𝕮𝖆𝖕 19

Cap 19: Uma noite bem agitada

Hana saiu do banheiro envolta em um leve aroma de sabonete fresco. Seus cabelos úmidos caiam sobre os ombros enquanto ela enxugava as mechas com uma toalha macia. Seus olhos pousaram em Tory, que estava em pé perto da cama, escolhendo acessórios para complementar sua roupa já estilosa.

— Ah, é sério? Sair pra se divertir? — Hana perguntou, com a voz carregada de um misto de ceticismo e leve curiosidade, enquanto continuava a secar o cabelo.

Tory, ajustando um colar em volta do pescoço, suspirou, como se já estivesse cansada daquela ideia antes mesmo de começar.

— O Kreese acha que deveríamos sair um pouco, e manter a reputação. Eu sei, uma besteira. Mas não temos outra opção.

Hana, já vestida com suas roupas casuais, caminhou até o canto do quarto, pegando o celular que estava sobre a mesa. Ela observava Tory com uma expressão contemplativa, questionando o motivo de todo aquele esforço.

— Você não vem? — Tory perguntou, interrompendo seus pensamentos, enquanto abria a porta do quarto com uma postura despreocupada.

Hana sorriu de canto, balançando a cabeça.

— Pode ir. Eu alcanço vocês. Só me mandem o nome do restaurante que vão.

Tory revirou os olhos ao ouvir a resposta.

— Quando o irritadinho do Kwon decidir, eu te mando. — O comentário arrancou uma risada espontânea de Hana, sua expressão descontraída iluminando o ambiente por um momento.

No entanto, o sorriso de Hana diminuiu ao lembrar-se de algo. Seus olhos desviaram para o chão por um breve segundo, sua relação com Kwon não estava nada boa.

— A gente se vê. — Sem esperar resposta, ela saiu do quarto, deixando a porta entreaberta.

Hana permaneceu parada, ouvindo o som dos passos de Tory desaparecerem no corredor. Suspirando baixinho, ela foi até o espelho, posicionando-se na frente dele. Sua imagem refletida mostrava seus cabelos ainda úmidos caindo livremente, com algumas gotas de água escorrendo lentamente pelas pontas.

Ela ficou ali por alguns instantes, observando a própria expressão. Algo no fundo dos seus olhos denunciava um misto de hesitação e determinação. "Será que isso é mesmo uma boa ideia?" pensou. O reflexo parecia devolver a pergunta, como se esperasse uma resposta clara.

Seus pensamentos desviaram para Kwon. A relação entre os dois não estava nada boa, algo que a incomodava mais do que gostaria de admitir. Quem sabe, naquela noite, fosse possível resolver as coisas. Talvez fosse o momento de serem sinceros, de colocar tudo para fora, e, quem sabe, retomar a amizade ou até mesmo avançar para algo mais.

Ela suspirou novamente, dessa vez mais fundo, e afastou as dúvidas com um leve aceno de cabeça.

Determinada, Hana caminhou até o guarda-roupa e abriu as portas, observando as opções de roupas penduradas. Passou os dedos pelas peças, tentando decidir qual seria ideal para aquela noite. Mesmo sem saber exatamente como tudo terminaria, uma coisa era certa: ela iria.

[...]

O restaurante/bar era vibrante, um lugar iluminado com luzes coloridas alaranjadas e uma atmosfera acolhedora, mas ao mesmo tempo animada. O som de música preenchia o espaço, misturando-se às risadas, conversas altas e o som de copos se chocando em brindes. Hana entrou, os olhos percorrendo o lugar enquanto passava pela porta.

O cheiro de comida apetitosa e bebidas alcoólicas permeava o ar, e o som de saltos e sapatos no chão ecoava conforme as pessoas se movimentavam entre as mesas e a pista de dança improvisada.

Vestida com uma blusa leve e uma jaqueta, Hana avançou lentamente, tentando localizar o grupo de amigos. Foi então que os avistou: Kwon, Yoon e Tory estavam sentados em uma mesa próxima ao centro do bar, rindo e conversando. Kwon, com seu sorriso descontraído, parecia especialmente animado, o que fazia Hana sentir um misto de alívio e nervosismo.

Ela deu um passo na direção deles, mas antes que pudesse chegar à mesa, ouviu uma voz familiar chamá-la.

— Hana! Aqui! — disse Taeyang, acenando de uma mesa mais afastada, localizada perto de uma janela.

Hana parou por um momento, hesitante. Embora quisesse se juntar aos outros, especialmente a Kwon, sabia que não poderia ignorar o chamado de Taeyang. Ela se virou e caminhou até ele, sentindo o olhar dele acompanhá-la com um sorriso amistoso.

— Taeyang, o que você está fazendo aqui? Por que não está com os outros? — perguntou, tentando soar casual enquanto se sentava na cadeira vazia à sua frente.

— O mesmo que todo mundo: tentando fingir que tenho uma vida social incrível. E também, queria ficar um pouco sozinho sem todo aquele barulho do Kwon. — ele brincou, apontando para o copo de soju em sua mão. — Mas sério, eu estava esperando alguém conhecido aparecer. Achei que não fosse vir.

Hana sorriu, mas ele percebeu que algo em sua expressão estava mais reservado. Ele apoiou os braços na mesa, inclinando-se levemente para frente.

— E você? Não parece exatamente no clima de festa hoje.

Ela deu de ombros, evitando seu olhar por um momento.

— Ah, eu tô... meio mal ainda.

— Meio mal? Isso não parece nada com você. O que tá rolando? — Ele perguntou, a preocupação misturada com um tom curioso.

Hana suspirou, passando a mão pelo cabelo.

— Não tá sendo nada fácil com o Kwon. A gente anda brigando o tempo todo.

Taeyang levantou uma sobrancelha, surpreso, mas com um sorriso brincalhão surgindo no rosto.

— Brigando? Vocês brigam por tudo desde que se conhecem. Isso não é novidade.

— Não é só isso, Tae. Tá mais intenso agora. A gente mal consegue conversar sem que vire uma discussão. — Hana abaixou o olhar para a mesa, girando o copo de água que estava na frente dela.

Taeyang a observou por um momento, como se analisasse as palavras antes de dizer algo. Então, com um tom mais leve, mas direto, ele perguntou:

— Por que vocês dois não se declaram logo de uma vez?

O comentário a pegou de surpresa. Hana arregalou os olhos e olhou para ele com uma mistura de incredulidade e vergonha.

— O quê?! Taeyang, de onde você tirou isso?

Ele riu, levantando as mãos em um gesto de defesa.

— Ah, por favor, Hana. Eu não sou cego, tá? Vocês dois têm essa... coisa entre vocês desde o início. É tão óbvio que chega a ser frustrante de assistir. — Ele tomou um gole do soju, como se precisasse de algo para aliviar o constrangimento que sabia que estava causando nela.

Hana olhou para ele, ainda sem saber o que dizer. O rosto dela estava corado, e ela desviou o olhar, mordendo o lábio.

— Não... não é assim tão simples, Tae. A situação entre a gente é complicada.

Taeyang riu baixo, balançando a cabeça.

— Complicada? Não, complicada é tentar resolver uma equação de física quântica bêbado. Isso que vocês têm é só teimosia.

Hana cruzou os braços, um pouco defensiva, mas ainda assim tentando conter um sorriso.

— Você tá falando como se soubesse de tudo.

— Sei o suficiente. — Ele a encarou com um olhar brincalhão, mas sincero. — E é por isso que eu desisti logo no começo.

— Desistiu? — Hana repetiu, surpresa, erguendo uma sobrancelha.

— Sim, Hana. Por que você acha que eu nunca tentei nada com você? — Ele sorriu de canto, como se estivesse revelando algo que sempre soube. — Porque era óbvio que a disputa já estava perdida. Você e o Kwon... vocês têm uma conexão. Só vocês que não percebem ou fingem não perceber.

Hana ficou em silêncio, processando as palavras dele. Por um lado, ela queria negar tudo, mas sabia que Taeyang não estava completamente errado.

— Eu... — ela começou, mas as palavras pareciam presas. — Eu não sei, Tae. É complicado.

— Tudo bem, eu entendo. Mas só uma dica: quanto mais você complicar, mais difícil vai ser sair disso. — Ele ergueu o copo, brindando sozinho. — Agora vai lá antes que o Kwon comece a pensar que você tá me escolhendo em vez dele.

Hana soltou uma risada nervosa, balançando a cabeça.

— Você é impossível, sabia?

— E você é teimosa. Agora vai, Hana. — Ele acenou com a mão, indicando a mesa onde Kwon estava.

Ela se levantou, respirando fundo. Suas mãos ainda estavam um pouco trêmulas, mas ela sabia que não poderia evitar aquela conversa para sempre. Enquanto caminhava em direção à mesa de Kwon, sentia o olhar de Taeyang ainda sobre ela, um misto de encorajamento e humor.

Hana caminhava pelo restaurante com passos hesitantes, ainda tentando acalmar o turbilhão de pensamentos causados pela conversa com Taeyang. O ambiente parecia mais abafado agora, as luzes piscando pareciam mais fortes, e o som da música mais alto. Seus olhos estavam fixos na mesa onde Kwon, Tory e Yoon estavam.

Assim que ela se aproximava, Kwon levantou o olhar casualmente. Por um breve momento, seus olhares se encontraram. Ele estava com o copo de bebida na mão, apoiado na mesa de forma descontraída, mas assim que viu Hana, os lábios dele se curvaram em um sorriso provocativo, aquele sorriso que sempre parecia mexer com ela.

Hana sentiu seu coração bater mais forte, como se ele tivesse lido todos os seus pensamentos e emoções mais profundas naquele instante. "Ele está brincando comigo?", ela pensou, enquanto continuava a caminhar. Mas antes que pudesse interpretar o gesto, Kwon fez algo que a deixou completamente imóvel.

Com um movimento casual, Kwon passou o braço em volta dos ombros de Tory e inclinou-se para perto dela, sussurrando algo em seu ouvido. Ele manteve o sorriso nos lábios, parecendo confortável e, para Hana, absurdamente íntimo.

Aquilo foi como um golpe. Hana sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés. O bar, antes vibrante e cheio de vida, agora parecia escuro e sufocante. O sorriso provocativo de Kwon e o gesto carinhoso com Tory ecoaram na mente dela como um martelo.

Ela parou por um instante, incapaz de avançar. Seus olhos ficaram presos na imagem de Kwon e Tory juntos, tão próximos, tão à vontade. Um aperto tomou conta de seu peito, e ela percebeu que não conseguia mais continuar na direção deles.

Sem pensar muito, Hana desviou o caminho. Seu destino agora era o balcão de bebidas, uma tentativa de escapar da cena que parecia perseguir sua mente. Ela se sentou em um dos bancos altos, cruzando os braços sobre o balcão enquanto tentava recuperar o fôlego.

O bartender se aproximou, sorrindo educadamente.

— O que vai ser?

Hana demorou alguns segundos para responder, os pensamentos ainda presos na cena que acabara de testemunhar.

— Qualquer coisa forte, por favor — disse ela, com a voz mais fraca do que pretendia.

O bartender assentiu e começou a preparar a bebida. Enquanto isso, Hana apoiou os cotovelos no balcão e cobriu parte do rosto com as mãos. Ela sentia os olhos ardendo, mas recusava-se a chorar ali. "É só uma brincadeira. Ele faz isso o tempo todo. Não significa nada", tentou dizer a si mesma, mas o peso no peito dizia o contrário.

Quando a bebida chegou, ela segurou o copo com as duas mãos, encarando o líquido âmbar como se ele pudesse lhe dar respostas. O som de risadas e conversas ao fundo só tornava tudo mais doloroso.

— Idiota — murmurou para si mesma, referindo-se tanto a Kwon quanto a ela mesma. "Por que você se importa tanto, Hana? Por que isso dói tanto?"

Ela tomou um gole da bebida, o líquido queimando sua garganta, mas não o suficiente para aliviar o nó que sentia no peito. Tudo o que ela queria era esquecer aquele sorriso, aquele abraço. Mas a cena continuava a se repetir em sua mente, como uma lembrança impossível de apagar.

Continua...

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