𝕮𝖆𝖕 20
Cap 20: Sentimentos horríveis
Hana permanecia no balcão, os olhos fixos no copo em suas mãos enquanto seus pensamentos giravam em torno da cena que testemunhara. O barulho ao redor parecia distante, abafado pelo turbilhão de emoções que ela mal conseguia organizar. A imagem de Kwon, com aquele sorriso provocativo e o braço ao redor de Tory, continuava presa em sua mente como uma farpa que ela não conseguia arrancar.
Ela suspirou, tomando outro gole da bebida, sentindo o líquido amargo deslizar por sua garganta. Mas, por mais que tentasse, o álcool não parecia ser capaz de aliviar o nó em seu peito.
De repente, um movimento ao seu lado chamou sua atenção. Ela não precisava olhar para saber quem era.
— Hana? — A voz familiar de Taeyang cortou o ar enquanto ele se sentava ao lado dela. Antes que ela pudesse reagir, ele pegou o copo de suas mãos. — Você tá bebendo?
Hana ergueu os olhos para ele, o rosto marcado por uma mistura de irritação e cansaço.
— E o que isso importa?
Taeyang arqueou uma sobrancelha, segurando o copo como se fosse confiscá-lo de vez.
— E ainda pergunta? Cadê o Kwon? Você não foi falar com ele?
Hana desviou o olhar, apertando os lábios antes de responder.
— Ele estava ocupado... com a Tory.
As palavras saíram com um amargor que ela não conseguiu esconder. Taeyang a observou por um momento, como se tentasse decifrar o que estava acontecendo. Quando finalmente entendeu, soltou um suspiro exasperado.
— Ah, merda. Fala sério! — Ele balançou a cabeça, claramente frustrado. — Melhor irmos. Vou te deixar no seu quarto. Vem.
Hana sacudiu a cabeça, afastando-se um pouco enquanto pegava de volta o copo que ele havia tirado dela.
— Eu não sei se quero ir na real — disse, com a voz baixa e cansada. Ela segurou o copo com força, olhando fixamente para o conteúdo. — Se eu voltar para lá, vou ter que dormir e encarar o dia de amanhã. Se eu continuar aqui, talvez o tempo passe menos rápido.
Taeyang bufou, passando a mão pelo cabelo como se tentasse manter a paciência.
— Você está quase bêbada, Hana. Não sabe nem o que está falando. Vamos logo.
Sem esperar mais resistência, ele pegou no braço dela, firmemente, mas sem machucá-la. Hana tentou protestar, mas não tinha energia suficiente para lutar contra ele. Relutante, ela permitiu que ele a tirasse do banco.
Os dois saíram do bar, a brisa noturna encontrando os rostos deles assim que atravessaram a porta. A rua estava quase deserta, exceto por alguns casais caminhando e o som distante de carros. Taeyang não disse nada enquanto a guiava pelas calçadas, e Hana também permaneceu em silêncio, os passos dela pesados e um pouco vacilantes.
Ao avistar um táxi estacionado na esquina, Taeyang ergueu a mão, chamando a atenção do motorista. Ele abriu a porta e ajudou Hana a entrar antes de se acomodar ao lado dela no banco de trás.
— Para o hotel ****, por favor — disse ao motorista, fechando a porta.
Hana encostou a cabeça no vidro, observando as luzes da cidade passarem enquanto o táxi começava a se mover. Seus pensamentos ainda estavam em Kwon, mas agora também em Taeyang. Apesar de tudo, ele sempre parecia estar ali para ela, mesmo quando ela mal sabia como pedir ajuda. Ela soltou um suspiro longo, deixando as pálpebras caírem lentamente, tentando esquecer o que sentia, mesmo que apenas por alguns minutos.
[...]
Quando o táxi parou em frente ao hotel, Hana permaneceu encostada no vidro, os olhos semicerrados e a mente pesada. Taeyang, pagava ao motorista calmamente. Ela ergueu o olhar distraído para a entrada iluminada do hotel e congelou. Kwon estava ali, com uma expressão rígida, ao lado de Yoon. Na frente deles, Tory parecia brava, gesticulando de forma intensa enquanto falava algo que Hana não conseguia ouvir.
O coração de Hana apertou ao vê-lo novamente. Antes que Taeyang pudesse dizer algo, ela abriu a porta e saiu do táxi, caminhando em direção ao hotel, decidida a evitar qualquer confronto.
Taeyang percebeu para onde ela olhava e soltou um suspiro curto.
— Vai ficar tudo bem — disse em voz baixa, tentando confortá-la, mas Hana o ignorou e continuou caminhando.
Kwon, percebendo a presença dela, virou a cabeça na direção dela. Um sorriso frio e debochado surgiu em seus lábios. Ele deu um passo à frente, cruzando os braços enquanto falava alto o suficiente para que ela ouvisse:
— Aí está a nossa grande capitã, Hana Mizuky. Palmas para ela! — O tom era carregado de sarcasmo.
Hana parou no meio do caminho, respirando fundo. Taeyang saiu do táxi logo atrás dela e lançou um olhar de advertência a Kwon.
— Vê se deixa ela em paz — disse ele, firme.
Antes que Kwon pudesse responder, Yoon se aproximou de Taeyang, encarando-o.
— E você vê se não se intromete — disse Yoon, o tom provocativo.
Hana, que tentava manter a calma, fechou os punhos e encarou Kwon diretamente.
— O que você mais quer de mim, hein, Kwon? — perguntou, a voz trêmula de frustração.
Kwon arqueou uma sobrancelha e inclinou-se ligeiramente, percebendo o cheiro de álcool que vinha dela.
— Pera aí, você andou bebendo? — Ele olhou para Taeyang, a expressão endurecendo. — Por que você deixou ela sozinha bebendo, hein?
Ele deu um passo agressivo em direção a Taeyang, mas antes que pudesse fazer algo, Hana o empurrou com força suficiente para fazê-lo recuar.
— Agora a culpa é dele? Fala sério, Kwon. Você é um covarde mesmo, que não assume nada do que faz, hein?
Kwon riu, mas era um riso frio, carregado de desdém.
— Não assumo o que faço? Que eu saiba, quem anda por aí com qualquer um é você.
Hana arregalou os olhos, surpresa e irritada.
— Do que você tá falando?
— Eu vi você bem próxima do Taeyang esses últimos dias, Hana.
Ela bufou, balançando a cabeça em incredulidade.
— Espera aí. Tá me dizendo que esse seu showzinho de hoje foi porque eu tava ajudando o Taeyang? Pelo menos ele faz o papel de amigo. Isso é algo que você nem consegue fazer, não é?
Kwon estreitou os olhos, a mandíbula travada.
— Como eu vou fazer isso se você só anda grudada nele? Hana, não pode ter todos aos seus pés ao mesmo tempo.
Hana riu amargamente, a raiva crescendo em seu peito.
— Eu nunca disse que queria isso. Você que só sabe fugir de mim depois daquele nosso... Na real, nem sei se aquilo significou algo pra você.
Kwon estreitou os olhos, um lampejo de hesitação passando por sua expressão.
— Espera aí. Está falando sobre o beijo?
Hana deu um passo à frente, encarando-o com firmeza.
— E do que mais seria? Você anda tão distante, Kwon. Só sabe ser manipulado pelo Kreese, me afastar, e eu não posso fazer mais nada. Se acha que deveria, então vá em frente! Mas depois não diga que eu não avisei.
O rosto de Kwon endureceu ainda mais, a voz dele saindo baixa e cortante:
— Você só sabe ser fraca, Hana. Fraca e boazinha demais, mostrando ainda mais fraqueza. Acha que é assim que vai vencer todas as etapas dessa competição? Ah, é? Então volta para as ruas. Vamos ver se sobreviveria novamente com essa sua 'gentileza', dona da razão.
As palavras dele foram como um soco no estômago de Hana. Por um momento, ela ficou em silêncio, encarando-o com os olhos brilhando de lágrimas contidas. Então, sem pensar duas vezes, ela levantou a mão e deu um tapa forte no rosto dele, o som ecoando no ar.
Kwon inclinou a cabeça levemente com o impacto, os olhos arregalados de surpresa. Hana, respirando fundo, respondeu com uma voz firme e carregada de dor:
— Sabe qual é a diferença entre nós, Kwon? Eu pelo menos tento ser alguém melhor. Você? Só sabe se esconder atrás da sua arrogância.
Ela deu as costas a ele, ignorando o olhar de todos, e entrou no hotel com passos rápidos.
Taeyang olhou para Kwon por um momento, em silêncio, antes de encarar Yoon, que parecia pronto para dizer algo.
— Vê se não começa — disse Taeyang, cortando qualquer tentativa de comentário.
Yoon ergueu as mãos em um gesto defensivo, mas não resistiu em murmurar:
— Você pegou pesado, Kwon.
Kwon virou-se para ele, a raiva evidente nos olhos.
— Não se mete, Yoon. Ou você vai ser o próximo.
Yoon calou-se, e Taeyang, com um suspiro, foi atrás de Hana para dentro do hotel. Kwon ficou parado ali, a mão no rosto onde o tapa havia atingido, com o olhar fixo na entrada do hotel, os pensamentos fervilhando.
A raiva no semblante de Hana era evidente, irradiando não apenas em suas expressões, mas em cada movimento tenso de seu corpo. Seu coração batia acelerado, não apenas pela troca de palavras com Kwon, mas pela sensação sufocante de estar sendo esmagada por uma onda de emoções que ela mal conseguia controlar.
Por um momento, ela pensou em ir embora dali, abandonar tudo e voltar para a Coreia. Desejou estar de volta ao dojo, sentada ao lado de sua sensei, aquela figura quase materna que a acolhera e cuidara dela durante tantos anos difíceis. O pensamento do abraço caloroso de sua mentora trouxe um nó à sua garganta.
Mas aquela não era uma opção. Não agora. Não enquanto Kwon continuava tomado por sua arrogância, perdido em sua própria escuridão. Hana sentia que ele não era mais o mesmo, que o Kreese havia envenenado a mente dele de uma forma que parecia irreversível. Talvez, ela pensou, Kwon não fosse o único a estar perdido. Ela também começava a desistir, sentindo a chama da sua própria força interior se apagar lentamente.
Quando finalmente chegou ao quarto, cada passo parecia um esforço monumental. Ao abrir a porta, encontrou Tory sentada na cama, mexendo distraidamente no celular. Hana sentiu um impulso de confrontá-la, de despejar sua frustração, mas não havia energia para isso. Tudo o que restava em si era o cansaço esmagador.
Tory levantou o olhar ao perceber o estado de Hana. O cansaço no rosto dela, misturado à mágoa que emanava de seus olhos, fez com que Tory franzisse a testa em preocupação.
— Hana? O que aconteceu?
Hana soltou um suspiro pesado, como se estivesse exalando toda a dor que carregava.
— Tudo. Tudo aconteceu. — Sua voz soava fraca, quebrada. Ela ergueu os olhos para Tory, e o sarcasmo em sua próxima frase era apenas um eco do que restava de sua raiva. — Curtiu a festa com o Kwon?
Tory piscou, claramente confusa e um pouco irritada com a acusação, mas manteve o tom calmo.
— O quê? O Kwon? Claro que não. Ele estava tentando só me usar. Causar ciúmes em você e no Robby. Eu não tenho nada com o Kwon.
Hana riu, mas foi uma risada sem alegria, cheia de amargura.
— Tá, mas isso não importa mais. Sou eu quem não quero nenhum tipo de contato com ele agora, pelo menos, por um bom tempo.
Com isso, ela caminhou até a cama e praticamente se arremessou sobre o colchão, como se seu corpo não suportasse mais o peso de tudo o que sentia. Hana virou-se de lado, encarando a parede enquanto sua respiração saía irregular. O quarto parecia encolher ao seu redor, e ela sentiu como se estivesse afundando. Cada pensamento, cada emoção parecia ser mais um peso, puxando-a para um oceano escuro onde não havia mais força para lutar.
Naquele momento, Hana não se importava se estava se afogando. Ela simplesmente não tinha forças para nadar.
Continua...
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