𝕮𝖆𝖕 4
Cap 4: Cirurgia de Miguel
Ocarro de Mike Barnes deslizava pelas ruas da cidade, o som do motor abafado pelo movimento ao redor. Maya estava no banco do passageiro, distraída, com os braços cruzados e o olhar perdido pela janela. A paisagem familiar passava lentamente, mas foi ao avistarem o hospital que algo despertou nela. Ela sabia que Miguel Diaz estava lá. O trânsito obrigou Mike a parar o carro, e foi nesse momento que Maya agiu sem pensar duas vezes.
— Ué, vai aonde? A aula não já vai começar? — perguntou Mike, franzindo a testa enquanto observava a filha tirar o cinto com pressa.
— Um segundo, preciso ver uma pessoa — respondeu ela, já abrindo a porta do carro.
Mike suspirou, observando-a sair apressada e desaparecer entre as portas do hospital. Relutante, ele manobrou para estacionar e segui-la.
Maya atravessou o saguão do hospital com passos rápidos, seus olhos varrendo o ambiente até encontrar a recepção. A luz fria do lugar a deixava um pouco mais tensa, mas ela não deixou isso transparecer.
— Olá, vim visitar o Miguel Diaz — disse à recepcionista, que digitou algo no computador antes de responder com um sorriso cortês.
— Ah, claro, é só seguir à direita.
Maya seguiu as instruções, seus passos ficando mais lentos conforme se aproximava do quarto indicado. Ela parou diante da porta, o número estampado à frente parecendo enorme de repente. Havia algo que a fazia hesitar, mas, antes que pudesse se convencer a recuar, respirou fundo e abriu a porta de uma vez.
Miguel estava sentado na cama, comendo calmamente. O som da porta o fez levantar os olhos, e sua expressão mudou instantaneamente para um misto de surpresa e incredulidade. Ele ficou completamente imóvel.
— Espera... Maya? — ele disse, sua voz saindo quase num sussurro.
— E aí... — respondeu ela, de forma hesitante.
— Como soube... faz um tempão... como sabia que eu estava aqui? — Miguel começou a gaguejar, atropelando as palavras em sua tentativa de organizar as perguntas.
Maya deu de ombros, desviando o olhar por um momento antes de responder.
— Desculpa invadir seu quarto assim. Eu não sei porque vim, mas... acho que precisava. Eu estava fora da cidade, mas assim que voltei, a Sam me contou o que aconteceu... Deve ser horrível não poder lutar.
Miguel abaixou a cabeça, seus ombros caindo levemente. O garfo na mão dele ficou imóvel.
— É, infelizmente... — respondeu ele, a frustração evidente em sua voz.
Maya deu um passo à frente, tentando escolher bem suas palavras.
— Olha, só queria dizer que eu entrei pro Miyagi-do. Posso vingar o que o Robby fez com você.
Miguel levantou os olhos, surpreso com a proposta. Ele balançou a cabeça lentamente antes de responder.
— Eu não sei se quero começar outra briga agora.
Maya o encarou, incrédula.
— Sério? Vai deixar ele sair impune?
Antes que Miguel pudesse responder, uma voz firme e sarcástica soou atrás dela.
— Que eu saiba, quem empurrou ele da escada foi alguém do Miyagi-do. E se está lá, então você faz parte de algo que lesionou o Miguel.
Maya virou-se rapidamente e encontrou Falcão parado na porta, os braços cruzados e uma expressão desafiadora no rosto.
— E quando foi que eu te perguntei isso? — rebateu Maya, cruzando os braços e encarando-o com firmeza.
Falcão deu um passo à frente, a expressão de desdém ficando mais evidente.
— Não acha muita cara de pau vir aqui? Você nem conhece ele direito.
— A mesma coisa do Cobra Kai. Conheço o suficiente para saber que foram vocês que começaram isso — retrucou ela, o tom cheio de convicção.
Falcão arqueou uma sobrancelha antes de disparar:
— Só fala pra sua amiguinha não sair beijando o namorado dos outros.
Maya sentiu o sangue ferver. Seus punhos se fecharam com força, mas antes que ela pudesse reagir, Miguel interveio, levantando a voz.
— Gente... por favor, não comecem uma briga aqui.
O tom de Miguel a fez recuar. Ela respirou fundo, soltando os punhos lentamente, embora seu olhar continuasse afiado.
— Já estou de saída. Boa sorte, Miguel — disse ela, enquanto passava por Falcão, empurrando-o de leve no ombro.
Falcão riu baixo, um som zombeteiro que ecoou pelo corredor, mas Maya escolheu ignorar. As palavras de Miguel ainda pesavam em sua mente.
Ao retornar à recepção, encontrou Mike aguardando com um semblante levemente impaciente.
— Já terminou? — perguntou ele, sem emoção.
— Aham — respondeu Maya, ajustando a bolsa no ombro enquanto saía acompanhada do pai.
— Quem veio visitar? — insistiu ele, enquanto caminhavam para o carro.
— Um amigo, nada demais — respondeu ela de forma breve, fechando qualquer margem para mais perguntas.
Eles entraram no carro, e o restante do trajeto foi silencioso. Mike seguiu dirigindo até o West Valley High, enquanto Maya olhava pela janela, o rosto neutro escondendo os pensamentos que se acumulavam em sua mente.
[...]
O sol brilhava forte no céu, e Maya sentia o calor aumentar enquanto olhava ao redor. Estava cercada de gente no evento a céu aberto, todos animados, lavando carros para arrecadar dinheiro para a cirurgia de Miguel. Mangueiras espalhavam água que cintilava ao cair sobre os veículos, enquanto espumas dançavam no ar.
Maya estava desconfortável. Não apenas com a movimentação, mas com o motivo que a trouxe até ali. Samantha havia pedido sua ajuda, e ela aceitou. Não porque estivesse muito próxima de Miguel, mas porque, de alguma forma, sentia que ele não merecia o sofrimento.
— Sério? Vou ter que usar isso? — Maya reclamou, puxando o tecido do biquíni que usava, um tanto envergonhada. O shorts jeans que completava seu visual parecia não aliviar a sensação de exposição.
— É o jeito — Samantha respondeu com naturalidade.
Mais adiante, Maya viu Moon se aproximar, com seu sorriso característico iluminando o rosto. Ela não estava sozinha; havia trazido algumas líderes de torcida, todas estrategicamente vestidas para atrair mais clientes. Assim que os olhos de Moon encontraram Maya, ela apressou os passos, os braços já abertos para um abraço.
— Maya! Fiquei sabendo que voltou, mas ainda não tive oportunidade de vê-la — disse Moon, apertando-a com força antes de se afastar.
— É, que bom que deixou de ser uma babaca — brincou Maya, com um sorriso travesso, o que arrancou risadas de Moon.
— Agora eu prefiro a paz. Sou até contra essas brigas de karatê — respondeu Moon, com a expressão serena e despretensiosa.
— Só não me provocarem que eu fico na minha — disse Maya, soltando uma risada curta.
Antes que a conversa pudesse continuar, o som alto de uma moto ecoou pelo local, chamando a atenção. Maya virou-se rapidamente e viu Falcão chegando, acompanhado de outro membro do Cobra Kai, cada um em sua própria moto. Eles estacionaram próximos, suas expressões carregadas de provocação e desprezo. Os olhares de Falcão eram como uma faísca, alimentando o fogo da rivalidade.
Maya sentiu os punhos se fecharem automaticamente, seu corpo inteiro tensionando enquanto o encarava. Um calor diferente do sol subiu pela sua pele. Estava pronta para ir até lá, mas uma mão suave segurou seu braço.
— Vem, My — Samantha disse, chamando-a pelo antigo apelido, com um tom que era ao mesmo tempo firme e acolhedor. — Parece que vamos passar na televisão.
Relutante, Maya desviou o olhar de Falcão e seus companheiros. Inspirou fundo, obrigando-se a se acalmar, e seguiu Samantha até uma mulher com um microfone e uma câmera que apontava para elas. A repórter tinha um sorriso amigável e as convidou para dar uma entrevista sobre a iniciativa para ajudar Miguel. Maya, ainda com a adrenalina correndo em suas veias, se esforçou para sorrir, ignorando o som distante dos cobra Kai.
Continua....
Não esqueça de votar no cap ⭐
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top