𝕮𝖆𝖕 17

Cap 17: Barreiras invisíveis

A manhã havia sido cheia e de pura adrenalina. Apesar de perder a primeira rodada, o cobra Kai até se saiu bem nas outras. Hana havia dado tudo de si e ver que as pessoas adoravam isso, dava ainda mais motivação.

Eles teriam um tempinho já que as próximas rodadas iria acontecer a tarde.

Durante o descanso, Hana estava tentando relaxar, mas não consegue tirar da cabeça o que Sensei Kim disse sobre liderar a equipe. Ela estava em um canto do lounge reservado para os competidores, revisando mentalmente as lutas da manhã e tentando prever as próximas.

Kwon se aproxima, visivelmente mais descontraído e com um tom provocador, o que rapidamente gera atrito.

- Hana, você tá aí toda séria de novo? A gente tá no intervalo. Relaxa um pouco.

- Alguém tem que pensar nas próximas lutas. Não podemos só ficar por aí brincando, Kwon.

Kwon revira os olhos e se senta ao lado dela.

- Você nem parece mais você. Tá toda certinha agora, como se fosse a queridinha da Kim.

Hana, irritada, olha para ele.

- Você acha que eu gosto disso? Que eu gosto de ter que carregar a responsabilidade por todo mundo? Se não fosse por você e suas brincadeiras, talvez eu não precisasse me preocupar tanto.

Kwon se levanta, claramente ofendido.

- Ah, claro, a culpa é minha agora. Sempre é, né? Se você acha que tá tão acima de todo mundo, por que não faz tudo sozinha, então?

Hana também se levanta, tentando manter a calma, mas sua voz sai firme.

- Eu nunca disse que estou acima de ninguém, Kwon. Só estou tentando fazer o que é melhor pra todos. Você devia tentar também, ao invés de agir como se isso fosse só mais uma brincadeira.

Kwon ri, mas seu tom é ácido.

- Tá, capitã. Continua sendo a favorita da Kim. Mas sabe o que eu acho? Que no fundo, você gosta de ser a estrela. Todo mundo olhando pra você, falando o quanto você é incrível.

Hana sente o golpe, mas mantém a postura.

- Se é isso que você pensa de mim, então talvez você nunca tenha me conhecido de verdade.

Kwon se vira e sai, deixando Hana sozinha. Ela tenta manter a compostura, mas é visível que as palavras dele a atingiram profundamente.

A raiva borbulhava em seu peito, mas era uma raiva que não se direcionava apenas a Kwon - era consigo mesma, com a situação, com o que eles haviam se tornado. A amizade deles, antes tão sólida, agora parecia um campo de batalha, frágil e cheio de armadilhas.

Desde que Kreese apareceu, tudo havia mudado. Ele trouxe consigo uma filosofia rígida e manipuladora, uma que parecia ter plantado dúvidas na cabeça de Kwon. Hana se perguntava se era mesmo possível voltar ao que eram antes, antes de tudo isso. Antes de Kreese, antes do torneio, antes do beijo.

Ah, o beijo. Hana fechou os olhos por um instante, o gosto amargo da memória misturando-se com a frustração. Ela havia pensado que aquilo fosse um passo, uma oportunidade de expressar o que sentia por Kwon. Talvez ele entendesse, talvez eles finalmente falassem sobre tudo o que havia ficado não dito. Mas não. Em vez disso, o beijo havia criado uma barreira - invisível, mas impenetrável. Agora, eles pareciam até dois estranhos.

Hana cerrou os punhos. A lembrança de Kwon a tratando com desdém, como se ela fosse apenas mais uma peça no jogo de Kreese, queimava em sua mente. Não era assim que as coisas deveriam ser. Eles eram amigos, parceiros, e... talvez pudessem ter sido algo mais. Mas agora, com cada palavra cortante e cada olhar desviado, parecia que estavam se afastando cada vez mais.

Ela encostou na parede, respirando fundo. "Por que tinha que ser tão complicado?", pensou. Por mais que quisesse confrontá-lo, fazer com que ele entendesse como ela se sentia, algo a segurava. Talvez fosse o medo de piorar ainda mais as coisas, ou talvez fosse o orgulho.

Tudo o que Hana sabia era que, naquele momento, Kwon parecia mais distante do que nunca - e ela odiava isso.

[...]

Lá estavam novamente, a segunda etapa do torneio. Estavam todos os dojos chegando, e a apresentadora lá.

- Nesta rodada final de pontos, os competidores tentarão derrubar os oponentes de cima das plataformas. O competidor que cair esta fora. Os pontos serão determinados com base nas vitórias, derrotas e tempo. A classificação final após essa rodada vai indicar a colocação na rodada eliminatória da noite. Vamos agora convocar o primeiro grupo de lutadores.

A apresentadora foi dizendo as plataformas e os jogadores, enquanto cada dojo fizeram uma roda.

- Não vai ser fácil, mas coloquem a força nos pés e...- Antes que Hana terminasse sua frase, com a interrompeu.

- Só não caiam. Fazem de tudo para não caírem. Não vamos perder tempo discutindo sobre como não cair. - Kwon disse.

Hana deu uma olhada de raiva, mas antes que pudesse retrucar, ela ouviu a apresentadora.

- Hana Mizuky, plataforma 5!

Hana respirou fundo, saiu de onde estava e caminhou até a plataforma. O espaço era reduzido, retangular com limites. Quem cruzasse aquela limite cairia automaticamente, perdendo a luta. Do outro lado da plataforma, a oponente já esperava. Era a capitã do dojo da França, uma mulher alta, de postura confiante e olhos determinados.

A capitã deu um leve sorriso desafiador.

- Espero que você esteja pronta para sair daqui rápido - ela disse em um tom que misturava arrogância e provocação.

Hana não respondeu. Fez uma reverência respeitosa e assumiu sua posição de combate, seus pés firmes no chão e os punhos erguidos. A árbitra sinalizou o início da luta com um grito curto.

A francesa foi a primeira a avançar. Seu movimento inicial foi direto: ela tentou um chute lateral na altura do abdômen. Hana recuou, desviando por pouco, e rapidamente contra-atacou com um soco direto em direção ao tórax da oponente. A capitã bloqueou com o antebraço e respondeu com uma sequência de chutes rápidos e baixos, tentando desequilibrar Hana.

Hana saltou para trás, mantendo-se dentro da plataforma, mas a francesa pressionava. Ela girou com um chute circular, mirando a cabeça de Hana, que por reflexo abaixou-se no último segundo. Sem perder tempo, Hana usou a abertura no movimento da adversária para deslizar e dar um chute lateral nas costelas dela, forçando-a a recuar.

A oponente sorriu, agora mais determinada. Ela se reposicionou rapidamente e avançou novamente, dessa vez com uma sequência de golpes alternados - socos e chutes - que colocaram Hana em total defesa. Hana bloqueava e desviava como podia, mas a força da capitã era inegável. Um chute frontal acabou acertando o estômago de Hana, fazendo-a dar alguns passos para trás, quase saindo da plataforma.

Hana respirou fundo, ajustou sua postura e avançou. Ela tentou uma combinação de golpes - um soco direto seguido de um chute alto. O primeiro golpe foi bloqueado, mas o segundo acertou o ombro da adversária, fazendo-a perder brevemente o equilíbrio. Aproveitando a brecha, Hana tentou empurrá-la em direção à borda da plataforma com um chute frontal, mas a francesa se recuperou rápido, desviando para o lado e agarrando a perna de Hana.

Antes que fosse derrubada, Hana girou com o outro pé, acertando um chute giratório no rosto da adversária. A francesa cambaleou, mas conseguiu se manter dentro da plataforma.

O duelo continuava. Ambas estavam suadas, respirando com dificuldade. Cada golpe parecia mais pesado que o anterior, e a torcida vibrava com cada movimento. A francesa tentou um golpe de varredura, abaixando-se e girando com a perna para derrubar Hana. Por pouco, Hana saltou, evitando o golpe, mas ao aterrissar, quase perdeu o equilíbrio novamente.

A luta parecia interminável, com golpes sendo desferidos de ambos os lados. Hana tentou um movimento arriscado, um chute giratório alto, mas a adversária desviou e tentou empurrá-la para fora da plataforma com as mãos. Hana escorregou, seus pés ficaram perigosamente próximos do final da plataforma, mas ela se recuperou a tempo, girando e acertando um chute baixo na lateral da perna da adversária.

O golpe pareceu surtir efeito. A francesa deu um passo para trás, tentando se equilibrar, mas Hana não deu tempo para ela respirar. Com um grito decidido, Hana avançou com um soco direto no peito da oponente, seguido de um chute frontal. A força do ataque empurrou a capitã da França para fora da plataforma.

A árbitra sinalizou o fim da luta, e a voz da apresentadora ecoou novamente:

- Isabela Rock, 1 minuto e 2 segundos!

Enquanto Hana recuperava o fôlego, a próxima luta já era anunciada.

Hana saiu da plataforma e caminhou até onde a sensei Kim Dae-un estava. A sensei, com seu olhar rígido, esperou até Hana se aproximar.

- Foi uma boa luta - Kim disse, sua voz firme. - Mas poderia ter sido mais rápida. Não perca o foco.

Hana fez uma reverência respeitosa.

- Sim, sensei.

Antes de voltar para o seu lugar, Hana olhou na direção de Kwon. Ele estava próximo, mas sequer olhou para ela. Seus olhos pareciam fixos em qualquer coisa, menos nela. Era como se ele estivesse fingindo que ela nem estava lá.

Hana franziu o cenho, apertou os lábios e voltou para seu lugar, mais séria do que antes. Se Kwon queria ignorá-la, então ela faria o mesmo - pelo menos por enquanto.

Continua...

Não esqueça de votar e comentar no capítulo ⭐

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top