𝕮𝖆𝖕 12

Cap 12: Sem compaixão

Era de manhã cedo, e o sol mal havia despontado no horizonte quando Hana se remexeu inquieta na cama. A noite tinha sido longa e insone, a luta com Tory ecoando em sua mente como um tambor incessante. Ela fechou os olhos, mas as imagens da luta teimavam em reaparecer.

— Kreese... — murmurou para si mesma, a voz baixa e rouca pelo cansaço.

Aquele nome carregava um peso crescente. Ela sabia que o sensei via tanto ela quanto Kwon como simples peças em seu tabuleiro de manipulação. O objetivo de Kreese era claro: moldá-los em fantoches desprovidos de compaixão. Mas Hana não queria seguir esse caminho. Ela desejava vencer, mas com lealdade e honra, não através de violência desmedida e manipulação.

Suspirando profundamente, ela sentiu o peso da decisão que precisava tomar. A raiva, se deixada solta, a controlaria completamente, e isso era inaceitável. Determinada a mudar o curso, Hana levantou-se da cama. O frio da manhã não a deteve. Ela vestiu um casaco grosso, calçou as botas e saiu de casa, a brisa gelada cortando seu rosto enquanto caminhava decidida pelas ruas silenciosas.

O lugar onde Tory estava hospedada não era longe. Sem hesitação, Hana seguiu diretamente para lá, cada passo firme, mas o coração ainda carregava uma dose de incerteza. Quando chegou, seus punhos bateram na porta, e ela esperou. Os segundos pareciam se arrastar, o silêncio do ambiente apenas amplificando seus pensamentos.

Finalmente, a porta se abriu, revelando Tory, que a observou com olhos atentos, já esperando alguma explicação.

— O que você quer? — Tory perguntou, com a voz carregada de desconfiança.

— Tory... Eu vim te pedir desculpas por ontem... — Hana disse, sua voz sincera, enquanto seus olhos se fixavam nos curativos que cobriam os cortes superficiais no rosto de Tory, marcas de sua própria agressão.

Tory franziu a testa, surpresa.

— Espera aí, o quê?

— E também... Vim te passar a liderança. — Hana completou, sua voz decidida, mas com um toque de vulnerabilidade.

Tory, ainda surpresa, agarrou o braço de Hana, puxando-a para dentro. O ambiente era simples, mas confortável. Tory se sentou no sofá próximo, e Hana, ainda desconfiada, sentou-se em frente a ela.

— Por que veio me pedir desculpas? Você ganhou de forma justa! — Tory perguntou, tentando entender a razão por trás da visita.

Hana abaixou a cabeça, os dedos brincando nervosamente com a bainha do casaco.

— Eu exagerei. Acabei deixando o Kreese me manipular e passei dos limites. Não foi legal o que eu fiz. — A sinceridade em sua voz era palpável.

Tory estudou Hana por um momento antes de falar, seu tom mais suave.

— Hana, eu não te conheço, e você também não me conhece. Mas nós duas temos algo em comum: já fomos manipuladas pelo Kreese. Eu não confio nele. Só estou aqui porque não tinha outras opções. — Tory fez uma pausa, seus olhos refletindo uma compreensão mútua. — Eu nem queria ser capitã. Sei como deve se sentir, a culpa de ter feito algo errado. Eu me senti assim há pouco tempo... Mas isso não muda o fato de que você é a capitã agora. Confesso que te achei doida e um pouco burra de vir me entregar a liderança, mas vejo que também não quer ser uma peça que o Kreese manipula à vontade.

Hana manteve o olhar firme em Tory, absorvendo cada palavra.

— Então vou te dar uma dica, Hana: cuidado com o Kreese. — Tory finalizou.

[...]

As palavras de Tory ainda ecoavam na mente de Hana, uma melodia incômoda que se repetia sem cessar.

"Cuidado com o Kreese..."

Mesmo após voltar para o seu quarto, aquela frase martelava em sua cabeça. Ela sabia que não era a única a precisar de um alerta; Kwon também estava sob a influência perigosa de Kreese. A preocupação crescia em seu peito, uma sensação que não conseguia ignorar.

Enquanto caminhava pelos corredores silenciosos, Hana ouviu sons abafados de socos e golpes. Curiosa, seguiu o som até chegar a área aberta onde encontrou Kwon. Ele treinava sozinho, seus movimentos eram firmes, precisos e, de certa forma, assustadores. Cada golpe era desferido com uma intensidade que Hana nunca havia presenciado nele antes. Ele parecia implacável, como se cada soco carregasse o peso de uma fúria reprimida.

Ao lado, Kreese observava tudo com um sorriso satisfeito, o olhar cheio de orgulho e aprovação. Ele parecia o maestro de uma sinfonia brutal, conduzindo Kwon com um prazer sádico.

Assim que Kwon terminou, ele se virou para Kreese, ainda sem notar a presença de Hana. Mas Hana viu. De longe, ela captou algo em seu olhar que a deixou alarmada. O olhar de Kwon estava vazio, desprovido de qualquer traço da pessoa que ela conhecia. Era como se ele estivesse completamente fora de si, perdido em um mar de controle e manipulação.

Hana sentiu o coração apertar. Ali, diante de seus olhos, estava seu melhor amigo, transformado em algo que ela nunca imaginou. Kwon não era mais o mesmo; ele já era uma marionete nas mãos de Kreese. E tudo o que ela podia fazer, naquele momento, era observar, sentindo-se impotente.

[...]

Dias depois, o clima era de tensão e expectativa. Eles estavam prontos. Os seis competidores estavam reunidos, suas malas arrumadas e tudo preparado para a viagem. O destino era Barcelona, onde aconteceria o grande torneio, uma oportunidade de ouro para todos eles.

Hana, ao lado de Kwon, tentava manter a confiança. Mas algo em seu interior não estava em paz. Ela lançou um olhar discreto para Kwon, que parecia mais focado e determinado do que nunca, mas o vazio em seu olhar ainda a perturbava.

Tudo estava prestes a mudar. Barcelona os aguardava para o SEKAI TAIKAI, um evento que prometia transformar suas vidas de maneiras que Hana ainda não conseguia prever.

Continua...

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