. Sentia o peso de tudo aquilo — ser capitã, as expectativas do dojo, suas próprias emoções conflitantes e os desentendimentos com Kwon. Tudo parecia sufocá-la, mas, ao mesmo tempo, ela não queria compartilhar esses pensamentos com ninguém.
Foi então que ouviu passos firmes se aproximando. Levantou o olhar apenas o suficiente para reconhecer a figura imponente de sua sensei, Kim Dae-un. A mulher cruzou os braços, sua postura rígida e olhar frio transmitindo autoridade como sempre.
— Hana, o que está fazendo aqui? — começou Kim com a voz firme, mas controlada. — Você deveria estar se preparando, focada no que vem a seguir.
Hana respirou fundo, tentando manter a compostura. Mas a última coisa que queria agora era ouvir cobranças.
— Estou bem, sensei — respondeu de forma seca, sem nem erguer os olhos para ela.
Kim deu um passo à frente, inclinando-se levemente para encará-la.
— "Bem" não é suficiente. Você está aqui como capitã, representando o Cobra Kai. Precisa se recompor, colocar sua mente no lugar e mostrar aos outros por que está nessa posição.
Hana apertou os punhos, sentindo a irritação subir. As palavras da sensei soavam como mais um peso em seus ombros, exatamente o que ela não precisava naquele momento.
— Já entendi, tá? — retrucou Hana de forma áspera, levantando-se de repente. Seu tom de voz era baixo, mas carregado de frustração. — Não precisa ficar me lembrando a cada segundo do que eu tenho que fazer.
Kim estreitou os olhos, mas permaneceu impassível.
— Não é sobre lembrar você — rebateu a sensei, sua voz agora mais firme. — É sobre garantir que você não se perca no meio de tudo isso. Um líder precisa de foco, Hana. Você acha que pode carregar esse título sem disciplina?
Hana sentiu um nó na garganta, mas não queria demonstrar fraqueza.
— Talvez o problema seja esse — murmurou ela, mais para si mesma do que para Kim. — Talvez eu não devesse ser a capitã.
Kim ficou em silêncio por um momento, seus olhos analisando cada expressão no rosto de Hana.
— Você tem mais força do que pensa, Hana — disse a sensei, o tom mais calmo, mas ainda firme. — Só precisa parar de deixar essas distrações te dominarem.
Hana balançou a cabeça, incapaz de ouvir mais nada naquele momento.
— Eu preciso de um tempo.
Sem esperar por uma resposta, ela se virou e começou a andar para longe. Kim ficou parada, observando-a se afastar, sua expressão séria, mas com um leve traço de reflexão.
Antes que qualquer outra coisa pudesse acontecer, o som do microfone ecoou pelo ginásio.
— Próxima luta entre Cobra Kai e Tiger Strike começará em quinze minutos! — anunciou o apresentador, com sua voz enérgica preenchendo o ambiente.
Kim continuou no lugar, ainda encarando a direção em que Hana havia ido, como se refletisse sobre o comportamento de sua pupila. Algo em sua expressão indicava que, mesmo com a atitude de Hana, ela ainda acreditava no potencial da garota. Afinal, líderes nem sempre eram perfeitos, mas eram moldados pela pressão. Mas, no fundo ela sabia que Hana estava passando por um momento difícil, e mesmo que Kim Dae-un quisesse que o dojo de seu avô ganhasse, ela também queria por algum motivo ajudar Hana.
Continua...
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