𝕮𝖆𝖕 14

Cap 14: Amigos ou inimigos

O ginásio estava abarrotado de pessoas, com uma energia que parecia pulsar no ar. As luzes intensas iluminavam cada canto do espaço, destacando o palco principal e as bandeiras que enfeitavam o ambiente.

Era um verdadeiro espetáculo visual, com os dojos de cada país do mundo inteiro reunidos ali, cada um trazendo sua identidade única. Os competidores, com posturas impecáveis, formavam fileiras ao lado de seus senseis, os rostos sérios e focados, prontos para o maior desafio de suas vidas. O momento era histórico: o Sekai Taikai, o maior torneio mundial de karatê. O som das vozes e murmúrios criava uma atmosfera eletrizante.

Hana chegou acompanhada de Kwon, Taeyang, Tory, Yoon e Hyunh. O grupo se posicionou em linha, lado a lado, exalando disciplina. Hana levantou o punho discretamente na direção de Kwon, que prontamente retribuiu com um sorriso cúmplice antes de levantar o seu. Eles trocaram risadas baixas, um momento de descontração em meio à tensão crescente. Porém, assim que Kreese e Kim Dae-un chegaram e se posicionaram próximos, o clima mudou. Automaticamente, Hana e Kwon endireitaram as posturas, colocando as mãos para trás, assumindo uma postura respeitosa e disciplinada.

Hana segurava em suas mãos a faixa de capitã, um símbolo de responsabilidade e liderança que pesava tanto quanto motivava. O nervosismo borbulhava em seu interior, mas ela se mantinha firme. Lembrou-se de tudo o que Kim Dae-un, sua sensei e quase uma mãe para ela, havia ensinado. Ela precisava vencer, não apenas pelo título, mas pelo esforço e pela honra que carregava.

Ao olhar para frente, Hana identificou um dos dojos rivais. Era impossível não notar. O Miyagi-do estava ali, suas presenças marcantes e olhares fixos na direção de Tory. A tensão entre eles era palpável. Kreese já havia os alertado sobre esse grupo. Eles eram os maiores inimigos do Cobra Kai, e o fato de Tory estar agora ao lado deles era uma ferida aberta, evidente nos semblantes de decepção e ressentimento. Hana compreendeu que estava prestes a entrar em uma verdadeira guerra.

A movimentação no ginásio cessou quando o apresentador surgiu no palco central. Ele ajeitou o microfone e aguardou alguns segundos, permitindo que o silêncio se espalhasse. As câmeras se ajustaram, prontas para transmitir o evento ao vivo. Com um sorriso confiante, ele começou a falar.

— Bem-vindos, competidores, senseis, patrocinadores e estimados convidados, a... Barcelona! — Sua voz ecoou pelo ginásio com entusiasmo. — Este ano do maior torneio de karatê de todo o mundo: o Sekai Taikai!

Uma onda de aplausos e gritos de animação varreu o ginásio, com competidores e torcedores exibindo suas bandeiras e cores nacionais. O orgulho e a emoção eram visíveis em cada rosto, criando um espetáculo de união e rivalidade.

Quando os aplausos se dissiparam, o apresentador prosseguiu com um tom mais solene.

— O Sekai Taikai se orgulha de sua rica história e tradição. Se vocês estão aqui, é porque representam os valores do torneio: liderança, respeito e espírito esportivo. Capitães, amarrem suas faixas na cabeça.

Hana deu um passo à frente, acompanhada por Kwon e os outros capitães. Com movimentos sincronizados e precisos, eles amarraram as faixas em suas testas, o símbolo de que agora representavam oficialmente seus dojos. Sob as luzes do ginásio, a faixa de Hana parecia brilhar, carregando todo o peso das expectativas que recaíam sobre ela.

Ela trocou um olhar com Kwon, e a confiança tranquila dele lhe deu força. Por um momento, toda a ansiedade desapareceu, e ela sentiu-se pronta para enfrentar o que viesse.

O apresentador, agora mais enérgico, continuou.

— Capitães, vocês terão a honra de competir em nosso torneio televisionado. Mas, para isso, seus dojos precisarão se destacar em nossas competições em equipe e chegar às finais. No encerramento, os pontos serão contabilizados, e o dojo com mais pontos será o grande campeão do Sekai Taikai!

Murmúrios atravessaram o ginásio. A pressão aumentava, mas também acendia a determinação nos competidores.

— Hoje, no entanto, é um dia para relaxar, explorar nossa cidade anfitriã e talvez fazer novos amigos... ou inimigos. Para os competidores, temos um tour pela cidade. Para os senseis, um coquetel exclusivo com nossos patrocinadores, representando as maiores marcas de artes marciais do mundo.

Os competidores trocaram olhares. Uns planejavam estratégias, enquanto outros já visualizavam suas futuras rivalidades.

— Este é um belo dia para causar uma boa impressão — continuou o apresentador, com um sorriso enigmático. — Aproveitem, porque amanhã... suas vidas mudarão para sempre. Boa sorte e bem-vindos ao Sekai Taikai!

Aplausos explodiram mais uma vez, mas agora com uma energia diferente. Era a calma antes da tempestade, e todos sabiam que o verdadeiro teste estava por vir. Hana olhou para frente, decidida. Ela precisava não apenas vencer, mas garantir que Kwon não fosse influenciado pelas artimanhas de Kreese. Ela daria tudo de si, por ela, por sua equipe e por sua sensei.

[...]

Hana caminhava pelos longos corredores do hotel, o som abafado dos passos ecoando nas paredes decoradas com detalhes modernos e luxuosos. Ela estava cercada por seus companheiros do dojo, cada um carregando bolsas e mochilas, seus olhares curiosos percorrendo o ambiente enquanto procuravam seus quartos designados. A atmosfera era de descontração, mas também de tensão velada; o Sekai Taikai exigiria o máximo de todos ali.

Tory andava ao lado de Hana, mantendo sua postura usual de indiferença, enquanto Kwon liderava o grupo com seu jeito despreocupado, brincando sobre a possibilidade de se perderem. De repente, a figura imponente da sensei Kim Dae-un surgiu à frente deles, seu semblante sério imediatamente chamando a atenção de Hana.

— Hana, preciso falar com você um momento — disse Kim, com sua voz firme, mas controlada.

Hana hesitou, seus olhos alternando entre a sensei e seus amigos. Tory deu de ombros, indicando que seguiriam em frente, enquanto os outros assentiram sem questionar. A jovem respirou fundo e seguiu Kim até um canto mais reservado do corredor, longe dos olhares curiosos.

Kim Dae-un cruzou os braços, sua postura exalando autoridade. Seus olhos fixaram-se em Hana, analisando cada detalhe de sua expressão.

— Quero que cuide das coisas por aqui. Eu e o sensei Kreese cuidaremos das boas impressões do lado de fora, mas quero que cuide da nossa reputação do lado de dentro.

Hana franziu o cenho levemente, um tanto surpresa com a instrução.

— Ok...mas não acha que deveria falar isso para todos? — ela perguntou, tentando entender melhor a situação.

— Não. O Kwon é cabeça dura, vai querer aprontar alguma coisa, mas tenta colocar um pingo de juízo na cabeça dele, afinal, vocês são bem próximos — respondeu Kim, inclinando-se ligeiramente à frente, deixando claro que não havia espaço para objeções.

Hana sentiu a responsabilidade pesar sobre si. Embora fosse capitã, ainda estava se adaptando ao papel de líder.

— Sim, sensei... Mas se ele não me ouvir? — questionou, cautelosa.

— Você dará um jeito. Você dá as ordens, eles obedecem. Você é a capitã. Tem que se posicionar até nesses momentos simples para provar ser uma verdadeira líder.

A determinação na voz de Kim fez Hana endireitar a postura e assentir com firmeza.

— Ótimo, então já começa agora — finalizou Kim, virando-se e deixando Hana sozinha para lidar com o grupo.

Quando Hana voltou seu olhar para eles, encontrou seus amigos próximos ao dojo Miyagi-do, e a tensão no ar era palpável. Kwon, como sempre, não perdia a chance de provocar.

Ela foi até eles já esperando o que Kwon aprontasse.

— E aí, Haninha, estava conhecendo o tão famoso "Miyagi-do"? — zombou, um sorriso travesso em seu rosto.

Hana suspirou profundamente, os olhos revirando quase por reflexo. Antes que pudesse responder, Tory passou por eles sem dizer uma palavra, caminhando diretamente para o elevador.

— E ela nem me espera... — murmurou Hana, apressando-se para alcançá-la.

Ela entrou no elevador no último momento, juntando-se a Tory. Do lado de fora, Robby, o capitão do Miyagi-do pelo o que Kreese disse, tentou segui-las, mas as portas se fecharam antes que ele pudesse entrar. Ele permaneceu ali, olhando para o elevador enquanto o grupo do Cobra Kai se afastava.

Kwon aproveitou a situação, passando por trás de Robby com uma risada debochada.

— Será que ele vai chorar? — provocou, arrancando risadas dos outros.

Dentro do elevador, o silêncio era quase ensurdecedor. Hana sentiu o peso da atmosfera, mas decidiu quebrá-lo com uma pergunta.

— Tory... Ele era seu namorado mesmo? — arriscou, sua voz baixa, mas cheia de curiosidade.

Tory levantou os olhos para ela, o semblante fechado.

— Parece que o Kreese falou até demais sobre mim para vocês, não é?

Hana balançou a cabeça, tentando suavizar a conversa.

— Nem tanto... Eu só... Por que traiu eles?

Tory suspirou, desviando o olhar.

— Eu não trai ninguém. Eu só não me sentia mais parte deles. É uma longa história. Mas, por que quer saber?

Hana deu de ombros, tentando parecer casual.

— Nada, só puxando assunto mesmo...

O silêncio voltou a reinar até que o elevador chegou ao andar designado. As duas saíram juntas, caminhando lado a lado pelo corredor até o quarto. O espaço era simples, mas confortável, com duas camas bem arrumadas e móveis básicos.

Sem discussões, cada uma escolheu sua cama, desfazendo as malas em silêncio. O ambiente estava longe de ser hostil, mas a conexão entre elas ainda parecia frágil, como se cada palavra fosse cuidadosamente medida.

Continua...

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