𝕮𝖆𝖕 13
Cap 13: Bem vindos a Barcelona
O ambiente no avião era uma mistura de sons suaves: o zumbido constante dos motores, o murmúrio distante das conversas e o barulho ocasional de uma criança rindo ou choramingando. Luzes de leitura pontilhavam a cabine, criando uma atmosfera de tranquilidade relativa. O cheiro do café recém-servido misturava-se com o ar condicionado frio que circulava suavemente. As poltronas, embora não muito confortáveis, eram acolhedoras o suficiente para uma longa viagem.
Hana estava sentada ao lado de Taeyang, um dos seus melhores amigos e, sem dúvida, uma das poucas pessoas que conseguia fazê-la relaxar em momentos de tensão. Ele se acomodou na poltrona ao lado dela, jogando a cabeça para trás com um suspiro exagerado, como se o voo fosse a coisa mais cansativa do mundo.
— Confortável aí? — Hana perguntou, lançando um olhar divertido na direção dele.
— Confortável é a última coisa que eu estou, Hana. Isso aqui? — ele deu uma leve batida na poltrona. — Parece que foi feito de pedra disfarçada de espuma.
Hana riu, a tensão em seus ombros diminuindo um pouco.
— Pensei que você fosse o tipo de pessoa que se adapta a qualquer situação.
— Ah, eu sou. Mas me adapto reclamando — ele piscou para ela, arrancando mais uma risada.
Hana se ajeitou na poltrona, olhando pela janela por um momento, observando as nuvens que se estendiam como um tapete macio abaixo do avião. Taeyang notou a expressão no rosto dela, uma mistura de ansiedade e contemplação.
— Nervosa? — ele perguntou suavemente, virando-se um pouco para encará-la melhor.
— Um pouco — admitiu Hana. — Nunca participei de algo assim, e ser capitã só aumenta a pressão.
Taeyang assentiu compreensivamente, o tom brincalhão cedendo lugar a uma sinceridade calorosa.
— Olha, eu sei que isso é grande. Mas se tem alguém que pode lidar com isso, esse alguém é você. Não porque é perfeita ou algo assim, mas porque você se importa. E isso, minha amiga, já te coloca mil passos à frente de muita gente.
Hana sorriu, tocada pelas palavras dele.
— Obrigada, Taeyang. Isso significa muito.
Ele deu de ombros, um sorriso brincalhão voltando ao rosto.
— Só estou dizendo a verdade. Além disso, você tem o melhor time ao seu lado. E eu, claro, o melhor amigo que você poderia pedir.
— Modesto como sempre.
— Modéstia nunca foi meu forte — ele disse, piscando.
Eles conversaram um pouco mais, as piadas de Taeyang conseguindo arrancar algumas risadas genuínas de Hana. No entanto, sua atenção foi desviada quando, pelo canto do olho, ela viu Kwon se levantar de sua poltrona e caminhar para a parte traseira do avião. Ele estava calado durante a maior parte do voo, e Hana sentiu uma pontada de preocupação.
— Onde ele está indo? — ela murmurou para si mesma, observando Kwon desaparecer no corredor.
— O que foi? — Taeyang perguntou, notando a mudança na expressão dela.
— Eu preciso falar com ele — Hana respondeu, decidida.
Ela se levantou, ajeitando a jaqueta que usava, e deu um leve sorriso para Taeyang.
— Obrigada pela conversa. Preciso resolver uma coisa.
— Vai lá — ele disse com um aceno, retornando à sua posição relaxada. — Mas se precisar de uma pausa da seriedade, estarei aqui com mais piadas ruins.
Hana riu e começou a caminhar pelo corredor, a mente já focada no que precisava dizer a Kwon.
Hana caminhou pelo corredor estreito do avião, o zumbido baixo dos motores preenchendo o ambiente. As luzes suaves iluminavam o espaço, lançando sombras tranquilas nas paredes.
Enquanto se aproximava de uma seção mais isolada, ela avistou Kwon de pé, conversando com Kreese. Instintivamente, ela parou, seu coração acelerando, e se escondeu atrás de uma parede próxima, espiando com cautela.
— Você é nossa chance, use os outros da equipe como base e avance acima deles. Coloque toda sua força, e sem compaixão — Kreese dizia com uma voz firme, carregada de uma autoridade quase hipnótica.
Kwon assentiu com um sorriso malicioso, a confiança em seu rosto clara como o dia.
— Pode deixar, ninguém vai passar de mim. — Ele respondeu, sua risada baixa ecoando no espaço restrito.
Hana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Kreese se afastou lentamente, suas botas ecoando contra o chão do avião. Assim que ele desapareceu de vista, Hana saiu de trás da parede, seus passos cuidadosos, mas decididos. Kwon, prestes a voltar ao seu lugar, virou-se e a viu parada ali.
— Hana? Achei que estivesse dormindo. — Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso.
— Não... E você, o que está fazendo? — Ela respondeu, tentando manter a voz firme, apesar do turbilhão de emoções dentro dela.
— Eu só vim falar com o sensei. — Kwon respondeu casualmente, mas seu olhar a estudava de perto, buscando qualquer sinal de suas intenções.
Hana permaneceu no lugar, cruzando os braços, seu olhar fixo no dele.
— Se quer falar com a sensei Kim, ela está na outra cabine. — Ele disse, a testa franzida em confusão ao perceber que ela ainda estava ali.
— Kwon, precisamos conversar. — disse Hana com sua voz suave, mas carregada de urgência.
— Conversar? Conversar sobre o que? — Ele perguntou, a cautela em seu tom não passando despercebida.
— Sobre o sensei Kreese. — Ela respondeu, dando um passo à frente.
— O que tem ele? — Kwon perguntou.
Hana respirou fundo, reunindo coragem.
— Kwon... Ele conversou comigo antes da luta com a Tory. Tinha que ver o jeito que ele me olhava, me manipulava... Ele não parece ser um homem normal. Você deveria tomar cuidado com ele. — A preocupação em sua voz era palpável.
— Aonde você está querendo chegar? — Kwon perguntou, na defensiva.
— Eu só... Kwon... Ele está te manipulando, tirando essa raiva de você e a fazendo ficar maior até que perca o controle... — Ela insistiu, seus os olhos implorando para que ele a ouvisse.
Kwon soltou um suspiro, seu olhar endurecendo.
— Eu só estou ficando ainda mais forte. Ele sabe como fazer isso. O exemplo é você com a Tory. Você ficou absurdamente mais forte, e só de ouvir você dizendo que foi por conta de uma conversa com ele, me deixou ainda mais animado para outro treino com ele. — Ele declarou.
— Não é bem assim... A Tory me disse para não confiar nele. — Hana tentou mais uma vez.
— Espera, está dizendo que está ouvindo as histórias da loirinha que claramente queria estar no seu lugar como capitã? Achei que fosse mais inteligente. — Kwon retrucou, um toque de sarcasmo em sua voz.
— Inteligente? Só estou tentando te proteger! — Ela exclamou, sua frustração finalmente transbordando.
— Eu não preciso da sua proteção, nunca precisei. Sempre me virei sendo odiado por todos. E agora, sou o mais forte. — Kwon afirmou, seu tom desafiador.
— Kwon... Me desculpa se isso soou errado, não estou dizendo que não pode se proteger. Eu só...me preocupo com você. — Hana murmurou, sua voz quebrando ligeiramente.
Kwon ficou em silêncio por alguns segundos, os olhos fixos nos de Hana. Ele não era bom em expressar seus sentimentos, e a preocupação dela o pegou de surpresa. Ele cruzou os braços, adotando uma postura defensiva, mas por dentro, suas emoções estavam em turbilhão.
— Eu... — ele começou, a voz um pouco mais suave. — Sei que você está preocupada, mas eu sei o que estou fazendo. Eu preciso ser forte. Não é só por mim, é por nós... pelo time.
Hana deu um passo à frente, o coração batendo mais rápido. Ela podia ver a batalha interna de Kwon, a luta entre a necessidade de se mostrar forte e a vulnerabilidade que ele raramente deixava transparecer.
— Kwon, eu entendo. Mais do que você imagina. Mas não quero que essa força te transforme em algo que você não é. — Ela fez uma pausa, respirando fundo. — Eu me preocupo com você porque você é importante pra mim.
Kwon desviou o olhar por um momento, apertando a mandíbula. Ele não sabia como responder a isso, não da maneira que sentia que deveria. O silêncio entre eles parecia interminável, até que Hana, com um impulso súbito, se aproximou e tocou levemente o braço dele.
Antes que ele pudesse reagir, Hana inclinou-se e o beijou suavemente nos lábios, um selinho rápido, mas cheio de significado. Ela sentiu o corpo dele se enrijecer momentaneamente, mas não recuou. Quando se afastou, olhou nos olhos dele, uma mistura de confusão e esperança no rosto de Kwon.
— Só queria que você soubesse — ela murmurou, envolvendo-o em um abraço apertado.
Kwon ficou imóvel por um instante, antes de relaxar levemente e retribuir o abraço de forma desajeitada. Ele não estava acostumado a esse tipo de proximidade emocional, mas a presença de Hana o acalmava de uma forma que ele não conseguia explicar.
— Eu... — ele começou, mas as palavras falharam. Em vez disso, ele simplesmente a segurou por mais alguns segundos, tentando processar o que acabara de acontecer.
Hana se afastou lentamente, sorrindo de forma reconfortante.
— Vou voltar para o meu lugar. A gente se vê depois.
Ela se virou e começou a caminhar de volta para sua poltrona, deixando Kwon parado, ainda tentando entender o que sentia. O coração dele estava acelerado, e a sensação do beijo ainda formigava em seus lábios. Ele sempre pensou nela como sua melhor amiga, mas agora, algo mais profundo estava surgindo, algo que ele nunca havia experimentado antes.
Assim que Kwon se virou para retornar ao seu lugar, os passos firmes de Kim e Kreese ecoaram pela cabine do avião. Os dois senseis surgiram, chamando a atenção de todos os membros da equipe com suas presenças imponentes. Kim parou no centro, seu olhar frio passando por cada um dos competidores antes de fixar-se em Kwon.
— Atenção. — A voz de Kim soou dura e autoritária. Todos os olhares voltaram-se para ela. — Vocês estão a caminho do torneio mais importante de suas vidas. Não esperem compaixão ou facilidade. Esperem luta, determinação e sacrifício.
Kwon permaneceu em pé, seu rosto neutro enquanto ouvia as palavras da sensei Kim. Ela avançou alguns passos, parando bem diante dele.
— Kwon, Hana. — Kim continuou, desta vez dirigindo-se aos dois capitães. — Vocês são os líderes desta equipe. O peso da vitória está sobre os seus ombros. Não quero ver dúvidas. Não quero ver falhas. Vocês lideram pelo exemplo. Qualquer sinal de fraqueza e vocês estarão arrastando toda a equipe para o fracasso.
Hana, sentada, sentiu o peso do olhar de Kim sobre ela, mas manteve a expressão firme. Sabia que qualquer sinal de hesitação seria imediatamente percebido.
— Capitã Hana. Capitão Kwon. — Kreese interveio, sua voz fria e calculista. — Vocês foram escolhidos porque têm o potencial de liderar com força e sem piedade. Essa é a essência do que significa estar à frente. Não decepcionem.
Kim assentiu, cruzando os braços.
— Agora, voltem aos seus lugares e se concentrem. A partir do momento em que aterrissarmos, não há espaço para erros. — Ela concluiu com firmeza.
Kreese olhou para o grupo uma última vez antes de se virar.
— Bem-vindos a Barcelona. — Ele declarou, com um tom final de determinação, antes de seguir Kim, deixando a equipe para refletir sobre suas palavras.
Kwon respirou fundo, ainda processando o discurso. Ele voltou ao seu lugar, sentando-se. Hana o olhou de relance, ambos sentindo o peso das expectativas crescentes, mas sem trocar uma palavra. O silêncio entre eles agora estava carregado de tensão e resoluções não ditas, enquanto o avião começava sua descida final.
Continua...
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