OS BASTIDORES do torneio regional eram um lugar de nervosismo para muitos, mas não para Maya Barnes. Enquanto aguardava sua vez de entrar na arena, o som dos nomes sendo anunciados ecoava pelo ginásio. O apresentador listava os dojôs que iriam competir, e ocasionalmente mencionava lutadores independentes, aqueles sem uma afiliação direta a um dojo, como Maya. Mas isso nunca havia sido um obstáculo para ela.

Desde criança, Maya se acostumara a vencer. A pentacampeã regional tinha uma coleção de troféus em seu quarto, cada um simbolizando as conquistas que acumulava ano após ano. Ela sempre dava o seu melhor, treinada por seu pai, Mike Barnes, que via nela a oportunidade de realizar o que ele não havia conseguido. A vitória dela era a sua redenção, e Maya sabia que não podia falhar. Mesmo que custasse sua própria paz, ela dava tudo de si.

Enquanto ela se preparava para ser chamada, algo chamou sua atenção. O apresentador anunciou o nome de um dojô familiar. O som ressoou profundamente em sua mente. "Cobra Kai". Aquele nome... ela já o ouvira inúmeras vezes em casa, nas histórias que seu pai contava sobre seu passado. O dojo que havia sido tanto sua ascensão quanto sua ruína.

Ainda nos bastidores, Maya olhou para Mike ao seu lado. A preocupação era visível em seus olhos, embora ele tentasse escondê-la.

— Esse nome... — Maya começou, a dúvida permeando sua voz enquanto esperava a resposta de seu pai.

— Sim, é ele mesmo... O Cobra Kai voltou — respondeu Mike, com uma mistura de apreensão e nostalgia. Ele sabia o peso daquele nome, a carga que o dojo trazia. Os dias sob a influência de Cobra Kai haviam moldado sua vida, para o bem e para o mal. — Sei que eles são barra pesada, Maya, mas eu confio em você. Você não vai perder sua honra. Dê tudo de si e lembre-se... sem compaixão. — Mike disse, fechando o punho em um gesto determinado.

Maya, confiante, espelhou o gesto do pai, batendo seu punho contra o dele.

— Sem compaixão... — ela repetiu, com convicção. O peso da responsabilidade se tornava um combustível para sua determinação.

De repente, o apresentador chamou seu nome com uma voz vibrante, que ressoou por todo o ginásio.

— E agora, nossa pentacampeã regional... Maya Barnes! Treinada pelo ex cobra Kai, Mike Barnes! — ecoou pelo espaço.

A multidão aplaudiu com entusiasmo. O ginásio parecia tremer com a energia do público. Maya respirou fundo, preparando-se para o combate.

— Ei, lembra-se, você é a melhor. Você vai conseguir! — disse Mike, sua voz carregada de confiança e expectativa.

Maya assentiu, mantendo-se calma e focada. Ao lado de seu pai, ela surgiu diante da arena, onde todos os olhares estavam fixos nela. No entanto, não era apenas Maya que enfrentava fantasmas do passado. Mike também viu uma figura familiar na plateia: Daniel LaRusso, o homem que o derrotara quase trinta anos antes, no mesmo torneio. O choque do reencontro o fez vacilar, mas ele manteve-se firme por causa de Maya.

Enquanto isso, os olhos de Maya se fixaram em outra pessoa. Entre os competidores do Cobra Kai, um garoto chamava sua atenção. Ele tinha cabelos e olhos escuros, um semblante sério e confiante. Maya percebeu que ele não parecia ser de Los Angeles, mas isso não importava. Ela sabia, por instinto, que ele era seu principal rival naquele torneio.

Apesar de reconhecer o poder do Cobra Kai, Maya nunca subestimava seus oponentes, muito menos alguém daquele dojo. Contudo, havia algo nele que a intrigava profundamente, algo que a fez sentir uma mistura de desafio e curiosidade. Mas, acima de tudo, ela sabia de uma coisa: queria derrotá-lo.

Continua...